sábado, 15 de novembro de 2008

RACISMO - DENUINCIAS EM CONTRA- GOTAS


Se os Politicos Sergipanos não Combatem o Racismo.
Na próxima Eleição, vamos dizer NÃO!!!
Abaixo os Politicos Oportunistas a serviço da INTOLERÂNCIA.
Chega de Racismo
Basta de Apartheid
Abaixo os Politicos mercenários.
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Severo:

A Terra de SOLANO TRINDADE( Pernambuco) O Ministério Público de la, tem um GTracismo, grupo de trabalho onde os Promotores dão Combate ao Racismo Institucional e tem até publicações mensais sobre as diversas ações. Em SERGIPE, quando teremos um manifesto deste. Quando os nossos Poderes deterão seus próprios Poderes? Vamos Fazer Denuncias aos Organismos Internacionais. Que diz Valença ?
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Severo:

O Exemplo marcante do Racismo Institucional é o CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA QUE NÃO ACEITA A PARTICIPAÇÃO DO NEGRO. Pode ser percebido na estrutura de seu Regimento, na medida em que o Negro e o Indio alí não são representados
Pode uma Instituição que tem o dever legal de garantir os direitos de todos, ser RACISTA?
Vamos Denunciar ao Presidente LULA e na próxima Eleição, dar um basta nisso.
mandem E-mail para o Palácio da Alvorada.
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Severo:

Sergipe precisa de um Ministério Público Combatendo o Racismo Institucional.
Com a Palavra talvés a Corregedoria de Justiça.
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Severo:
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Mídia - Educação - Saúde - Emprego - Justiça- Cultura e Segurança, os maiores Indicadores e Agentes do Racismo em Sergipe. Locais estratégicos dos CONSERVADORES que não aceitam a Expressão e Potencialidade do Negro Sergipano.
Vamos Combater na próxima Eleição.
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Severo:
Sergipe é o Estado mais Negro e o mais Racista da Federação Brasileira.
Um Estado Negro, sem Cultura Negra.
Viceja os Intelectuais canavieiros a serviços dos usineiros de
Mentalidade Escrava.
Os Intelectuais Chapas Brancas e de Alugueis.
São Iintelectuais que não liberam jamais.
Não tem espiritos público, são amigos do poder
]Desprezados e odiados pelos Senhores de Canaviais.
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SEREIA DOS MARES:

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Severo:

Para Combater os Racistas. " SEVERO D'ACELINO GOVERNADOR" - Sergipe não pode continuar sendo o Estado mais Racista do Brasil. Vamos Combater os Racistas para diminuir o Racismo. Institucional - Doméstico - Educacional - Profissional - Politico - Social - Religioso-Econômico - Midiático etc e diminuir as Desigualdades. Vote !!! Severo D'Acelino - Governador - Na próxima eleição diiga não ao RACISMO.
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Severo:
RESISTENCIA NEGRA.

Vamos Combater o Racismo nosso de Todos os Dias.
Na próxima Eleições Um Candidato que Combata os Racistas dentro e fora do Governo.
" Para que Ninguem seja perseguido, discriminado e tenha seus Direitos Violados. É Necessário que o PODER detenha o Próprio PODER"
Severo D'Acelino Governador - Abaixo os Racistas Chapas Brancas
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SEREIA DOS MARES:

domingo, 9 de novembro de 2008

PROPOSTAS AFIRMATIVAS AO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA - O MAIOR AGENTE RACISTA DE SERGIPE.



Conselheiro Estadual de Cultura/2007.




PROPOSTA 06/07



Mudança de denominação do Museu Afro Brasileiro de Laranjeiras para Museu Afro João Mulungu.

Nesta oportunidade, vimos apresentar ao Egrégio Conselho, a proposta de mudança de Denominação do Museu Afro Brasileiro de Laranjeiras, para homenagear João Mulungu em seus 17 anos de reconhecimento por este município e assinalar seus 132 anos com a expressão na resistência negra sergipana.


Justificativa.


Considerando a necessidade de difundir e valorizar o Arquivo Humano afro negro sergipano e a sinalização deste Conselho em reunião passada, quando o Nobre Conselheiro Luiz Antonio Barreto, acenou para o manifesto e sendo ele o responsável pela organização e instalação daquele memorial afro em 1976, quando da instalação do 1 Encontro Cultural de Laranjeiras, Justifica pois a presente proposta de mudança de denominação para homenagear o Líder Negro, Herói Sergipano e possibilitar maiores conhecimentos do seu nome por todos que freqüentarem aquele memorial.


Sala do Conselho em 21 de agosto de 2007.



José Severo dos Santos
Conselheiro




Conselheiro Estadual de Cultura/2007.




PROPOSTA 01/09/07


Denominação de Artéria na Capital do Estado, em homenagem ao Jornalista JOEL SILVEIRA.
Propomos ao egrégio Conselho que seja remetido ao Presidente do Legislativo Municipal, postulação no sentido de que seja materializada a homenagem ao insigne sergipano, Joel Silveira. Caberá ao Conselho anexar a solicitação, breve histórico do homenageado.


Justificativa.

O Jornalista Joel Silveira, cuja trajetória enobrece qualquer cidadão brasileiro, desenvolveu em toda sua vida profissional, intelectual e cidadã, a coerência ímpar dos grandes homens, jamais se afastando dos objetivos a que se propunha e nem desviando ações para favorecer o que combatia. Todas as suas manifestações, dentro e fora do país, foram marcadas pelo seu ideal de liberdade e de sua força critica, a expressão de sua importância.

Aracaju, sala do Conselho em 04 de Setembro de 2007-09-02


José Severo dos Santos
Conselheiro





Conselheiro Estadual de Cultura/2007.





PROPOSTA 02/09/07



Proponho que seja Tombada na categoria de Bem Imaterial o NAGÔ Manifestação da religiosidade afro sergipana, como Patrimônio Cultural do Estado e que todas as Comunidades de Terreiro ligada a Nação Gege-Nagô seja mapeada e protegida em todo território sergipano.


Justificativa:

A expressão do Nagô em Sergipe, sempre esteve desvinculada da Nação e etnia e agregada a expressão do sagrado para expressar a continuidade do manifesto aos Ancestrais em sua ação revigoradora. Sergipe é o único Estado da Federação onde o manifesto consagra a denominação NAGÔ. Na Bahia a expressão é EGUNGUN, em Pernambuco, XAMBÁ; no Rio de Janeiro JONGO E EM São Luiz do Maranhão TAMBOR DE MINAS. Esta foi a primeira manifestação do manifesto da religiosidade africana entre nós, seguida do Toré chamado Caboclo, o Angola, a UMBANDA e mais recentemente o KETO.


Aracaju, sala do Conselho em 04 de Setembro de 2007-


José Severo dos Santos
Conselheiro


Conselheiro Estadual de Cultura/2007.




PROPOSTA 03/09/07


Que o Governo do Estado priorize a funcionalidade dos órgãos institucionais, operacionalizando suas finalidades, sem desvios de competências, estimulando a harmonia entre si. e neste sentido favorecer a construção e desenvolvimento e neste sentido propomos que a Secretaria de Cultura seja responsável por toda ação cultural no âmbito da administração, gestando os recursos e verbas destinadas a Cultura, principalmente nas manifestações de Largos, como o São João, Carnaval e Natal. Que a ela seja dada as condições de planejamento e execução da Política Cultural do Estado.


Justificativa.

Nos governos passados, se criaram uma brecha onde as atividades culturais de maiores expressões e visibilidades, foram seqüestradas da Secretaria de Cultura para outros setores do governo, onde planejamento, promoção e execução passaram longe da secretaria e dos seus técnicos, bem como as verbas e recursos. Esperamos as mudanças nesta administração que, lamentavelmente ainda não deu visibilidade a cultura e seus órgãos não dispõem de recursos para atender aos anseios das comunidades. Que a Cultura tenha verbas, recursos e independência, para valorizar seus técnicos e as manifestações do Estado. Que o Secretário seja seu único gestor.


Aracaju, sala do Conselho em 04 de Setembro de 2007-09-02

José Severo dos Santos
Conselheiro

Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


PROPOSTA 04/09/07.


Que este Conselho postule junto ao Secretário de Estado da Cultura a necessidade de que seja urgentemente instalados os Núcleos de Cultura Negra ou seja o CENTRO DE ESTUDOS DA CULTURA AFRICANA E AFRO BRASILEIRA, disposta na Lei 3.631 de 05 de julho de 1995, composto de Diretoria- Secretaria Geral e Comitê Técnico, subordinado diretamente ao Secretário de Estado da Cultura.

2-Que inclua a solicitação do Mapeamento dos Grupos Culturais e Mestres de Culturas do Estado

JUSTIFICATIVA.

A contemporaneidade busca cada vez mais o levantamento dos seus bens para dimensionar suas ações e propor Políticas Públicas capazes de atender as manifestações de sua dinâmica agregada na tecnologia que vem determinando ritmos cada vez mais inflexíveis em apontar diagnósticos a soluções imediatas. A falta de registro de tamanha importância da expressão deste Arquivo Humano multiplicador que se esvai sem o levantamento das causas, não há como impedir os efeitos negativos para a próximas geração e nem como planejar a instrução de agentes multiplicadores para o processo de continuidade histórica.


Aracaju, sala do Conselho em 04 de Setembro de 2007-09-02

José Severo dos Santos
Conselheiro



Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



PROPOSTA 05/09/07





QUE ESTE Conselho possa instruir aos órgãos oficiais através da Secretaria de Cultura, que sejam retiradas de todos os veículos e repartições públicas, as Expressões Religiosas e que firam as ideologias de grupos e indivíduos da sociedade sergipana.


Justificativa.

Não cabe ao poder público a difusão de manifesto individual e ou grupos que, no espaço de poder e ou no fazer operacional de suas funções, expressem suas filosofias religiosas, principalmente afixadas em veículos oficiais e nos espaços da repartição. É do entendimento jurídico que o Estado é Laico e por isso, respeita a diversidade nos mais diversos manifestos de sua religiosidade e expressões culturais, regulando as expressões e simbologias proibidas, principalmente por agredir grupos específicos e propagar ideologias que venham a ferir os Direitos Humanos.


Aracaju, sala do Conselho em 04 de Setembro de 2007-09-02

José Severo dos Santos
Conselheiro





Conselheiro Estadual de Cultura/2007.





PROPOSTA 06/09/07



Propomos que o Conselho instrua o Governo no sentido de lembrar a importância para a liberdade de expressão , organização e consciência, com os Direitos que a Constituição declara, sem a necessidade de atrelamento a administração do governo ou ser cooptado ou excluído por questões partidária ou por ações contrárias as ideologias paternalista emanadas pelo grupo no poder, para ter acesso as ao exercício da cidadania.


Justificativa.


Os grupos e Entidades Negras de Sergipe que compõem o chamado Movimento Negro, estão hoje, esvaziados na medida em que seus integrantes e dirigentes estão nos espaços de poder, servindo aos Partidos , alijando as comunidades que vítimas das explorações ideológicas, não tem como se defender e nem identificar as ofensas que diuturnamente somos vítimas. Agora sem representação comunitária, fica difícil as articulações em torno da luta contra as privações de direitos. Hoje assistimos em ação,um Movimento Negro Chapa Branca, violento e fascista.



Aracaju, sala do Conselho em 04 de Setembro de 2007-09-02

José Severo dos Santos
Conselheiro



Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



Oficio 010907 Aracaju, 23 de Setembro de 2007.

Do; Conselheiro
José Severo dos Santos
Ao: Presidente do Conselho
José Anderson Nascimento
Assunto; Proposta 04/09/07



Senhor Presidente,

Cumprimentando Vossa Senhoria, cumpre-me informar que o documento de que trata a Proposta em tela, é do Governo e dispõem sobre a organização da Secretaria de Estado da Cultura, instruída na Lei 3.691 de 05 de julho de 1995.
Neste sentido a formulação sobre o gestor, é remetida ao Secretário de Cultura. Maiores informações, o Conselheiro Luiz Antonio Barreto é o mais autorizado dentre nós, uma vez que fora o autor da reforma da citada Secretaria e do Projeto de Lei.


Respeitosamente,


José Severo dos Santos



Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


PROPOSTA 01/10/07




TOMBAMENTO DO CACIQUE CHÁ - Que o Conselho Estadual de Cultura, após ouvido os nobres Conselheiros, promova o processo de Tombamento do Cacique Chá, tornando Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Estado, de modo a preservar a Memória que ele representa e sugerindo sua utilização em Espaço Cultural para exposição das expressões multiculturais das artes e culturas

JUSTIFICATIVA.

O prédio do Cacique Chá, representa a memória da vida intelectual de Sergipe e é o remanescente daquela área no entorno da Praça, que junto aos prédios da Iara e Cabana do Caboclo, fazia a ebulição cultural, reunindo personalidades das letras, artes e política. Como elemento importante , detem um conjunto de afresco de Jener Augusto e pode, a critério da EMSETUR, ser transformado em espaço de revitalização cultural na área, reforçando a presença da Galeria Álvaro Santos, oferecendo opções aos Agentes Culturais e a comunidade estudantil ávida por espaços.





