domingo, 29 de junho de 2008
JOÃO MULUNGU: DESAGRAVO.
João Mulungu: Herói Discriminado
Racismo institucional
“ A Liberdade,
não era uma condição fixa,
mas um alvo em constante movimento”
Bárbara Fields
No caso específico desta propositura, notamos
uma inversão de valores, ou seja, há a inversão
da heroicização de um negro rebelde, que, fora do seu contexto histórico,
servirá de modelo a contestação das condições sociais
em que se encontram os afro descendentes na atualidade,
ou ainda, e mais que isso, valendo-se da estratégica
ideológica dos agentes dominantes do passado,
ás avessas, convertendo os antigos “heróis”, no caso
os” senhores brancos civilizados”, em vilões.
Lourival Santana Santos
“ Qual a civilização que sustentada na força do trabalho escravo.
E no esmagamento do homem, pode-se dizer moralista, ainda
Mais quando aos negros, escravos ou não era vedada a instrução.”
Maria Thetis Nunes
Relator deveria como ‘acadêmico’ que é, buscar outras informações documentais para se pronunciar e nunca se basear por um único documento. Faltou o contraditório.
Severo D’Acelino.
Não há Direitos para o Negro e sim contra ele
Na prática o Direito ainda hoje é Racista.
Hélio Sabóia.
“ O crime não se apresenta
quando é praticado em auto defesa, e
a estatística se projeta tão somente para ressaltar
a criminalidade do negro escravo e omite
a violência que se pratica contra ele”
Maria Helena P.T. Machado
Peço a alguém da parte do Prefeito
explique o Projeto para não votar sem saber
procurei uma pessoa formada em História
e indaguei sobre João Mulungu.
Segundo essa pessoa, a história não diz nada sobre ele
e diz que foi uma invenção de outro negro meio doido
querendo aparecer que se chama Severo, pois
o mesmo inventou isso para para ganhar dinheiro,
e criou o Herói Negro João Mulungu.
Vereador Neemias de Almeida Ribeiro
39ªSessão Ordinária da Câmara Municipal de Laranjeiras
Em 06 de Agosto de 1990
7 de agosto de 2007 o Conselheiro Conselho Estadual de Cultura de Sergipe aprova o parecer do relator
Repudiando o Herói Negro Sergipano,cristalizando o Etnocidio, um tributo a Eugenia negativa
A NEGROFOBIA instalada no Conselho Estadual de Cultura, mais o corporativismo do Relator do processo, prof. José Paulino ex-Vice Reitor da UFS, prevaleceram na aprovação contrária ao reconhecimento de João Mulungu, aprovando as ações caluniosas denunciadas no processo e desqualificando o Legislativo Estadual e Municipal contrariando a máxima de que a Lei maior assinala o referencial.
Baseado num parecer fraudulento do professor Lourival Santana, do Departamento de História, inimigo confesso de João Mulungu, sem outro parecer que reforçasse ou atenuasse a sua posição, o Relator, seguiu a risca as recomendações do professor, sem contudo analisar o documento e ou apresentar a sua versão sobre a questão.
O documento apresentado pelo professor, carece de verdades, se constitui numa fraude, perversa e deliberada, principalmente quando se utiliza do nome e do prestigio de João José dos Reis, quando adultera a citação do seu texto, in “ Quilombos do Brasil, pg,33”, para reforçar sua tese criminosa e torna-la viável. Quando diz que;...o Prof. Dr. João José dos Reis, um dos maiores especialistas sobre escravidão, quando afirma que: “Dizer que os quilombolas foram heróis é pouco, pois diminui a riqueza de suas experiências. Que sejam celebrados como heróis da liberdade, mais o que celebramos (...) é a luta de homens e mulheres que para viverem a liberdade nem sempre puderam se comportar constantemente com as certezas e a coerência normalmente atribuídas ou exigidas dos heróis”(grifo nosso). Não dar referencia em nenhuma de suas citações ou nomeação, para como no dizer “acadêmico’ verificar as fontes, e no dizer popular: Matar a cobra e mostrar o pau”
O texto na íntegra, para conhecimento do Conselho e do relator. O douto historiador João José Jorge, citando a Historiadora americana Bárbara J. Fields autora de: SLAVERY AND FREEDON ON THE MIDDLE GROUND: MARYLAND DURING THE NINETEENTH CENTURY. Para afirmar que os quilombolas são heróis mais que heróis e que devem ser celebrados como Heróis da Liberdade. E não para negar as evidencia históricas.
