domingo, 5 de outubro de 2008
ARQUIVO AFRO SERGIPANO ''JOÃO MULUNGU''
CASA DE CULTURA AFRO-SERGIPANA
CONSELHO CULTURAL
NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA
ARQUIVO AUTORIA PEREIRA REBOUÇAS
Programa: Revitalização do Arquivo Humano Afro-Sergipano.
Projeto: memorial de JOÃO MULUNGU
Auto de Perguntas
Fonte: Arquivo Público do Estado de Sergipe
Ref: ASP – SP¹ 397
OBS: Transcritos segundo a ortografia atual conservando a pontuação, concordância e o artigo do documento original, por MARIA LENIA SILVA MEIRA dos APES em 14/12/1995.
1876
Juízo Municipal da Vila de Divina Pastora
Autuamento de um auto de perguntas feita ao preto João.
O Escrivão
Machado.
Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e seis aos vinte e um de Janeiro do dito ano, nesta Vila de Divina Pastora em o Consistório da Igreja Matriz desta Vila autuou o auto de perguntas que ao diante se segue do que para constar faço este termos, Eu Thomas de Aquino Machado Escrivão a Escrevi.
Auto de perguntas como abaixo se declara.
No mesmo dia mês e ano e lugar, retiro declarado no Consistório da Igreja Matriz desta Vila onde se achava o juiz Municipal Doutor Manoel Cardoso Vieira de Melo, comigo escrivão de seu cargo abanco nomeado se procedeu as perguntas seguintes:
PERGUNTADO seu nome, idade, naturalidade.
RESPONDEU chamar-se João de idade trinta anos pouco anos mais ou menos, natural do engenho trindade da Freguesia de Itabaiana.
PERGUNTADO seu estado, profissão e residência.
RESPONDEU ser solteiro e que não tem profissão vista como e escravo e achava –se no moto a mais de oito anos, tendo sido preso ontem pela força publica desta Vila em terras do engenho Flor da Roda, quanto a residência respondeu que antes de retirar –se de casa morava em casa do senhor João Pinheiro proprietário do engenho Mulungu e que depois de sua fugida tem sempre morado em ranchos em diversas matas desta província.
PERGUNTADO em que lugar eram esses ranchos.
RESPONDEU que o primeiro foi na Boa Vista, terreno da Capela onde morava com os escravos Jose da Silva, pertencente ao Capitão Manoel Antonio Morais e Monoel da Hora, pertencente ao Coronel Gaspar, proprietário do EngenhoVelho.
PERGUNTADO pelos crimes que cometeu com os seus companheiros quando se achavam nesse rancho.
RESPONDEU que furtaram alguns bois ,galinhas,ovelhas e mais animais preciosos para seus alimentos.
PERGUNTANDO quais os lugar
RESPONDEU que no engenho Faria tiram duas ovelhas,no engenho
Boa Vista duas ovelhas alem de (...) e galinhas que furtaram em vários lugares.
Declarou finamente que por engenho disse que nesse primeiro rancho furtou bois.
Declarou que disse rancho onde demoraram de dois messes, passou-se para outro rancho nas matas do engenho Sobrinho com dos mesmos companheiros tendo depois aparecidos outros que era escravo tortuoso, pertencente ao major Frederico proprietário do Engenho Campinho, Termo de Capela.
PERGUNTADO pelos crimes praticados nesse segundo rancho?
RESPONDEU que ai praticaram furto de bois ovelhas e mais criações preciosas para sua subsistência.
PERGUNTADO qual os donos desses bois furtados?
RESPONDEU do modo seguinte que um foi tirado no engenho Fortuna, então pertencente a Senhora Dona Maria (...) e outro foi pregado no tabuleiro da Lagoa Grande e que não sabe a quem pertence e depois tiraram mais um da parte do engenho Mata Verde ,pertencente então ao Coronel Gaspar Senhor dos seus companheiros Manoel da Hora e outros no engenho Unha de Gato pertencente a Francisco Correia.