Aracaju. Sala do Conselho em 02 de Outubro de 2007.

José Severo dos Santos
Conselheiro.






Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


PROPOSTA 02/10/07



CONFERÊNCIA DO CONSELHEIRO LUIZ ANTONIO BARRÊTO – Que após ouvido pelos Nobres Conselheiros, seja aprovada a Proposta, para que o Conselheiro citado possa proferir uma Conferência em Sessão Especial do mês de Novembro sobre o titulo: O Patrimônio Histórico Artístico e Cultural, como Indicador Afirmativo da Educação e Formação Intelectual do Negro Sergipano, antes o sistema de Cotas. Esta Conferência abrirá as manifestações do Mês da Consciência Negra.

JUSTIFICATIVA.

O mês de Novembro em todo Território Nacional vem sendo o referencial para reflexões em torno das Questões e Condições do Coletivo Negro, seus avanços, conflitos, propostas e problematizações. Sergipe um Estado Negro, mas sem Identidade e Cultura, sofre de uma hiatização étnico cultural por pura acomodação e cristalização da ideologia do recalque , comum aos que na privação dos sentidos se deixam vitimar pela exploração ideológica paternalista. Luiz Antonio Barreto, Intelectual de força critica, estudioso da Sergipanidade, com experiências excepcionais sobre o tema e, conhecido e reconhecido por todas as correntes do pensamento sergipano, pela sua intransigência, além das passagens pelos institutos da Cultura e Educação Oficial, ,poderá contribuir na condução dos debates temáticos sobre as Questões e Condições do Negro Sergipano.


Aracaju, Sala do Conselho em 02 de Outubro de 2007.


José Severo dos Santos
Conselheiro


Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


PROPOSTA 01/10/16-07

REFORMA ESTRUTURAL, REGIMENTAL E OPERACIONAL DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA. – Que após ouvida pelo Nobres conselheiros, seja dada tramitação para aprovação da Proposta, com a inclusão dos seguintes itens:
1-Câmaras de Assuntos Afro-Indigena e Diversidades étnicas Culturais.
2-Câmara de Música,Artes Visuais, Dança e Artes Cênicas.
3-Comissão de Ética
4-Composição e estruturação de Setores Técnico e Administrativo
5-Estruturação de Consultorias.
6-Inclusão de representação das Secretarias de Educação e Fazenda.
7-Isonomia com os demais Conselhos Estadual.
8-Setor de Comunicações e Relações intercomunitária.
9-O pagamento dos Jetons dos Conselheiros deve obedecer o Calendário do Estado.
10- Os equipamentos operacionais do Conselho, deve acompanhar o fluxo tecnológico de modo a possibilitar o acesso a todas as mídias.
11- Cada Conselheiro contará com 01 secretário ou assessor, para subsidiar os trabalhos.
12 – o Conselho terá sede própria, com transporte a sua disposição para operacionalizar as ações e os serviços dos Conselheiros.

Justificativa:

O Conselho em sua trajetória e os inúmeros serviços prestados pelos diversos Conselheiro, faz por merecer, nestes 40 anos, o direito de ter uma estrutura e organização a altura da Inteligência Sergipana, na ampliação e proteção do Universo Patrimonial da Cultura de Sergipe, implementando modelo de multiplicação dos manifesto territorial e do Arquivo Humano que se dilue na periferia do poder, das elites e dos intelectuais eurocentricos.


Aracaju, Sala do Conselho em 16 de Outubro de 2007.


José Severo dos Santos
Conselheiro





Conselheiro Estadual de Cultura/2007.
Aracaju, 23 outubro de 2007.

Nota de Esclarecimento aos Conselheiros.

Pensando em Sergipe, penso o Negro, objeto de minhas preocupações. As nossas Condições e Questões passam por problemas de continuidades absolutas e da nossa condição individual, onde o status de classe perpassa a verdadeira situação de Gênero e Raça olvidada pela ação individualizada, principalmente quando se aloja nos espaços de poderes.

A falta de representação é questionada na medida em que não se promove mudanças ou acentuam os indicadores dos problemas a um diagnóstico do conjunto dos elementos norteadores de reflexões para produção de Políticas Públicas capazes de estabelecer parâmetros ás ações reparadoras.

As nossas organizações, dependentes dos poderes públicos, ainda não elaboraram uma estratégia de autonomia e independência nos debates das idéias, nas soluções dos problemas e na construção da identidade, por conta das “Elites Negras” que se excluem das questões do coletivo.

O Conselho Estadual de Cultura, como os demais órgãos oficiais, pensa Sergipe pela ótica dominante e exclui o negro de suas ações. É um instituto de expressão eurocêntrica, onde o fator da cultura se repousa na erudição da cultura branca e assim, reproduz a hostilidade da sociedade”intelectual”nos espaços de poderes, sem admitir a existência de uma cultura negra que cristaliza a sergipanidade e resiste as intempéries do ostracismo.

Viver Sergipe é viver condicionado a ótica do poder, e este poder não pensa negro, não lhe dar visibilidade e lhe é hostil em toda sua instância. Romper esta barreira silenciosa tem sido o propósito de muitos e a dedicação de poucos que se insurgem aqui e ali, parando para respirar ou encontrar instrumentos, refazer discursos ou simplesmente vociferar e ser banido pelo sistema, transformado em “Persona non gractia”, como eu que ajo como penso.

Nestes espaços, há sempre uma brecha e sempre, simpatizantes que sem se expor, facilitam a expressão do discurso, de ações, provocações, afim de produzir reações favoráveis e positivas.

O Conselho Estadual de Cultura, Instituto de fundamental importância para os debates das idéias e expressões de mudanças de atitudes e comportamentos para o alinhamento do Estado ao clamor do negro, se vê desaparelhado, desestruturado e desmotivado para o manifesto e reage negativamente, as provocações de Severo D’Acelino, único representante Preto, nestes seus 40 anos de existência.


Será preciso outros 40 anos, para que o Preto, seja levado a sério e respeitado como representante da maioria da população deste Estado que teima em jogar seu racismo, debaixo do tapete. e manter cristalizada a filosofia paternalista, numa Ode a Casa Grande

Uma apologia a ideologia branqueadora e paternalista, onde o negro até hoje é visto pela visão JURIDICA e não FILOSOFICA, um juridicismo de visão estreita, julgando ter feito muito pelos Pretos, quebrando suas correntes. Não tem a coragem de transformar o Antigo Escravo em Homem Livre emancipado e seu igual, o que é Filosófico, a leitura e reflexão das problemáticas, a prática da Humanidade.

Ainda hoje, o branco não admite a Igualdade antes ao negro(principalmente o Preto), seu antigo escravo, pois sua mentalidade de senhor é mais forte e impede o ato através dos preconceitos, não aceita a autonomia independência e consciência do negro forçado a pensar branco.

O Preto e o Índio, vítimas do etnocidio branco, ( sem espaços na mídia, propriedade dos Usineiros escravagistas; do Estado teocrático partidárizado e dos Evangélicos mercantilistas, que cassam nossas vozes violando os nossos direitos de expressões, mas que querem nossos votos e submissão, o que haveremos de desconstruir), devem ter assentos, voz, votos e representatividades no Conselho Estadual de Cultura, independente dos seus status, instruções, classes, e concepções ideológicas. E serem respeitados como pessoas e representante de sua comunidade sem nenhum embargo da ideologia dominante. A Diversidade é uma relação de poder inclusiva porque não permite ações invasivas do julgo paternalista que impede a reflexão e cristaliza a atomização.

Todos temos o direito e o dever de defender a atualização, crescimento, aparelhamento do Conselho, para com a ampliação do seu quadro, câmaras, aquisição de equipamentos multimídia, composição de recursos humanos capacitados e valorizados para que possam oferecer aos sergipanos, na mesma velocidade imposta pela tecnologia da informação, motivos para o desenvolvimento de suas relações com o Estado, na preservação de seu patrimônio, no universo cultural de sua matriz e ou nas ações idealizadas pelos seus núcleos e não pelo Estado.
Acredito que o corpo técnico do Conselho, deve compor de um conjunto multidisciplinar de reconhecida capacidade, experiência e interesse cultural, e tornar-se uma referência para estágios curriculares. Exemplificam-se os Técnicos e Peritos:
Taquígrafos; Analista de Sistema; Técnico de Informática; Sociólogo;Geógrafo:
Psicólogo; Filosofo; Antropólogo; Historiador; Economista; Administrador de Empresas; Pedagogo; Advogado; Assistente Social; Jornalista: Arquiteto; Ambientalista; Biólogo.

Divergimos, mas lutamos para garantir o direito do outro se expressar. O contraditório é nossa verdade, depende da perspectiva, a leitura expressa.

José Severo dos Santos.




Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



PROPOSTA 01/11/07


TRANSFERÊNCIA DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA.

Que após ouvido os pares do Conselho Estadual de Cultura, seja dada tramitação para aprovação do preito de que trata a proposta: Transferência do Conselho Estadual de Cultura, do prédio da Biblioteca Pública Epifânio Dôrea, para o prédio do Palácio do Governo no centro da cidade.



Justificativa:

Com a transferência da sede do poder executivo, o prédio do Palácio do Governo de Sergipe, patrimônio do povo sergipano, pode abrigar o Conselho Estadual de Cultura até a sua sede definitiva, emprestando seus espaços para as expressões culturais patrocinadas pelo Conselho em representação do universo cultural sergipano a disposição da comunidade em espaço central, facilitando o ingresso de todos os núcleos de saber: Erudito; Clássico; Popular e Acadêmico, possibilitando a inclusão cultural
a todas os níveis.


Aracaju, Sala do Conselho em 06 de Novembro de 2007




José Severo dos Santos
Conselheiro




Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



Oficio 011107
Aracaju 06 de Novembro de 2007




Senhor Presidente,





Cumprimentando Vossa Senhoria, venho reportar quanto ao Oficio 122/2007 de 20 de Agosto, relativo ao questionamento da Área da Proposta de Tombamento de Mocambo em Porto da Folha.
Informo que a proposta se insere na área titulada pelo INCRA que engloba toda a região remanescente.

Respeitosamente,






José Severo dos Santos
Conselheiro





Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



INDICAÇÃO 01/11/07


Após lida e ouvida pelo Egrégio Conselho Estadual de Cultura, peço aprovação de um voto de repudio ao grupo de comunicações dos Usineiros, por dificultar espaços a lideranças e entidades negras nas suas grades de programação, bem como excluir a Casa de Cultura e seu Coordenador de qualquer possibilidade de divulgar as manifestações do Coletivo Negro em suas redes, rádio, jornal e tv.


Justificativa.


Há mais de 15 anos que a Casa de Cultura Afro Sergipana e sua representação é excluída da rede do grupo Franco e mais recentemente, com a advento das manifestações dos 40 anos de atividades, buscamos obter imagens de manifestos da Entidade nas emissoras, fomos agredidos pela TV-Sergipe que após acenar com o pedido, solicitando encaminhamento por escrito, quando fomos entregar o oficio, fomos violentamente agradidos e impedidos de entrar na emissora. O oficio foi entregue na guarita dos guardas que em cumprimento da ordem, receberam-no tentando minimizar o constrangimento. Na Tv-Ataláia o tratamento foi diferente, mas o procedimento foi o mesmo. Não foi liberada a nossa entrada e tanto uma quanto outra, não atenderam ao postulado.

Aracaju, Sala do Conselho em 06 de Novembro de 2007,


José Severo dos Santos
Conselheiro





Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



PROPOSTA 02/11/07

Convocação do Secretário de Cultura para apresentar Plano Estadual de Cultura. - Que após ouvida e aprovada pelos os nobres conselheiros, seja encaminhada ao presidente para Convidar o Secretário de Cultura, para apresentar ainda este mês, o plano estadual de cultura a este Conselho para conhecimento dos Conselheiro.


Justificativa.

A Secretaria Estadual de Cultura, vem sistematicamente através do seu gestor, apresentando o plano de cultura em diversas instancias e o Conselho não tem conhecimento do seu conteúdo e de sua estratégia. Se faz importante que o Secretário apresente oficialmente ao Conselho o Plano ou Projeto de cultura que o Estado pretende desenvolver nesta gestão.


Aracaju, sala do Conselho em 06 de novembro de 2007.


José Severo dos Santos
Conselheiro


Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


PROPOSTA 011207



VOTO DE CENSURA – Que depois de lida seja deliberada pelo Conselho o pleito, para aprovação de voto de censura ao conselheiro presidente, por vilipendio, intimidação, abuso de poder, ameaça e discriminação, contra o Conselheiro José Severo dos Santos e desqualificação da Casa de Cultura Afro Sergipana, na assembléia de novembro do ano em curso.



Justificativa.

Durante a leitura da Ata o conselheiro presidente provocou os conselheiros ao linchamento do Conselheiro José Severo dos Santos, a propósito do documento encaminhado aos conselheiros, para atingir-lo por pura arrogância e abuso de autoridade, a fim de provocar discussão sobre a nota no Jornal Cinforme.
Durante o linchamento, com ameaças judicial, desqualificações, constrangimentos, foi flagrante a discriminação racial e o abuso de autoridade, causando constrangimentos, com o fito de provocar a saída do Conselheiro por reação às hostilidades. Estes fatos provam que o conselheiro presidente, não esta preparado para exercer o cargo.