“ Entre Palmares e os quilombos dos últimos anos da escravidão, os escravos brasileiros construíram uma empolgante história da liberdade. Mas uma história cheia de ciladas e surpresas, de avanços e recuos, de conflitos compromisso, sem um sentido linear, uma história que amplia e torna mais complexa a perspectiva que temos de nosso passado. “A liberdade”, escreveu a historiadora Bárbara Fields, ‘ não era uma condição fixa,mas um alvo em constante movimento’ – palavras escritas para um outro contexto, que tem um valor quase universal. Os quilombolas brasileiros ocuparam sertões e florestas, cercaram e penetraram em cidades, vilas , garimpos, engenhos e fazendas; foram atacados e usados por grupos escravistas, aos quais se também atacaram e usaram em causa própria; fugiram da escravidão e se comprometeram com a escravidão; combateram e se aliaram com outros negros, índios e brancos pobres; criaram economias próprias e muitas vezes prosperas; formaram grupos pequenos,ágeis, móveis e temporários, ou grupos maiores, sedentários, com gerações que se sucediam, politicamente estruturados; envolveram-se com movimentos, alguns abolicionistas; aproveitaram-se de conjunturas políticas conflitivas nacionais, regionais, até internacionais, para crescer, ampliar alianças, fazer avançar seus interesses imediatos e projetos de liberdade mais ambiciosos. Esses lances, e muitos outros, fazem parte da história contada neste livro. Dizer que os quilombolas foram heróis é pouco, pois diminui a riqueza de sua experiência. Que sejam celebrados como heróis da liberdade, mas que o celebramos neste volume é a luta de homens e mulheres que para viverem a liberdade nem sempre puderam se comportar com as certezas e a coerência normalmente atribuídas aos heróis.”
O Doutor relator, se baseou neste e mais outro trecho do documento emitido por Lourival Santana Santos, datado de 08 de março de 2004, protocolado no CEC em 15 de março sob o numero 015. O outro trecho adotado pelo relator. Assinala a opinião do historiador e dos seus pares.
“ Somos da opinião de que a construção da História não se processa pela relação vilão/herói, mas por uma complexa malha de interesses, (grifo nosso), sublinhando-se os particularismos e os regionalismos, considerando o fato de que onde há conflitos, há negociações. Assim, todo acontecimento é parte de um conjunto mais amplo de resistência e sobrevivência de um povo e não de um herói, ocorrendo de forma dinâmica, mudando no tempo e no espaço.”
Neste particular não deixa claro ‘quem somos’, se a instituição, o departamento ou ele e seu grupo hostil.
No parágrafo anterior, o Historiador após qualificar a propositura numa inversão de valores, um invenção de heroicização de um negro rebelde, que fora do contexto histórico servirá de modelo a contestação das condições sociais em que se encontram os afros descendentes na atualidade. Demonstra o medo de que o modelo possa ser utilizado para desconstruir os antigos heróis da cultura civilizada, alta e superior dos “senhores brancos civilizados” em vilões. Sentenciando sua desaprovação da heroicização de João Mulungu, pelo Conselho Estadual de Cultura e assinala Laureano e Odorico, como também, merecedores da homenagem, tendo em vista que desempenharam papeis importantes na crise do escravismo.
Neste sentido o douto professor, explicita a sua luta pelo aperfeiçoamento Eugênico do povo sergipano, na expectativa de fazer desaparecer a raça inferior e cristalizar a raça superior . “É o Francis Galton sergipano a quem Silvio Romero se curvaria se vivo estivesse, seu livro de cabeceira deve ser o “Ensaio sobre as desigualdades das raças humana” do Conde Gobineau e hoje deve está satisfeito com a manipulação do GENOMA” só assim pode assinalar suas partes Brancas e européias, provando sua matriz colonizadora.
O que dirá o douto professor, sabendo que Severo D’Acelino um preto, negro de marca e origens, assenta na cadeira do Conselho Estadual de Cultura, o primeiro preto na história deste órgão governamental, criado para acolher a burguesia intelectual, nomeadamente no domínio cultural, defensores do memorial da oligarquia, sem títulos, militante da periferia do movimento negro, com a mania reivindicatória de assinalar a importância do Negro na sociedade sergipana, com foco na educação e na revitalização do Arquivo Humano? Uma falha no controle social. Um preto quilombista no Conselho, a reivindicar ações para o reconhecimento e valorização dos negros. Como fica a elite da civilização branca, será também o primeiro a ser expulso do nobre colegiado, incomodado com sua presença.
Neste sentido, o douto professor e o douto relator, deixam clara a sua total falta de informação do conteúdo histórico recente a que nós vivemos e também do histórico anterior de nossa nação eurocêntrica, onde a casa grande e os usineiros dão as ordens e promovem seus heróis.Ele não contesta os heróis brancos, só o negro. Porque não contestar Caxias, está com medo do Exercito, e Tiradentes, está com medo da Policia, de Uchoa.