PERGUNTADO se os escravos desses engenhos não o auxiliavam nesses furtos?
RESPONDEU que não obstante a alguns (...) relações com eles e fazem troca de farinha com carne, disse mais que deste lugar se retiraram para as matas do engenho Batinga ainda com os mesmos companheiros Fortuoso assassinou a José (...) com o seu companheiro Malaquias escravo do engenho Salobro de cujo crime já foram processados.
PERGUNTADO quem (...) assassinado a Malaquias um dos (...) morte de José Croado. ?
RESPONDEU que não viu mais sabe que foi o Maximiniano escravo do Barão de Japaratuba. Disse que depois do que ficou dito teve que procurar novo coito o qual foi estabelecido nas Matas do engenho Limeira, o qual continha vinte companheiros com ele respondente e uma mulher livre filha desta vila de nome Conceição.
PERGUNTADO pelo nome de seus companheiros?
RESPONDEU que eram o seguinte: Carvalho, pertencente ao capitão Antonio de Oliveira Ribeiro, Lauriano do engenho Lagoa Junco, Alexandre do engenho Lagoa Funda em Japaratuba, Maximiniano de José Nobre do engenho Farias, Victorio do engenho Palma, Benedito do engenho (...) Barnabé dos outros, José Mar (...) da Canabrava Jacinto do Passão, Cupertino do Senhor Nico do Junco, Leandro da Flor da Roda, Delmira da Canabrava, Francisca de Santa Bárbara, Luisa da Jurema, Joaquina da Santa Bárbara, Sinforosa da Serra Negra, Vicência do Senhor Antonio Dones.
PERGUNTADO pelos crimes praticados nesse coito?
RESPONDEU que aí praticaram uma série de furtos que não pode dizer todos, visto como eram muitos companheiros e cada um furtaram (furtava) por seu lado mas que era narrado os furtos que se lembrar que são os seguintes: que furtaram cavalos, os quais a todas as fazendas da Cotinguiba e Japaratuba que de interesses alguns deixaram em outros engenhos quando cansavam, outros vendiam aos ciganos os quais foram os seguintes: o cigano Inácio, o Antônio ciganos, Joana, Elvaristo os quais venderam alguns cavalos, por preço de cinco mil a dez mil reis quantia que nunca receberam se não dez tostões ou dois mil reis.
Disse mais que dos outros alguns desses cavalos furtados alguns form ter na Lagoa Funda Termo de Capela, onde moram Teixeirinha os Iôio cunhado de Teixeirinha os quais empenhava com ele respondente e seus companheiros que lhe fornecessem de cavalos e bois, tendo obtido com eles quilombolas assim desses cavalos, mais quatro bois.
Disse mais que essas mesmas pessoas a quem já se referiu se prestavam a comprar fazendas e o mais precioso com o dinheiro dos escravos e que por várias vezes os tinham em casa.
PERGUNTADO se não tinham homens livres que assassinasse com eles sobre frutos de cavalo?
RESPONDEU que não acredita que muitos tinham negócios com os escravos das fazendas a que já ouviu dizer há muito tempo que o escravos de nome Pedro furtava cavalos a seu senhor para vender a Antonio Procópio morador do saco do Bomfim. Disse mais que exista no lugar denominado (...). termo de itabaiana, um tal Manoel do rio que comprava cavalos a escravos desta (...) indo (?)a que sabe de um escravo de nome Pedro, que é hoje do penha que já foi da piedade, que tem tido negocio com o dito Manoel do rio e é assim sabe de fatos iguais dado como o escravo Carmelo do mesmo engenho penha. Disse mais que no Riachuelo existe um firmo de tal, que mandava ele respondente furtar cavalos para vender- lhe e que chegou a comprar-lhe um tração do engenho Canabrava de Japaratuba, em cujo negócio saiu de mal ele respondente, visto como vendendo o cavalo por vinte cinco mil reis, apenas recebeu quinze.