Aracaju, Sala do Conselho em 04 de Dezembro de 2007.


José Severo dos Santos
Conselheiro




Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


PROPOSTA.01/12/07

Premio de Ação Afirmativa – Que após lida seja deliberada pelos Conselheiro para aprovação do Conselho Estadual de Cultura da Instituição do “Premio de Ação Afirmativa “ a personalidades que venham a critério do Conselho, contribuir em suas áreas, no Combate ao RACISMO e toda forma de discriminações contra o negro no Estado de Sergipe, promovendo o seu desenvolvimento e sua auto-estima, assinalando o respeito ao seu universo patrimonial.
O Prêmio deverá ser divulgado em 20 de novembro de cada ano e entregue em 19 de Janeiro conforme o Decreto Lei 4.192 de 23 de Dezembro de 1999 que institui o DIA ESTADUAL DE LUTA DA CONSCIENCIA NEGRA em sessão solene.
O prêmio constará de Estatueta e Diploma e deverá contemplar todas as áreas a níveis Sociais, Político; Econômico; Cultural na inserção dos poderes e da comunidade em geral. Serão contempladas as Pessoas Físicas e Jurídicas a nível Estadual.
As áreas assinaladas: Educação; Direitos Humanos; Comunicações; Segurança; Artes; Ciências; Relações Raciais; Saúde; Cultura; Políticas Públicas; Religião; Organização; Emprego e Renda; e Jurídicas.

Justificativa.

Sergipe precisa dar visibilidade a quem constrói o modelo de Ação Afirmativa, combatendo os estigmas e valorizando os indivíduos e grupos no processo mais amplo da centralização dos eventos. O importante é ressaltar os manifestos isolados nos mais diversos rincões do seu território, trazendo ao grande público as ações positivas dos indivíduos e dos grupos em direção da Paz e do respeito a diversidade e do desenvolvimento sustentável dentro dos princípios das Declarações Universal dos Direitos Humanos.
Neste sentido, estimula o processo como ação inovadora em todos os níveis da sua sociedade, possibilitando que as ações de um agente possa ser visibilizada no contesto geral da comunidade organizada que elege seu modelo inovador de relações múltiplas de União na Diversidade.

Aracaju, sala do Conselho em 18 de 123 de 2007

José Severo dos Santos
Conselheiro




Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



PROPÓSTA 02/12/07.


Que as Entidades, Instituições e Órgãos representados neste Conselho, sejam responsabilizadas após notificação da presidência, no prazo de 30 dias após vacância da titularidade sem adjunto, apresentar documentalmente seu novo representante e ou seu afastamento do Colegiado. Findo o prazo, caberá a presidência promover novo sorteio, para definir o preenchimento do cargo e encaminhar processo a Secretaria de Cultura afim de que se promovam os ritus de um novo Decreto.

Justificativa.


Todas os representantes do Conselho Estadual de Cultura, corresponde a um segmento institucional de modo a manter a isonomia. Compõem de Governo e Instituições diversas de modo a compor o Colegiado, dest’arte, a desistência de um representante, não configura desistência do órgão, entidade ou instituto que representa, cabendo a estes, apresentar substituto, no caso de não dispor de adjunto e, continuar a sua representatividade junto ao Conselho, representando seu coletivo, comunidade, grupo de interesse.



Aracaju, Sala do Conselho 18 de 12 de 2007.




José Severo dos Santos
Conselheiro.



Conselheiro Estadual de Cultura/2007.



Senhor Presidente,




Apresentamos como contribuição a leitura da Proposta do Mapeamento das Áreas Remanescentes de Antigos Quilombos em Sergipe, que se encontra com a Conselheira Lavre, onde possa os Conselheiros individualmente, contribuir com a atualização da lista apresentada, acrescentando e ou retirando informações, no sentido de ampliar as referencias.



Aracaju, 20 de dezembro de 2007.



José Severo dos Santos
Conselheiro



Conselheiro Estadual de Cultura/2007.


Conselheiro Estadual de Cultura/2008


PROPOSTA 02/08




Que após lida, seja deliberada pelos Conselheiros a ação de Reconhecimento como Patrimônio Histórico Estadual, ás áreas de Angico e Bonsucesso, localizadas em Poço Redondo, como Área Remanescente de Antigos Quilombos.



Justificativa;

Na ocasião em que Sergipe Constituinte, ampliava a sua Carta, não foram estabelecidos os indicadores do Coletivo Negro e o Art. 68 das Disposições Transitórias, não teve menção e neste sentido a área de ANGICO foi contemplada as homenagens dirigidas a Lampião.
Efetivamente que a área historicamente, foi ocupada pelos escravos, constituindo um Quilombo e, reduto dos remanescentes de Palmares, após sua queda, promovida por Jorge Velho. Neste sentido, na mesma rota de fuga para a Serra Negra, onde se situaram na parte norte, construíram Quilombos o Povoado Bonsucesso que foi utilizado estrategicamente como Atalaia do Rio São Francisco e, até hoje o Povoado, guarda marcas deste memorial, principalmente a sua ilha chamada “dos Anjos”, onde eram enterrados os recém nascidos.
Diante das evidências dos inúmeros quilombos sergipanos, se faz importante o seu sistemático resgate, para composição do Perfil da Geografia Afro Sergipana, através destes indicadores resgatados e registrados.



Aracaju, Sala do Conselho em 04 de Março de 2008.

José Severo dos Santos
Conselheiro


Conselheiro Estadual de Cultura/2008


PROPOSTA. 03/08



Que as sessões do Conselho sejam gravadas.



Justificativa.

A falta de gravação das sessões, ocasiona desconforto nas relações, principalmente no que diz respeito as privações de Direito a Voz, nos debates e nas verificações dos termos e assuntos relacionados durante o processo.
O presidente vem sistematicamente, privilegiando uns e silenciando outros. Que seja estipulado o tempo para evitar constrangimentos e equívocos.É necessário registro eletrônico para esclarecer equívocos, além da Ata.

Sala do Conselho em 18 de março de 2008.

José Severo dos Santos
Conselheiro



Conselheiro Estadual de Cultura/2008



PROPOSTA 04/08


Que a abertura das sessões, seja observado o principio da neutralidade religiosa.


Justificativa;

Sergipe é um Estado laico e é necessário que a ausência de credo ou religião seja obedecida pelo egrégio conselho e seguida pelo seu presidente. Que invoque todos os Deuses de todas ás religiões ou simplesmente que uma palavra de ordem seja estabelecida isenta de conteúdo religioso, cabe a cada um se concentrar no signo de sua religião para o inicio da jornada.


Sala do Conselho em 18 de março de 2008.


José Severo dos Santos
Conselheiro


Conselheiro Estadual de Cultura/2008


PROPOSTA 04/08


QUE O Conselho considere, após conhecimento da justificativa, a REVISÃO DA DECISÃO DA PROPÓSTA 02/12/07. de 18 de 12 de 2007. Aprovada através do Parecer do Conselheiro Sotelo.
“Que as Entidades, Instituições e Órgãos representados neste Conselho, sejam responsabilizadas após notificação da presidência, no prazo de 30 dias após vacância da titularidade sem adjunto, apresentar documentalmente seu novo representante e ou seu afastamento do Colegiado. Findo o prazo, caberá a presidência promover novo sorteio, para definir o preenchimento do cargo e encaminhar processo a Secretaria de Cultura afim de que se promovam os ritus de um novo Decreto.”


Justificativa.

Cabe ao Conselho decidir das ações não reguladas, baseada na conjuntura atual, dentro da dinâmica e importância que o caso requer. E, cabe aos Conselheiros, postular a revisão do conceito emitido, visto não haver outra instancia de poder para tal.
Hoje a situação da conjuntura Nacional se mostra diferente da de 40 anos atrás e o Conselho deve estar atualizado para não praticar atos equivocados. A nível nacional a edição partidária se acentua como detentora dos cargos, independente do seu ocupante, a titularidade do cargo é do partido, sai um ocupante e entra outro.
Assim é também a realidade do Conselho, em função dos órgãos oficiais que aqui tem assento. Exemplifica a Universidade e o próprio Estado, na vacância do cargo, entra outro representante e assim deve ser com as demais Entidades não Governamentais e, dentro deste disposto, solicito a revogação do ato aprovando o Parecer do Conselheiro Sotelo, contrário a Proposta, por ser inconstitucional e discriminatória.



Sala do Conselho em 01 de abril de 2008

José Severo dos Santos
Conselheiro



Conselheiro Estadual de Cultura/2008.


PROPOSTA 05/08


QUE O Conselho considere, após conhecimento da justificativa, a REVISÃO DA DELIBERAÇÃO Nº. 006/07-CEC de 07 de Agosto de 2007. Cujo Parecer da relatoria do conselheiro José Paulino da Silva ao processo n° 108/95-CEC apresenta equívocos que levam a Violação de Direitos induzindo a discriminações..




JUSTIFICATIVA.


O relator se baseou em um único parecer e não deu importância aos fatos relevantes no conjunto documental, olvidando decisões de instâncias superiores e de poderes distintos, sem respeitar a Autonomia e Independência , sem consideração passou por cima de decisões superiores, onde a Lei Maior deve ser seguida, isso é a decisão das regulações nacional. Para que se faça Justiça é necessário entre outros instrumentos, o Contraditório.

Sala do Conselho em 01 de abril de 2008-03-27


José Severo dos Santos
Conselheiro.


Conselheiro Estadual de Cultura/2008.


INDICAÇÃO 01/08


Que este Conselho após após os tramites aprove a indicação dos Professores João Hélio e Fernando Aguiar, para compor os nomes dos conferencistas do Simpósio Estadual sobre INTOLERÂNCIA.
Os indicados são professores da Universidade Federal de Sergipe com aprovada capacidade para exposição do tema, e podem ser encontrados no Departamentos de História daquela Universidade.


JUSTIFICATIVA>


As indicações dos nomes se justificam pelo conhecimento que ambos tem da matéria, e de terem sido já testados em diversos eventos da comunidade afro sergipana e de terreiro e, neste sentido trará novas informações acerca do tema aos participantes e ao Conselho Estadual de Cultura, podendo ser convocados para uma exposição na reunião do Patrimônio.


Sala do Conselho 05 de Agosto de 2008.


José Severo dos Santos
Conselheiro

Conselheiro Estadual de Cultura/2008.

PROPOSTA 05/08


Que após lida e deliberada pelos Conselheiros, seja encaminhada a votação a propositura para que qualquer produção financiada e ou que tenha o apôio cultural do Estado, tenha 30% de sua produção adquirida e distribuída pelos diversos instrumentos culturais e educacionais e as que não forem contempladas ou não tiverem acesso ao apôio e ou financiamento do Estado e ou Governo, tenha 40% adquirida pelo Estado para distribuição junto as bibliotecas escolares e órgãos culturais.


JUSTIFICATIVA.

O Estado e Governo vêm contemplando publicações de algumas produções, literária e estilos culturais e artísticos, sem, contudo promover a sua distribuição junto aos órgãos culturais, comunidades e escolas, que ficam excluídos da referencia e sua aquisição vem sendo difícil motivado pelo auto custo do exemplar ou ingresso e assim sendo o universo de alunos e escolas e setores culturais, alèm do individuo, ficam excluídos do conhecimento, mesmo sendo produzido com a verba pública. O Estado deve garantir conforme sua Constituição, o acesso de bens culturais a sua comunidade, bem como oportunidades e condições para a produção destes bens, ampliando seu patrimônio e estimulando a produção de conhecimentos..


Aracaju, Sala do Conselho em, 05 de Agosto de 2008.


José Severo dos Santos
Conselheiro.


Conselheiro Estadual de Cultura/2008.


Proposta 06/08


Que após lida e deliberada pelos Conselheiros, seja encaminhada a votação a propositura para que o Conselho inclua em sua composição, a presença de Entidade Negra a cada gestão, seja formal ou informal a fim de garantir a isonomia representativa e o respeito a Diversidade e os termos multiculturalista da Constituição Estadual onde propugna pelo pluralismo de idéias, com respeito às diferenças éticas; socioculturais, lingüísticas e religiosas, características do convívio democrático, enfatizada no seu Art. 228.

“O Conselho Estadual de Cultura terá composição paritária e proporcional, assegurada a participação entre seus membros de representantes de entidades e/ou instituições culturais.”

Os Direitos e Garantias Fundamentais assinalam a proteção contra discriminação por motivo de raça, cor, sexo, idade, classe social, orientação sexual, deficiência física, mental ou sensorial, convicção político-ideológica, crença em manifestação religiosa.

Caberá a secretaria do conselho, encaminhar comunicado a todas Entidades negras do Estado com informações referente aos pré-requisitos e se possível as Normas que regem o Conselho, para que possam encaminhar suas documentações cadastrais afim de que possam ser incluída no sorteio. Este sorteio será entre as Entidades Negras, de onde sairá a que comporá o Conselho junto as demais representações sorteadas.

Justificativa.


