quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

DEU NOS JORNAIS - JORNAL DA CIDADE


Sergipanos confiam no governo de Obama
Publicada: 06/11/2008


Texto: Antônio Carlos Garcia

A vitória do primeiro presidente negro na história dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama, foi vista com alegria por alguns sergipanos. Na definição do eletricista José Alves de Oliveira, “Obama é o Lula”, numa referência ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Como em todo mundo, também em Aracaju, as pessoas apostam que o novo presidente americano, que tomará posse em janeiro, faça a diferença na hora de tratar questões como racismo – ainda forte nos EUA. O presidente da Casa de Cultura Afro Sergipana, Severo Dacelino, a vitória de Obama já estava profetizada há 40 anos pelo líder negro Luter King. “Obama conquistou o mundo, mas ele não será o presidente somente dos negros, como acontece aqui no Brasil, onde Lula é presidente do PT”, alfinetou Severo, esperando que o novo presidente americano tenha muito sucesso. O líder negro sergipano torce que Obama sirva de exemplo para as autoridades brasileiras, citando especificamente o presidente Lula, que está no segundo mandato, “mas que continua, somente, governando para o PT e não para o povo brasileiro”.

DEU NOS JORNAIS - JORNAL DA CIDADE


Segrase diz que vai imprimir livro de Severo como ele quer
Publicada: 18/11/2008


Em nota de esclarecimento enviada a este jornalista, a Segrase – Serviços Gráficos de Sergipe, sucessora da Imprensa Oficial do Estado – rechaça a acusação de racista que lhe foi passada pelo ator Severo D´Acelino, no documento que protocolou na Secretaria da Casa Civil. Naquela carta, Severo acusa o Conselho Estadual de Cultura de racista e estendeu a acusação à Segrase que estaria se recusando a imprimir um livro de sua autoria. Na carta ele diz que pretende pagar o trabalho e queria que ele fosse impresso exatamente como o escreveu, mas a Segrase estaria fazendo carga para não imprimir o livro se não passasse por revisão.

Na carta que enviou ao escriba, a assessoria de comunicação da Segrase diz que a editora do órgão sempre submete os trabalhos que vai imprimir a um revisor, especialmente treinado para tanto. A revisão feita pelo autor não é suficiente porque este não é treinado para fazer revisão. A Segrase diz que não é racista e que vai imprimir o livro do jeito que o autor quer.

A Nota de Esclarecimento da Segrase tem o seguinte texto:

Nota de esclarecimento:

Com relação à matéria “Severo detona o Conselho de Cultura. E o Conselho de Cultura detona Severo”, publicada na edição do dia 11 de novembro de 2008, do caderno C, da Coluna de Variedades, do JORNAL DA CIDADE, devem ser feitos os seguintes esclarecimentos para os leitores desse veículo:

A recém criada Editora do Diário Oficial de Sergipe recebeu do seu diretor-presidente, Luiz Eduardo Oliva, a incumbência de implantar um sistema de controle de qualidade em todos os trabalhos que por aqui passarem. Desta forma, é feita a avaliação criteriosa de todos os produtos a serem impressos, desde a arte final das obras que recebemos até a revisão dos textos que aqui chegam mesmo àqueles que não vão receber o selo da Editora do Diário Oficial. Nosso objetivo primordial é implantar um conceito no mercado local e externo, de que aqui se produz material gráfico de excelência em qualidade, no que se refere à sua programação visual, bem como a revisão ortográfica e gramatical tão necessária para que uma obra chegue ao público sem que seja passível de críticas.

Temos respeito e admiração por Severo D´Acelino pelo grande ator sergipano que é, e que hoje faz parte de uma constelação de atores do cinema brasileiro, assim como o premiado Orlando Vieira. Este reconhecimento não se dá apenas pelo seu brilhante trabalho nas telas, mas também pela sua história de luta em defesa da cultura afro-brasileira. No entanto, quando ele faz acusações de conduta racista e de censura praticadas pela Segrase, é importante frisar que o nosso critério não é exclusividade da Editora do Diário Oficial, mas de toda e qualquer editora que pretenda se firmar no mercado, ou de qualquer gráfica que preze pela qualidade dos seus impressos.

