terça-feira, 26 de agosto de 2008
VERGONHA ACADÊMICA OU OS NEGROS RECALCADOS DA ACADEMIA
VERGONHA ACADÊMICA OU OS NEGROS RECALCADOS NA ACADEMIA
Severo D’Acelino./ag 2008.
Sempre dei prioridade, e, vou dar sempre, ao negro, seja em qualquer setor. Gosto de ser cumprimentado por negros, e de atender no que for possível, o impossível busco materializar depois. Este meu comportamento se aplica também a brancos que buscam conhecer os assuntos do negro, principalmente na expressão de sua cultura, não economizo nada. Sou todo ouvido, falado, a disposição.
O que mais mim arrepia, é negro desfazer do negro, da cultura, costumes, ética, estática, história etc. Não gosto de negros que não respeita negros. Estes são piores do que os brancos mais racistas que já conheci.
Tenho estado a dar informações e consultas nesta minha trajetória, a professores, estudantes de todos os níveis, sobre os assuntos mais diversos do negro. Muitos, depois do trabalho feito, nem sequer nos dar uma olhada como cumprimento. Esquecem de nos trazer uma cópia do trabalho, mas isso é o de menos o que mim marca é quando este professor, este aluno é negro
Não vejo isso como falta de ética estudantil ou acadêmica e sim como despeito, inveja, racismo, discriminação. Não imputo a culpa em seus professores, orientadores, ou seja, lá o que for. Culpo a falta de vergonha e respeito dos que ocuparam meu tempo para aprender sobre o tema e construírem seus trabalhos, teses, dissertações etc
Muitos que se aproveitaram de nosso conhecimento dois negros me chama atenção.
Uma tal de Rosemeire que nos ocupou mais de anos com sua dissertação de mestrado que no inicio tratou da produção intelectual de Severo D’Acelino e depois mudou radicalmente o titulo, simplesmente para me afrontar, porque durante as nossas entrevistas e debates, ficou claro a nossa aversão a tipificação do negro em afrodescendente.
Doente, fiz um esforço supremo, gastei meu dinheiro, mais fui atender o seu pedido, numa sexta –feira, assistir a apresentação do trabalho na faculdade de letras da UFBA. O trabalho foi apresentado e na medida de sua exposição fui ficando irritado mas como não queria causar vexame, uma vez que fui extremamente bem recebido e ovacionado por antigos companheiros de universidade e movimento negro, fiquei na minha, a dissertação foi aprovada com louvor, pois tratava de um assunto até então inédito na academia da Bahia, a literatura negra sergipana, tendo o livro Panáfrica África Iya N’La como eixo.
Após a apresentação, uma professora da comissão perguntou se eu já conhecia o trabalho, ela prontamente respondeu que não e que iria, assim que chegasse em Sergipe, mim entregar uma cópia. Pois bem já se vão mais de três anos e não conheço o tal trabalho, nem pela Internet, só sei que ela manipulou as informações e fez da minha trajetória, uma ficção, construiu um engodo, uma fraude acadêmica. Neste sentido, fiz uma denuncia no Conselho Estadual de Cultura e o repúdio se encontra lavrado em Ata.
Outro que me irritou foi um menino negro, metido a gato de bota, cheio de preconceitos e gordura mórbida, se achando branco, aluno de Doutor Itamar Freitas na UFSe, veio procurar documentos sobre a educação do negro, orientado pelo seu professor sobre nossas ações e produções em torno do tema. Logo que chegou se comportou equivocadamente, não sentou e se fez. de surdo quando mandei que assinasse o livro de pesquisas criou um ambiente pesado e constrangedor que eu busquei logo diluir em respeito aos seus parentes, que muito respeito. Ofereci-lhe todo material, inclusive material que não mostraria a outras pessoas. Respondir a todas suas indagações, o coloquei diante do computador para acessar todas as informações documentais e as nossas produções e trabalhos em andamento. A tudo que via, fazia ar de nojo e poço caso. Dei mais informações e referencias e sempre que nos encontrávamos ele fazia que não mim via, torcia os beiços e cuspia ou simplesmente me olhava com cara de nojo. A tudo via e nada fazia.