PERGUNTADO se não sabe quais os outros do assassinato de José de Silvério cujo assassinato teve lugar no engenho piedade?
RESPONDEU que quando deu-se essa morte não achava-se ele respondente no lugar mas sim no engenho penha e que os seus companheiros que achavam-se na piedade isto é, um coito entre Piedade e Tangui e canto alegre, sendo esta razão pela qual atribuem a morte aos escravos fugidos, mas não que haja provas.
PERGUNTADO pelos crimes de mortos e ferimentos emprestados ao interrogado?
RESPONDEU que a morte nunca praticou visto como apenas limita-se a fazer alguns frutos para sua subsistência que apenas deu umas pancadas em Lourenço, mas tinha por causa de andar os espiando para pegá-lo.
PERGUNTADO acerca de um furto praticado em c as de Antonio (...) e quais seus autores?
RESPONDEU que este furto foi feito por ele respondente por Bacurão e Cupertino escravo do Capitão Neco do junco que já foi embarcado?
PERGUNTADO se tem ciência de um tiro dado em capitão Manoel oliveira matos, cujo tiro não causou ferimentos não por falta de vontade de seu autor.
RESPONDEU que passando pelo engenho Jumco, aí encontrou-se (...) ser madrugada com o dito Manoel de Oliveira Matos, que pretendeu com os (...) amedrontá-lo ao seu agressor, deu um tiro com a pistola em direção muito oposta para não ofender, visto como o seu único fim era amedronta-lo para poder evadir-se. E por nada mais dizer(...) lhe perguntado deu-se por findo dito auto de perguntas em que (...) juiz assina pelo interrogado o senhor Antonio Luiz de loureiro maior do que tudo dou fé eu Thomas de Aquino machado escrivão o escrevi.
MANOEL CARDOSO VIEIRA DE MELO
ANTONIO LUIS DE LOUREIRO MAIOR
SECRETARIA DA POLÍCIA DE SERGIPE
INTERROGATÓRIO FEITO AO PRETO JOÃO MULUNGU
1876
Auto de perguntas feitas ao escravo João de João pinheiro proprietário do engenho Mulungu.
Ao vinte e três dias do mês de janeiro e mil oito centos e senta e seis do ano do nascimento do nosso senhor Jesus Cristo nesta cidade de Aracaju em casa da residência do dr. Chefe de Polícia Vicente de Paula Caucaes Telles, aí presente o escravo de João pinheiro proprietário do engenho Mulungu, comigo amanuense da secretária da polícia servindo de escrivão abaixo nomeado foram feitas ao supra dito escravos as perguntas seguintes:
Qual o seu nome, idade, estado, filiação, naturidade e profissão?
RESPONDEU chamar-se João com 25 Engenho Cundengá a 30 anos de idade, solteiro, filho natural de Maria escrava de José Inácio senhor do, natural de Itabaiana e com profissão de agricultor, enquanto esteve em casa do seu senhor.
PERGUNTADO a que tempo se havia ausentado da casa do seu senhor, porque o fizera e para onde se dirigia?
RESPONDEU que não pode precisar o tempo em que se ausentara, mas que parece-lhe ter sido a oito anos poucos mais ou menos . que se ausentara da casa do seu senhor porque sendo ainda de pouca idade seu senhor o subjugava de trabalhos superires as suas forças e castigando-os ás vezes sem razão o faria com vigor, assim saiu ele de sua casa por duas vezes a procurar senhor e sendo desenganado que seu senhor o não vendia por ter este declarado a quem procurava comprá-lo,deliberou-se pela terceira vez a fugir por não suportar mais a maneira porque seu senhor o tratava, já surrando-o já trazendo-lhe ao pé uma corrente e sujeitando-o a pesados serviços como o de botar fogo na fornalha e efetivamente fugindo não mas procurar quem o comprasse e sim entranhar-se pelas matas onde tem vivido até a data de ontem (...) em que foi preso pelo doutor juiz municipal de divina pastora e pelo capitão banha com seus soldados.