A presença do negro, enquanto negro e cultura, cada vez mais se estreitam no cotidiano estadual. Sua presença tem sido estritamente de submissão, onde a subalternidade impede de promover ações definitivas para o coletivo, pelo medo e receio de se expor ou ser constrangido pelo autoritarismo da arrogância de quem tem liberdades de transito pelos espaços de poderes. O medo não deve ser instrumento de poder.

O negro não deve ter medo do seu governo e não deve compor as galerias das sombras porque Igualdade, Justiça e Liberdade são maiores que as palavras - São perspectivas que deve ser levada adiante, na quebra do nosso silencio obediente, buscando na participação a construção de motivos e nos debates das idéias, a consolidação do nosso espaço. Buscar a retórica para dizer as verdades e não encobri-la para se tornar civilizado e ser aceito pelo grupo do poder.

A Cultura negra, que representa 86% da população absoluta deste Estado Negro, sem Cultura, merece visibilidade. Esta é uma ação afirmativa contra séculos de etnocídio, que dizimou a cultura indígena e atomizou a cultura negra em beneficio de um sistema etnocêntrico gerador do Racismo Institucional a que somos vítimas diuturnamente.

Precisamos vencer os preconceitos, ultrapassar os limites e derrubar barreiras, através de mudanças de Atitudes e Comportamentos. Precisamos que o governo crie e instale um departamento na secretaria de cultura dedicado aos Assuntos Afros sergipano, aproveitando os recursos humanos de reconhecida capacitação gerencial, remanescentes da universidade, evitando as militâncias.


Sala do Conselho em 19 de Agosto de 2008.



José Severo dos Santos
Conselheiro


Conselheiro Estadual de Cultura/2008.


PROPOSTA 07/08



Proponho na forma regimental, que após ouvido o plenário desta casa, que seja oficiado ao excelentíssimo senhor secretário de cultura Luiz Alberto, para que este determine ao setor competente da secretaria, estudos para criação e instalação de um Departamento de Assuntos Afro-Indígena, Daquela secretaria, afim de dar visibilidade, proteção e promoção ao Patrimônio Espiritual e Material destas duas culturas, alijadas das ações e representação do Estado.

Proponho. Também que o citado Departamento, não seja administrado ou dirigido por militantes do Movimento Negro ou Indígena, mas por profissionais destacados na área da administração pública.

Proponho, mas, que o deliberado seja encaminhado as Entidades da Organização Negra e Indígena: Ministério Público e Ordem dos Advogados de Sergipe.


Sala do Conselho, 19 de agosto de 2008.


José Severo dos Santos


Conselheiro Estadual de Cultura/2008.


REQUERIMENTO


REQUEIRO , na forma regimental, que este a Secretaria deste Conselho informe a situação das Propostas, sobre:

- Prêmio Igualdade Racial
- Mudança de denominação do Museu de Laranjeiras
- Reconhecimento do São Gonçalo
-Reconhecimento do Nagô.

Requeiro, mas, que o deliberado seja encaminhado a Casa de Cultura Afro Sergipana.

Sala do Conselho em 19 de Agosto de 2008.



José Severo dos Santos


Conselheiro Estadual de Cultura/2008.


REQUERIMENTO



REQUEIRO, na forma regimental, que após ouvido o plenário deste egrégio Conselho, seja oficiado ao Excelentíssimo Presidente da Câmara Municipal de Santos, Voto de Louvor, pelas ações em Reconhecimento ao Herói Negro Sergipano e Santista. QUINTINO DE LACERDA.

Requeiro, mas, que igual expressão, seja oficiada ao Senhor Presidente d Associação de Defesa da Comunidade Negra e Sambista de Santos, Senhor Luiz Otavio de Brito responsável pelos Projetos e homenagens a QUINTINO DE LACERDA.

Requeiro, também, que o deliberado, seja dado conhecimento ao Presidente da Câmara Municipal de Itabaiana, bem como a Prefeita, como expressão ao mês do seu falecimento a 13 de agosto de 1898.



Sala do Conselho, em 19 de Agosto de 2008.


José Severo dos Santos




PROPOSTA 01/08


Que seja instituída a Alternância de Poder no Conselho Estadual de Cultura, afim de inibir as sucessivas reeleições de seus membros, que podem ser reconduzidos após 12 anos do último mandato e que o Conselho reconheça as organizações informais em sua composição, como representatividade legitima, sem os problemas jurisdicionais que cristalizam as discriminações.


JUSTIFICATIVA.

A prática do Conselho tem cristalizado ações negativas, que ao longo de sua existência, tem cristalizado a presença da chamada elite cultural, impedindo a presença de periferia na sua composição.
Esse vício tem enfraquecido o Conselho como órgão oficial, reelegendo membros por décadas, cristalizando a desigualdade e impedindo sua renovação colocando o Estado sem credibilidade democrática, pela perpetuação equivocada de personalidades conhecidas, na sua composição, podendo essas personalidades, serem aproveitadas em outras áreas funcionais da cultura sergipana como consultores do Conselho.
Os membros do Conselho devem retornar imediatamente se indicados pelo governo como Secretário de Estado, caso contrário o seu retorno deve obedecer ao prazo de 12 anos, findo os quais estarão habilitados as reeleições.
Na composição do cadastro das Entidades, Grupos e Organizações Culturais, deve-se observar a sua continuidade como existência legitima, sem os embargos burocráticos, pois suas representações compõem os indicadores da cultura sergipana e devem ter acessos a participação com voz e voto no Conselho sem nenhuma discriminação seletiva.

Conselheiro Estadual de Cultura 2007/2008


PROPOSTA 01/05/08

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Que após lida e ouvidos os Conselheiros, que este Conselho aprove a Proposta de Repúdio contra a INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, prática danosa em nosso Estado que tem trazido danos e desconfortos a minoria que professa a Religião Ancestral, vítimas de Racismo e toda sorte de Discriminações, principalmente as institucionais.


JUSTIFICATIVA.

‘POSSO VIVER COM A DESTRUIÇÃO DE MINHA CREÑÇA, MAS NÃO POSSO ABONDONAR A MINHA FÉ’

A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA TEM SIDO ENTRE NÓS, O MAIOR INSTRUMENTO DE INVASÃO DOS NOSSOS DIREITOS, O MAIOR INSTRUMENTO DO RACISMO E DAS DISCRIMINAÇÕES A QUE SOMOS VÍTIMAS, PRATICADOS E INCITADOS POR PRATICANTES EQUIVOCADOS DE OUTRAS RELIGIÕES, QUE NOS LEVAM A CONSTRANGIMENTOS E VIOLENTAM A NOSSA CULTURA E DIVERSIDADE INFLUIINDO EM COMPORTAMENTOS ANTAGÔNICOS NAS ESCOLAS, SEGURANÇA PÚBLICA E SOCIEDADE QUE CADA DIA SE NOS APRESENTA MAIS EXCLUDENTE.
A PRÁTICA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, VEM SISTEMATICAMENTE REDUZINDO EXPRESSÕES DE LIBERDADES E DE EXPRESSÃO DESTAS LIBERDADES A QUE TEMOS LUTADO PARA GARANTIR-LA, DESDE OS TEMPOS IDOS.
É NECESSÁRIO QUE A CONDIÇÃO DE ESTADO LAICO , SEJA RESPEITADA EM NOSSO ESTADO NO SENTIDO DE INIBIR A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO RACISMO, ONDE SEJAMOS JULGADOS E SENTENCIADOS TENDO POR PARÂMETROS A NOSSA COR E RELIGIÃO, DANDO VIZIBILIDADE AO ESTADO TEOCRÁTICO DE TENDÊNCIA PENTECOSTAL, JUDAICO-CRISTÃ.

Sala do Conselho em 06 de Maio de 2008.


José Severo dos Santos
Conselheiro Cultural

O GRITO SILENCIADO - RACISMO INSTITUCIONAL DE SERGIPE


Aracaju, 09 de Outubro de 2008.





Senhor Governador.


Não almejo nenhum cargo público, nunca lhe pedir e nem aos seus amigos e auxiliares, qualquer favor em relação a cargo ou emprego para mim ou meus parentes. Se estou no Conselho Estadual de Cultura, estou para cumprir meu Karma, ali é o inferno do negro e paraíso do branco, só as ações de interesse dos usineiros são pautadas, defendidas com ardor e aprovadas com louvor.

As questões de negros não são apreciadas, o Conselho é Racista e só libera alguma coisa para negro, com a intervenção direta de governador. Pois os Conselheiros são os fieis amigos do poder, fora disso colocam todas as dificuldades funcionais, jurídicas, legislativas etc.

Infelizmente na historia deste conselho, sou o primeiro preto a participar, pensaram que seria simplesmente uma figuração, deslumbrada com o status. Quando perceberam que estava pleiteando ações positivas para o coletivo negro e que não estava enquadrado na linha e, até o presidente se declarou publicamente meu inimigo e , evidentemente inimigo de minhas causas e insuflou os demais conselheiros e nos isolar e hostilizar as nossas ações.

O Conselho é racista, conservador e estimula o Racismo Institucional, porque os conselheiros se colocam a favor da raça civilizatória e contra os negros, não quer representação negra em sua composição, defendem o poder e os usineiros, estou lhe informando porque já apresentei denuncia sobre o tema, no próprio conselho

Muitos conselheiros não concordam com o tratamento que nos é dispensado, mas tem medo de falar para não ser mais uma vítima. Primeiro foi a Professora Olga, agora sou eu Severo D’Acelino, para o gáudio de Luiz Antonio Barreto e do presidente da academia sergipana de letra, um tal juiz aposentado.
Todas as nossas ações no sentido da Secretaria de Estado da Cultura, assinalar a Diversidade e instalar setores para valorizar o índio e o negro, vão por terra, com argumentos simplórios e racistas.

Aí eu lhe pergunto Senhor Governador: Cadê as ações defendidas pelo Presidente LULA, a respeito da Inclusão étnico racial, Igualdade racial, Kotas , Ações Afirmativas etc. Onde está o seu Governo que não vê ou não reconhece os indicadores da raça negra? O maior contingente populacional do Estado e que até hoje não há políticas públicas para este segmento

É preciso rever as ações palacianas. Verificar o tamanho do Mandarinato e rever os ditos amigos e personalidades tituladas. Lula não tem nenhum titulo acadêmico e sua gestão deixa qualquer PhD, de calças curtas. O importante é a Atitude.

Sergipe é o Estado mais Racista da Federação. De quem é a culpa. Porque o Racismo Institucional é tão forte. Porque somos perseguidos quando questionamos? Porque a mídia sergipana excluiu Severo D’Acelino? Foi ao seu mandado ou dos seus amigos?
Foi o Partido? Porque fomos excluídos de prestar serviços ao Estado? Se formos penalizados por João Alves Filhos que entendeu que estávamos fazendo propaganda para Deda, para o PT e baniu o nosso Projeto Cultural de Educação João Mulungu vai ás Escolas e porque Deda confirmou o banimento, mesmo sabendo a importância do Projeto e que Severo é Homem de Estado e não de Governador. Por quê?

Agora sofro discriminação da SEGRASE, pois mesmo pagando com os meus recursos. Sou impedido de publicar um livro em memória a minha irmã. Para que aconteça sou forçado a permitir a tesoura da CENSURA da empresa que quer de qualquer forma fazer REVISÃO no livro e isso eu não aceito. A produção é minha os erros são meus e a responsabilidade editorial é da nossa Entidade e não Do Governo que se recusou a dar seu apoio cultural. O livro é para ser vendido a três reais e não a 70 reais. Esse é o preço dos livros que o governo patrocina e, no entanto não tem nenhum exemplar nas bibliotecas das escolas ou na Central.

Não preciso dizer a Vossa Excelência que são 43 anos de estradas e luta em nossa trajetória e, portanto esse comportamento de exclusão, de banimento, de discriminação só reforça que os anteriores estavam com a razão. Tenho saudades de outros tempos, onde eram perseguidos abertamente, ali havia sentido. Hoje não.

Concluo informando meu voto ao seu candidato e a você. Esta é a ÚLTIMA manifestação a Deda e ao PT. Como cristalizar a democracia se o governo dar prioridade ao Paternalismo e as cestas básicas?







sexta-feira, 31 de outubro de 2008

RACISMO NO INTERIOR DO GOVERNO DE SERGIPE


O Governo se ausenta para fortalecer os Usineiro e a politica Paternalista que cristaliza o RACISMO INSTITUCIONAL para banir os Negros. Onde está o Negro no governo de Deda?Porque a Secretaria de Saude não quer o Projeto de Saude da População Negra ?
Porque a Secretaria de Cultura não quer Departamento de Cultura Negra ?
Porque o Conselho Estadual de Cultura não quer representação Negra em sua composição ? Porque a Secretaria de Comunicações cristaliza o Racismo na Mídia, banindo o Negro e suas ações afirmativas dos veiculos de comunicações. Porque a Intolerancia Religiosa é cristalizada na TV Aperipê, com seu programa Espirita ? Porque a Secretaria de Educação ainda não implementou o Ensino da Cultura Negra ? Com a palavra os próximos eleitores de DEDA.

domingo, 5 de outubro de 2008

REVISÃO EM QUESTÃO - DESCONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO - UMA DOR SILENCIADA.