Uma vez no Conselho Estadual de Cultura, o comportamento do menino foi tão desrespeitoso que gelei, passou e olhou para a sala de reunião e quando me avistou, fez uma careta de nojo e cuspiu. Certamente ele se assustou em me ver no Conselho, coisa que para ele só caberia os brancos e todas as vezes que ia a biblioteca fazer suas pesquisas e me via tinha o mesmo comportamento.
Uma tarde comentei o assunto com o professor que havia indicado para oferecer as informações, dizendo que negro não gosta de negro e os pretos se odeiam ao que ele respondeu que já havia percebido o comportamento do cara, principalmente ao meu respeito, rimos e deixamos de lado.
Tempo depois fazendo uma varredura na Internet, deparei com meu nome e fui verificar, indo até a fonte, verifiquei se tratar do trabalho que o menino havia feito. Ali dizia da apresentação num congresso. Esperei que o cara trouxesse uma cópia, mas ledo engano. Conseguir que uma pessoa abrisse e copiasse o trabalho, li e verifiquei a idiotice acadêmica, ele não sabia se mim criticava e desqualificava meu trabalho, minha trajetória ou se elogiava o certo é que, principalmente nas críticas ele se perde e mostra o quão infantil e reducionista é seu trabalho e como será um péssimo professor. Ali ele explicitou todo seu desespero, sua inveja, despeito, preconceito e ignorância do tema que estava tratando.
Jogou terra na fonte que matou a sua sede, a única referência encontrada em todo Estado, para seu trabalho. Um universiotário de marca maior. O tipo de nego que reputo nego, idiotizado, mascarado, besta, nego de mentalidade escrava, o tipo comum de nego da casa grande. Será um péssimo professor da rede pública, mas um excelente professor da rede particular, não que os professores da rede particular sejam racistas, mas que este nego, que não gosta de negro( não sei como se comporta em casa.), metido a rico, que em vez de fazer uma dieta rigorosa, procura desqualificar e desprezar o negro que ele jamais será. A vocês e a todos que precisarem. Estarei sempre á disposição. Se o assunto é negro, é cultura afro sergipana. Contem comigo. Tô nem aí.
O trabalho dele é digno de pena. Não merece constar numa coletânea acadêmica, mas merece ser visto, para servir de referência aos idiotas que se acham e pensam que títulos e formações teóricas são alguma coisa, sou mais o contador de estórias, pelo menos ele tem prática e conhecimento. Só existe péssimos professores, porque foram péssimos alunos e são péssimos cidadões.
A esses dois, infelizmente da UFSe, eu tenho o maior cântico de Louvou ao Deus da Misericórdia, para atenuar seus conflitos existenciais e peço a EXU que protejam suas vítimas.
Larôiê Kleber !!!
Larôiê Rosimeire!!!
sábado, 23 de agosto de 2008
INDICAÇÕES - PROPOSTA & REQUERIMENTOS . severo D'Acelino no Conselho Estadual de Cultura.
APRESENTA NOMES DE CONFERENCISTAS.
INDICAÇÃO 01/08
Que este Conselho após após os tramites aprove a indicação dos Professores João Hélio e Fernando Aguiar, para compor os nomes dos conferencistas do Simpósio Estadual sobre INTOLERÂNCIA.
Os indicados são professores da Universidade Federal de Sergipe com aprovada capacidade para exposição do tema, e podem ser encontrados no Departamentos de História daquela Universidade.
JUSTIFICATIVA>
As indicações dos nomes se justificam pelo conhecimento que ambos tem da matéria, e de terem sido já testados em diversos eventos da comunidade afro sergipana e de terreiro e, neste sentido trará novas informações acerca do tema aos participantes e ao Conselho Estadual de Cultura, podendo ser convocados para uma exposição na reunião do Patrimônio.
