domingo, 29 de agosto de 2010

ARIANISMO EM SERGIPE E A LIMPEZA ÉTNICA


A Síndrome do Arianismo.

O Brasil busca sempre referenciais americanos (EEUU), para sustentar as teses dos seus projetos e cristaliza o status que se á bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil, que espera sempre por uma ação daquele país para aprovar seus projetos. O mais recente foi as Ações Afirmativas, mas, não aceita o referencial racial em prática ali naquele País, onde o Negro, são os Pretos, Pardos e Mulatos, enfim os tais 10% de sangue negro, aquele que em nossa Colônia, num passado não tão distante, era exigido para o serviço público, serviços religiosos, militar, eleitoral etc. Hoje no Brasil o ser negro se torna uma questão de geografia, pois os brancos de Sergipe, são Negros em São Paulo e no Sul do País. Lá o modelo americano estar em plena prática no cotidiano de grande parte da população, seja engajada politicamente no Movimento Negro ou não. Trata-se de Consciência Política.

Aqui em Sergipe, o Arianismo se amplia para os Pardos e Mulatos, só os Pretos são Negros, os chamados de “ Tribufu, Macacos, Carvão, Urubu, Diabo, etc. Aqueles que nunca tem razão e são discriminados pelos próprios negros genéricos, Os Pretos, macumbeiros, Bichos, os suspeitos, malandros, maconheiros, marginais, mal encarados, os que nas delegacias e tribunais, mesmo tendo razão e reconhecidamente vítimas, já chegam com 50% de suspeitas e assim recebidos e tratados, onde delegados e juízes se dirigem primeiro aos réu por não serem pretos”

Aqui, as tal política de Ação Afirmativa, gerenciada por genéricos e Arianista, é um problema de falso negativo e o olhar de governo e estado, um problema de confusão, onde o hiato social está presente nas ações dos gestores públicos por indução do governador. Uma incógnita do delírio explicito da limpeza étnica dos negros induzidos a brancura, a política branqueadora do poder controlador, cristalizando a idiossincrasia racial e a psicologia do recalque. É Triste Ser Negro em Sergipe se o ser negro no Brasil já é complexo e um exercício de alta periculosidade em Sergipe o caso é aterrador.

O CENSO 2910 do IBGE, trará os indicadores da limpeza étnico racial com o maior insulto a inteligência, do mais liberal e crédulo dos intelectuais ditos ativista dos Direitos Humanos. Vai ser um alivio para os governos ditos socialistas, pois não terão mais as preocupações de arquivar os projetos de políticas publicas para os negros e comemorarão seus maiores crimes contra a humanidade, a cristalização do racismo institucional através da mal fadada kotas, o inicio da limpeza racial através sucateamento da educação .

Diferentemente de Sergipe onde os Negros não querem ser negros e odeiam negros no Maranhão politicamente os negros têm orgulho de ser negros, curtem sua raça e esnoba nos manifestos de suas culturas, assinalando em cada referencia a sua raiz ancestral. Assim é na Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, só para citar por onde andei e aprendi a ter orgulho de ser Negro, agora, ser orgulho de ser sergipano é outra história que ainda nestas seis décadas ainda não materializei por varias questões, talvés de realidade aumentada onde o ambiente é gerado predominantemente no mundo real, sem distorções do realismo virtual de visão ótica por projeção.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

SEGURANÇA PÚBLICA E INSEGURANÇA NAS COMUNIDADES - UM INSULTO SOCIAL.



INSULTO A INTELIGENCIA.

Há muito se critica a presença de Policiais em órgãos públicos, de forma exclusiva. Principalmente pelo vinculo de amizade e ou relações de favores políticos que levam os policiais, civis e militares a desvios de funções e se reestruturarem nestas novas atividades em prejuízo a finalidade fins a que foram qualificados, sejam por cursos e especializações ou por praticas diuturnas.

Efetivamente que estes policiais em suas funções desviadas, recebiam suas gratificações conforme os seus mentores, gratificações essas, muita das vezes maiores que seus soldos. Essas manifestações de afastamento não lhes impediam os privilégios, de promoções e demais ações, seja cursos e aperfeiçoamento, só que não prestam serviços e até obediência a corporação, pois muitas das vezes as ordens dos seus Comandantes não foram cumpridas e passar por cima das ordens dos superiores não é bom para ninguém, mesmo que tenham Juízes, Desembargadores, Secretários, Promotores como seus protetores e que lhes favoreçam na mobilização dentro e fora da corporação.

Muito destes policiais, praticamente se criaram e cresceram nas companhias destas autoridades e nas repartições, a serviço desta ou daquela autoridade e ampliando seus conhecimentos jurisdicionais e operacionais, capazes de resolver qualquer arestas, dando inclusive opiniões as ditas autoridades.

E agora? Com o processo em andamento do retorno a Caserna. Como fica a cabeça destes policiais que muitos deles já esqueceram até os procedimentos militares, perderam o afã do policiamento, já não tem o faro, o denodo, a perspectiva do serviço, do mando, da liderança. Já não tem mais disposições físicas, psicológicas e culturais. Muito já engordaram estão fora de forma, já mudaram o sistema de vida.

Resta também salientar a questão econômica, muito já haviam incorporado as gratificações aos seus soldos, diversas dívidas foram assumidas baseadas nos orçamentos e, de repente são desembarcado de suas atuais e calmas funções, para a lida de uma atividade brusca e perigosa sem ao menos serem enviados para uma revisão psicológica, médica e técnica com um intenso treinamento táctico, estratégico físico e tecnológico para atualização da nova metodologia da pedagogia da segurança pública e até de ordem unida, hierarquia e organização.

Outra manifestação que nos comove é o acesso que oficiais vem tendo em torno de privilégio que em vez de estruturar a comunidade, a coloca em risco. O fato de ter direitos a manter viatura em sua garagem e em frente a suas casas, principalmente nas periferias, em vez de garantir a segurança da comunidade, dar poderes absolutos à malandragem que, ciente da impunidade, promovem todo tipo de crimes.
A viatura ali esta a garantir que os marginais ataquem membros da comunidade exibindo armas para lhes roubarem, acender e fumar seus lautos cigarros de maconha e crak, venderem seus produtos a grosso e a varejo.

Essas viaturas intimidam a comunidade e garantem aos traficantes o livre acesso para seus negócios lucrativos.
O fato de policiais residirem em áreas de risco, não impedem de ser policiais, não lhes dão direitos de olhar para outro lado e nem se calarem, é preciso atitudes para não repetirem o manifesto de estar Cego; Surdo e Mudos.

Esperamos que novas tendências da segurança pública sejam aplicadas para, mesmo com a liberação da Maconha e das drogas, nossa segurança seja garantida, mesmo que o oficial, o sargento e os soldados estejam de folga. A Liberdade é a Eterna Vigilância. SE OS TRAFICANTES SE INSTALAM NAS COMUNIDADES É PORQUE O ESTADO ESTA AUSENTE.

VAMOS PROFISSIONALIZAR OS NOSSOS POLICIAIS.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

JUSTIÇA : LEI & DIREITO SEM DESVIOS






PALACIO PARA O MINISTERIO PUBLICO DE SERGIPE

O Ministério Público Estadual, terá a maior e a mais sofisticada sede. Não conhecemos os detalhes, mas pela área em construção e pelos riscados, será sem dúvida nenhuma um verdadeiro palácio para os procuradores de justiça de Sergipe. Para os sergipanos, não sabemos o que mudará, se alguns setores serão incluídos no organograma do Ministério Público, se seu quadro será acrescentado de mais duas dezenas de procuradores. Precisamos de mais Curadorias, principalmente para tratar da questão racial, tipo Núcleo ou Curadoria de Combate ao Racismo Institucional, para dar maior visibilidade a democracia.

SEDE PARA A DEFENSORIA PUBLICA DE SERGIPE

Outro seguimento da Justiça que precisa de uma Sede para abrigar o povo e suas ações operacionais, é a Defensoria Pública de Sergipe, principalmente no avanço do seu recursos humanos, com as devidas equiparações postuladas pelos Defensores, também a necessidade de ampliação do seu quadro, com umas cinqüentas contratações, para atender aos reclames dos que buscam justiça nesta sociedade capitalista que prima pela desigualdade.

FUNCIONALIDADE PARA A JUSTIÇA DE PEQUENAS CAUSAS

Outra questão que precisa urgentemente de reparação é o imediato retorno do Tribunal de Pequenas Causas ao atendimento a comunidade nos seus turnos iniciais, pois desde os primeiros apagões, com a onde de redução de custos e de energia, na gestão do Desembargador Barrêto, as pequenas causas ficaram pequenas até hoje, atendendo em um único expediente. Neste sentido o nosso Tribunal de Pequenas Causas está na contra mão do que se propala no Conselho de Justiça no que diz respeito a celeridade dos processos, uma justiça célere e dinâmica.

Prejudica também as ações do Ministério Público da Defensoria e principalmente da comunidade que, antes podia escolher o turno para resolver suas questões na justiça, se pela Manhã, Tarde ou Noite, principalmente se não quizesse bater de frente com determinada autoridade preconceituosa e ou hostil, pois sabendo do turno de suas atuações, buscava outro.

CELERIDADE PARA OS IDOSOS NA JUSTIÇA FEDERAL

Uma outra Questão, diz respeito aos Idosos, principalmente na Justiça Federal, pois ali as ações se avolumam em torno de reparação de soldos, salários etc, envolvendo os órgãos do governo federal, tipo forças armadas, INSS, etc, . O que ocorre é que com diversas propagandas ENGANOSAS em torno dos Idosos, principalmente os portadores de doenças de alto risco. Dizem as propagandas que eles terão atendimentos especiais e no entanto, passam mais de 3 ANOS para ter seus processos encaminhados que invariavelmente vão para as sentença sem os devidos oks e até os cálculos são esquecidos e nisso são devolvidos as assessorias para as devidas providências que passam mais alguns anos ESPERANDO PELOS CALCULO parece que só dispõem de uma pessoa para tal ação, o que é uma pena.

SE os Idosos conseguirem permanecer vivos até a conclusão do processo e a reparação dos benefícios, estarão depauperados , se não, quando o beneficio for consignado, estarão mortos e muitos dos benefícios não são repassados a herdeiros, retornam aos cofres públicos para os devidos desvios pelos políticos e funcionários ávidos pelo alheio. Com a palavra: O Conselho Nacional de Justiça pois a Lei e o Direito não funcionam só, precisam debaterem para estabelecer a JUSTIÇA.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

LITERATURA NEGRA E O NEGRO NA LITERATURA


LITERATURA NEGRA E O NEGRO NA LITERATURA – O MODELO SERGIPANO
Severo D’Acelino.

Nós estamos sempre assistindo a episódios de abuso no exercício do poder, de injustiças contra os cidadãos brasileiros praticados por quem deve efetivamente estabelecer os princípios do verdadeiro estado democrático de direito. O centro da questão é que as pessoas quase sempre se aproveitam da oportunidade do exercício do poder para oprimir, perseguir, manipular ou explorar as outras pessoas por interesse pessoal, corporativo ou do próprio sistema que o opressor integra.
Alberto F. Magalhães.(1)

Sergipe é de longe um Estado Negro, com a maior população negra do Brasil em dados comparativos, somos 86% da população absoluta, mas Sergipe não gosta de Negro, discrimina sua cultura. É um Estado Negro, sem Cultura Negra, diria até que é o Estado mais etnocêntrico do País, pois o culto ao eurocentrismo , faz parte do inconsciente coletivo dos espaços de poderes.