“Há na decisão de ambos uma relação incestuosa de domínio e submissão, o douto historiador, quando da graduação, em suas monografia, assinala entre outra que: Podemos considerar João Mulungu como o Zumbí Sergipano”, ora Zumbí é o Herói dos Negros das três América, o nosso Herói construído no inconsciente coletivo e adotado em todas as ações, antes mesmo de ter seu nome, registrado no Livro de Tombo Nacional pelo negro Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sergipe é sem dúvidas o Estado mais racista do Brasil e sua pratica institucional, se cristaliza nas ações do Conselho Estadual de Cultura e da Universidade Federal, sempre que o assunto do negro esteja em questão. O Conselho relutou no projeto de Tombamento do Terreiro Filhos de Obá, colocou todas as dificuldades, documentos sumidos e só foi tombado graça a interferência do Governador e da data efemérica, a única que se voltou em favor do patrimonial do negro aqui em Sergipe e na Universidade, foi a saudosa professora Gracinha, que teria dito: - “Já chega de só se pensar no patrimônio da dominação, é hora de se voltar para o importante conjunto dos negros”. A Universidade Federal, como de resto a Educação, nunca teve compromisso com o negro, talvez , espera como diz o Lourival: “ Negociar”, pois no dizer da estrada, “ quem cria dificuldades, quer vender facilidades”. Talvez a indicação para o Conselho, Academia Sergipana de Letras ou cargo de Secretário, sonho de consumo também, da Historiadora
Será a cristalização do Paternalismo, para que o negro continue conformado e agradecido pela sua vitimização, sem direitos de reclamar das constantes Violações dos seus Direitos. É necessário praticar ações diferenciadas e afirmativas, para promover mudanças de atitudes e comportamentos e não reproduzir o manifesto discriminatório gravado sociedade contra o conteúdo negro e isso se chama desconstrução em direção do respeito a Diversidade olhos voltados para o processo democrático da Igualdade Racial
O douto professor Lourival,. Deixa clara a sua fragilidade, o seu descompromisso racial e a sua dependência e despreparo intelectual e psicológico, intelectual porque não tem força critica e pensamento reflexivo; dependente porque é auto sugestionado,mesmo sem ter argumentos, modifica constantemente sua afirmações, dependendo de quem lhe ordena, e neste sentido cristaliza os chavões da Nele, principalmente quando afirma que seja reducionismo, assinalar a importância de João Mulungu e cita os brancos deles como merecedores de heroicizações além de uma lista de comandados do João Mulungu, mas não apresentam os fatos nem os documentos e nisso os documentos de João Mulungu são roubados dos arquivos. A primeira desaparoubação se verificou a época da Fundação Cultural, gestão Lins
Há uma interrogação no ar. Porque os detratores de João Mulungu, não promovem um levantamento dos seus heróis e apresentam o projeto de reconhecimentos. Será que só se interessam pelo que estão construídos, para promoverem suas desqualificações. Autores fraudulentos e seus trabalhos acadêmicos frouxos, deveriam passar por uma banca examinadora. Infelizmente a classe de professores está isenta de perderem o direito de ensinar. Professores nós temos demais, o que nos falta são educadores, esses são muito pouco.
E que é Lourival, quem são os membros do seu grupo. Nego, distribalizados, aculturado, que não se reconhece como negro, e busca no grupo de poder, capachiar os usineiros na Casa Grande, investindo contra os negros quilombolas e os negros das Senzalas a quem ele despreza,” apesar da rede de espias que possuía em quase todas as localidades, o mais terrível dos quilombolas, João Mulungu, foi preso no dia 13 de janeiro de 1876” assinala ele, citando o Presidente da Província, em sua insólita monografia .
Não ganhamos nada com isso, Só serviu para demonstrar a radiografia das relações raciais em Sergipe, que continua do Rey e dos Usineiros e que aqui vivemos no século XVIII com toda sua estrutura da escravidão. Os negros são os braços e os pés dos Senhores de Engenho. Portugal meu avozinho, cadê Mãe África?
No afã de notoriedade, o douto professor, encarna SEBERINO, o traidor de João Mulungu, que por inveja, levou a tropa de policia, até os bananais do engenho Flor da Roda, onde João Mulungu descansava junto com seus outros companheiros. Certamente as trintas moedas não foram o bastante para lhe possibilitar a alforria. Há sempre um traidor entre nós. Zumbí pagou pela traição de Antonio Soares e teve seu corpo decapitado e empencado em estacas, como era o modus operandi dos “brancos civilizados do nobre professor de estória da Ufs,”Será que ele sabe quem foram Seberino e Antonio Soares ?