Sala do Conselho 05 de Agosto de 2008.
José Severo dos Santos
Conselheiro
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
PROPOEM QUE O ESTADO COMPRE PRODUÇÕES SERGIPANA PARA BIBLIOTECAS ESCOLARES
PROPOSTA 05/08
Que após lida e deliberada pelos Conselheiros, seja encaminhada a votação a propositura para que qualquer produção financiada e ou que tenha o apôio cultural do Estado, tenha 30% de sua produção adquirida e distribuída pelos diversos instrumentos culturais e educacionais e as que não forem contempladas ou não tiverem acesso ao apôio e ou financiamento do Estado e ou Governo, tenha 40% adquirida pelo Estado para distribuição junto as bibliotecas escolares e órgãos culturais.
JUSTIFICATIVA.
O Estado e Governo vêm contemplando publicações de algumas produções, literária e estilos culturais e artísticos, sem, contudo promover a sua distribuição junto aos órgãos culturais, comunidades e escolas, que ficam excluídos da referencia e sua aquisição vem sendo difícil motivado pelo auto custo do exemplar ou ingresso e assim sendo o universo de alunos e escolas e setores culturais, alèm do individuo, ficam excluídos do conhecimento, mesmo sendo produzido com a verba pública. O Estado deve garantir conforme sua Constituição, o acesso de bens culturais a sua comunidade, bem como oportunidades e condições para a produção destes bens, ampliando seu patrimônio e estimulando a produção de conhecimentos..
Aracaju, Sala do Conselho em, 05 de Agosto de 2008.
José Severo dos Santos
Conselheiro.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
PROPOEM A PRESENÇA DE ENTIDADES NEGRAS NO CONSELHO
Proposta 06/08
Que após lida e deliberada pelos Conselheiros, seja encaminhada a votação a propositura para que o Conselho inclua em sua composição, a presença de Entidade Negra a cada gestão, seja formal ou informal a fim de garantir a isonomia representativa e o respeito a Diversidade e os termos multiculturalista da Constituição Estadual onde propugna pelo pluralismo de idéias, com respeito às diferenças éticas; socioculturais, lingüísticas e religiosas, características do convívio democrático, enfatizada no seu Art. 228.
“O Conselho Estadual de Cultura terá composição paritária e proporcional, assegurada a participação entre seus membros de representantes de entidades e/ou instituições culturais.”
Os Direitos e Garantias Fundamentais assinalam a proteção contra discriminação por motivo de raça, cor, sexo, idade, classe social, orientação sexual, deficiência física, mental ou sensorial, convicção político-ideológica, crença em manifestação religiosa.
Caberá a secretaria do conselho, encaminhar comunicado a todas Entidades negras do Estado com informações referente aos pré-requisitos e se possível as Normas que regem o Conselho, para que possam encaminhar suas documentações cadastrais afim de que possam ser incluída no sorteio. Este sorteio será entre as Entidades Negras, de onde sairá a que comporá o Conselho junto as demais representações sorteadas.
Justificativa.
A presença do negro, enquanto negro e cultura, cada vez mais se estreitam no cotidiano estadual. Sua presença tem sido estritamente de submissão, onde a subalternidade impede de promover ações definitivas para o coletivo, pelo medo e receio de se expor ou ser constrangido pelo autoritarismo da arrogância de quem tem liberdades de transito pelos espaços de poderes. O medo não deve ser instrumento de poder.
O negro não deve ter medo do seu governo e não deve compor as galerias das sombras porque Igualdade, Justiça e Liberdade são maiores que as palavras - São perspectivas que deve ser levada adiante, na quebra do nosso silencio obediente, buscando na participação a construção de motivos e nos debates das idéias, a consolidação do nosso espaço. Buscar a retórica para dizer as verdades e não encobri-la para se tornar civilizado e ser aceito pelo grupo do poder.