Essa relação maniqueísta, leva um bom numero de negros a terem vergonha de ser sergipano, onde mim incluo. Há no ar um não sei o que de atentatório ao negro, o desprezo constituído gerado do Racismo Institucional, pois quem mais discrimina é o próprio governo, levando o Estado a parâmetros separatistas de um eugenismo maquiavélico, de fazer corar o próprio Gobineau em seus delírios criminosos.
É sobretudo uma atitude de governo, para banir os negros, e clarear a epiderme, em sua prática de limpeza racial engendrada no etnocidio, exterminando os indicadores do negro: sua língua, história, cultura, literatura, heróis, religiões, tradições, filosofia, artes, músicas..., enfim, sistematizar a exclusão do negro, através do silenciamento dos seus valores e expressões culturais.

Efetivamente que numa sociedade dita civilizada que vê nos colonizadores o padrão de civilização, conforme expressa o LOURIVAL, professor da Universidade Federal de Sergipe, nos criticando em querer inverter os fundamentos civilizatórios para assinalar a importância do Negro, escravizado e suas culturas (certamente para o tal professor, os únicos a serem escravizados foram os negros), e por isso assinala que a cultura do negro é baixa e inferior.

A inexistência de uma tradição da literatura afro sergipana, sua leitura está ligada a intolerância político e cultural com forte víeis econômico onde o negro é descartado da possibilidade de editar sua produção intelectual.
O desestimulo é cristalizado na mentalização escravista e na ideologia do recalque instalada no âmbito da sociedade elitista que contraria a exposição do seu pensamento negro, coletivizado onde a expressão impõe a problematização das ações, questões e condições sócios culturais e econômicas.

Essa elite reprodutora de uma pseudo cultura civilizada, marcada de traços ditos “eruditos’ de uma síntese acadêmica com espaços nos poderes representados, não permite a expressão do pensamento negro com marcas de signos africanizados em sua ação espacial, estimulando a criatividade coletiva. Quer sim que o negro produza e expressem tradicialmente a sua expressão eivada de oralidade para que possa ser, apreendida e aperfeiçoada nas obras acadêmicas e eruditas dos autores brancos, consagrados como defensores das tradições negras.

Continua a repressão cultural ao negro em todos os sentidos e atos da sociedade e do governo, principalmente quando há ruptura e o negro, rompendo as barreiras, editam suas produções, é, imediatamente boicotado por críticos e toda sorte de impedimentos para que sua produção não seja conhecida e, sem esse estimulo, deixe o negro de promover suas produções intelectuais, alargando espaços para que o branco acadêmico, seja o porta-voz do pensamento negro, produzindo uma literatura negra, abolicionista e pseudo emancipadora, cheia de melindres e ações paternalistas.

Se o Estado impede a expressão do negro, produzindo sua arte, história, e pensamentos, é, sobretudo um Estado maniqueísta, autoritário e criminalista que impede através atos discriminatórios e racistas a expressão do negro, com medo de testemunhar a sua potencialidade intelectual, para escrever a sua própria história, expressar a sua leitura critica e formular debates das suas questões.

As dificuldades econômicas financeiras e a falta de uma política democrática em torno da expressão cultural mostram o perfil da desigualdade, o nível da intolerância e o caráter do racismo institucional a que o negro diuturnamente depara num Estado totalitário que em pleno século XXI ainda mantém o negro sobre algemas.
A cristalização do racismo em Sergipe está nesta ausência de referenciais da produção textuais da comunidade negra. Não importa se há alguns fragmentos de textos produzidos pelos senhores da história, os representantes da elite cultural sobre o negro sergipano. O que se pergunta é quantos negros sergipanos produzem ou produziram e editaram textos sobre as suas questões e pensamentos do coletivo. Há negros que produziram e produzem textos mas que de longe se expressão enquanto negros. Produzem uma literatura branca, expressando o pensamento do dominador, numa visão clássica, erudita, acadêmica, distante da visão tradicional da cultura afro sergipana.

O governo está a patrocinar constantemente as edições de textos produzidos pela elite cultural e a silenciar e impedir os trabalhos de negros, mascarando a realidade, principalmente no âmbito da educação onde os episódios históricos e contemporâneos do negro sergipano não são lidos.

Não há leitura de qualquer manifestação regional, o estudante negro convive com o olhar estereotipado de sua realidade, condicionado a não identificar as ações tradicionais de sua cultura e a rejeitar identificação. Nisso, não se reconhece e não querem ser reconhecido como negro, sem parâmetros portanto dos indicadores de sua cultura.

Muitas das vezes, por não aceitar romper com as barreiras das discriminações tradicionalizadas e, não querem assumir aquilo que a sociedade rejeita e o que a sociedade rejeita é o negro, logo se recusa a se identificar e se reconhecer negro.
Pela ótica do intelectual branco, nós os negros somos tratados de forma lamuriosa, escancarando a nossa marginalização e condição escrava, assinalando os castigos, a saudade da terra natal e a exploração sexual de nossas irmãs, e a defesa da abolição. Em suma: passam em nossas caras, todas as ações de suas supostas humanidades e que, é diluída diante de suas filosofias jurisdicionais.
No dizer de Rosemere(2008) se referindo a produção literária do negro, diz que

”De uma forma de escrever que procura se despir dos moldes ortodoxos da nossa língua portuguesa. A qualidade literária da literatura afro-brasileira não está nas formas rebuscadas de escritas, nas classificações, conceituações e etc., ela está concentrada indiscutivelmente na experiência poética, artística, cultural e política de saberes que representam o qualificativo afro de afro -descendentes e de afro-descendência no Brasil”

Citando ainda a autora, ressalta a sua convicção de que:
Mesmo sem a recorrência aos documentos, a história merece ser contada e remontada com base nos relatos e tradições da ancestralidade africana que vive, embora modificada na diáspora pela aproximação com a cultura ocidental, para que o passado possa ser reinventado no presente, através de uma representação literária que assume a história da cultura afro-brasileira como um legado de informações que fortalece a identidade afro -brasileira.

Esse legado de informações, só nós os negros temos e podemos expressar em atos e ações engendradas nos nossos manifestos e que faz parte da nossa inconsciência coletiva que se anima com as motivações, reflexões e sobretudo nas ações de nossas revisitações ancestrais. São signos que se manifestam a cada respirar do negro na tradição da diáspora e no distanciamento das amarras que separam as expressões de nossa liberdade de ser e que buscam na trilha da continuidade histórica, a reversão do mito da civilização e da imposição do pensamento colonialista.
A referência, se expressa na abordagem da Rosemere, onde se reporta a identidade como parâmetro cultural, estabelecendo seu conjunto de valores.


Tradição africana, cultura popular brasileira, identidade, religiosidade,
representações e diferenças étnicas, historicidade, intervenções culturais e políticas são alguns dos aspectos que podemos levantar através de sua abordagem literária como forma de problematizar a participação do sergipano, mais especificamente a do afro -sergipano na vida cultural e política de seu Estado.
exemplificamos o terrorismo a que somos submetidos enquanto negros, produtores marginalizados, impedidos de nos expressar, por sermos considerados insubordinados e criminalizados, sem nenhuma chance de explicitação de nossa produção, por puro preconceito e intolerância cultural, ainda que lutemos diuturnamente numa resistência cultural que se cristaliza antes a força do etnocidio patrocinado pelo estado.

No dizer de Alberto Magalhães.(200 ) O que é desconcertante é perceber que as pessoas reproduzem o comportamento histórico dos que governam com autoritarismo, em todas as escalas de poder: na direção da entidade associativa, da Instituição pública, das corporações policiais e militares, nas repartições públicas, nas empresas, no lar... E ainda não aceitam a discordância de quem não quer ser manipulado, injustiçado. O que é pior ainda é que os opressores nas suas tendências maquiavélicas e intolerantes contam com alguns dos próprios parceiros dos oprimidos nas suas medidas de retaliações contra os que não se alinham às suas ações impróprias e arbitrárias.

O discurso da brancura é uma forma de esconder os problemas étnicos -raciais, para que eles não venham à tona como uma problematização que possa repercutir no que entendemos como diversidade cultural e identidades múltiplas na formação étnica nacional. As pessoas são levadas a mascarar uma idéia de "branqueamento" para tentar com isso evitar a exclusão. Afirma Rosemere.

Exclusão essa que vem cristalizando a nossa rejeição étnica e fortalecendo o nosso recalque. Isso evidencia a reação de distanciamento que a comunidade tem em relação a produção textual dos autores negros, pois a manifestação vem atendendo a pouca importância e a nenhuma divulgação do produto final por parte dos grupos da elite intelectualizada e a pouca manifestação da imprensa que silencia antes a manifestação autoral do intelectual negro, principalmente se ele não faz parte de núcleos dos espaços de poderes.

Ser intelectual e abraçar a literatura em Sergipe é espaços para brancos, ricos e bem colocados nos espaços de poderes. Exemplifica-se o lançamento de titulo de uma autoridade bem situada, já demonstra o sucesso do evento, não só pela imprensa, mas sobretudo dos que buscam no evento, assinalar sua intimidade com a autoridade.
Os autores vizibilizados em Sergipe, são os juristas, médicos, políticos, advogados, secretários, desembargadores, promotores etc. todos eles financiados pelo poder público.

É notório o referencial dos autores sergipanos quando verificamos as suas biografias, são de famílias tradicionais, autoridades do Estado e de governos e com carreiras bem sucedidas com grandes citações e referencias socioeconômica invejáveis no momento da ação. Quando não estão em evidencia, ninguém vai aos lançamentos e a imprensa por sua vez, também silencia. O Status é o poder. Estar no Poder significa a emoção e aplausos do sucesso editorial, mesmo que depois dos brindes fique encalhado e não seja lido.Nesse universo, o negro não é privilegiado, é o melindre do “Juca Mulato”.

As bibliotecas escolares e as públicas, não estimulam a leitura e as escolas não conhecem os autores ou títulos, desconhecendo portanto a literatura sergipana e a produção textual seja histórica ou contemporânea, por falta de uma pedagogia especifica que contemple a leitura e a difusão no cotidiano da educação do ensino e da aprendizagem.

Temos histórias e tradições, mas não nos deixam escrever, se textualizamos não temos como publicá-la e a nossa narrativa se perde na voragem do tempo ou se atrofia nas reinterpretações acadêmicas dos escritores eruditos, distorcendo a nosso pensamento,floreando nosso discurso com jargões sofisticados com teorias e métodos distantes de nossa filosofia culturalista e perspectivas antes o objeto do nosso olhar.

O pensar negro é identitário, o negro a pensar branco conflitua com a natureza de sua cultura, para entender o pensamento deste grupo, mas o branco a pensar negro, busca surpreender nossas ações para se apropriar das idéias e regular as repressões de modo a impedir avanços e cristalizar hiatos, fortalecendo barreiras de comunicações para cristalizar as desifualdades e a limpeza etnico cultural.

A leitura distorcida que faz do negro é estratégia de uma filosofia do recalque para violação de direitos e fortalecimento das desigualdades através de manipulações de interesses e exploração de um discurso colonialista, vazio de conteúdo e argumentos que sustentem suas teses e conceitos reducionistas acerca da ausência de potencialidade do negro ou de sua inapetência para o comando.

A literatura negra, textualizada pelo próprio negro, tem um que de gestual, um olhar diferente que nos leva a perspectiva desejada, sugerida pela leitura embutida nas expressões textualizadas, recheadas de símbolos e signos onde a continuidade histórica e tradicional identifica o seu conjunto organizado de idéias. Esta literatura está povoada de negros, agentes e senhores da narrativa, vivendo seus episódios e marcando a demarcação do espaço que lhes restringiu o sistema que combate. Cada negro, personagens vivenciadas pelo autor, são emissários de uma mensagem de alerta das questões reivindicatórias, um emissário da luta na narrativa das batalhas travadas na resistência.