PERGUNTADO se nos diversos lugares por onde andou se praticou algum crime e se fez só ou acompanhado de outras pessoas?
RESPONDEU que a exceção de alguns furtos que ele fazia com seus companheiros nenhum outro crime mais cometeu.
PERGUNTADO em que consistiam estes frutos, que eram os donos dos objetos furtados e em que lugares eles o praticou?
RESPONDEU que consistia em gado, cavalo, ovelhas(...) que os donos desses animais eram diversos proprietários desde Japaratuba até laranjeiras, que eram seus companheiros de furtos:
Cornélio,escravo de Antonio do Brejo
Maximiniano, escravo de José Nobre
Lauriano, de Antonio de tal, do engenho Junco
Jacintho de José Bernadino
Victório, do engenho da Palma
Alexandra, da Lagoa Funda
Cupertino, do Neco do engenho Junco
José Maroim, se Isac da Cana Brava
Leomilho, do engenho Flor da Roda
Horácio, do engenho Bite
José Quisanga (digo) do engenho Quisanga
Benedito, do engenho Palma
Luiz, do Imbiriba de Brejo do Rosário
Bernabé do engenho oito centos
Belmira, da Cana Brava
Francisca de Guilherme de tal, da Capela
Thomasia, da Santa Barbara
Lusia do Jurema
Joaquim, da Santa Barbara
Simphoracia, da Serra Negra
Vincencia, de Antonio Dinis de Itabaiana
Conceição, mulher livre.
PERGUNTADO se estes escravos continuam ainda fugido?
RESPONDEU que não e que quase todos já tem sido entregue
a seus senhores.
PERGUNTADO se ele respondente contou proteção de
Alguém durante a tempo que esteve fugido?
RESPONDEU que a única proteção com que ele e seus companheiros contaram foi com de dois moços do Termo de Capela do lugar Lagoa Funda chamando um Teixeirinha os quais compraram-lhe alguma coisa que ele necessitava adiantando-lhe dinheiro até que lhe pudesse pagar e de uma vez lhe encomendaram alguns companheiros quatro bois por Iôio que vendeu por quarenta mil reais e dois cavalos e uma burra para Teixeirinha que também vendeu por sessenta mil reais,notando-se que tendo os quatro bois sido furtados do engenho Paté, foram pelos senhor do dito engenho tomados do Iôio logo depois.
PERGUNTADO como se havia dado o roubo feito a Antonio Pião do alto do falcão?
RESPONDEU que a três anos mais ou menos um seu companheiro de nome Maximiniano o convidou para irem a casa de Antonio Pião,roubar e conquanto ele respondente lhe fizesse suas objeçõe teve contido de (...)ao seu convite e assim saiu um dia pela manhã com Maximiniano e Cupertino seus companheiros foram colocar-me em um tabuleiro de onde virão a casa de Antonio Pião,esperão nessa ocasião sua casa e com efeito presenciando ele a retirada de Pião com seus trabalhadores dirigiram-se eles três a mulher a sogra e a mãe de Pião e não podem elas resistirem a eles três teve Maximiniano de lançar mão da fice que levava e com ela arrancou a fechadura de uma caixa que estava em um quarto e abrindo-a tirou de dentro uma carteira com dinheiro.E dirigindo-se eles três para o mato sem nenhum mal fazerem as mulheres ali,recebeu de Maximiniano com o restante que ele respondente não pode precisar quando foi por não ter contado.
PERGUNTADO como se havia dado um tiro que se diz ter sido ele respondente autor por ocasião de furtos de ovelha que praticavam?