A Propósito da Revisão.


Busco uma revisão que não seja maquiadora.
Seja real, como sou. Como sinto no momento de produzir
Que mostre meu estado de espírito tal qual.
Quero uma revisão ortográfica, onde o meu vocabular
Seja explicito, cheios de incoerência, pobre, repetitivo
Chulo e vulgar.

Não desejo uma revisão Clássica, Erudita, pois não sou
E nem pretendo ser, uma vez que não penso assim, não
Mim sinto clássico nem erudito. Sou popular, regionalista
E periférico.

O meu falar é meu pensar. Uma filosofia prática e apressada
Vejo meu pensamento transmutar no espaço gigantesco de minha
Megalomania. Nada de estrutura sintática, proverbial e estas coisas
Todas de academias.

Quem mim ler, estará vendo e ouvindo Severo D’Acelino: Cheio de erros
Contradições, prolixidade e redundâncias.

Quero que sinta meu cheiro, minhas dúvidas, raivas e, sobretudo
Minhas criticas e carinhos, na maior arrogância e reticências.
Quero que meu pensamento materializado ganhe a vida que anima
A minha produção. tanto faz tu, quanto você, o jogo continua e o estilo vive.
Não posso aparecer envernizado com altos vocabulários e eximas concordâncias
Se as pessoas sabem que Eu, agrido a gramática e tenho pensamento estreito e
Limitado. Quero ser identificado e não um anônimo. Uma incógnita.

Revisão para mim é verificar se as palavras foram escritas corretamente, e não se seu emprego está correto ou se esta no tempo etc.

Meu estilo é ocasional, está direcionado ao meu emocional e o racional é puramente
Fictício, uma peça da perspectiva do meu olhar, que pode estar turvado, marejado ou simplismente fixado. É panfletário, denunciador, revisitador ou reducionista, isso depende do ponto de vista do meu momento que atende aos fluxos e refluxos de minhas lembranças e emoções. Não tenho escola, não sigo caminhos nem refrões. Sou um escriba da intuição e do dialogo que faço com meus personagens imaginários, que se tornam meus amigos e ou inimigos, mas estão comigo diuturnamente até o ponto final, só que depois se tornam fantasma a mim perturbar.

Não gosto e não quero revisões invasivas que desconstrói o meu pensamento e constrói uma parceria intrusa da minha coleta, transformando em anorexia o meu pensar, envernizando o conteúdo e lapidando meu linguajar.

Quero só que conserte as palavras que escrevi errado, sem tempo ou pluralidade, porque meu pensamento singularizou. Trata-se dos empregos dos s, z, me, mim,
etc. Tudo isso sem o tratamento sofisticado do vernacular e da prótese da erudição acadêmica. Numa assepsia estrutural.

A oralidade de minha escrita é núcleo do meu pensamento e, certamente não configura as regras gramaticais da língua portuguesa – não se enquadra no figurino ocidental, tem o ranço das senzalas e a filosofia africanizada, instintiva, intuitiva cheia de emoções e simbologias.

ARQUIVO AFRO SERGIPANO ''JOÃO MULUNGU''


CASA DE CULTURA AFRO-SERGIPANA
CONSELHO CULTURAL
NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA
ARQUIVO AUTORIA PEREIRA REBOUÇAS



Programa: Revitalização do Arquivo Humano Afro-Sergipano.
Projeto: memorial de JOÃO MULUNGU


Auto de Perguntas


Fonte: Arquivo Público do Estado de Sergipe
Ref: ASP – SP¹ 397

OBS: Transcritos segundo a ortografia atual conservando a pontuação, concordância e o artigo do documento original, por MARIA LENIA SILVA MEIRA dos APES em 14/12/1995.

1876

Juízo Municipal da Vila de Divina Pastora

Autuamento de um auto de perguntas feita ao preto João.

O Escrivão
Machado.

Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e seis aos vinte e um de Janeiro do dito ano, nesta Vila de Divina Pastora em o Consistório da Igreja Matriz desta Vila autuou o auto de perguntas que ao diante se segue do que para constar faço este termos, Eu Thomas de Aquino Machado Escrivão a Escrevi.

Auto de perguntas como abaixo se declara.

No mesmo dia mês e ano e lugar, retiro declarado no Consistório da Igreja Matriz desta Vila onde se achava o juiz Municipal Doutor Manoel Cardoso Vieira de Melo, comigo escrivão de seu cargo abanco nomeado se procedeu as perguntas seguintes:

PERGUNTADO seu nome, idade, naturalidade.

RESPONDEU chamar-se João de idade trinta anos pouco anos mais ou menos, natural do engenho trindade da Freguesia de Itabaiana.

PERGUNTADO seu estado, profissão e residência.

RESPONDEU ser solteiro e que não tem profissão vista como e escravo e achava –se no moto a mais de oito anos, tendo sido preso ontem pela força publica desta Vila em terras do engenho Flor da Roda, quanto a residência respondeu que antes de retirar –se de casa morava em casa do senhor João Pinheiro proprietário do engenho Mulungu e que depois de sua fugida tem sempre morado em ranchos em diversas matas desta província.

PERGUNTADO em que lugar eram esses ranchos.

RESPONDEU que o primeiro foi na Boa Vista, terreno da Capela onde morava com os escravos Jose da Silva, pertencente ao Capitão Manoel Antonio Morais e Monoel da Hora, pertencente ao Coronel Gaspar, proprietário do EngenhoVelho.

PERGUNTADO pelos crimes que cometeu com os seus companheiros quando se achavam nesse rancho.

RESPONDEU que furtaram alguns bois ,galinhas,ovelhas e mais animais preciosos para seus alimentos.

PERGUNTANDO quais os lugar

RESPONDEU que no engenho Faria tiram duas ovelhas,no engenho
Boa Vista duas ovelhas alem de (...) e galinhas que furtaram em vários lugares.
Declarou finamente que por engenho disse que nesse primeiro rancho furtou bois.
Declarou que disse rancho onde demoraram de dois messes, passou-se para outro rancho nas matas do engenho Sobrinho com dos mesmos companheiros tendo depois aparecidos outros que era escravo tortuoso, pertencente ao major Frederico proprietário do Engenho Campinho, Termo de Capela.

PERGUNTADO pelos crimes praticados nesse segundo rancho?

RESPONDEU que ai praticaram furto de bois ovelhas e mais criações preciosas para sua subsistência.
PERGUNTADO qual os donos desses bois furtados?

RESPONDEU do modo seguinte que um foi tirado no engenho Fortuna, então pertencente a Senhora Dona Maria (...) e outro foi pregado no tabuleiro da Lagoa Grande e que não sabe a quem pertence e depois tiraram mais um da parte do engenho Mata Verde ,pertencente então ao Coronel Gaspar Senhor dos seus companheiros Manoel da Hora e outros no engenho Unha de Gato pertencente a Francisco Correia.

PERGUNTADO se os escravos desses engenhos não o auxiliavam nesses furtos?

RESPONDEU que não obstante a alguns (...) relações com eles e fazem troca de farinha com carne, disse mais que deste lugar se retiraram para as matas do engenho Batinga ainda com os mesmos companheiros Fortuoso assassinou a José (...) com o seu companheiro Malaquias escravo do engenho Salobro de cujo crime já foram processados.

PERGUNTADO quem (...) assassinado a Malaquias um dos (...) morte de José Croado. ?

RESPONDEU que não viu mais sabe que foi o Maximiniano escravo do Barão de Japaratuba. Disse que depois do que ficou dito teve que procurar novo coito o qual foi estabelecido nas Matas do engenho Limeira, o qual continha vinte companheiros com ele respondente e uma mulher livre filha desta vila de nome Conceição.

PERGUNTADO pelo nome de seus companheiros?

RESPONDEU que eram o seguinte: Carvalho, pertencente ao capitão Antonio de Oliveira Ribeiro, Lauriano do engenho Lagoa Junco, Alexandre do engenho Lagoa Funda em Japaratuba, Maximiniano de José Nobre do engenho Farias, Victorio do engenho Palma, Benedito do engenho (...) Barnabé dos outros, José Mar (...) da Canabrava Jacinto do Passão, Cupertino do Senhor Nico do Junco, Leandro da Flor da Roda, Delmira da Canabrava, Francisca de Santa Bárbara, Luisa da Jurema, Joaquina da Santa Bárbara, Sinforosa da Serra Negra, Vicência do Senhor Antonio Dones.

PERGUNTADO pelos crimes praticados nesse coito?

RESPONDEU que aí praticaram uma série de furtos que não pode dizer todos, visto como eram muitos companheiros e cada um furtaram (furtava) por seu lado mas que era narrado os furtos que se lembrar que são os seguintes: que furtaram cavalos, os quais a todas as fazendas da Cotinguiba e Japaratuba que de interesses alguns deixaram em outros engenhos quando cansavam, outros vendiam aos ciganos os quais foram os seguintes: o cigano Inácio, o Antônio ciganos, Joana, Elvaristo os quais venderam alguns cavalos, por preço de cinco mil a dez mil reis quantia que nunca receberam se não dez tostões ou dois mil reis.

Disse mais que dos outros alguns desses cavalos furtados alguns form ter na Lagoa Funda Termo de Capela, onde moram Teixeirinha os Iôio cunhado de Teixeirinha os quais empenhava com ele respondente e seus companheiros que lhe fornecessem de cavalos e bois, tendo obtido com eles quilombolas assim desses cavalos, mais quatro bois.

Disse mais que essas mesmas pessoas a quem já se referiu se prestavam a comprar fazendas e o mais precioso com o dinheiro dos escravos e que por várias vezes os tinham em casa.

PERGUNTADO se não tinham homens livres que assassinasse com eles sobre frutos de cavalo?

RESPONDEU que não acredita que muitos tinham negócios com os escravos das fazendas a que já ouviu dizer há muito tempo que o escravos de nome Pedro furtava cavalos a seu senhor para vender a Antonio Procópio morador do saco do Bomfim. Disse mais que exista no lugar denominado (...). termo de itabaiana, um tal Manoel do rio que comprava cavalos a escravos desta (...) indo (?)a que sabe de um escravo de nome Pedro, que é hoje do penha que já foi da piedade, que tem tido negocio com o dito Manoel do rio e é assim sabe de fatos iguais dado como o escravo Carmelo do mesmo engenho penha. Disse mais que no Riachuelo existe um firmo de tal, que mandava ele respondente furtar cavalos para vender- lhe e que chegou a comprar-lhe um tração do engenho Canabrava de Japaratuba, em cujo negócio saiu de mal ele respondente, visto como vendendo o cavalo por vinte cinco mil reis, apenas recebeu quinze.

PERGUNTADO se não sabe quais os outros do assassinato de José de Silvério cujo assassinato teve lugar no engenho piedade?

RESPONDEU que quando deu-se essa morte não achava-se ele respondente no lugar mas sim no engenho penha e que os seus companheiros que achavam-se na piedade isto é, um coito entre Piedade e Tangui e canto alegre, sendo esta razão pela qual atribuem a morte aos escravos fugidos, mas não que haja provas.

PERGUNTADO pelos crimes de mortos e ferimentos emprestados ao interrogado?

RESPONDEU que a morte nunca praticou visto como apenas limita-se a fazer alguns frutos para sua subsistência que apenas deu umas pancadas em Lourenço, mas tinha por causa de andar os espiando para pegá-lo.

PERGUNTADO acerca de um furto praticado em c as de Antonio (...) e quais seus autores?

RESPONDEU que este furto foi feito por ele respondente por Bacurão e Cupertino escravo do Capitão Neco do junco que já foi embarcado?

PERGUNTADO se tem ciência de um tiro dado em capitão Manoel oliveira matos, cujo tiro não causou ferimentos não por falta de vontade de seu autor.

RESPONDEU que passando pelo engenho Jumco, aí encontrou-se (...) ser madrugada com o dito Manoel de Oliveira Matos, que pretendeu com os (...) amedrontá-lo ao seu agressor, deu um tiro com a pistola em direção muito oposta para não ofender, visto como o seu único fim era amedronta-lo para poder evadir-se. E por nada mais dizer(...) lhe perguntado deu-se por findo dito auto de perguntas em que (...) juiz assina pelo interrogado o senhor Antonio Luiz de loureiro maior do que tudo dou fé eu Thomas de Aquino machado escrivão o escrevi.

MANOEL CARDOSO VIEIRA DE MELO
ANTONIO LUIS DE LOUREIRO MAIOR
SECRETARIA DA POLÍCIA DE SERGIPE

INTERROGATÓRIO FEITO AO PRETO JOÃO MULUNGU

1876


Auto de perguntas feitas ao escravo João de João pinheiro proprietário do engenho Mulungu.

Ao vinte e três dias do mês de janeiro e mil oito centos e senta e seis do ano do nascimento do nosso senhor Jesus Cristo nesta cidade de Aracaju em casa da residência do dr. Chefe de Polícia Vicente de Paula Caucaes Telles, aí presente o escravo de João pinheiro proprietário do engenho Mulungu, comigo amanuense da secretária da polícia servindo de escrivão abaixo nomeado foram feitas ao supra dito escravos as perguntas seguintes:

Qual o seu nome, idade, estado, filiação, naturidade e profissão?