A Cultura negra, que representa 86% da população absoluta deste Estado Negro, sem Cultura, merece visibilidade. Esta é uma ação afirmativa contra séculos de etnocídio, que dizimou a cultura indígena e atomizou a cultura negra em beneficio de um sistema etnocêntrico gerador do Racismo Institucional a que somos vítimas diuturnamente.
Precisamos vencer os preconceitos, ultrapassar os limites e derrubar barreiras, através de mudanças de Atitudes e Comportamentos. Precisamos que o governo crie e instale um departamento na secretaria de cultura dedicado aos Assuntos Afros sergipano, aproveitando os recursos humanos de reconhecida capacitação gerencial, remanescentes da universidade, evitando as militâncias.
Sala do Conselho em 19 de agosto de 2008.
José Severo dos Santos
Conselheiro
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
PROPOEM A CRIAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS AFRO-INDIGENA NA SECRETARIA DE CULTURA
PROPOSTA 07/08
Proponho na forma regimental, que após ouvido o plenário desta casa, que seja oficiado ao excelentíssimo senhor secretário de cultura Luiz Alberto, para que este determine ao setor competente da secretaria, estudos para criação e instalação de um Departamento de Assuntos Afro-Indígena, Daquela secretaria, afim de dar visibilidade, proteção e promoção ao Patrimônio Espiritual e Material destas duas culturas, alijadas das ações e representação do Estado.
Proponho. Também que o citado Departamento, não seja administrado ou dirigido por militantes do Movimento Negro ou Indígena, mas por profissionais destacados na área da administração pública.
Proponho, mas, que o deliberado seja encaminhado as Entidades da Organização Negra e Indígena: Ministério Público e Ordem dos Advogados de Sergipe.
Sala do Conselho, 19 de agosto de 2008.
José Severo dos Santos
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
PEDE INFORMAÇÕES SOBRE ANDAMENTO DE PROPOSTA APRESENTADAS.
REQUERIMENTO
REQUEIRO , na forma regimental, que este a Secretaria deste Conselho informe a situação das Propostas, sobre:
- Prêmio Igualdade Racial
- Mudança de denominação do Museu de Laranjeiras
- Reconhecimento do São Gonçalo
-Reconhecimento do Nagô.
Requeiro, mas, que o deliberado seja encaminhado a Casa de Cultura Afro Sergipana.
Sala do Conselho em 19 de Agosto de 2008.
José Severo dos Santos
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
REQUER VOTO DE LOUVOR Á CÃMARA MUNICIPAL DE SANTOS
REQUERIMENTO
REQUEIRO, na forma regimental, que após ouvido o plenário deste egrégio Conselho, seja oficiado ao Excelentíssimo Presidente da Câmara Municipal de Santos, Voto de Louvor, pelas ações em Reconhecimento ao Herói Negro Sergipano e Santista. QUINTINO DE LACERDA.
Requeiro, mas, que igual expressão, seja oficiada ao Senhor Presidente d Associação de Defesa da Comunidade Negra e Sambista de Santos, Senhor Luiz Otavio de Brito responsável pelos Projetos e homenagens a QUINTINO DE LACERDA.
Requeiro, também, que o deliberado, seja dado conhecimento ao Presidente da Câmara Municipal de Itabaiana, bem como a Prefeita, como expressão ao mês do seu falecimento a 13 de agosto de 1898.
Sala do Conselho, em 19 de Agosto de 2008.
José Severo dos Santos
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA IN REFERENDUN - AÇÃO MULTIPLICADORA NA ACADEMIA.