RESPONDEU pela maneira seguinte que tendo por costume passar pelo engenho junco, encontrou uma vez a cancela mudada e receitando que talvez isto fosse feito pelo proprietário do engenho com o fim de pegá-lo quando por ali tivesse ele de passar teve de voltar e com efeito passando perto da casa de morada do proprietário já quase dia, é justamente nessa ocasião que vai ele abrindo aporta e vendo-a pergunta-lhe quem era e para onde o dirigira, não olhe respondendo ele causa alguma grita por seus escravos a de um só momento aparecem-lhe todos armados procuraram tornar-lhe o caminho, ele respondeu que estão se achava montado e com uma pistola lança mão dela e dá um tiro não em direção aos escravos mas sim, em direção oposta e com o fim unicamente de amedronta -los e por esta forma pode assim escapar-se sem que tivesse o tiro que deu empregado –se em pessoas alguma. E nada mais lhe foi perguntado dando-se assim por findo este auto em que com o Doutor Chefe de policia assina Guilherme Francisco da rocha, do que dou fé.
Eu Ernesto Alves Ramos, amanuense da Secretaria da Policia servindo de escrivão que escrevi.
Vicente de Paula Caucaes Teles
Guilherme Francisco da Rocha a Rogo
do escravo João Antonio Carlo Gomes.
Mathias Jaboticaba.
Auto de perguntas feitas ao escravo
Ilário de Manoel Raimundo do proprietário do Engenho Sitio Novo, Termo de Rosário.
Aos vinte e seis anos do mês de janeiro de mil oitocentos e setenta e seis do ano do nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo nesta cidade em casa da residência do Doutor Chefe de Polícia Vicente de Paula Caucaes Telles, aí presente o escravo Ilário de Manoel de Raymundo proprietário do engenho Sitio Novo comigo nomeado, foram feitas as perguntas seguintes:
Qual o seu nome, idade, estado, filiação, naturalidade e profissão?
RESPONDEU chamar-se Ilário com trinta e cinco de idade pouco mais ou menos, solteiro, filho de Ignácio com Micaela escrava do finado José Tuten, natural do Rosário, profissão agricultor.
PERGUNTADO a que está fora da companhia do seu senhor?
RESPONDEU que a seis semanas pouco mais ou menos.
PERGUNTADO para onde se dirigia?
RESPONDEU que conservou-se por espaço de três semanas nas imediações da fazenda do seu senhor e logo depois saindo em busca das metas do engenho jurema encontrou-se na baixa com João Mulungu e lá, digo seguindo daí era o engenho “ Flor da Roda” ai se conservou por outras três semanas ate que afinal foi ai com seu companheiro preso.
PERGUNTADO se durante o tempo esteve com João Mulungu o que presenciou fazer este e o que lhe contou este com referência aos frutos, roubos e assassinatos por ele praticado?
RESPONDEU que durante estas três semanas que com João Mulungu esteve no engenho Flor da Roda nada presenciou relativamente a frutos que praticasse o mesmo Mulungu assim como ele nunca lhe contou proeza alguma que houvesse praticado.
PERGUNTADO de que se alimentaram no mato?
RESPONDEU que de alguma carne que levou de casa e de caranguejos que apanhava no lugar em que se achava, trocando às vezes alguns desses caranguejos por farinha com escravos do referido engenho e com os quais se entendiam à noite.
PERGUNTADO se o senhor desse engenho algum dia os encontrou falando com seus escravos ou se soube que eles iam à noite a (...) do seu engenho?
RESPONDEU que nunca os encontrou e que enquanto ao mais não sabia dizer.
E por mais nada lhe ser perguntado deu-se por concluída o presente auto em que o Doutor Chefe de policia assina Antonio Batista Bitencourt do que dou fé.
Eu Ernesto Alves Ramos, amanuense da Secretaria da policia servindo de escrivão que escrevi
Vicente de Paula Cascaes Teles a Rogo do escravo Ilário Antonio Baptista Bitencourt J. (...) Testemunha. Antonio Carlos Gomes Mathias Espínola Jaboticaba. Autos de perguntas feitas ao Escravo João de João pinheiro.