RESPONDEU chamar-se João com 25 Engenho Cundengá a 30 anos de idade, solteiro, filho natural de Maria escrava de José Inácio senhor do, natural de Itabaiana e com profissão de agricultor, enquanto esteve em casa do seu senhor.

PERGUNTADO a que tempo se havia ausentado da casa do seu senhor, porque o fizera e para onde se dirigia?

RESPONDEU que não pode precisar o tempo em que se ausentara, mas que parece-lhe ter sido a oito anos poucos mais ou menos . que se ausentara da casa do seu senhor porque sendo ainda de pouca idade seu senhor o subjugava de trabalhos superires as suas forças e castigando-os ás vezes sem razão o faria com vigor, assim saiu ele de sua casa por duas vezes a procurar senhor e sendo desenganado que seu senhor o não vendia por ter este declarado a quem procurava comprá-lo,deliberou-se pela terceira vez a fugir por não suportar mais a maneira porque seu senhor o tratava, já surrando-o já trazendo-lhe ao pé uma corrente e sujeitando-o a pesados serviços como o de botar fogo na fornalha e efetivamente fugindo não mas procurar quem o comprasse e sim entranhar-se pelas matas onde tem vivido até a data de ontem (...) em que foi preso pelo doutor juiz municipal de divina pastora e pelo capitão banha com seus soldados.

PERGUNTADO se nos diversos lugares por onde andou se praticou algum crime e se fez só ou acompanhado de outras pessoas?

RESPONDEU que a exceção de alguns furtos que ele fazia com seus companheiros nenhum outro crime mais cometeu.

PERGUNTADO em que consistiam estes frutos, que eram os donos dos objetos furtados e em que lugares eles o praticou?

RESPONDEU que consistia em gado, cavalo, ovelhas(...) que os donos desses animais eram diversos proprietários desde Japaratuba até laranjeiras, que eram seus companheiros de furtos:

Cornélio,escravo de Antonio do Brejo
Maximiniano, escravo de José Nobre
Lauriano, de Antonio de tal, do engenho Junco
Jacintho de José Bernadino
Victório, do engenho da Palma
Alexandra, da Lagoa Funda
Cupertino, do Neco do engenho Junco
José Maroim, se Isac da Cana Brava
Leomilho, do engenho Flor da Roda
Horácio, do engenho Bite
José Quisanga (digo) do engenho Quisanga
Benedito, do engenho Palma
Luiz, do Imbiriba de Brejo do Rosário
Bernabé do engenho oito centos
Belmira, da Cana Brava
Francisca de Guilherme de tal, da Capela
Thomasia, da Santa Barbara
Lusia do Jurema
Joaquim, da Santa Barbara
Simphoracia, da Serra Negra
Vincencia, de Antonio Dinis de Itabaiana
Conceição, mulher livre.

PERGUNTADO se estes escravos continuam ainda fugido?

RESPONDEU que não e que quase todos já tem sido entregue
a seus senhores.
PERGUNTADO se ele respondente contou proteção de
Alguém durante a tempo que esteve fugido?
RESPONDEU que a única proteção com que ele e seus companheiros contaram foi com de dois moços do Termo de Capela do lugar Lagoa Funda chamando um Teixeirinha os quais compraram-lhe alguma coisa que ele necessitava adiantando-lhe dinheiro até que lhe pudesse pagar e de uma vez lhe encomendaram alguns companheiros quatro bois por Iôio que vendeu por quarenta mil reais e dois cavalos e uma burra para Teixeirinha que também vendeu por sessenta mil reais,notando-se que tendo os quatro bois sido furtados do engenho Paté, foram pelos senhor do dito engenho tomados do Iôio logo depois.

PERGUNTADO como se havia dado o roubo feito a Antonio Pião do alto do falcão?

RESPONDEU que a três anos mais ou menos um seu companheiro de nome Maximiniano o convidou para irem a casa de Antonio Pião,roubar e conquanto ele respondente lhe fizesse suas objeçõe teve contido de (...)ao seu convite e assim saiu um dia pela manhã com Maximiniano e Cupertino seus companheiros foram colocar-me em um tabuleiro de onde virão a casa de Antonio Pião,esperão nessa ocasião sua casa e com efeito presenciando ele a retirada de Pião com seus trabalhadores dirigiram-se eles três a mulher a sogra e a mãe de Pião e não podem elas resistirem a eles três teve Maximiniano de lançar mão da fice que levava e com ela arrancou a fechadura de uma caixa que estava em um quarto e abrindo-a tirou de dentro uma carteira com dinheiro.E dirigindo-se eles três para o mato sem nenhum mal fazerem as mulheres ali,recebeu de Maximiniano com o restante que ele respondente não pode precisar quando foi por não ter contado.

PERGUNTADO como se havia dado um tiro que se diz ter sido ele respondente autor por ocasião de furtos de ovelha que praticavam?

RESPONDEU pela maneira seguinte que tendo por costume passar pelo engenho junco, encontrou uma vez a cancela mudada e receitando que talvez isto fosse feito pelo proprietário do engenho com o fim de pegá-lo quando por ali tivesse ele de passar teve de voltar e com efeito passando perto da casa de morada do proprietário já quase dia, é justamente nessa ocasião que vai ele abrindo aporta e vendo-a pergunta-lhe quem era e para onde o dirigira, não olhe respondendo ele causa alguma grita por seus escravos a de um só momento aparecem-lhe todos armados procuraram tornar-lhe o caminho, ele respondeu que estão se achava montado e com uma pistola lança mão dela e dá um tiro não em direção aos escravos mas sim, em direção oposta e com o fim unicamente de amedronta -los e por esta forma pode assim escapar-se sem que tivesse o tiro que deu empregado –se em pessoas alguma. E nada mais lhe foi perguntado dando-se assim por findo este auto em que com o Doutor Chefe de policia assina Guilherme Francisco da rocha, do que dou fé.
Eu Ernesto Alves Ramos, amanuense da Secretaria da Policia servindo de escrivão que escrevi.

Vicente de Paula Caucaes Teles
Guilherme Francisco da Rocha a Rogo
do escravo João Antonio Carlo Gomes.
Mathias Jaboticaba.

Auto de perguntas feitas ao escravo
Ilário de Manoel Raimundo do proprietário do Engenho Sitio Novo, Termo de Rosário.

Aos vinte e seis anos do mês de janeiro de mil oitocentos e setenta e seis do ano do nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo nesta cidade em casa da residência do Doutor Chefe de Polícia Vicente de Paula Caucaes Telles, aí presente o escravo Ilário de Manoel de Raymundo proprietário do engenho Sitio Novo comigo nomeado, foram feitas as perguntas seguintes:

Qual o seu nome, idade, estado, filiação, naturalidade e profissão?

RESPONDEU chamar-se Ilário com trinta e cinco de idade pouco mais ou menos, solteiro, filho de Ignácio com Micaela escrava do finado José Tuten, natural do Rosário, profissão agricultor.

PERGUNTADO a que está fora da companhia do seu senhor?

RESPONDEU que a seis semanas pouco mais ou menos.

PERGUNTADO para onde se dirigia?

RESPONDEU que conservou-se por espaço de três semanas nas imediações da fazenda do seu senhor e logo depois saindo em busca das metas do engenho jurema encontrou-se na baixa com João Mulungu e lá, digo seguindo daí era o engenho “ Flor da Roda” ai se conservou por outras três semanas ate que afinal foi ai com seu companheiro preso.

PERGUNTADO se durante o tempo esteve com João Mulungu o que presenciou fazer este e o que lhe contou este com referência aos frutos, roubos e assassinatos por ele praticado?
RESPONDEU que durante estas três semanas que com João Mulungu esteve no engenho Flor da Roda nada presenciou relativamente a frutos que praticasse o mesmo Mulungu assim como ele nunca lhe contou proeza alguma que houvesse praticado.
PERGUNTADO de que se alimentaram no mato?
RESPONDEU que de alguma carne que levou de casa e de caranguejos que apanhava no lugar em que se achava, trocando às vezes alguns desses caranguejos por farinha com escravos do referido engenho e com os quais se entendiam à noite.

PERGUNTADO se o senhor desse engenho algum dia os encontrou falando com seus escravos ou se soube que eles iam à noite a (...) do seu engenho?
RESPONDEU que nunca os encontrou e que enquanto ao mais não sabia dizer.
E por mais nada lhe ser perguntado deu-se por concluída o presente auto em que o Doutor Chefe de policia assina Antonio Batista Bitencourt do que dou fé.
Eu Ernesto Alves Ramos, amanuense da Secretaria da policia servindo de escrivão que escrevi
Vicente de Paula Cascaes Teles a Rogo do escravo Ilário Antonio Baptista Bitencourt J. (...) Testemunha. Antonio Carlos Gomes Mathias Espínola Jaboticaba. Autos de perguntas feitas ao Escravo João de João pinheiro.

Aos vinte seis dias do mês de janeiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e seis em casa da residência do Doutor Chefe de policia Vicente de Paula Cascaes Teles, ai presente o escravo João de João pinheiro, proprietário do engenho Mulungu, comigo amanuense da Secretaria da policia servindo de escrivão abaixo nomeado foram feitas as supra dita escravo que havia sido anteriormente interrogado.
Como se havia dado a morte de um homem no (...) do (...) que se diz ter sido ele respondente o autor tendo por companheiro um escravo do tenente Coronel Horta e uma negra a Alexandre Teles?
RESPONDEU que ele nenhuma culpa teve em semelhante atentado e que o ignora completamente.
PERGUNTADO ainda que assassinou um moleque do proprietário Araújo do engenho Mumbaça?
RESPONDEU que ignorava.
PERGUNTADO ainda por outro assassino de um homem na (...) de (...) que fora lançado em um braseiro e que se diz ter sido ele autor?
RESPONDEU não ser exato esse boato com referência a autoria que se lhe da porquanto nenhuma parte teve respondente neste assassinato, pensa, entretanto que talvez pelo fato dele ser filho deste lugar que se lhe atribua semelhante atentado.
PERGUNTADO também por assassinato que se dera na Pedra Branca nas pessoas de um homem que encontrara (...) sua (...)?
RESPONDEU que não sabe de semelhante assassinato nem que fora o seu autor acrescentado que durante o tempo em que andou fugido a exceção dos crimes e furtos que perpetuo nem uma morte cometeu.
PERGUNTADO que não sabia como se havia dado, apenas (...) Marcelino de tal, morador no engenho Cabral de Baixo e outras pessoas que não pode precisar o nome, por não conhece-las disseram que quem tinha prestado esse roubo tinha sido o filho do Capitão Paulo, senhor do engenho Batinga, conhecido por lôio ignorado completamente (...) esse roubo se houvera dado.
PERGUNTADO se conhecia alguém na Vila de Riachuelo e se entre teve negociações nesse lugar com alguma pessoa?
RESPONDEU que conhecia ali diversas pessoas apenas de vista e que negociação apenas tivera ali com Firmo de tal, sapateiro e purgador do engenho Palmeira o qual por algumas vezes lhe pediu que furtasse alguns animais e lhe levasse que ele compraria e, com efeito, furtara ele respondente um cavalo de Isaac do engenho Cana Brava, levou-o por venda e apossando-se dele pelo preço de vinte e cinco mil reis, apenas dez por cento e mais nada, passando afinal uma troca com ele respondente de um par de esporas de latão por outro par de ferro resultado do ajuste de contas (...)
Firmo a restar-lhe doze mil reis.
PERGUNTADO o que sabia acerca de um roubo feito a uma mulher de Bom Sucesso entre lugar e Bom Jardim?
RESPONDEU que sabe ter se dado esse roubo e que por lhe disseram os negros do engenho São José, sabe que fora Vencslau escravo de Dona Maria do engenho Bom Jardim o seu autor.
PERGUNTADO quem tinha ido atacar o major Mainart em sua casa para rouba-lo?
RESPONDEU que não sabia, que supunha, entretanto ter sido Manoel Jurema, Manoel de Júlia e Malaquias escravo, o primeiro do Capitão Paulo da Mandioca o segundo de uns ingleses do Maroim o terceiro também dos mesmos ingleses. E por nada mais lhe ser perguntado deu-se por findo o presente auto em que por ele assinou Guilherme Francisco da Rocha, Eu e, digo o Doutor Chefe de Polícia servindo de escrivão do que tudo dou fé.

Vicente de Paula Cascaes Telles Guilherme Francisco da Rocha a rogo de escravo João Mathias Espínola Jaboticaba.