O negro na literatura está representado pela sua pseudo mentalidade escrava, o objeto da história protagonizada pelo senhor, o Mané gostoso, satisfeito com a sua situação e sofrimentos, representado em Juca Mulato em seu imobilismo e subserviência ao senhor, ao destino e a casa grande.

A fase negra dos autores negros, engajados numa literatura branca, dita universal, é a mais brilhante e produtiva, demonstrando a leveza do seu pensamento e expressões vibrantes, denunciadoras das emoções que só o negro tem, eivada de pontuações histórico e culturais de seu tempo e espaço, dirigindo ao futuro como forma de desconstrução, num amplo debates das idéias, marca o retorno ao ventre de sua árvore cultural, e seu renascimento é festejado com grandes enunciados.

Exemplifica –se o manifesto do intelectual negro catarinense Cruz e Souza, no seu melhor período produtivo numa poemática afro negra brasileira, identitária e denunciadora do eu coletivo, num simbolismo de maior destaque, o negro Emparedado, aqui em Sergipe, destacamos historicamente o poeta de Escada, o nosso Tobias Barreto que buscou outras formas e pensamentos para expressar a sua ideologia recalcada e pouco se expressou enquanto negro, apesar de ter produzido, marcas profundas de expressão mediática de uma identidade negra diásporizada.

Ser negro, não é necessariamente ter a pele preta e os traços inegáveis da marca, mas sobretudo ter atitudes e essa atitude é encontrada em diversos indivíduos brancos, que se debruçam na expressão negra, não do negro, e absorve a forma e pensamento negra, na produção de manifestos pontuais, numa apreensão de valores natos, vivenciados na tradição, numa simbólica troca de cabeça a transculturação.

A realidade da produção do negro dentro de uma expressão negra, se encontra arquivada, em memorial manuscrito sem nenhuma possibilidade de difusão por conta da intolerância institucional que o mantém silenciado e distanciado das possibilidades de se tornar um escritor editado. Diversos cadernos de anotações de intelectuais negros foram destruídos ou desaparecidos ou simplesmente desapareceram com eles, como no caso dos originais, boneca e cópias do trabalho do Babalorixá Zé de Abakossô (O mais importante de Sergipe), que ingenuamente passou para Edvaldo Nogueira,(Prefeito de Aracaju, a época, Secretário de Governo) que se dispôs a editá-lo e sumiu com o documento, ainda com vida o Babalorixá, vítima de Isquemia. Sua morte representou um insuperável perda para a História da Religião Orixá de Sergipe, acentuado pelo criminoso extravio do seu legado, representado pelo memorial documental que produziu.

Esse trabalho traduzia a história contemporânea do Candomblé de Sergipe, na ótica de um respeitado Babalorixá, com mais’ experiência dentre os demais. História do de dentro para o do de fora, produzida pelo agente e senhor da história, sem o modismo do linguajar e técnica acadêmica. É assim que somos tratados pelos agentes dos espaços de poder. A mesma ação foi sofrida por mim, quando repassei a Carlos Trindade, a época um dos diretores da SEPIR, a tal secretaria nacional de políticas da igualdade racial, o CD do livro teste Metodologia da Educação Inclusiva, com mais de 600 páginas tratando da Cultura Negra Sergipana com mais de 10 mil testes, foi sumido.

O Negro no poder se torna muitas das vezes em inimigo dos próprios negros. Com a palavra Edivaldo Nogueira e Carlos Trindade.Como reaver estes documentos.
O Arquivo Humano afro negro sergipano (observe que não uso a expressão afro descendente, pois entendo que afro descendente somos todos: negros, brancos e amarelos, uma vês que a humanidade nasceu na África, portanto afros descendentes), está vilipendiado pelo próprio silenciamento do coletivo negro que está voltado só para os elementos fundamentados pelos brancos, pelo Estado, pelo poder dominador, o negro se omite de sua maior reserva de valores constituídos para referendar os valores da Casa Grande e a isso se aplica o desinteresse pelo conteúdo e produção negra. Só se interessando em acompanhar as palavras de ordens dos partidos e do governo e suas instituições e órgãos fascistas.

O Estado impõe sobre a nossa cultura, excluindo a nossa identidade e rejeitando nossas tradições, querendo impor suas próprias definições de si mesmo e dos outros, numa relação de poder e dominação, esquece que não se pode pensar em identidade sem falar em interação, identidade e alteridade estão ligadas em uma relação dialética. Evidente que o manifesto de nossa literatura deve ser interpretada nos termos de nossa própria cultura, valores e emoções, pois a nossa verdade esta dentro dos nossos valores culturais, não pode ser julgada fora dele, nisso verifica-se que não há uma verdade absoluta. Cada verdade obedece as tradições dos seus valores culturais. Não podemos ser julgados por critérios, conceitos e filosofias ou tradições contrárias as nossas.

Segundo Ana Canen (2007). “o multiculturalismo critico focaliza não só a diversidade cultural e identitária, mas também os processos discursivos pelos quais as identidades são formadas”, ou seja, essa visão de multiculturalismo está interessada em analisar os discursos que conformam as identidades e as diferenças e não só na constatação da pluralidade de identidades e das relações de poder existente nelas.
Onde estão os escritos de Pedro Geraldo, João Sapateiro, Filhos de Obá, este último levado para a universidade federal de Sergipe, neab, para recuperação e até hoje não disponibilizado.

Esse é o quadro da realidade do negro em geral em Sergipe e em particular o intelectual. O mesmo não ocorre com os ditos da elite, pois o próprio governo além de financiar a revitalização de sua obra e recuperação dos seus manuscritos, elabora uma Ode á sua memória, assinalando interesse público do seu memorial. Isso ocorre em todos os poderes do Estado, com mais evidencia no judiciário onde a presença de Medina se fortalece nesse setor.

Os setores culturais do governador, consolidam as ações negativas em torno do negro, principalmente do seu conjunto patrimonial, tanto material quanto espiritual e para os quais não existe uma literatura negra e seus conteúdos textuais produzidos sem a chancela da academia, baseado na cultura de tradição oral, sem os manejos da metodologia cientifica, não tem serventia e portanto não merecem citações. Nenhuma obra de negros foi referendada por estes órgãos, tenham as denominações que tiverem.
A comunidade sergipana não conhece os autores negros contemporâneos e suas produções permanecem arquivadas e conhecidas apenas por um pequeno grupo de amigos.

Autores como Djenal Nobre, Real, a produção da coletânea estudantil de Douglas, a produção do Pe. Izaias, Zeca do Nagô, cujos originais se encontram com Magno do São Braz, dentre outros, importantes retalhos da história do negro sergipano, assinalando episódios e manifestos da resistência cultural com enfoques nas lutas sociais. Esse recorte de problematização da consciência negra, não interessa ao nosso Estado, que tem a visão distorcida, diferente das práticas de outros Estados da federação onde esse referendo é cotejado. Exemplifica-se a Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Maranhão,Alagoas, Santa Catarina etc.

É emblemática a literatura negra de negros contemporâneos sergipano, como também seu enfoque de leitura coloquial e contestadora, animada de expressões residuais, que nos remete a uma ação revitalizadora com indagações pertinentes a dinâmica de uma sociedade que se fecha sobre si como uma ostra de cimento e cal, concretada em seu refúgio conservadorista, incapaz de uma relação mais consistente. Essa literatura dita panfletária é o canto sistêmico de uma geração que procura saber de onde veio onde esta e para onde vai é a imagem mitificadora de simbologias e rituais mágicos nos enfrentamentos diários.

A Diversidade estar a impor respeito e se impõem nesta reversão da ação globalizada, denunciando os indicadores da intolerância e do desrespeito em constante violação. O Negro na diáspora em suas lutas recorrente, aponta constantemente os parâmetros do seu universo cultural e na pontualidade de suas manifestações coletivas e individualizadas num amplo quadro personalizado em suas áreas territoriais e espaciais e luta por Respeito à Diversidade.

Do ponto de vista da Unidade na Diversidade, é importante delinear o percurso responsável pela fundamentação desta tradição racista que ainda institui posições conservadoras que fazem do passado , referencia para atitudes posteriores, sem contudo respeitar os traços dinâmicos que a tradição apresenta quando as perspectivas de negá-la ou reinterpretá-la a situam como fonte de mudanças que apontam em direção futura.

Esse arrobo identitário busca desconstruir o hiato e sair do calabouço com gritos movimentados. É essa literatura que o Estado não quer editar, não quer difundir e impede seus movimentos através do controle social que exerça sobre o coletivo, impondo suas imposições através de descaracterizações e ações paternalistas através de manifestos assistencialistas, nos mantendo dependentes e fragilizados através da cristalização da ação separatista.

A dinâmica da repressão, assinala signos terríveis de intolerância lingüística e de lutas sociais onde o negro militante se depara com barreiras racistas, tipificado com adjetivos reducionistas para desqualificar suas ações e dentre esses adjetivos, assinalamos os que ainda hoje nos atribui desde o inicio de nossa caminhada (68) em luta na resistência negra de Sergipe: Subversivo; comunistas; macumbeiro; terrorista, traficante; interesseiro; ladrão; trambiqueiro ; artista; pederasta; papa anjo; negrinhagem; macaco; fazedor de casos; agitador; guerrilheiro; macacada; golpista ; pelego; manhoso. As tipificações são indicadores não só da intolerância, mas sobretudo da vulnerabilidade e insegurança a que somos submetidos diuturnamente nas lutas em Sergipe mostrando o quanto é perigoso o negro, pensar, vestir, falar, escrever e sobretudo agir como negro. Ser negro em Sergipe é extremamente perigoso, assumir-se negro: um suicídio.

Neste sentido, somos vilipendiados e violentados física, moral e psicologicamente, no exercício democrático de cidadania, ainda que tardia em luta por igualdades de oportunidades. Aqui, dificilmente tenho espaços nos coletivos, a não ser que haja cadeira vazia, no mas, como idoso e com dificuldades de mobilização, viajo em pé, pois os bancos estão sempre, ocupados por adolescentes, adultos, crianças, familiares e amigos dos cobradores e motoristas que se fazem de mortos para não garantir o meu direito e dos demais idosos, de ocupar nossos espaços assinalados nas cadeiras dos ônibus.

Essa discriminação em Sergipe é cultural e religiosa, geralmente há as expressões de “parece o cão’ ‘ Jesus te ama’ ‘ sangue de cristo tem poder’, são as expressões dos evangélicos que praticam seus crimes diuturnamente em nome de Jesus, ações essas cristalizadas pelas empresas de ônibus coletivos, cujas expressões bíblicas gravadas nos recintos dos ônibus, remetem a prática da intolerância religiosa e suas filmadoras internas não registram estes atos criminosos e conta com o silencio da secretaria municipal de transporte Coletivo, cujo interesse é simplesmente econômico e político, principalmente nas igrejas evangélicas o maior curral eleitoral sem se preocupar com social, finge que não vê os crimes ali e por eles praticados.

Uma ocasião um motorista de certa empresa, parou o ônibus para mim exorcizar porque só Jesus salva e eu do Candomblé, era o Cão, estava tocado pelo maligno, como um fanático citou erradamente o Apocalipse e causou constrangimentos a todos pelo seu grau de intolerância e fanatismo. A empresa tomou conhecimento da denuncia e nada fez.