Quando recebemos os arquivos com o texto do seu livro “MARIÔ o Terreiro de Ba’ Emiliana”, foi comunicado ao autor que faríamos uma revisão de toda a obra, no que diz respeito a diagramação, arte final e texto, até mesmo, porque pequenos erros de ortografia e de digitação escapam ao olhar não treinado de quem escreve, afinal, a preocupação maior está voltada para o conteúdo que vai passar para o público. Desta forma, o livro foi colocado aos cuidados de um dos nossos revisores, o poeta Feliciano José, que é graduado em Filosofia pela Universidade de Minas Gerais e pós-graduado em Estética, Educação e Arte. A revisão foi então iniciada por Feliciano, para que a obra chegasse ao público sem os erros tão comuns em qualquer obra que não passa pelo olhar treinado de um revisor. Também é importante esclarecer que Feliciano não é e nunca foi censor, muito menos racista (o mesmo possui traços visíveis da sua descendência afro).

Na ocasião em que recebemos um novo arquivo do autor contendo o texto, segundo ele “completo e revisado”, decidimos então, deixar de lado todo o trabalho em fase de conclusão e partirmos para a impressão do livro como o autor o apresentou, sem que seja colocada sequer a logomarca desta empresa, para que não sejamos responsabilizados posteriormente por tal trabalho. Portanto, fique claro que a nossa revisão foi direcionada exclusivamente para eliminar erros de digitação, gramática portuguesa e ortografia contidos na obra, pois o que buscamos é a realização do nosso trabalho de maneira cuidadosa, com a pretensão de prezar pela qualidade na execução dos serviços e produtos que levarão ou não o selo da nossa Editora. Mas, infelizmente fomos equivocadamente mal interpretados.

Assessoria de Comunicação da Segrase



Comentários do ConteúdoSevero DAcelino
25/11/2008 12:23
Até agora, o jornal não se preocupou em ouvir a outra parte. Entendo que não é assim que se deva fazer jornalismo. Na boca de quem não presta. Quem é bopm, não vale nada. Espero ser ouvido. Chega de Racismo. Basta de Apartheid.
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DEU NOS JORNAIS - CORREIO DE SERGIPE


Apesar de ser crime, racismo persiste
Data: 27/02/2005


Há cerca de um mês uma jovem professora foi impedida de entrar no Teatro Tobias Barreto. O motivo? Ela é negra. Apesar de ter ido ao local como qualquer outra pessoa, pagando ingresso e tendo, portanto, o direito de assistir ao que bem quisesse, ela foi barrada. Fez denúncia, levou o caso até o conhecimento de movimentos representativos da comunidade negra, e não teve receio de relatar que foi tida como marginal. Racismo é crime contra a humanidade de caráter inafiançável.


Quem explica a situação é o coordenador geral da Casa de Cultura Afro-Sergipana, Severo D'Acelino, pesquisador da história e cultura negra. Ele milita no movimento negro desde a década de 60 e lamenta que apesar dos esforços empreendidos ao longo dos anos, a discriminação racial continua forte no país e Sergipe não fica atrás. A grande expectativa de Severo é que com a Conferência Estadual de Igualdade Racial, que acontece em Sergipe nos dias 8 e 9 de abril, promova ações mais concretas que impeçam o avanço do racismo no estado.


Severo observa que se faz urgente a afirmação de políticas públicas em relação ao negro, principalmente no que se refere à saúde e educação. Ele lembra da necessidade de se mudar comportamentos e atitudes, para que o negro possa ser respeitado e valorizado em todos os níveis, tendo seus direitos constitucionais legítimos assegurados na declaração dos direitos humanos. No âmbito da educação, o negro precisa, como observa Severo, de motivação e ainda de auto-estima para construção de sua identidade através de uma metodologia inclusiva onde a educação e aprendizagem possam de fato, dar a ele dignidade.


"O negro não nasceu para ser infeliz, e nem para fugir de sua própria raça, como solução para se manter na sociedade", observa o pesquisador. Ele atenta que o pardo e o mulato não se consideram negros e que Sergipe tem 86% da sua população um contingente da raça negra. Severo observa ainda que desde 1968, pesquisa essa questão. Negro, ele é de família oriunda dos canaviais do Cotinguiba tem em Gilberto Freire uma grande referência. Apesar de todo o esforço, uma lamentação: relata que a casa de cultura afro está praticamente de portas fechadas, por não ter como manter as atividades, sem recursos financeiros.