Artigo aceito para publicação pela Comissão Científica do VI Encontro Perspectivas do Ensino de História – ENPEH, de 10 a 13
de outubro de 2007 – Natal/RN – No prelo – Disponível emhttp://www.ensinodehistoria.com.br/producao Cultura afro‐brasileira e africana no livro didático de História do Brasil e História de Sergipe: possibilidades de transposição didática
Kléber Rodrigues Santos1
Resumo
A cada dia percebe-se que não se pode mais esconder a riqueza da cultura e história
africana, ainda tão desqualificada na historiografia brasileira. Neste sentido, o livro didático, tão influente no trabalho pedagógico, e se constituindo, praticamente, como o único material impresso de que muitos alunos brasileiros dispõem, pode contribuir para a garantia do respeito à cultura afro-brasileira e africana. Portanto, este trabalho divulga os primeiros resultados da pesquisa que se propõe a examinar o acervo de leis, documentos oficiais e artigos que tratam da cultura afro-brasileira e da cultura africana e viabilizar a“transposição didática” dessa temática para obras escolares de História de Sergipe.
A pesquisa já cumpriu o estágio do exame da legislação, de outros documentos oficiais e das teorias de ensino-aprendizagem e agora busca se debruçar sobre cartilhas e livros didáticos.
Palavras-chave: Cultura afro-brasileira e africana, livro didático, transposição didática.
Abstract
Every day is noticed that her more it cannot hide the wealth of the culture and African history, still so disqualified in Brazilian historiography. In this sense, the didactic book, so influential in the pedagogic work, and if constituting, practically, as the only material printed paper that many Brazilian students dispose, it can contribute to the warranty of the respect to the culture afro-Brazilian and African. Therefore, this work publishes the first results of the research that intends to examine the collection of laws, official documents
and goods that treat of the Afro-Brazilian culture and of the African culture and to make possible the "didactic transposition" of that theme for school works of History of Sergipe.
The research already accomplished the apprenticeship of the exam of the legislation, of other official documents and of the teaching-learning theories and now search if leans over on spelling books and text books.
Keywords: Afro-Brazilian and African culture, didactic book, didactic transposition
• Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail: kleberrsantos2004@hotmail.com.
Este trabalho faz parte do Projeto “História regional para as séries iniciais da escolarização básica brasileira: o texto didático em questão”,
desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas em Ensino de História, sob a orientação do Prof. Dr. Itamar Freitas, do Departamento de Educação da UFS.
2
Introdução
Há três anos, depois da sanção da Lei 10.639/032, estabeleceu-se um quadro
composto por várias dúvidas a respeito de como seriam abordadas, no livro didático de
História do Brasil e de Sergipe, a cultura afro-brasileira e africana.
Diante de tantas inquietações geradas, questionou-se nos meios escolares,
acadêmicos e editoriais sobre a possibilidade de se realizar a transposição didática dessa temática. De 2003 (ano da aprovação da lei supracitada) até hoje, a sociedade sergipana ainda se pergunta a propósito da estratégia a ser utilizada para didatizar a cultura afrobrasileira e africana, utilizando elementos da experiência local.
Em Sergipe, os conteúdos sobre África e sobre a história e a cultura dos afrobrasileiros são ensinados até agora de forma muito tímida. Mesmo com as modificações na legislação, precisa-se de uma ação pedagógica que insista numa educação de qualidade, e atue de forma pungente na manutenção da diversidade étnico-cultural e no desmantelamento das ações discriminatórias:
É preciso a compreensão de que todo o processo de transformação do currículo a
partir da Lei 10.639/03 não é apenas uma tentativa de incluir a cultura e a
história afro-brasileira numa sociedade que há muito tempo as exclui, mas sim
estabelecer no processo educativo as heranças culturais e a diversidade étnica da
cultura brasileira, possibilitando o diálogo e a participação de todos que a
compõem, sem distinções, promovendo os princípios da dignidade, do respeito
mútuo e da justiça social (SILVA, 2007:71).