O Cisma recrudesceu as Cruzadas e revitalizou a Inquisição, agora tendo os evangélicos, partidos e governo como aliados transformando o Estado democrático em Teocracia, confirmando que nunca foi laico.

É neste ambiente que o negro ativista vive em um Estado Negro, sem cultura negra e que tem vergonha de ser negro. Somos 86% da população absoluta sem nenhuma política pública e sem direitos a reivindicar pois o executivo é absolutista e nos impede de usar os espaços ditos democráticos da mídia que ele controla com tenacidade, violando nossos direitos legítimos e consagrados nas Declarações Universais dos Direitos Humanos.

Se não temos direito de nos expressar na mídia, como vamos ter direitos de produzir nossos textos e ser editados em igualdade de condições que o governo consagra a elite conservadora do seu mandarinato. O tempo de Orlando Dantas passou, a Gazeta já era, foi lá que Jackson da Silva Lima, intelectual de primeira linha, o negro de maior destaque nas letras sergipanas, assinalou os meus escritos in Novas Achegas do Folclore Sergipano. Augusto Franco também, e só deixaram herdeiros, não deixaram sucessores, Com eles, os movimentos sociais tinham espaços em suas agendas, independente da cor partidária, credo raça ou ideologia.

Referencia:
CANEN. Ana. O multiculturalismo e seus dilemas: implicações na educação. In;Revista comunicação e política, 2007, V.25,n 2. P.91-107
MAGALHÂES. Alberto F. www.textos-livres.blogspot.com
SILVA.Rosemere Ferreira da - Severo D’Acelino e a produção textual afro brasileira
In:Revista África e Africanidades - Ano I - n. 1 – Maio. 2008 -













Nota:
Em outros tempos, meus títulos publicados, receberam as chancelas de personalidades sergipanas que, antes nossas ações pioneiras, promoveram suas edições, através de seus instrumentos operacionais.
- O Negro Sergipano na Conjuntura Nacional / Ivan Valença , em sua gráfica.
–Racismo na Escola e Educação de Sergipe / Luiz Antonio Barrêto; SEED
-Antonio Pereira Rebouças e a Resistencia Negra em Sergipe – (Pedrinho Santos) idem
- Panafrica África Iya N’la / Jorge Araujo; Casa Civil
- Caderno Cultural – O Negro –Thetis Nunes / Assembléia Legislativa de Sergipe
- Caderno Cultura – O Índio – Beatriz Gois Dantas / idem.
Hoje, com um volume de Titulos, espero novos olhares para editar-los afim de poder disponibilizar a comunidade estudantil, negra e geral.
-Cadernos Etnico-Histórico e Culturais
-Metodologia da Educação Inclusiva
-João Mulungu Herói da Resistência
-Bokê Bokê – Contos Afro Sergipano
-Visões do Olhar em Transe (Poesias transculturais do negro sergipano)
- Quelóide (Poemas contemporâneos de identidades)
-Desenvolvimento e Prática do Movimento Negro Sergipano
- Gritos Silenciados ( Poemas de amor e raça)
- Desenvolvimento e Prática do Ogan em Sergipe
- Severo ReConta Orixás ( Contos Nagô)
- TragetóriaS (Textos & Entrevistas da Resistência)
- Influência do Negro na Cultura Sergipana.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

PEDAGOGIA DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA - MODELO SERGIPANO




PEDAGOGIA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Modelo Sergipano.
In Conferência para o Novembro Negro em 17.11.09
Severo D’Acelino.

"...E (Noé) bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cã, o pai de Canaã, a nudez de seu pai, e fê-lo saber a ambos os seus irmãos fora. (...) E despertou Noé do seu vinho, e soube o que o seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã, servo dos servos seja dos seus irmãos. E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo (Gên. 9:21 – 27)."

Desde o inicio da colonização, a imposição da igreja esteve sempre presente , regulando as ações e manifestos da província, mesmo antes de por aqui chegarem os escombros, vilipendiados e escravizados, os Negros, trazidos de África nos Tumbeiros.
Todo o universo cultural do contingente escravizado, foram objeto da filosofia reducionista dos religiosos que, tinham na Bíblia, má interpretada, os indicadores de suas reivindicações. Através dela, se matava e torturava para enaltecer o nome de Deus , dominar e purificar os escravos negros, pois só os negros mereceram tanto desprezo por parte dos dominadores portugueses que não se espelharam nos romanos.
O etnocentrismo exacerbado, extinguiu uma raça detentora de mais de 400 culturas,(etnocidio), os Índios sergipanos foram os mais atingidos, a nós os negros coube a idiossincrasia cultural embalada pelo sincretismo para impedir o trauma econômico da política reinol em terras de El Rey.

Os negros foram reduzidos a coisa, desde seu seqüestro em África e mantido o status em terra de Serigy, separados e escalonados para prover a o poder da dominação, conforme as regulações externas expressa nas estruturas sociais portuguesas, editadas pela Santa Sé.
O vilipendio ao negro foi além da separação, teve a supressão da língua como fator de comunicação, numa intolerância étnica cultural e lingüística, perpassada a religião, cultura, filosofia, história, heróis, tradições etc. Silenciando assim, todo o indicador Étnico histórico e cultural do patrimônio do contingente dominado.
A perda de identidade do negro, valorizou a pedagogia da intolerância religiosa imposta pelos dominadores e gerou uma complexa forma de reação, numa constante luta pela preservação das tradições culturais de matrizes africanas na diáspora e estruturou a resistência Negra nas terras de Serigy.

A luta contra a intolerância vem sistematizando reações, ao longo dos séculos de dominação, desde a Colônia a Nova República, sem trégua, mesmo com diversos andamentos e manifestações equivocadas, a luta sempre está a ecoa como um rastilho de pólvora, ora úmida ora seca, mas insistentemente, seja pelas ações dos fundamentos engendrados no Abolicionismo, a Lei Caó com víeis das ações do Movimento Negro Contemporâneo, com destaque para os manifestos da Casa de Cultura Afro Sergipana, a nível de formação de opinião pública, legislativos e comunidades: religiosa, estudantil fomentando denuncias e criticas institucionais em busca de mudanças de atitudes e comportamentos.

A Intolerância Religiosa em Sergipe, tem sido a mais cruel da Federação e em diversos episódios de sua história, cristaliza cada vez mais a ação predatória do Estado, governos e governadores como responsáveis pelas ações criminosas e pela cristalização do manifesto racista, como pratica tradicional e também pela banalização do ato.

O desenvolvimento e prática da Intolerância Religiosa em Sergipe atingem marcos cada vez mais perverso estimulado pela ausência de punição. A impunidade é marca constante das Violações dos nossos Direitos pelos poderes e seus agentes que, sistematicamente violam a Constituição e mantêm o coletivo amordaçado por falta de lideranças capazes de se insurgir contra a ação criminosa do Estado Mercantilista, cada vez mais reducionista, maniqueísta e fascista, cujo interesse é a utilização política partidária dos mecanismos de defesa da minoria, organizados em torno de seus objetivos libertários.

Não há por parte do Estado e do Governo, que se ausentam cada vez mais dos problemas da comunidade negra , em produzir quaisquer instrumentos para coibir as ações criminosas da Intolerância, em vez de Políticas Públicas, se utilizam politicamente das manifestações, criando dificuldades para vender facilidades, beneficiando sempre, os grupos dominantes, a Igreja e os Evangélicos, grupos fortes e dominantes detentores de recursos financeiros e políticos, garantidores de suas reeleições.
As ações da Inquisição, santa ou satânica, estão em plena forma nas imagens praticadas pelo Estado, através dos pentecostais, católicos e seus agentes, policiais, jurídicos,executivos, e judiciários que diuturnamente praticam suas cotas criminosas contra o coletivo religioso, negro.

A instituição do Racismo Institucional, vem ao longo dos séculos, produzindo suas vítimas. Dois exemplos vale ressaltar o Interventor Maynard, que passou sua gestão perseguindo os religiosos de matriz africana , tendo a Policia como seu braço armado e instrumento torturador e o Governador Leandro Maciel, que através sua influência pessoal (não recordo a existência de qualquer Decreto Lei, ou Portaria), tirou a religião Orixá da chancela da Policia e liberou a sua organização através de Federações.

Fazendo um recorte a nossa história recente de repressão religiosa, estamos nos domínios do Governo Petista do governador Deda e nada foi feito para o respeito aos Direitos Humanos, pois há mais de 60 anos que o Brasil assinou a Carta dos Direitos Humanos, reconhecendo a liberdade religiosa e, no entanto os agentes dos poderes de Sergipe, associados aos evangélicos e católicos, continuam a persegui os adeptos da religião de matriz africana.

Continuam discriminando os negros e, debalde as ações propagadas pelo governo central, em Sergipe nada é colocado em prática.
O Governador Marcelo Deda, reduziu o Movimento Negro Sergipano a reprodutor das palavras de ordens do Partido dos Trabalhadores e seus contingentes em agentes de defesa do governador, cujo objetivo é destruir e desacreditar todas e quaisquer manifestações e criticas ao governo e brindar o governador. Partidarizou o Movimento Negro Sergipano.

Seus companheiros de partido, nos espaços de poder, se apropriaram do “modelo baiano” e dividiram entre si, os Terreiros de Candomblés, cujos Pais e Mães de Santos, imprimem suas ordens.
A mesma coisa, esta acontecendo com as entidades, grupos e ONGs negras, com destaques para as associações quilombolas. Estão divididas entres seus políticos: Deputados, Vereadores, Secretários, Prefeitos, e do próprio governador. Em suma, fora do partido, não há movimento social, pois há em voga a utilização política e partidária do movimento negro, seja religioso ou quilombola e fora do seu domínio não há como existir.

A onda de perseguições ao negro em Sergipe, principalmente na prática de promover a miopia dos participantes (todos empregados nos espaços de poder), e, nesta miopia, a comunidade negra, fica a deriva, sem conteúdo da cultura negra na educação, sem segurança, sem emprego, sem saúde, enfim, sem nada, pois não há canal de comunicação, a mídia não dar espaços para criticas ao governador Deda e a reivindicações da comunidade negra, só tem direitos a mídia, uns poucos negros e negras da confiança dos agentes do governador. Os capitães do mato do apartheid governamental.

O negro, antigo militante, filiado as suas entidades e ONGs, hoje, transformados em “Negros de Alugueis”, jogados uns contra outros, para satisfação dos seus chefes. Essa Milícia Negra, é a vergonha do Coletivo, são uns abestalhados, analfabetos que, em vez de contribuir com a Resistência, se transforma em aríete, para destruir seus antigos companheiros, a comunidade negra, para agradar os idiotas do quanto pior melhor. Esse é o modelo sergipano, das ações afirmativas do governo federal em relação a comunidade negra.

É a kota de marginalização do negro sergipano engendrada pelo governador petista, numa aplicação da Síndrome de Estocolmo, onde a vítima se apaixona pelo seu agressor. Enquanto isso Sergipe continua sendo, o Estado mais Racista da Federação, com uma população negra, se dizendo branca e discriminando seus iguais. Um Estado Negro, com vergonha de se assumir.

A importância de ser não é ter, mas saber que é.
Sem o aparato do Genoma ou DNAs, partidários, o conceito de raça é uma construção política que não atende aos interesses, fomenta tão somente o ódio que mantém no poder, quem manipula o racismo, a desigualdade e o separatismo no seio da população.

Um Estado negro, sem cultura e com vergonha. Um Estado Negro Eurocentrista, da Casa Grande. Aqui o Negro é o Preto e quanto mais preto, mais discriminados somos. Nossa cultura considerada Baixa e Inferior, é confundida com o Cão com coisa do Diabo, a nossa Religião.