Ações - Mesmo com tantas dificuldades, Severo explica que Sergipe possui diversas ações afirmativas que foram alcançadas durante todos os anos de militância dos movimentos negros. A Casa de Cultura se destaca com o projeto João Mulungu Vai a Escola, levando conhecimento e informação do negro, e índio sergipano dentro de um processo étnico, histórico e cultural aprovado pelo Colegiado de Educação da Universidade Federal de Sergipe - UFS e reconhecido pelo Ministério da Educação.
A Casa de Cultura possui ainda ação de cunho legislativo com o reconhecimento do herói negro sergipano e a introdução de cultura negra na educação e em concursos públicos do estado. Existem ainda diversos projetos como o SOS Racismo no âmbito da comunidade e principalmente no seio da polícia, atingindo a Polícia Militar e Civil. "Hoje, há um entendimento bem melhor por parte da polícia em relação aos negros. Ainda não é o ideal. Existem casos graves de crimes contra o negro por parte da polícia, mas o passado é pior", explica Severo.


Ele lembra que o negro simplesmente por estar andando nas ruas, correndo ou nada fazendo, era visto como elemento nocivo à sociedade e apanhava publicamente por qualquer motivo. Hoje existe um entendimento maior e a PM vem buscando uma parceria com as entidades negras. Um outro trabalho é o Curso de Extensão mantido pela Casa de Cultura através do Centro de Pedagogia Afro-Sergipana, com o direito de promover a capacitação de professores nos assuntos de educação e aprendizagem na ação inclusive dos temas afros e indígenas.


Os cursos são de 40horas realizados em finais de semana e acontecem na sede da Casa de Cultura no bairro Siqueira Campos atendendo a universitários e professores. Dentre os temas debatidos, fica, como diz Severo, o problema da fuga empreendida pelo negro, de sua própria raça, para sobreviver. "É nesse sentido que esperamos ver as ações resultantes da Conferência Estadual, promover mudanças estruturais para que a igualdade racial seja o sinônimo da unidade e diversidade", observa o pesquisador.

Direitos e apoio - Severo D'Acelino atenta que por muitas vezes, o negro se sente constrangido e teme denunciar o racismo. Com isso, sofre calado, tem problemas cardíacos, estresse, palpitações e depressões profundas. Ele observa que há medo de denunciar para não perder o emprego. Outras vezes promove a denúncia, mas o racismo é qualificado como difamação e a pena para o infrator é atenuada. Ele conta que a Casa de Cultura recebe diariamente mais de 10 telefonemas por denúncia de racismo, mas, no momento, de testemunhar as pessoas temem se pronunciar.


A maioria não quer ir à delegacia, se sente inibida, por muitas vezes ser alvo de brincadeiras maldosas como piadas. Diante de tudo isso, Severo observa que seria importante uma delegacia específica para o atendimento dos negros e tratamento dos casos de racismo. "Isso deixaria as pessoas menos constrangidas e seguras de seus direitos, para que cheguem à Justiça sem sofrer nenhuma discriminação", ressalta. Sobre a Justiça, ele atenta que essa ainda não age com austeridade contra o crime de racismo.


Observa que poucas vezes, o racismo é configurado como deveria, o pesquisador lembra que o crime passa a ter muitas faces, muitos rótulos e quando se chega a um processo, por vezes, já se trata de outra acusação. "Precisamos lembrar o passado, de personalidades negras de Sergipe. Entre elas, estão: Tobias Barreto, Silvio Romero e João Mulungu. Eles não podem ser esquecidos", observa Severo deixando no ar a pergunta: se estivessem vivos também seriam discriminados?

Parceria - Ainda em relação a Conferência Estadual de Igualdade Racial, o secretário de Estado da Justiça e Cidadania, Emanuel Cacho esteve na manhã do último dia 23 na cidade de Estância participando ao lado do prefeito daquela cidade, Ivan Leite e de representantes de prefeitos de cidades circunvizinhas, da primeira de uma série de reuniões com prefeitos de Sergipe, no objetivo de conseguir apoio para a conferência que acontece pela primeira vez em Sergipe.

No dia 24, representantes da Sejuc estiveram em Nossa Senhora da Glória realizando a segunda reunião. Ele lembra que é de suma importância conseguir não só o apoio, mas subsídios dos prefeitos e assessores para a realização da conferência em Sergipe.