Aos vinte seis dias do mês de janeiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e seis em casa da residência do Doutor Chefe de policia Vicente de Paula Cascaes Teles, ai presente o escravo João de João pinheiro, proprietário do engenho Mulungu, comigo amanuense da Secretaria da policia servindo de escrivão abaixo nomeado foram feitas as supra dita escravo que havia sido anteriormente interrogado.
Como se havia dado a morte de um homem no (...) do (...) que se diz ter sido ele respondente o autor tendo por companheiro um escravo do tenente Coronel Horta e uma negra a Alexandre Teles?
RESPONDEU que ele nenhuma culpa teve em semelhante atentado e que o ignora completamente.
PERGUNTADO ainda que assassinou um moleque do proprietário Araújo do engenho Mumbaça?
RESPONDEU que ignorava.
PERGUNTADO ainda por outro assassino de um homem na (...) de (...) que fora lançado em um braseiro e que se diz ter sido ele autor?
RESPONDEU não ser exato esse boato com referência a autoria que se lhe da porquanto nenhuma parte teve respondente neste assassinato, pensa, entretanto que talvez pelo fato dele ser filho deste lugar que se lhe atribua semelhante atentado.
PERGUNTADO também por assassinato que se dera na Pedra Branca nas pessoas de um homem que encontrara (...) sua (...)?
RESPONDEU que não sabe de semelhante assassinato nem que fora o seu autor acrescentado que durante o tempo em que andou fugido a exceção dos crimes e furtos que perpetuo nem uma morte cometeu.
PERGUNTADO que não sabia como se havia dado, apenas (...) Marcelino de tal, morador no engenho Cabral de Baixo e outras pessoas que não pode precisar o nome, por não conhece-las disseram que quem tinha prestado esse roubo tinha sido o filho do Capitão Paulo, senhor do engenho Batinga, conhecido por lôio ignorado completamente (...) esse roubo se houvera dado.
PERGUNTADO se conhecia alguém na Vila de Riachuelo e se entre teve negociações nesse lugar com alguma pessoa?
RESPONDEU que conhecia ali diversas pessoas apenas de vista e que negociação apenas tivera ali com Firmo de tal, sapateiro e purgador do engenho Palmeira o qual por algumas vezes lhe pediu que furtasse alguns animais e lhe levasse que ele compraria e, com efeito, furtara ele respondente um cavalo de Isaac do engenho Cana Brava, levou-o por venda e apossando-se dele pelo preço de vinte e cinco mil reis, apenas dez por cento e mais nada, passando afinal uma troca com ele respondente de um par de esporas de latão por outro par de ferro resultado do ajuste de contas (...)
Firmo a restar-lhe doze mil reis.
PERGUNTADO o que sabia acerca de um roubo feito a uma mulher de Bom Sucesso entre lugar e Bom Jardim?
RESPONDEU que sabe ter se dado esse roubo e que por lhe disseram os negros do engenho São José, sabe que fora Vencslau escravo de Dona Maria do engenho Bom Jardim o seu autor.
PERGUNTADO quem tinha ido atacar o major Mainart em sua casa para rouba-lo?
RESPONDEU que não sabia, que supunha, entretanto ter sido Manoel Jurema, Manoel de Júlia e Malaquias escravo, o primeiro do Capitão Paulo da Mandioca o segundo de uns ingleses do Maroim o terceiro também dos mesmos ingleses. E por nada mais lhe ser perguntado deu-se por findo o presente auto em que por ele assinou Guilherme Francisco da Rocha, Eu e, digo o Doutor Chefe de Polícia servindo de escrivão do que tudo dou fé.
Vicente de Paula Cascaes Telles Guilherme Francisco da Rocha a rogo de escravo João Mathias Espínola Jaboticaba.
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