Somos tratados não na filosofia de nossas culturas, mas na filosofia da cultura judaico-cristã, cuja existência do Céu ,Inferno, pecado original determina o julgamento do fato sem as devidas sustentações culturais. O Orum e o Aiyê são identidades diferentes do céu e da terra , na ótica do dominante e para nós Shangô, o patrono da Justiça, nunca foi São Pedro, nem que Nossa Senhora da Conceição seja Oxum. Cada um em seu quadrado. Tupã não é o Senhor da Guerra dos Maias, nem dos Guaranis. É uma divindade do Panteão Indígena brasileiro, apesar da Igreja e dos missionários latifundiários.

A nossa situação seria outra se os Poderes fossem Autônomos e Independentes entre si e, se o Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados e Ministério Público Federal aqui em Sergipe, tivessem um NUCLEO DE COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL.
Aí teríamos uma Policia atuante, Delegacias respeitosas e nossos Direitos garantidos pelos agentes dos poderes constituídos, mas enquanto isso, só os pedidos dos Pastores e Padres, são ouvidos e suas ordens cumpridas, pois eles têm o que os políticos querem: Dinheiro, Poder e Domínio através de suas amplas representações nos espaços mais estratégicos do Estado do Governo e do governador, que se ausentam das Questões e Condições do Coletivo Negro Sergipano e perseguem suas lideranças, silenciando seu Arquivo Humano.

A problematização das questões do coletivo negro, principalmente em torno da religião fundamentado nas diversas teorias e práticas das ações filosóficas do dominador dito civilizado, impõe um constante debate em torno da revisão de conceitos e desconstrução do mito bíblico da maldição de Cã.

A Diversidade estar a impor respeito e se impõem nesta reversão da ação globalizada, denunciando os indicadores da intolerância e do desrespeito em constante violação. O Negro na diáspora em suas lutas recorrente, aponta constantemente os parâmetros do seu universo cultural e na pontualidade de suas manifestações coletivas e individualizadas num amplo quadro personalizado em suas áreas territoriais e espaciais e luta por Respeito à Diversidade.

Do ponto de vista da Unidade na Diversidade, é importante delinear o percurso responsável pela fundamentação desta tradição racista que ainda institui posições conservadoras que fazem do passado , referencia para atitudes posteriores, sem contudo respeitar os traços dinâmicos que a tradição apresenta quando as perspectivas de negá-la ou reinterpretá-la a situam como fonte de mudanças que apontam em direção futura.

Como contribuição ao evento, apresento a esta Assembléia a nossa proposta de Ação Afirmativa e Compensatória, que depois de aprovada deverá ser encaminhada ao Gabinete do Governador do Estado.

PROPOSTA.

Considerando o manifesto referendado na exposição, ante a plenária do Novembro Negro, assinalamos que:
É importante que o Estado de Sergipe, crie organismos e representações operacionais e funcionais para tratar das Questões e Condições do Coletivo Negro, para não se tornar um Estado Etnocida , detentor das práticas eugenista de limpeza étnico racial e,
Diante do exposto, aprovamos a Proposta alinhada, para que o governador promova em regime de urgência as seguintes ações:

1- Introdução da Cultura Negra e Indígena em toda extensão da grade de educação e dos Concursos no Estado em 30 dias.

2- Que seja instituída, representação da Comunidade Negra em todos os Conselhos Público do Estado.

3- Que o Estado financie todas as manifestações da comunidade negra em seu território.

4- Que seja declarada Área Remanescente de Antigos Quilombos, e Patrimônio Histórico Estadual a área de ANGICO.

5- Que seja criado nas Secretarias de Cultura – Saúde – Educação – Justiça – Segurança e Administração, um Departamento de Assuntos Afro.

6- Que seja instituída no Ministério Público Estadual e Defensoria Pública Estadual, um Núcleo de Combate ao Racismo Institucional.

7- Que seja criado na Policia Militar uma Divisão de Combate ao Racismo. Para atender a comunidade e promover treinamentos a tropa, Policiais Civis e Delegados.

8- Que o Estado ofereça aos professores, curso de Filosofia da Educação e Línguas Africana em convênio com a Universidade Federal de Sergipe, através do Departamento de Filosofia e Universidade Federal da Bahia, através do CEAO.

9- Que a Secretaria de Comunicações, libere espaços na mídia para o Coletivo Negro se expressar, através dos seus representantes, e paute espaço diário na TV-Aperipê e Radio AM, para programação cultural e noticiosa da comunidade negra.

10- Que a Secretaria de Educação emita CERTIFICAÇÃO ESPECIAL DE ISENÇÃO a todos concludentes do ensino médio, para que possam ter acessos a todos os Concursos no território sergipano, sem o constrangimento de Atestado de Pobreza, adquirido nas Delegacias Policiais.

“Para que Ninguém seja perseguido e discriminado.
É necessário que o “Poder detenha o próprio Poder”
Antonio Pereira Rebouças.







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domingo, 1 de novembro de 2009

THETIS NUNES - UMA ENTIDADE NO PANTEÃO AFRO SERGIPANO



Thetis Nunes : Uma Entidade do Panteão Afro Sergipano.
Reflexão de Severo D’Acelino.
Nas minhas andanças, os meus aprendizados foram se ampliando com as intervenções diretas de minha atenção e emoções. O que mais mim emocionava era o tratamento e os achados de episódios do negro sergipano a cada leitura que fazia da produção da Professora Thetis. Infelizmente não tive uma vivencia acadêmica com ela, pois apesar de ter sido minha professora, na antiga faculdade de filosofia, nunca assistir uma aula dela, pois a nossa agenda nunca se encontrou e com minha ida para UFBA, só nos encontramos anos depois em uma de suas Palestras sobre o Arquivo Humano Sergipano.
A minha devoção a esta Mulher, sempre a frente do seu tempo e revisitando o nosso passado em busca de desvendar novos episódios, pronta para trazer novos pensamentos a sociedade sergipana acerca de uma reflexão filosófica recheada de contemporaneidade e apontando caminhos para novas incursões temática, foi no ano em que se comemorou em Sergipe, o Dia Nacional de Consciência Negra, nos anos 70, no Centro de Turismo, onde junto com outros pesquisadores da UFSE e lá ela liderou os demais no debate temático sobre os nossos ancestrais. Naquela ocasião foram outorgados os primeiros Títulos Ouro de Consciência Negra.
Era o inicio das investigações e das mudanças de atitudes e comportamento, o melhor período, onde a Universidade dialogava com as entidades populares e onde tive a cumplicidade de diversos professores, pronto a nos atender nos nossos complicados envolvimentos na luta racial e no combate as formas de discriminações e a árdua tarefa de conhecer episódios de nossa história, questões e condições, para poder repassar e discutir com a comunidade. Apresentar os problemas e discutir soluções.
Indiretamente a Professora Thetis, esteve em nossas ações e seus Artigos, Livros e consultas, foram sempre aproveitados em beneficio do Coletivo Negro Sergipano e das nossas mais diversas reinterpretações. Foram eles que nos aproximou de outros textos e nos deu condições de uma reinterpretação do - de - dentro para do- de- fora.
Essa nossa idolatria silenciosa obedecia um ritual ancestral: Nunca a olhamos nos olhos, a sua presença, estávamos sempre de olhares baixo e ou desviado. A sua presença emanava uma forte energia ancestral que impunha um respeito sacro, só revelado ante nossas Entidades. Ela era a Entidade Sergipana, entre poucas existentes. Diante dela muita das vezes esquecia o que ia dizer e ou perdia os parcos argumentos e, ficava só ouvindo-a e acompanhando o desenho de sua fala na expressão de sua voz.
Minha maior emoção foi quando fui empossado no Conselho Estadual de Cultura e, percebi que entre os nobres conselheiros, ali estava a Professora Thetis Nunes, fiquei emocionado e cheio de felicidade, antes de assumir a função de Conselheiro, ali estive numa audiência, para falar sobre o Projeto Cultural de Educação, “João Mulungu vai ás Escolas, na gestão do Professor Pedrinho Santos e, naquela oportunidade como convocado, perdi a expressão de minha fala e pouco mim expressei, e com os Cadernos Pedagógicos em mãos, assinalei tão somente a importância do texto da Professora como conteúdo do Caderno que tratava da questão do negro.
Este Caderno inclusive foi um marco nas nossas relações e na sua cumplicidade, na formação intelectual do negro sergipano e do respeito ao nosso trabalho no âmbito da educação plural, após o trabalho pronto, fomos pedir sua autorização para utilização do seu texto, a única condição que nos impôs foi lhe mandar alguns exemplares para que distribuísse com alguns amigos, e assim foi feito. Nesta época ela era Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Durante o período em que o nosso Jornal IdentidadeS estava funcionando, ela sempre que solicitava, colaborava com matérias e atendia os nossos colaboradores como a Entrevista que deu sobre a Mulher Negra. Muitos dos seus Artigos, como no caso, sobre Antonio Rebouças, logo do seu regresso do Congresso a que fora convidada a apresentar o tema, nos forneceu cópia do trabalho, pois sabia da nossa atenção para com o homenageado.
Tive outras oportunidades de estar em sua presença, em atos culturais nos mais variados centros e localidades. Ela nunca se recusou em levar informações a nenhum grupo, principalmente em grupos que sabia nos transformar em agentes multiplicadores. Em Laranjeiras, junto com outros pesquisadores, enfrentou mais de duas horas numa ação cultural para crianças e adolescentes de uma escola municipal e junto com ela, proferir palestra sobre a cultura e diversidade do Município, lembro-me que a comitiva contava com mais de 8 palestrantes.
Muito nos alegrou a sua presença e as homenagens que lhes prestavam, em todos os cantos e, sempre que podia estava presente. Seu axé era muito forte e nos dava muito enlevo. Apesar do Projeto Cultural de Educação “João Mulungu vai ás Escolas” não ter nascido de sua inspiração, mas toda sua trajetória, foi sustentado pelos seus ensinamentos, seja através do contexto de sua História da Educação de Sergipe, um livro critico e politicamente perfeito para nossa incursão em busca de promover uma desconstrução da tão falada democracia racial e denunciar o etnocentrismo educacional a que somos secularmente submetidos.
A vida não nos ensina as dores da morte e, nesta condição a energia que durante o tempo de produção foi emanada, buscamos cristalizar, não para prender em nosso ciclo, mas para eternizar os momentos que buscamos congelar para espantar a nossa solidão e buscar na dinâmica a força da expressão de quem nos cativou. É uma motivação presencial, principalmente para quem se tornou Entidade no nosso Panteão e que podemos simplesmente, reverenciar em nossas revisitações.
Babá Obaola.
A Ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no Orum como ancestrais


(RE) SEVERO D"ACELINO : AÇÕES LEMBRADAS EM ENCONTRO NORDESTINO DE HISTORIA ORAL POR ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

SEVERO D'ACELINO : AÇÕES LEMBRADAS EM ENCONTRO NORDESTINO DE HISTORIA ORAL POR ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE.

Uma comunicação surge como homenagem e como reflexão, a minha pessoa, quando as confusões se cristalizam em cima de mim, desde a sagração do Imperador Marcelo Deda a governo de Sergipe e a nossa exclusão ( Severo D'Acelino e Casa de Cultura Afro Sergipana), das ações do Estado e do governo. Foi o premio pelos méritos do mais importante projeto de educação na história deste Estado. Um projeto bem sucedido, iniciado na administração de Luiz Antonio Barreto e bombardeado sistematicamente pelas figuras incompetentes do DED, da Secretaria de Educação, insatisfeitas pelo sucesso das ações.