Nos autos ao reportar-se aos autores, o douto “acadêmico”não ofereceu as referências e suprimiu o enunciado distorcendo o conteúdo e seu significado, com o firme propósito deliberado de reforçar uma farsa, cristalizando sua ideologia recalcada e fraudulenta, tendo em vista que o texto de João José Reis, assinala o contrário, o que não interessava ao seu grupo de interesse, nem ao relator. Se o processo partisse de uma autoridade destacada no espaço de poder e branca, certamente que o destaque seria outro.
Em Sergipe, até agora, só os brancos, fizeram no espaço de poder, alguma coisa para o coletivo negro sergipano, a ver. Cleovansostenes Pereira de Aguiar, a Introdução da Cultura Negra na Grade do 1º e 2º graus em 1986. Antonio Carlos Valadares, O Tombamento do Terreiro Filhos de Obá, Antonio Carlos Leite Franco, o Reconhecimento de João Mulungu, como Herói Negro de Laranjeiras, Jorge Araújo e Wellington da Mota Paixão, o Reconhecimento de João Mulungu como Herói Negro de Aracaju e Conselho Municipal de Participação da Comunidade Negra., Albano Pimentel do Prado Franco. Reconhecimento de João Mulungu como Herói Negro de Sergipe,, Introdução da Cultura Afro Sergipana em concursos , e cursos bem como o primeiro e único Curso de Memória Cultural em Comunidade Remanescente de Antigos Quilombos de Sergipe e o Projeto Cultural de Educação João Mulungu vai ás Escolas.
Os Negros subservientes e conformados nos espaços de poder, só tem prejudicado a revitalização da nossas tradições e resgate de nossa memória cumpliciados por brancos sem pedigree, titulados sem conhecimentos e sem méritos que usam o Poder para poder praticar o etnocidio...
"Etnocídio - extermínio cultural de um povo. É deferente do genocídio (extermínio físico) porque visa não somente a destruição física, a matança, e sim o desaparecimento por inteiro dos traços culturais (língua, costumes, hábitos, tecnologia,mitos). Como diz Pierre Clastres, qualquer sociedade vê a si própria como "superior", encarando as outras com uma ótica etnocêntrica (isto é, com etnocentrismo, com o uso de seus próprios valores e padrões culturais como medida para avaliar os outros povos), mas apenas as sociedades com Estado, com dominantes e dominados, portanto, passam do etnocentrismo ao Etnocídio, ou seja, não toleram essas diferenças e buscam eliminá-las pela força"
José William Vesentini - doutor em Geografi
... contra a nossa comunidade e os que se atrevem a levantarem a cabeça, e como diria nossa saudosa Núbia Marques: Quando os Negro levantam as cabeças, vem outros e cortam-lhes os pescoços. Com a palavra: Professor Lourival Santana Santos, pois a sentença do nobre relator foi perversa e sem direito a contraditório alegando falta de documentos de “indiscutíveis existência histórica” de João Mulungu. Desconhece o memorial produzido pelos Legislativos Municipais e Estadual, evidencia a não existência nos autos do processo, documentos de relevância, reconhece a importância da Casa de Cultura como agente multiplicador e segue a decisão do Lourival e diz não ao reconhecimento de João Mulungu pelo Conselho Estadual de Cultura.
Presente, sem direito a voz e voto, por entender conflitos de interesse, engoli a seco a mais uma demonstração orquestrada e comemorada da intolerância a revisitação ancestral sergipana: nosso Arquivo Humano e a vitória perversa dos negros da Casa Grande. Pele Negra em Máscara Branca. O que se conclui de tudo isso é que foi um massacre, um etnocidio sem precedência na história recente do Brasil.
Parafraseando o Jackson da Silva Lima em História da Literatura Sergipana, numa analise racial. “ “Negro é aquele que se reconhece e é reconhecido como tal”, não importa ter a pele preta se a máscara é branca ou ter a pele branca se a máscara é preta, a importância de Ser não é Ter, mas saber que É.
“ Quando o Negro levanta a cabeça
Vêm outros “e corta-lhe o pescoço”
Núbia Nascimento Marques
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
“José Régio”.
____________________________________________________________
Notas:
1-Processo, 108/1995 – Conselho Estadual de Cultura – 2008.
2-Notas sobre os Quilombos em Sergipe – mimeo - Lourival Santana Santos
3-Liberdade por um fio A História dos Quilombos no Brasil- José João Jorge
4-Herói da Resistência – mimeo - Severo D’Acelino- 1996
5-Memorial João Mulungu –mimeo – Severo D’Acelino. -1998
6-Resistência Negra em Sergipe D’El Rey - mimeo –Severo D’Acelino. 1998
7- Cântico negro. José Régio. www.releituras.com/jregio_cantico.asp
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