Assim como em outras partes do Brasil, a população negra sergipana também sofre
com a discriminação invisível corroborada pelo mito da democracia racial, que nega
aspectos essenciais à vida dos afro-descendentes, como o direito a conhecer em
profundidade e ter valorizado a sua participação na história do país. A chamada
democracia racial “traz em seu cerne a negação do preconceito e da discriminação, a
isenção do branco e a culpabilização dos negros”HASENBALG, 1979 apud BENTO, 200-
:1)
A cultura negra, introduzida através da escravidão, imprimiu “marcas profundas em
toda extensão da alma sergipana” (D’ACELINO, 1998). Infelizmente, em nosso Estado, a
desqualificação da identidade cultural do negro, a desvalorização de sua herança africana, atrelada ao preconceito racial construído ao longo de vários séculos, tem gerado constrangimentos e baixa auto-estima.
Não se pode mais esperar para que a riqueza e a fecundidade da cultura negra passe
a ser vista nos conteúdos escolares e integrada à formação cultural dos estudantes.
Estudiosos como Nilma Lima Gomes têm uma opinião definida sobre esse assunto:
Na minha opinião, trabalhar com a cultura negra, na educação de um modo
geral e na escola em específico, é considerar a consciência cultural do povo negro,
ou seja, é atentar para o uso auto-reflexivo dessa cultura pelos sujeitos. Significa
compreender como as crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos negros e
negras constroem, vivem e reinventam suas tradições culturais de matriz
africana na vida cotidiana (GOMES, 2003:79).
É necessário reconhecer a relevância de incluir a cultura negra nos manuais
didáticos e realizar pesquisas e ensino de conteúdos sobre a África e os africanos,
dedicando um espaço efetivo para essa temática em nossos programas ou projetos. Neste
sentido, o livro didático pode contribuir para a formação de crianças e jovens de estrato sociais mais pobres – constituídos em sua grande maioria de negros –, ajudar na
2 Altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.
3recuperação das identidades negras/mestiças e promover o fim de uma visão monocultural e eurocêntrica.
A transposição didática3 da cultura afro-brasileira e africana tem uma grande
importância social num país como o Brasil, marcado pela diversidade étnica e cultural.
Pode ter um valor muito maior em Sergipe, estado que é carente em iniciativas em torno do livro didático (FREITAS, 2001), e que não conta, no ensino, com uma bibliografia especializada para tratar da cultura negra (SOUSA, 2006)
4.Também se faz necessária a revisão pedagógica dos manuais didáticos de Sergipe
que trazem como proposta a inclusão de conteúdos sobre cultura afro-brasileira e africana.
É preciso verificar como eles lidam com as teorias de ensino-aprendizagem. Além disso, torna-se indispensável avaliá-los no sentido de atender as necessidades de professores e alunos, possibilitando-lhes trabalhar conteúdos com propriedade, evitando assim as simplificações explicativas que banalizam o conhecimento.
Atendendo aos aspectos dispostos acima, este artigo se propõe a analisar
pedagogicamente o segundo volume5 da série Cadernos pedagógicos intitulado A presença
do negro na formação étnica sergipana. Essa proposta de didatização6 da cultura negra
em Sergipe é de autoria da Casa de Cultura Afro Sergipana, fundada pelo militante, ativista dos direitos humanos, ator e pai-de-santo Severo D’Acelino.
Crítica pedagógica
A presença do negro na formação étnica sergipana é um dos diversos trabalhos
ligados à educação que a Casa de Cultura Afro Sergipana vem realizando desde a sua
fundação, em 1968. A partir do ano de 1986, mais precisamente, a entidade passou a
elaborar propostas para a inclusão da cultura negra sergipana nos currículos escolares e também foram publicados alguns livros com o objetivo de levar, a alunos e professores do estado, um conhecimento sobre a cultura afro-brasileira e africana.
O livro tem como contribuição fundamental, a compreensão da organização social e
cultural de Sergipe, favorecendo um estudo sobre a cultura negra e um resgate sobre a
participação dos afro-descendentes na história sergipana. Busca, na difusão do patrimônio histórico-cultural do negro, uma ação reparadora relativa à exclusão e negação da identidade dessa parcela expressiva da população.