Com a sagração do Imperador DEDA ao governo do Estado e a conseqüente Partidarização do Movimento Negro, Severo foi descartado, pois representava perigo por ser critico, independente e pensar o Coletivo e, daí, surgiram dezenas de ONGs e Entidades que se apresentaram como capacitadas e experientes para promover o projeto da Casa de Cultura e capacitar professores para cumprir o Decreto Presidencial de Inclusão da Cultura Negra e o PROJETO CULTURAL DE EDUCAÇÃO 'JOÃO MULUNGU VAI ÁS ESCOLAS, foi defenestrado, excluído e jogado de LADEIRA a baixo.

É triste receber esse tipo de recompensa, principalmente quando temos prestado grandes serviços ao Estado na defesa do Coletivo Negro, na preservação de sua cultura e no respeito a diversidade e seu Arquivo Humano, mas da Traição nem Jesus se livrou, pois a Inveja é péssima companheira e quando somos comandados por pessoa que perseguem seus críticos. Pessoas que gostam de aduladores e até premiam os que lhes elogiam e os brindam, o mérito deixa de ter expressão.

O Movimento Negro e a redemocratização no Brasil: a Atuação de Severo D'Acelino na Educação Sergipana, soa como um aplauso ás nossas ações e um indicador do mérito que teima em se manter, apesar das KOTAS e do Paternalismo exacerbado da relação do PT com respeito a nós os negros, cristalizando o Racismo Institucional e a falta de Potencialidade do Negro, em vez de Radicalizar a Constituição para que " todos possamos na prática ter as mesmas condições e oportunidades", numa promoção de Ações Afirmativas e Meritórias, somos tratados como imbecis e jogados uns contra os outros por míseras cestas de alimentos.

Minha família é negra e todos nós, em passagem pelas Faculdades, não precisamos de KOTAS, passamos por méritos, Eu, minha esposa, meus filhos, meus sobrinhos, primos e por ai vai. Somos negros conscientes, com potencial e sem nenhum QI. Nunca fomos Indicados por ninguém e nosso reconhecimento é uma incógnita, há sempre alguém que se apropria de nossos projetos, idéias etc. Esse povo no espaço de poder nunca nos conhece, apesar de antes termos tido diversas ações e combatido os pervertidos do poder, hoje somos invisíveis para eles, até que precisem dos nossos serviços.

Como é triste e perversa a insegurança dos nossos "amigos" para se manterem nos espaços de poder!!! O Mandarinato do Imperador se mantém sobre nossos escombros, mas, por mais que nos sufoquem,jamais silenciaram ou apagaram as nossas importâncias, pois, um deslize e alguém nos cita, nos referenda, nos homenageiam, assinalando a nossa presença viva no desenvolvimento de Ações Afirmativas, fazendo a diferença, nos aplaudindo apesar a repressão colonialista do Imperador e seus reféns, será que quando findar o mandato alguém irá aguardá-lo na rodoviária?

Agradeço a presença que se fez presente, pois já não tenho motivações para produzir e continuar o que comecei em plena ditadura militar no enfrentamento da repressão anunciada, já não sei da minha trajetórias, na Religião, Artes Plásticas, Teatro,Cinema,Etnografia, Musica, Partidos Políticos, Corporação Militar, Literatura ,Dramaturgia,Rádio, Jornal, Televisão,Seminários, Congressos, Lutas Sociais, Viagens, Cultura, Direitos Humanos,Relações Raciais, Esportes, Escolas...Educação.

Essa citação se nos apresenta muito forte, apesar de desde muito, ser referencia de estudos( nunca OBJETO), onde nossas ações são analisadas em determinados contextos, dentro e fora do Estado e do País, mas nunca nesta situação de fragilidade e de exclusão onde a depressão é minha companheira. Neste momento a homenagem pegou pesado, no ponto fraco, enfraquecido: Movimento Negro e a Redemocratização no Brasil: a Atuação de Severo D'Acelino na Educação de Sergipe.

Abença Thetis Nunes, farol de vivo de minhas indagações. Luiz Antonio Barreto, provocador de minhas incursões e resistências, apenas para citar referencias internas
da memória viva desta minha caminhada sem assinalar o contingente que tem nos dado sustentação nesta trajetória há mais de 42 anos.

Este trabalho é sem dúvida, o presente deste aniversário, do 3 e do 16 de Outubro, negado pela mídia sergipana que nos nega espaços, para não perder espaços na camarinha do Imperador.
Estudantes! Obrigado. Certamente vocês serão excelentes EDUCADORES.
AJAGUM ABERÉ N'GOBOM. KUTENDA ZAMBIAPONGO. AUÉ AXÉ.

sábado, 31 de outubro de 2009

MOVIMENTO NEGRO E A REDEMOCRATIZAÇÃO NO BRASIL : A ATUAÇÃO DE SEVERO D'ACELINO NA EDUCAÇÃO SERGIPANA


MOVIMENTO NEGRO E A REDEMOCRATIZAÇÃO NO BRASIL: A ATUAÇÃO DE SEVERO D'ACELINO NA EDUCAÇÃO SERGIPANA.

Kleber Luiz Gavião Machado de Souza[1] (GPEH/NPGED/UFS)

Diogo Francisco Cruz Monteiro (GPEH/UFS)[2]

Kléber Rodrigues Santos (GPEH/UFS)

Resumo

A História Oral oferece a possibilidade de resgate de memórias e representações feitas pelos sujeitos no decorrer das diversas posições e trajetórias ocupadas em determinadas instituições, grupos e movimentos. O objetivo desta comunicação é apresentar a trajetória de Severo D’Acelino como fundador do movimento negro em Sergipe, Bahia e Alagoas, mostrando as dificuldades, preconceitos e limitações para a implantação e desenvolvimento dos mesmos na época da Ditadura Militar. Além disso, o texto também visa mostrar como no contexto da redemocratização, as atuações desse militante se voltaram para a elaboração de propostas para a inclusão da cultura negra sergipana nos currículos escolares e também para a publicação de alguns livros dedicados em levar a alunos e professores do Estado um conhecimento sobre a cultura afrobrasileira e africana. Portanto, o que se pretende com a efetivação deste estudo é lançar novos olhares sobre as formas como a militância de Severo D’Acelino no movimento negro contribuiu para o desenvolvimento de ações afirmativas no campo educacional, que se refletem na proposição de novas metodologias didáticas para o ensino de temas voltados à cultura afro-brasileira e africana para as escolas de níveis Fundamental e Médio em Sergipe.

Palavras-chave: movimento negro, redemocratização, Severo D'Acelino


Introdução

Este trabalho faz parte de uma série de entrevistas realizadas com autores de livros didáticos em Sergipe ligados ao projeto Memorial do livro didático. Trata-se de uma iniciativa, ainda em andamento, para a construção de um site que tem como proposta recuperar e registrar as experiências de vida, itinerários profissionais e relatos de agentes envolvidos com a produção e uso dos livros didáticos em Sergipe, além disso, catalogar os manuais didáticos de todas as épocas e disciplinas existentes nas bibliotecas e arquivos públicos e privados sergipanos.

Entre o período de agosto de 2008 e fevereiro de 2009 foram realizadas entrevistas com autores de livros didáticos de História de Sergipe. Aqui, pretendemos apresentar a trajetória de Severo D’Acelino como fundador do movimento negro em Sergipe, Bahia e Alagoas e sua atuação durante o período da Ditadura Militar.

Nesse artigo, entendemos movimento negro como a luta dos negros com o objetivo de resolver seus problemas na sociedade, principalmente, as questões relativas aos preconceitos e discriminações raciais, que os marginalizam no mercado de trabalho, no sistema educacional, político, social e cultural. (PINTO, 1993)

Além disso, esperamos mostrar como no contexto da redemocratização, as ações desse militante se voltaram para a elaboração de propostas de inclusão da cultura negra sergipana nos currículos escolares, e como essas ações contribuíram para o desenvolvimento de ações afirmativas no campo educacional, refletidas na discussão de temas voltados à cultura afrobrasileira e africana nas escolas de nível Fundamental e Médio em Sergipe.

A entrevista foi realizada no dia 2 de fevereiro do ano de 2009 na sede da Casa de Cultura Afro Sergipana. Para tal, nos valemos dos procedimentos da História Oral. De acordo com Maria Isaura Pereira de Queiroz, a História Oral “é o termo amplo que recobre uma quantidade de relatos a respeito de fatos não registrados por outro tipo de documentação, ou cuja documentação se quer completar. Ela registra a experiência de um indivíduo ou de diversos indivíduos de uma mesma coletividade” (QUEIROZ, 1987, p. 5).

Do ponto de vista metodológico, entendemos a História Oral como “um método de pesquisa histórica, antropológica, sociológica, que privilegia a realização de entrevista com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo” (ALBERTI, 1990, p. 1-2).

Um conceito central neste estudo é o de memória como “um conjunto de documentos que acontecem estarem dentro da cabeça das pessoas e não no arquivo público” (FRETNESS & WICKMAN, 1992 apud SÁ, 2005, p. 45). A memória também se configurará enquanto “monumento que conserva e evoca a lembrança” (FREITAS, 2007, p.101).

É interessante ressaltar a relação documento/monumento apresentada por Michel Foucault. Segundo ele, a História tradicional memorizava os monumentos do passado transformando-os em documentos. A História tradicional “se dispunha a ‘memorizar’ os monumentos do passado, transformá-los em documentos e fazer falarem estes rastros que, por si mesmos, raramente são verbais, ou que dizem em silêncio coisa diversa do que dizem” (FOUCAULT, 1987, p. 8).

Assim, o relato oral é produto da memória e como monumento é produzido pelo conjunto de forças que operam sob atores sociais que disponibilizam suas experiências para que o pesquisador desfaça algumas ilusões sobre a pesquisa baseada nos relatos orais (QUEIROZ, 1987, p.5).

Em relação às operações metodológicas, os depoentes foram submetidos a um questionário no qual se abordaram aspectos da História Oral de vida e da História Oral temática. A junção entre os dois tipos de roteiros de entrevistas visa recuperar as diversas trajetórias em que um agente social se insere ao longo de sua vida. Assim, a intenção é recuperar as diversas trajetórias desse personagem, entendendo uma trajetória como “série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo agente (ou mesmo grupo) num espaço que é ele próprio um devir, estando sujeito a incessantes transformações” (BOURDIEU, 1998, p. 189).

O texto está dividido em duas partes. Na primeira parte, trataremos da atuação de Severo D´Acelino na formação do movimento Negro da Bahia, Sergipe e Alagoas e a perseguição a esses movimentos sociais no período da Ditadura Militar em Sergipe. Na segunda parte, traremos à tona a atuação do militante no campo da educação, mais precisamente no período da redemocratização do país por meio de sua produção didática de cartilhas voltadas para a divulgação da cultura afrobrasileira entre alunos e professores no ensino Básico e Médio no estado de Sergipe.

A militância antes da ditadura militar e nos primeiros anos do regime

A trajetória de militância de Severo D’Acelino pelos movimentos sociais sergipanos tem início antes mesmo da fundação do Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista Castro Alves (GRFACACA) em 1968.

