sexta-feira, 19 de setembro de 2008

DESABAFO - O RACISMO DA MÍDIA


Ana Maria Braga,

Você tem plena consciência do poder de influenciar pessoas por meio do seu programa, que até não é ruim.

Não o assisto quando posso. Sintonizo outra emissora. Mas vejo a chamada do seu novo quadro e fico a pensar até onde vai a cabeça das pessoas da sua produção.

Sou negro. E esta é a razão deste meu e-mail, que se vincula a um problema protagonizado pela aristocracia midiática da qual você faz parte.

Passo ao assunto: Desde todo tempo o ofício de cozinhar sempre foi reduzido a coisa sem importãncia, pela mídia, por ser o espaço de labor principalmente das mulheres negras. Mais tarde os homens, também normalmente negros, foram ocupando o espaço. Hoje Em Dia os chefes e/ou gourmet ocupam os vídeos das emissoras e a minha negrada foi desaparecendo, talvez no conceito midiático, "por não fotografarem bem" neste País que, ironicametne, chamo de ariano.

Mas você que se diz tão sensível e igual, não se deu ao luxo ou trabalho preocupado de, no novo quadro a ser lançado em seu programa chamado os Super Chef, incluir se quer um(a) chef negro(a). Não sei se não existe um grande chef negro ou negra ou a proposta do programa é deixar caracterizado que os super - de qualquer arte e ofício - têm que ter necessáriamente a pele clara. É lamentável que a televisão, que tanto reclama programas sociais públicos, que promovem tantos programas assistencialistas - alguns até com o dinheiro do pobre cidadão -, não esteja antenada para a importância da miscigenação midiática e promova a exclusão na mídia na medida em que podem. Fica aqui o meu repúdio que, certamente, não será considerado por eu ser apenas e tão somente um beija-flor no incêndio. Mas estou fazendo a minha parte! Chamar a sua atenção, é o que me cabe, além de advertir a todos quanto eu possa (por e-mail) sobre esta questão e deixando claro que, na minha opinião, isso também é uma forma de violência igualzinha àquelas que vocês "tanto debatem" em seus programas. Que pena!!!

Não obstante isso, continuo desejando-lhe saúde e muita sorte, pois a luta que empreendo não elimina minha fraternidade para com o próximo!

Joel de Oliveira

Brasília/DF