A obra possui trinta e sete páginas e está estruturada em: seção Objetivos, com as
metas e pretensões da coleção a qual o livro faz parte; Introdução, com uma apresentação do material, expondo, por exemplo, as fontes históricas e a proposta pedagógica; uma área reservada à exposição de leis federais, como a Lei 10.639/03, estaduais, como a Lei 4.192/997 e históricas, como a Lei Áurea; texto didático da historiadora sergipana Maria Thetis Nunes
3 Conceito i nt r oduzido, em 1975, pelo sociólogo Michel Verre t e r e d i s c u t i do por Yves Chevallard, relacionado à passagem de um conteúdo de saber cientifico a uma versão didática deste objeto de saber. A transposição didática busca combinar o
conhecimento do conteúdo formal com o do tratamento didático que deve receber tal conteúdo, para torná-lo de fácil compreensão para o aluno.
4 O professor Antonio Lindvaldo Sousa, da Universidade Federal de Sergipe, evidencia que a historiografia sergipana ainda se pauta em trabalhos sobre política institucional e economia. Ele sugere como forma para enfocar a cultura negra em sala de aula, o uso de cópias de documentos oficiais, como cartas e notas de jornais, complementando com a releitura de alguns textos impressos da historiografia sergipana tradicional que podem trazer muitas informações sobre a vida dos negros em Sergipe, mesmo tão influenciados pelo jargão explicativo que trazia a contribuição dos afro-descentes num quadro esquemático da formação social brasileira.
5 O primeiro volume da série chama-se O índio na formação sergipana.
6 Foram procuradas outras entidades, movimentos e organizações negras, no sentido de encontrar outras propostas de didatização da cultura negra em Sergipe, obtendo como resultado a informação de que, na capital do Estado, não existem entidades interessadas na elaboração de livros didáticos que incluam a história e cultura afro em seus conteúdos. Entre as entidades contatadas estão:
Promotoria de Educação do Ministério Público de Sergipe, Centro Sergipano de Educação Popular, Organização de Mulheres Negras Maria do Egito, Organização Careca e Camaradas, Secretaria Municipal de Educação de Aracaju.
7 Recomenda a inclusão de conteúdos da cultura negra em concurso público, curso de formação e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar, institui o dia 19 de janeiro como Dia Estadual de Luta da Consciência Negra, e dá outras providências.
4
Thetis Nunes com o mesmo título do livro; a seção Questionário, com 272 exercícios;
Sugestão para atividades e Referência Bibliográfica.
Na terceira página, na qual se encontra a introdução do livro, a proposta pedagógica
está superficialmente explicitada. O texto informa que a obra está baseada na educação inclusiva, não definida com clareza, e nem tem seus fundamentos teóricos apresentados.
Vê-se que o processo de ensino-aprendizagem é pensado na intenção de promover
através do conhecimento, reverter estereótipos e resgatar a excluída ancestralidade
africana para a memória coletiva:
(...) buscando a possibilidade de uma incursão revisitadora, a nossa
ancestralidade através de fios deste tecido multiforme que nossos pesquisadores
nos apresenta como instrumentos de construção da tapeçaria, assinalando um
episódio de nossa história para que possamos no futuro, conhecer ou construir e
entender o nosso passado (CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA, 2004:3-4).
Apresentar a educação inclusiva como concepção teórico-metodológica pode ser
considerada uma inovação na área pedagógica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
indicam que é preciso:
(...) investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza
representada pela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio
sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que
compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de dialogo, de
aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes
formas de expressão cultural. (BRASIL, 1997:32).
Questionando a segmentação entre os diferentes campos do conhecimento, o livro
também pretende uma ação interdisciplinar, contando, inclusive, com a participação de
disciplinas das Ciências Exatas, como a Matemática e a Física.