Desde a infância, Severo D’Acelino já via alguns membros da sua família envolvidos diretamente e indiretamente com as lutas sociais ocorridas na década de 1940. Inclusive, sua própria casa, localizada na Rua Goiás, bairro Siqueira Campos, era um antigo núcleo do Partido Comunista em Aracaju: “Olha, na verdade, a militância foi dentro de casa, tá certo, que aqui nesse local que nós estamos, aqui foi desenvolvida uma (...) aqui foi uma célula, agora não sei se do Partido Comunista, sei que era uma célula dos perseguidos. Naquela época não tinha o PT, só tinha o Partido Comunista” (D’ACELINO, 2009, p.3).

D’Acelino acompanhou de perto o cenário de reinvidicações sociais no período entre 1945 e 1964. Além disso, sua própria irmã participava da JOC (Juventude Operaria Católica).

Mas foi assim, foi depois dos anos 30, porque eu sou de 47 (...) mas ainda peguei a “rebordosa” de Maynard e das perseguições a comunistas, a caça aos pais de santo, aos sindicalistas, minha irmã era da JOC, aquela que tá ali naquela foto, que é a responsável por todo o meu processo, a minha formação e quando houve aquela reviravolta, que foi reforçado em 64, quando Seixas Dória foi deposto e muitos sindicalistas foram perseguidos, o pessoal da JOC, de diversos movimentos aí foram perseguidos (...) [...]. (ibid, p.3)

A JOC é um movimento que nasceu na Bélgica em 1882 criado pelo padre Leon Joseph Cardjin. O objetivo da JOC era organizar uma ação de fundo cristão que fosse ao encontro dos jovens, que ao trocar o estudo pelo trabalho, acabavam se afastando da Igreja e das práticas religiosas. (MATTOS, 2009, 104)

No ambiente das fábricas, as idéias marxistas acabavam sendo mais atraentes que as pregações católicas, ainda mais se levarmos em conta o afastamento considerável entre a hierarquia eclesiástica e o operariado. Por tais circunstâncias, o padre Cardjin organizou um movimento religioso para reconquistar os jovens trabalhadores para o catolicismo. (MATTOS, 2008, 104)

A partir do relato de D’Acelino entendemos as progressivas perseguições aos movimentos sociais. Tais perseguições foram empreendidas desde 1945 e foram aumentando a partir do golpe de 1964.

O regime instalado no Brasil com o golpe de 1964 sentia-se ameaçado por qualquer forma de organização popular. Naquela época, movimentos como a JOC, por exemplo, transformaram-se radicalmente, passando a ser movimentos contestatórios, principalmente se levarmos em conta que, além de representativo dos operários, era também representativa da juventude, de uma juventude que, muito cedo, era lançada no mercado de trabalho. (MATTOS, 2009, 104)

Severo D’Acelino mostra em sua fala as perseguições sofridas por aqueles que participavam dos movimentos sociais na época da ditadura militar: “Então esse pessoal ficava (...) era mandado para diversos locais escondidos, muitos comunistas, muitos sindicalistas, quer dizer, o pessoal que não fosse do governo, o pessoal que não fosse a favor do sim (...) os contestadores, as lideranças que tinham o poder de formar opinião pública (...) eram perseguidos”. (D’ACELINO, 2009, p.4)

O clima de perseguição e de extrema vigilância atingia até mesmo os terreiros de candomblé. Os pais de santo agiam oferecendo abrigo ou esconderijo aos militantes. De acordo com D’Acelino: “... no terreiro de candomblé tem um local com nome de “ronco”, que é ali onde o pessoal que vai fazer iniciação fica recolhido, então muitos ficaram ali, ficavam ali, mesmo porque naquela época a polícia respeitava, chagavam no terreiro e invadiam, mas eles nunca entravam nesses locais sagrados”. (D’ACELINO, 2009, p.3)

Apesar da repressão empreendida pelos militares, D’Acelino descobre, mais intensamente, sua militância, na época em que fazia o curso preparatório de aprendizes da Marinha:

... porque eu só vim me descobrir militante quando eu estava na Marinha, porque a Marinha tem um histórico muito forte de revolução (risos). Inclusive, é a única Força Armada que as pessoas não gostam. Porque o poder só gosta do Exército e da Aeronáutica, a Marinha ninguém quer. Eles dizem que é a “importadora de revolução” (...) tanto que Anselmo é sergipano, o líder da revolução dos marinheiros... (ibid, p.4)

Parece algo muito contraditório: em plena ditadura militar, numa época marcada pela repressão aos movimentos sociais, um marinheiro acaba descobrindo sua vocação para a militância dentro da própria Corporação.

Talvez só seja possível entender este tipo de situação, lembrando que, no século XX, a rebeldia e a insatisfação popular chegaram à Marinha sob a forma de levantes que contestavam a hierarquia existente nas Forças Armadas e o panorama político do país. Tanto a Revolta da Chibata em 1910 quanto a Revolta da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) em 1964 foram dois movimentos de subalternos, sem a participação de oficiais ou políticos, em contextos de crise de extrema complexidade na História do Brasil republicano. (MEDINA, 2009, p.1-2)

Através do relato de Severo D’Acelino compreendemos que mesmo com a ditadura, muitos militares se juntaram às fileiras dos movimentos sociais. Alguns participaram de ações totalmente contrárias ao regime implantado, já outros, lutaram pela melhoria das condições de vida da população:

E observe o seguinte, em qualquer canto do Brasil onde tem gente de Marinha existe a articulação social. Eu não diria político-partidária, mas social tem. Aqui em Sergipe, meu primo mesmo, que depois eu lutei assim que ele morreu, lutei para que a rua em que ele morava tivesse o nome dele lá no Bugio. Então você chega no Bugio você vai encontrar uma rua Cabo Nivaldo Gomes da Silva que fica ali atrás daquele colégio Francisco Rosa e aquela pracinha, aquele largo que tem ali. O “Francisco Rosa” e o Largo João Mulungu. Então a gente já circulava muito. Nivaldo atendia todo mundo ali no Bugio. Ele era enfermeiro. E tem muita associação de moradores aqui em Sergipe fundada e presidida por gente de Marinha. (D’ACELINO, 2009, p.4)

Depois de se formar no curso preparatório da Marinha, D’Acelino deu início a sua atuação no movimento negro de Sergipe (1968) e da Bahia (1973). Mas seu “batismo de fogo”, no que se refere às lutas sociais, ocorreu mesmo em Santa Catarina:

... a parte política aconteceu em Santa Catarina, lá no Morro do Mocotó. Porque foi lá no Morro do Mocotó, onde eu senti na pele a baioneta daqueles policiais da brigada militar de lá de Santa Catarina. Botava a gente pra correr, prendia, só que a gente nunca foi preso, nem nunca perdeu a glória, e daí, então, todo aquele envolvimento do Rio, de São Paulo, essa coisa toda do Sul do país, e a gente foi começando a politização e lá eu desenvolvi trabalhos (...) com (...) em participação (...) com outros grupos, fazer trabalhos de comunidade. (ibid, p.4)

No ano de 1968, D’Acelino se torna precursor do movimento negro em Sergipe, ao criar o Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista Castro Alves (GRFACACA) em Sergipe.

Para os movimentos negros, o golpe militar de 1964 representou uma derrota, ainda que temporária. Ele desarticulou uma coalizão de forças que resultava no enfrentamento do “preconceito de cor” no país. (DOMINGUES, 2009, p.111)

Como conseqüência, os movimentos negros brasileiros entraram em refluxo. Seus militantes eram estigmatizados e acusados pelos militares de criar um problema que supostamente não existia, o racismo no Brasil.

Assim como os militares, as elites viam as acusações feitas pelos movimentos negros como uma afronta ao caráter nacional. Daí seus ativistas eram apontados como “impatrióticos”, “racistas” e “imitadores” dos negros que lutavam pelos direitos civis nos Estados Unidos.

Assim como outros movimentos negros espalhados pelo país, o GRFACACA passou pelo mesmo processo de discriminação e acusação em Sergipe:

Porque desde 68 quando a gente fundou isso aqui a gente começava a dar palestra nas escolas. Então a gente era chamado de... Ai meu Deus (...), toda hora estou esquecendo esse nome. Subversivo, comunista, traficante, maconheiro, fazedor de caso, uma série de coisas. Quando a gente chegava no local aí: “Já chegaram os comunistas.” (D’ACELINO, 2009, p.6)

A grande repressão vigente na primeira década da ditadura militar não impediu a existência de várias formas de resistência, mas impôs importantes mudanças no modo de estruturação e de condução das lutas. O GRFACACA de Severo D’Acelino encontrou como solução as atividades teatrais para discutir a questão do racismo e da valorização da cultura afrobrasileira.


A militância no recrudescimento do regime autoritário e após a redemocratização
Desde os primeiros anos da Ditadura Militar no Brasil foi instalada uma complexa máquina de repressão política, envolvendo diversos organismos militares e policiais que atuavam em âmbito federal, estadual e municipal. A violência do Estado ditatorial espalhava um clima de medo e insegurança, reprimindo, principalmente, setores da esquerda organizada, operários, estudantes e intelectuais.

As atividades intelectuais e artísticas foram alvos da censura do regime. Várias peças de teatro, filmes, músicas e livros foram proibidos. Muitos autores, artistas e professores forma vítimas das perseguições, prisões e processos. (HABERT, 1992, p. 30).

O final dos anos 1970 foi marcado pelo recrudescimento do regime militar. Após muitos anos de silêncio, surgiram diversos movimentos em defesa das liberdades democráticas - fim dos governos militares, do AI-5, da censura, das cassações, das torturas, anistia, eleições livres e convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte – as ações sindical, popular, dos estudantes, dos artistas, das mulheres, dos homossexuais e dos negros (HABERT, 1992, p. 72).

Os acontecimentos nacionais interferiam na vida política local. Na década de 1980, com a abertura política do regime autoritário, ocorreram várias manifestações em Sergipe contra a inflação, o desemprego e os baixos salários, lideradas pelo sindicato dos professores (SINTESE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), movimentos dos Sem Terra, Sem Teto e Negro, este último representado, por exemplo, pela Casa de Cultura Afro-Sergipana, fundada pelo militante Severo D’Acelino.

Neste contexto de democratização, o militante Severo D’Acelino desenvolveu vários trabalhos relacionados à formação de identidades, ao combate dos estereótipos nas representações dos afro-descendentes, propondo uma pedagogia educacional inclusiva para o conhecimento dos conteúdos específicos da cultura negra no Estado de Sergipe. Nessa época, ele também funda o Movimento Negro em Alagoas (1980).

Com a abertura democrática no Brasil, num contexto político e cultural mais suscetível a questionamentos, os intelectuais afrobrasileiros intensificaram as iniciativas voltadas à valorização das tradições negras nas discussões sobre cultura, expressões artísticas, comunicação e formação de identidades (SILVA, 2008, p. 4).

Neste sentido, Severo D’Acelino, junto à Casa de Cultura, desempenhou importante papel no processo de construção da “Nova República” no Brasil, participando do Congresso do Negro e da Constituinte nacional e local em 1988. Em artigos escritos para jornais, defendia a causa dos afrodescendentes, denunciando abusos, como o racismo.

No plano educacional, Severo coordenava projetos que tinham como objetivo realizar palestras em escolas públicas. Sua intenção era conscientizar professores e alunos sobre a importância da inserção dos afro-descendentes na sociedade sergipana, através do exercício da cidadania plena.

Em suas conferências, abordava uma infinidade de temas. A proposta era difundir conhecimentos sobre a História dos negros, a longa trajetória de opressão e de injustiças sofridas, justificando a necessidade urgente da efetivação de ações inclusivas.

Desta forma, nas salas de aula das escolas sergipanas, Severo “costumava falar sobre o ‘boom’ do Apartheid, Mandela, do racismo (...), a questão da cultura negra, a exclusão do negro na sociedade sergipana e (...) na Educação.” (D’ACELINO, 2009, p. 7).