SEVERO D'ACELINO EM QUESTÃO


SEVERO D'ACELINO E A PRODUÇÃO TEXTUAL AFRO -BRASILEIRA
Profª. Mestre Rosemere Ferreira da Silva i
Universidade Federal da Bahia
Centro de Estudos Afro-Orientais
Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos
e-mail: roserosefr2000@yahoo.com.br
Resumo:
O artigo em questão procura discutir, sob o ponto de vista de formação da literatura afro -brasileira, a
produção cultural e textual do intelectual Severo D’Acelino na contemporaneidade. De que maneira,
os textos de Severo podem ser lidos e relacionados às discussões que envolvem a participação de
afro-descendentes na sociedade brasileira? Parte, do perfil biográfico do escritor, foi traçada para que
o leitor conheça a sua trajetória de formação intelectual e de intervenções nas atividades culturais em
Sergipe. A discussão sobre as atuações do intelectual hoje procura levantar questionamentos,
principalmente, sobre: Que papel o intelectual assume na sociedade contemporânea como articulador
da cultura? Quais são os dilemas do intelectual na sua política de cultura em relação ao poder
hegemônico no Brasil? Uma leitura crítica da poética de Severo D’Acelino busca relações crítico -
literárias com outros escritores da literatura afro -brasileira. E a publicação do jornal Identidades é
destacada, com o objetivo de problematizar as discussões em torno das questões sociais, culturais e
políticas que envolvem a afro-descendência no Estado.
Palavras-Chave: Severo D´Acelino, Afro-Descendência; Literatura Afro-Brasileira; Identidade
Intelectual.
A produção cultural do escritor Severo D'Acelino em Sergipe está voltada para a discussão da
afro-descendência como uma das principais formas de questionamento, na sociedade
contemporânea, que envolve a participação direta de afro -descendentes nos mais diferentes setores
sociais do Estado. A poesia escrita por D'Acelino bem como os artigos publicados e os projetos
educacionais coordenados pelo escritor refletem uma preocupação constante em educar os
sergipanos na direção de uma cultura produzida para marcar a importância da literatura afro -brasileira
como um lugar de expressão significativo que problematiza as hierarquias sociais construídas, as
relações de poder disseminadas socialmente, a formação de identidades, o combate ao precon ceito e
a discriminação racial e de gênero e ainda, a valorização da auto -estima como principal ponto de
partida na luta contra a formulação de estereótipos.
O trabalho de Severo D'Acelino começa em fins da década de 60 do século XX, mais
precisamente em 68, no Estado de Sergipe e na Bahia com o seu envolvimento na militância do
Movimento Negro e em atividades teatrais, o que acabou rendendo -lhe participações em dois filmes:
Chico Rei e Espelho D'Água e no seriado Teresa Batista Suas atividades culturais sempre estiveram
ligadas à Casa de Cultura Afro-Sergipana, Instituição comprometida com as representações culturais
e sociais da afro-descendência no Estado. Durante quase 40 anos de trabalho em torno das questões
sociais, políticas e educacionais direcion adas à causa do negro, Severo publicou em 2002, apenas
um livro de poemas, Panáfrica África Iya N'la e editou de 2001 a 2002 o jornal Identidades,
considerado um dos principais veículos de comunicação pensado para incentivar o intercâmbio de
idéias entre a comunidade e o poder público em Sergipe.
Revista África e Africanidades - Ano I - n. 1 – maio, 2008 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
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O jornal tratava de informar a população sobre um conteúdo, cuja abordagem não
observamos nas edições dos jornais convencionais. A leitura da afro -descendência em Sergipe,
associada ao cenário das discussões nacio nais sobre as populações minoritárias, era mediada pelo
trabalho de pesquisadores sergipanos e de outros estados do país. O Identidades constituía, desta
forma, um fórum riquíssimo de debates entre intelectuais, população e alguns segmentos de poder no
Estado. Em 2004, Severo D'Acelino coordenou o projeto “João Mulungu vai às Escolas", com auxílio
da Lei 10.639, destinado a discutir nas escolas públicas a inserção do afro -descendente na sociedade
sergipana, através do exercício da cidadania de uma comunidad e, que busca uma articulação de
cultura negra fundamentada na discussão da questão étnico -racial, como prioritária no que
entendemos como cultura afro-brasileira. Atualmente Severo se dedica a escrever o seu segundo
livro de poemas chamado Quelóide.
Pelas pesquisas realizadas em arquivos, através de levantamento de fontes bibliográficas,
entrevistas, leituras, empreitadas em bibliotecas, livrarias e principalmente discussões em torno da
questão da formação de identidades do afro -descendente em Sergipe, tenho convicção de que só
podemos nos referir a uma produção literária, intelectual e cultural voltada para uma inserção e um
diálogo com a formação da literatura afro -brasileira em Sergipe, a partir do trabalho realizado por
Severo D'Acelino.
No estudo realizado da historiografia da literatura sergipana, escrita por Jackson da Silva
Limaii, há registro de poetas que contribuíram literariamente apenas por usarem a temática do negro
como um elemento de referência. Estes textos foram escritos no século XIX e a for ma de abordagem
do negro geralmente se debruçava sobre o lamento, o pranto, a lamúria da escravidão, a escravidão
como castigo, a saudade dos negros escravizados de sua terra natal, a exploração da sexualidade da
negra escravizada, o ímpeto pela defesa da abolição, marcados à distância pela observação de um
olhar do poeta deste século praticamente externo a toda essa problemática.
Os autores sergipanos citados por Jackson da Silva Lima são: Moniz de Souza, Constantino
Gomes, Pedro Calasans, Bittencourt Samp aio, Oliveira Campos, Tobias Barreto, Silvio Romero,
Severino Cardoso, Jason Valadão, Alves Machado, Antônio Diniz Barreto e Prado Sampaio. Os
textos desses poetas ou estão compilados na História da Literatura Sergipana ou em Os Palmares
Zumbi & Outros textos sobre a escravidão. O primeiro publicado em dois volumes em 1986 e o
segundo em 1995. A história da literatura sergipana não abrange textos contemporâneos. Ou seja,
falta a esta história uma leitura mais significativa sobre o modo de representação do a frodescendente
sob o ponto de vista de formação de uma identidade cultural.
Não posso falar em literatura afro-brasileira em Sergipe sem antes voltar a estes escritores
para mostrar que não houve, ainda que superficialmente, uma continuidade de escrita h istoriográfica
sobre um contexto de abordagem que envolva o negro/ o afro -descendente. Observo que existe um
espaço vazio entre os textos desses escritores do século XIX e a literatura afro -brasileira que veio a
fortalecer-se no século XX. Não considero que os textos dos autores citados satisfaçam um estudo
mais representativo da "presença" do negro na literatura, como muitos críticos denominam. São
escritos concentrados num contexto político, histórico, social e cultural totalmente de desvantagens à
leitura do afro-descendente como parte de uma identidade nacional.
Esses textos são fundamentais para a historiografia literária, mas não atendem a leitura de
representações literárias voltadas para o estudo da literatura como produção cultural realizada em
Sergipe, cuja abordagem esteja destinada a discutir questões relativas à preservação da cultura
negra no Estado e, ainda a levantar problemas sobre a participação mais direta do afro -descendente
no processo sócio-cultural, político e econômico, de modo que as diferenças étnico-raciais sejam
percebidas como necessárias ao reconhecimento de uma sociedade multicultural.
Já no século XX, identifiquei na literatura sergipana alguns poetas que continuaram a escrever
sobre a temática do negro, a exemplo: João Silva F ranco (o João Sapateiro) e Santo Souza. A
produção literária deles, embora mais crítica e mais de acordo com os questionamentos sociais
trazidos pelas representações contemporâneas de afro -descendentes, ainda não abarcam uma
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leitura que discuta as relações étnico-raciais dentro do processo de formulação da identidade afro -
brasileira em Sergipe.
Para falarmos de literatura afro-brasileira, de suas articulações de sentido com a literatura
brasileira, da maneira como alguns conceitos e determinadas leituras fo ram ressignificadas neste
universo de construções e desconstruções da imagem do afro -brasileiro na sociedade
contemporânea, é necessário nomearmos as produções culturais e literárias que buscaram na própria
polêmica sobre a existência de uma literatura neg ra dar visibilidade cultural e política a uma
comunidade, até então, supostamente representada por alguns discursos legitimados socialmente. A
forma como esses discursos eram “autorizados" pelo poder de uma hegemonia cultural branca, fixada
em bases ocidentais, excluía toda e qualquer tentativa de manifestações culturais e literárias que
tendessem a buscar na nossa herança africana elementos da história e da memória de afro -
descendentes ou ainda a trabalhar a própria representação do negro a partir de um co ntexto de
valorização de suas contribuições à nação brasileira.
Da década de 70 do século XX para cá, com a abertura da democracia no Brasil e
conseqüentemente com os olhos voltados para um contexto político e cultural mais suscetível a
questionamentos, os intelectuais afro-brasileiros buscam no país um espaço de expressão voltado
para uma representação de valorização da cultura negra nas discussões sobre cultura, expressões
artísticas, comunicação e formação de identidades. A dinâmica das trocas culturais iii baseadas na
negociação dos contatos culturais entre negros, brancos e índios, traduziriam alterações significativas
no processo civilizatório ocidental.
A proposta da intelectualidade negra era de pensar a articulação da cultura negra, na sua
forma de comunicação com a literatura, a partir da revisão historiográfica do ser negro no Brasil.
Estabelecer uma problematização mais intensa da participação do afro -descendente na sociedade
brasileira dependia da releitura e da desconstrução das antigas repre sentações destes sujeitos
sociais, construídas sob uma forma de poder hegemônico, que sempre excluiu as expressões
minoritárias inviabilizando o reconhecimento social, político e cultural da diferença.
Ao assumir a condição de um "enunciador", o escritor afro-descendente desestabilizou as
bases da tradição literária brasileira, acostumada a ver o negro num lugar marcado pela condição
inferior, subalterna a ele atribuída. A condição de negro no discurso da enunciação, fez com que o
escritor afro-descendente trouxesse para o campo de análise teórica um discurso que problematiza
os anseios e angústias de uma coletividade. E que leva o sentimento coletivo a reconhecer a sua total
e plena condição de assumir papéis sociais mais definidores do ser negro na socied ade
contemporânea, completamente diferente daqueles "naturalizados" pelo discurso colonial.
Foi possível abrir, através da proposta diferenciada dos estudos sobre cultura, mais
especificamente a dos Estudos Culturais, um espaço de diálogo entre o que já c onsideramos
literatura afro-brasileira e as produções culturais levantadas mais contemporaneamente em estados
distintos do Brasil. Isso reforça a idéia de que a cultura pode e deve ser entendida a partir das
tensões criadas pelo conhecimento, nas suas múlt iplas influências ideológicas com o saber cultural
em processo, como afirma Florentina da Silva Souza:
Efetivam-se trânsitos e intercâmbios entre os conceitos construídos pelos
escritores negros (na verdade pelos movimentos negros) e aqueles gerados
pelos estudos e reflexões acadêmicas. Trocas marcadas pelo fato de, mais
intensamente a partir dos fins da década de oitenta, crescer o número de afro -
descendentes que investem nas pesquisas e estudos sobre cultura, tradição e
história afro-brasileira. Sem assumir qualquer posição essencialista, acredito que
o fato de disputarmos posição de sujeitos e objetos dos estudos introduz uma
outra perspectiva de análise da questão racial no universo acadêmico e
enriquece a produção de reflexões e estudos sobre a questão racial no Brasil.
Por outro lado, penso também que a proliferação de entidades e grupos negros
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no País nas últimas décadas evidentemente que aliada a outros fatores, muito
contribuiu para a inserção do tema na agenda acadêmica e nas discussões
políticas.iv
Considero literatura afro-brasileira toda produção cultural voltada para a afirmação de uma
identidade negra de inclusão, questionamentos políticos, auto -estima, em constante tensão com o
legado cultural da literatura instituída sempre em busca de ampli ação e renovação de seu campo de
saber através dos diálogos com escritores, intelectuais que pensam suas atividades culturais como
forma constante de preservação cultural afro -brasileira e também de problematização das forças de
poder que são exercidas na marcação de políticas que efetivam a diferença. A releitura das
manifestações populares brasileiras se torna fundamental para a revisão do conceito de literário.
É neste contexto que o trabalho do intelectual orgânico v Severo D'Acelino começa a ser
desenvolvido em Sergipe com o propósito, segundo ele, de dar visibilidade à cultura negra. Seu
trabalho concentra ações diversificadas em torno da afro -descendência. Diferente de outros
escritores de sua geração no Estado, Severo se projeta para um campo de saber que movimenta na
contemporaneidade não só escritas sobre a temática do negro, mas, sobretudo a discussão pela
participação direta no âmbito das políticas que inserem afro -descendentes no campo cultural, político
e social brasileiro.
Sergipe tem, de acordo com as informações do senso de 2003 realizado pelo IBGE vi, um
percentual de 68,6 % de afro-descendentes. O município brasileiro com o maior contingente
populacional de afro-descendentes é Nossa Senhora das Dores com 98,7% vii, sob o ponto de vista
proporcional. As cidades de Monte Alegre, 93,7%, Indiaroba, 89,2% e Pinhão, 89,2% também reúnem