Severo D’Acelino foi um intelectual pioneiro na luta pela introdução de conteúdos da cultura negra nos currículos escolares do ensino básico em Sergipe. Devido à ausência de livros didáticos que tratassem de temas desta natureza, ele propôs a didatização do conhecimento sobre o negro sergipano.

Foram elaborados vários trabalhos, muitos dos quais não foram publicados, devido à falta de apoio do governo e às questões políticas não resolvidas. A maioria destes textos, só chegava ao conhecimento dos professores e alunos por meio da divulgação realizada pela editora da Casa de Cultura Afro Sergipana (“Memoriafro”) e por Severo em eventos culturais.

As “cartilhas” de Severo, frutos da sua intensa atividade intelectual, apresentavam a influência das obras de destacados pesquisadores sergipanos, como a antropóloga Beatriz Góes Dantas e os historiadores Maria Tethis Nunes e José Calazans.

Os livros escolares deste intelectual afro-sergipano eram baseados numa proposta pedagógica de educação inclusiva. Nesta perspectiva, o processo de ensino-aprendizagem garantiria a reversão de estereótipos e o resgate da excluída ancestralidade africana para a memória coletiva.

Apesar da inovação pedagógica da educação inclusiva, os livros escolares de Severo seguiam a tendência tradicional do “método dos testes”, utilizado desde o século XVIII para avaliar aptidões e que foi sendo aprimorado como instrumento de avaliação pela pedagogia (SANTOS, 2006, p. 5).

Não obstante, o “método de testes” estimulasse a aprendizagem dos conteúdos por meio da memorização, o que poderia tornar o estudo de disciplinas como a História um empreendimento cansativo, Severo criou estratégias para que seus manuais suscitassem nos alunos uma postura ativa em relação aos conhecimentos que lhes eram transmitidos.

... normalmente, o livro teste (...) tradicional (...) tem um gabarito, (...) e nós não colocamos o gabarito exatamente para impedir que o professor e o aluno pegassem o gabarito e preenchessem o livro (...) a intenção é fazer com que o professor e o aluno comecem a ler e a estudar a questão do negro e pensar. (...) O professor tem que construir junto com o aluno uma forma de diálogo para que aquele tema seja ampliado. (D’ACELINO, 2009, p. 11-12).

Os textos escolares da Casa de Cultura Afro-Sergipana sintetizavam abordagens que zelavam pelo entendimento das contribuições das três “raças” (branco, negro e índio) para a constituição da sociedade brasileira, evitando-se a ênfase sobre o legado europeu.

Os manuais de Severo eram dedicados a um público abrangente, que contemplava alunos e professores de diferentes disciplinas e níveis de ensino. O que se pretendia era popularizar os conhecimentos sobre a cultura negra no Brasil e em Sergipe.

Severo D’Acelino era a favor da regionalização do livro didático. Ele destacava constantemente a importância da criação de editoras locais para a área escolar e a necessidade de serem elaborados textos que se vinculassem ao cotidiano dos alunos sergipanos.

Ele denunciava que a maioria dos manuais utilizados no Estado era elaborada

“... pelos autores do Sul do país (...). De repente, você tava lá em Carira (...) aí ta lá no livro: ‘morango’ (...) as frutas do Sul do país, é ‘neve’ (...). Desestimula o aprendizado. Ele tem é que fazer um trabalho falando (...) de ‘Mãe Carira’, (...) de quando Lampião chegou por lá, é falando de coisas de lá de Carira...”. (D’ACELINO, 2009, p. 22).

Portanto, percebemos como a atuação de Severo D’Acelino no Movimento Negro sergipano contribuiu para o desenvolvimento de ações afirmativas no campo educacional e o pioneirismo na discussão sobre a cultura afro nas escolas através da produção de cartilhas voltadas para o tema. Suas ações se evidenciam nas propostas de inclusão dos conteúdos e nas novas metodologias para o ensino de temas relacionados à cultura afrobrasileira e africana nas escolas de níveis Fundamental e Médio em Sergipe. Entender as atividades de Severo D´Acelino em Sergipe é adentrar na História, na memória dos movimentos sociais do Estado e na perseguição sofrida por eles nos anos de chumbo da Ditadura Militar.



Referências Bibliográficas

ALBERTI, V. História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1990.

BOURDIEU, P. A Ilusão Biográfica. In: AMADO, Janaína & FERREIRA, Marieta de Morais (orgs.). Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas (FGV), 1998.

D’ACELINO, S. Entrevista concedida a Diogo Francisco Cruz Monteiro, Kleber Luiz Machado Gavião de Souza e Kléber Rodrigues Santos. Aracaju, 2 fev. 2009.

DANTAS, I. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004.

DOMINGUES, P. Movimento Negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2009.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense, 1987.

FREITAS, Sônia Maria de. História Oral: Possibilidades e Procedimentos. São
Paulo: Humanitas/Imprensa Oficial SP, 2002.

HABERT, N. A década de 70. Apogeu e crise da ditadura militar brasileira. São Paulo: Editora Ática, 1992.

MATTOS, R.C.O. A Juventude Operária Católica – visão de uma utopia. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2009.

MEDINA, J. I. Um olhar comparativo entre as revoltas da Chibata e da AMFNB de 1964. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2009.

PINTO, R. P. O movimento negro em São Paulo: luta e identidade. São Paulo, 1993. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Relatos Orais: do “Indizível” ao “Dizível”. In: Revista Ciência e Cultura, v. 39, nº 3, mar. 1987, CERU/Departamento de Ciências Sociais.

SÁ, Fernando. Combates entre História e memórias. São Cristóvão: Editora UFS, 2005.

SANTOS, K. R. Cultura afrobrasileira e africana no livro didático de História do Brasil e História de Sergipe: possibilidades de transposição didática. 2006. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2009.

SILVA, R. F. Severo D’Acelino e a produção textual afro-brasileira. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2008.

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[1] Mestrando no Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe na linha História, Sociedade e pensamento educacional. Membro do Grupo de pesquisas em ensino de História (GPEH).

[2] Graduados em Historia pela Universidade Federal de Sergipe e membros do Grupo de Pesquisas em Ensino de História (GPEH/UFS).

sábado, 24 de outubro de 2009

SEVERO D'ACELINO : AÇÕES LEMBRADAS EM ENCONTRO NORDESTINO DE HISTORIA ORAL POR ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE.






Uma comunicação surge como homenagem e como reflexão, a minha pessoa, quando as confusões se cristalizam em cima de mim, desde a sagração do Imperador Marcelo Deda a governo de Sergipe e a nossa exclusão ( Severo D'Acelino e Casa de Cultura Afro Sergipana), das ações do Estado e do governo. Foi o premio pelos méritos do mais importante projeto de educação na história deste Estado. Um projeto bem sucedido, iniciado na administração de Luiz Antonio Barreto e bombardeado sistematicamente pelas figuras incompetentes do DED, da Secretaria de Educação, insatisfeitas pelo sucesso das ações.

Com a sagração do Imperador DEDA ao governo do Estado e a consequente Partidarização do Movimento Negro, Severo foi descartado, pois representava perigo por ser critico, independente e pensar o Coletivo e, daí, surgiram dezenas de Ongs e Entidades que se apresentaram como capacitadas e experientes para promover o projeto da Casa de Cultura e capacitar professores para cumprir o Decreto Presidencial de Inclusão da Cultura Negra e o PROJETO CULTURAL DE EDUCAÇÃO 'JOÃO MULUNGU VAI ÁS ESCOLAS, foi defenestrado, excluido e jogado de LADEIRA A BAIXO.

É triste receber esse tipo de recompensa, principalmente quando temos prestado grandes serviços ao Estado na defesa do Coletivo Negro, na preservação de sua cultura e no respeito a diversidade e seu Arquivo Humano, mas da Traição nem Jesus se livrou, pois a Inveja é péssima companheira e quando somos comandados por pessoa que perseguem seus críticos. Pessoas que gostam de adularodes e até premiam os que lhes elogiam e os brindam, o mérito deixa de ter expressão.

O Movimento Negro e a redemocratização no Brasil: a Atuação de Severo D'Acelino na Educação Sergipana, soa como um aplauso ás nossas ações e um indicador do mérito que teima em se manter, apesar das KOTAS e do Paternalismo exarcerbado da relação do PT com respeito a nós os negros, cristalizando o Racismo Institucional e a falta de Potencialidade do Negro, em vez de Radicalizar a Constituição para que " todos possamos na prática ter as mesmas condições e oportunidades", numa promoção de Ações Afirmativas e Meritórias, somos tratados como imbecis e jogados uns contra os outros por míseras cestas de alimentos.

Minha familia é negra e todos nós, em passagem pelas Faculdades, não precisamos de KOTAS, passamos por méritos, Eu, minha esposa, meus filhos, meus sobrinhos, primos e por ai vai. Somos negros conscientes, com potencial e sem nenhum QI. Nunca fomos Indicados por ninguem e nosso reconhecimento é uma icógnita, há sempre alguem que se apropria de nossos projetos, idéias etc. Esse povo no espaço de poder nuinca nos conhece, apesar de antes termos tido diversas ações e combatido os pervertidos do poder, hoje somos invisiveis para eles, até que precisem dos nossos serviços.

Como é triste e perversa a insegurança dos nossos "amigos" para se manterem nos espaços de poder!!! O Mandarinato do Imperador se mantem sobre nossos escombros, mas, por mais que nos sufoquem,jamais silenciaram ou apagaram´as nossas importâncias, pois, um deslize e alguem nos cita, nos referenda, nos homenageiam, assinalando a nossa presença viva no desenvolvimento de Ações Afirmativas, fazendo a diferença, nos aplaudindo apesar a repressão colonialista do Imperador e seus refens, será que quando findar o mandato alguem irá aguarda-lo na rodoviária?

Agradeço a presença que se fez presente, pois ja não tenho motivações para produzir e continuar o que comecei em plena ditadura militar no enfrentamento da repressão anunciada, ja não sei da minha tragetória, na Religião, Artes Plásticas, Teatro,Cinema,Etnografia, Musica, Partidos Politicos, Coorporação Militar, Literatura ,Dramaturgia,Rádio, Jornal, Televisão,Seminários, Congressos, Lutas Sociais, Viagens, Cultura, Direitos Humanos,Relações Raciais, Esportes, Escolas...Educação.

Essa citação se nos apresenta muito forte, apesar de desde muito, ser referencia de estudos( nunca OBJETO), onde nossas ações são analisadas em determinados contextos, dentro e fora do Estado e do País, mas nunca nesta situação de fragilidade e de exclusão onde a depressão é minha companheira. Neste momento a homenagem pegou pesado, no ponto fraco, enfraquecido: Movimento Negro e a Redemocratização no Brasil: a Atuação de Severo D'Acelino na Educação de Sergipe.
Abença Thetis Nunes, farol de vivo de minhas indagações. Luiz Antonio Barreto, provocador de minhas incursões e resistencias, apenas para citar referencias internas
da memória viva desta minha caminhada semn assinalar o contingente que tem nos dado sustentação nesta tragetória há mais de 42 anos.

Este trabalho é sem dúvida, o presente deste aniversário, do 3 e do 16 de Outubro, negado pela mídia sergipana que nos nega espaços, para não perder espaços na camarinha do Imperador.
Estudantes! Obrigado. Certamente vocês serão excelentes EDUCADORES.
AJAGUM ABERÉ N'GOBOM. KUTENDA ZAMBIAPONGO. AUÉ AXÉ.