uma população significativa neste sentido. No município de Porto da Folha a população "sarará" é
interpretada como branca, mesmo apresentando características afro -brasileiras. Gilberto Gil na letra
da música Sarará Miolo define o que vem a ser sarará: “como doença de branco, de querer cabelo
liso, já tendo cabelo louro, cabelo duro é preciso, que é pra ser você crioulo". viii O cabelo duro, na
letra da música, é interpretado como uma das marcas identitárias do afro -brasileiro, ao passo que o
cabelo liso seria a reprodução de uma marca que não é a sua e, sim aquela atribuída por um padrão
estabelecido de leitura estética e social branca. Na verdade, pelo percentual total de afro -
descendentes no estado de Sergipe, percebemos claramente que as cidades do interior influenciam
na leitura da capital como predominantemente branca.
Incoerente pensar que Aracaju seja uma capital branca. O percentual de brancos em Sergipe
é de 27,4%, de pretos, 3,8% e de cor amarela ou indígena é de 0,2%. Se somarmos os números de
pardos, considerados aqui afro-descendentes mais o percentual de pretos, já constatado pelo IBGE,
teríamos um total geral de 71,4% de afro -descendentes. Portanto, não deveria hav er motivos para
que a população de afro-descendentes não seja percebida como um contingente populacional
significativo na leitura de afro-descendência no Estado. Acho que a problemática sobre as relações
raciais em Sergipe tem suas raízes plantadas princip almente nesta leitura mal feita. Os índices são
claros e não deixam dúvidas sobre a caracterização da população quanto à cor. A política
governamental do Estado não é uma política voltada para os indicadores sociais desta população. O
discurso político em Sergipe fortalece uma identidade branca, momentânea e que não contribui para
que as diferenças raciais sejam seriamente pensadas.
O afro-descendente em Sergipe incorpora mais a idéia de ser branco do que a idéia de não -
branco. Mesmo a população do interior do Estado é levada pelas condições de inferioridade racial,
formação de estereótipos e invisibilidade à política de ações afirmativas, a pensar que um tom de
pele mais claro, ou o cabelo forçosamente liso, embora com características fenotípicas negras, se ja
branca.
O discurso da brancura é uma forma de esconder os problemas étnico -raciais, para que eles
não venham à tona como uma problematização que possa repercutir no que entendemos como
diversidade cultural e identidades múltiplas na formação étnica nac ional. As pessoas são levadas a
mascarar uma idéia de "branqueamento" para tentar com isso evitar a exclusão.
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Penso a identidade do afro-descendente em Sergipe como um conceito que opera, como afirma
Stuart Hallix, "sob rasura". A identidade cultural na co ntemporaneidade é estudada como identidades.
A pluralidade retira do conceito a predominância de uma identidade única no reconhecimento da
diferença. O sujeito se percebe socialmente pelo conjunto de identidades que possui e pela não
fixidez da construção do conceito de identidade sob uma historicidade em processo.As identidades do
afro-descendente na contemporaneidade não podem ser entendidas sem que haja recorrência ao seu
passado histórico, como discute Stuart Hall:
As identidades parecem invocar uma or igem que residiria em passado histórico
com o qual elas continuariam a manter uma certa correspondência. Elas têm a
ver, entretanto, com a questão da utilização dos recursos da história, da
linguagem e da cultura para a produção não daquilo que nós somos, mas daquilo
no qual nos tornamos. Têm a ver não tanto com as questões "quem nós somos"
ou "de onde viemos", mas muito mais com as questões “quem nós podemos nos
tornar", "como nós temos sido representados" e "como essa representação afeta
a forma como nós podemos representar a nós próprios." x
Não se trata de atribuir culpas pela lentidão do debate racial em Sergipe, apenas pretendo
dizer que a representação do afro-descendente deve ser reavaliada e que de uma forma muito clara e
objetiva políticas devem ser implementadas para resgatar um pouco da auto -estima e da capacidade
de intervenção social do afro-descendente como sujeito que se pensa como tal. Por isso, o nome de
Severo D’Acelino e seu trabalho desenvolvido tornam -se importante para o Estado.
Severo D'Acelino é o intelectual em Sergipe que contemporaneamente vem trabalhando com
questões relacionadas com a formação de identidades, com o combate aos estereótipos, usados na
caracterização da comunidade afro-descendente e denunciando textualmente, seja a través de sua
poesia ou de artigos, a necessidade de inclusão social desta população, com as atividades
direcionadas a projetos de uma pedagogia de educação voltada para a reflexão e para o
conhecimento de conteúdos específicos da cultura negra nos municíp ios.
Os textos de Severo D'Acelino podem ser lidos como uma produção da literatura afro -
brasileira porque seu conteúdo literário discute a problemática do ser negro no Brasil. O sujeito negro
é colocado em primeiro plano. Neste sentido, falar do cotidiano desta comunidade acaba sendo o fio
condutor que direciona a organização de sua escrita, objetivando uma expressão mais definida, do
entender-se negro no nosso país. As experiências vivenciadas como negro estão traduzidas em cada
linha de sua poesia. Experiências estas que no passado foram menosprezadas por uma literatura
instituída que sempre buscou excluir o afro dos afro -brasileiros. Não estamos tratando aqui de uma
temática, como já estamos cansados de ouvir. Estamos ampliando nossos conhecimentos, nosso s
saberes de uma maneira geral para tratar de uma literatura afro -brasileira. De uma forma de escrever
que procura se despir dos moldes ortodoxos da nossa língua portuguesa. A qualidade literária da
literatura afro-brasileira não está nas formas rebuscadas de escritas, nas classificações,
conceituações e etc, ela está concentrada indiscutivelmente na experiência poética, artística, cultural
e política de saberes que representam o qualificativo afro de afro -descendentes e de afrodescendência
no Brasil.
No início do livro Panáfrica África Iya N'la Severo D'Acelino cria uma certa expectativa em
contar uma história de afro-descendência fragmentada pela dispersão de informações que remetam a
construção de uma trajetória de ascendência africana. Mesmo sem a recor rência aos documentos, a
história merece ser contada e remontada com base nos relatos e tradições da ancestralidade africana
que vive, embora modificada na diáspora pela aproximação com a cultura ocidental, para que o
passado possa ser reinventado no prese nte, através de uma representação literária que assume a
história da cultura afro-brasileira como um legado de informações que fortalece a identidade afro -
brasileira.
Revista África e Africanidades - Ano I - n. 1 – maio, 2008 - ISSN 1983-2354
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Na primeira parte do livro, que corresponde ao primeiro manifesto, o sentido de “Panáfri ca" é
de resistência cultural e política. A resistência da cultura afro -brasileira conseguiu manter as tradições
africanas ressignificadas nos rituais do candomblé, nos enredos das escolas de samba e na forma de
viver dos quilombolas. "Panáfrica" correspon de à preservação de uma memória pronta a ser ativada
na reconstrução do arquivo cultural e humano, no qual as expectativas do grupo étnico -racial sejam
usadas a repercutir uma idéia de cultura voltada para a visibilidade à diferença.
O poema que abre o primeiro manifesto é "Rito de abertura, saudação a Exu". O poeta
escolhe iniciar suas escritas com este texto, talvez porque de acordo com a tradição do candomblé no
Brasil o Orixá sempre convocado à abertura dos trabalhos é Exu. Metaforicamente, o Orixá tem a
função de abrir toda reflexão de "Panáfrica", e como mensageiro indicar o caminho que os textos
poéticos irão percorrer na sua forma de abordagem da cultura afro -brasileira em Sergipe.
(...)
O que sempre segue
Na frente e quem primeiro
É servido, Saravá
Leva meus rogos e preces
Ao meu Orixá.
Minhas preces em cantos
E prantos do meu povo
Diasporizando, nesta revisitação
A memória ancestral
Para que nosso pranto e cantos
Sejam a partir de agora
Canções de regozijo pela revisitação
Do meu axéxi
(...)
Recorrer à figura de Exu é comum aos escritores afro -brasileiros para explicar na tradição
afro-brasileira a presença do Orixá como metáfora de atividade crítica da interpretação. Leda Maria
Martins, em A Cena em Sombras, ao explicar o código da duplicidade que instaura o jogo da
aparência e da representação, escolhe Exu como um "operador semântico de alteridade africana na
sua interseção cultural nos Novos Mundos". Exu, na leitura de Leda, "é o princípio dinâmico de
comunicação e interpretação que se configura como elemento mediador de sentido". xii
Já Henry Louis Gatesxiii associa o Macaco Significador do discurso a Exu, figura segundo
Gates, trapaceira na mitologia ioruba. As figuras trapaceiras são "mediadoras" na leitura do autor.
Assim como para a maioria dos esc ritores afro-brasileiros Exu domina o campo das trapaças, das
ambigüidades, da inversão, do jogo discursivo, sempre brincando com as palavras e criando
imagens, muitas vezes, irônicas do que repete e inverte.
"Aquele que segue na frente e em primeiro lugar ", assim Exu é definido por D'Acelino. O que
segue primeiro é, em consonância com o discurso dos autores citados, o dono da notícia, da
comunicação direta do ato de comunicar na representação do significado de "Panáfrica".
A poética de Severo D'Acelino é o esboço de uma literatura afro-brasileira escrita para ser
conhecida como o início de uma “caligrafia" que pensa o afro -descendente em Sergipe num contexto
histórico de representações que enfatizam a necessidade de reconhecimento e visibilidade deste
grupo étnico-racial. Tradição africana, cultura popular brasileira, identidade, religiosidade,
representações e diferenças étnicas, historicidade, intervenções culturais e políticas são alguns dos
aspectos que podemos levantar através de sua abordagem literári a como forma de problematizar a
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participação do sergipano, mais especificamente a do afro -sergipano na vida cultural e política de seu
Estado.
É neste contexto do debate político e étnico -racial contemporâneo que analiso a atuação
direta do intelectual Severo D'Acelino em Sergipe. Destaco seu trabalho como fundamental para
pensarmos o diálogo de sua produção cultural com a de artistas e outros intelectuais da literatura
afro-brasileira. Acredito também que a diversidade do trabalho de Severo tenha impacto em todos os
setores da opinião publica, gerando polêmica com o poder hegemônico sergipano. Na efetivação de
seu discurso, ele se vale da condição e do papel de intelectual, para criar estratégias de intervenção
na política cultural e, na estrutura educacio nal, buscando uma representação do afro -descendente
mais emancipatória, sob o ponto de vista da reconstrução da história e da memória do afro -
descendente em Sergipe em consonância com as leituras da literatura contemporânea.
i Rosemere Ferreira da Silva ( roserosefr2000@yahoo.com.br) possui Graduação em Letras
Português/ Inglês pela Universidade Federal de Sergipe (1998) e Mestrado em Letras e Lingüística,
em Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura, pela Universidade Federal da Bahia (2006). É
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade
Federal da Bahia (em curso) Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira
e Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: afrodescendência, identidade
cultural, literatura afro-brasileira, literatura brasileira, cultura brasileira e estudos étnicos e africanos
ii LIMA, 1996.
iii SANTIAGO, 1998, p. 16
iv SOUZA, F. 2005, p. 97-98
vUtilizo o conceito de intelectual orgânico proposto por Gramsci, ou seja, aquele que se coloca a
serviço de classes ou empreendimentos para organizar interesses, disputar e obter expansão dos
espaços de poder.
vi Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), “os indicadores, elaborados
principalmente a partir dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada em
2003, estão apresentados em tabelas e gráficos, para o Brasil, grandes regiões e unidades da
federação e, para alguns aspectos, também para regiões metropolitanas. A publicação apresenta um
glossário com termos e conceitos considerados relevantes". Os percentuais de 68,6% (pardos),
27,4% (branca), 3,8% (preta) e 0,2 (amarela ou indígena) foram retirados da tabela 11.1 - População
total e sua respectiva distribuição per centual, por cor segundo as Grandes Regiões, Unidades da
Federação e Regiões Metropolitanas-2003. O percentual de pardos está sendo lido aqui como o de
afro-descendentes. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ . Acesso em: 08 de set. de 2005.
vii Este percentual está baseado em Estudos e Pesquisas/ Nota de Estudos 02/203 - Ranking dos cem
(100) maiores municípios negros do Brasil.
Fonte: Microdados da Amostra de 10% do Censo Demográfico de 2000. Programação: Luiz Marcelo
Carvano. Disponível em: http://www.observatórioafrobrasileiro.org.br . Acesso em: 08 de set. de 2005.
viii GIL, Gilberto. Sarará Miolo, Intérprete: Gilberto Gil. Realce. Warner Music, p. 1979. Faixa 7.
Os versos da letra da música de Gilberto Gil ilustram uma definição de “sarará" que está diretam ente
relacionada com a crítica à rejeição de características que circulam socialmente como definidoras de
um padrão de beleza estética branco. O "sarará" já traz naturalmente a cor dos cabelos loura, o que
se aproxima desta construção de padronização criad a pela sociedade. Portanto, o "duro" seria
enfatizar que o "louro-duro" é a diferença que existe entre o branco louro de cabelo liso e o branco
louro de cabelo duro, diferença esta que quando assumida reforça muito mais a identidade afro -
brasileira do que uma identidade branca.
ix HALL, 2005, p. 104
x HALL, op cit, p. 108-109
xi D’ACELINO, 2002, p. 74
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xii MARTINS, 1995, p. 56-57
xiii GATES, 1992, p. 206-207
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