De acordo com o escritor Luiz Antonio Barreto, a obra também segue o “método de
testes”, utilizado desde o século XVIII para avaliar aptidões e que foi sendo desenvolvido como instrumento de avaliação pela Pedagogia. Os testes foram usados pela primeira vez pelo psicólogo J. Mackeen Cattell, mas, os primeiros a relacioná-los com as práticas educativas foram E. Meumann e J. Winteler (BARRETO, 2004).
A partir da década de 1930, os testes passaram a compor livros didáticos e os
manuais dos professores. Já na década de 1970, esse método alcançou seu auge ao
instrumentalizar a pedagogia tecnicista, sendo combatido com rigor, posteriormente, como uma prática tradicional, uma avaliação por excelência (FREITAS, 2006).
Provavelmente, por adotar a tradicional pedagogia dos testes, o livro aqui analisado
acaba por exibir raras situações em que o aluno é realmente estimulado a adotar uma
postura ativa, autônoma e reflexiva em relação aos conteúdos que lhe são apresentados.
Em relação ao texto didático da obra, é possível caracterizá-lo como fluente. Ele
apresenta unidade, coerência e coesão. Num panorama geral, a linguagem adotada e seus
conceitos e informações são adequadas ao aluno do Ensino Médio e das séries finais do
Ensino Fundamental, pois respeitam a capacidade cognitiva própria dos docentes desses
níveis de ensino.
Porém, pode-se afirmar que esse texto, de autoria da historiadora Maria Thetis
Nunes, não é o mais adequado aos objetivos do manual referentes à reversão de
estereótipos e resgate da ancestralidade africana.
O texto de Thetis Nunes se baseia numa perspectiva tradicional da História, que se
fundamenta em fatos políticos e econômicos, não se enquadrando num perfil cultural de
valorização de identidades e etnias. Dessa forma, observa-se que não há coerência entre o texto didático e a proposta de ensino-aprendizagem adotada pela obra.
O livro A presença do negro na formação étnica sergipana não conta com um manual do professor. Essa é uma falha grave.
O manual do professor é de suma importância, pois descreve a estrutura geral da obra, expressando a articulação das propostas teórico-metodológicas com as estratégias utilizadas na elaboração do livro BRASIL, 2007:17). O manual do professor também orienta a forma de trabalhar com os materiais didáticos em sala de aula, sugere atividades complementares, subsidia a correção de atividades e exercícios destinados para os alunos, indica recursos e fontes que podem ser utilizados pelo professor, além de apontar textos auxiliares, sugestões de filmes e
respostas aos exercícios propostos para os alunos (BRASIL, 2007:17). A ausência desse
manual diminui as possibilidades de reflexão no trabalho docente, principalmente no que se refere à utilização do livro didático pelo aluno, aos preceitos teóricos e aos
procedimentos metodológicos.
A proposta de didatização promovida pela Casa de Cultura Afro Sergipana também
não possui ilustrações. Essas imagens ou ilustrações devem ser de fácil compreensão e
precisam se adequar às finalidades pedagógicas para as quais foram elaboradas. Elas
propiciam novas formas de conhecimento auxiliar na leitura e na compreensão dos textos e levam o aluno a problematizar os conceitos históricos (BRASIL, 2006:28).
No livro didático de história, a principal contribuição da ilustração é a sua capacidade de desencadear um processo discursivo através do estímulo visual. Uma vez que seja acompanhada de legenda ou guarde relação com algum texto próximo a ela, contribui para o entendimento do texto e para a construção de conceitos.
Segundo Miguel Angel Santos Guerra, a imagem visual tem as funções de cortar a
monotonia de um texto escrito, despertar interesse no aluno, transcodificar a mensagem icônica e provocar uma experiência didática, dado o seu poder de reorganização do real.
Para o autor, a ilustração explica graficamente mediante a manipulação de diversos
códigos sobrepostos numa mesma imagem, verifica uma determinada idéia, processo ou
operação apresentada e ilustra o conteúdo manifestado no texto, conferindo-lhe equilíbrio(GUERRA, 1998:122-123).
No que se refere às atividades e exercícios, o PNLD informa que
os textos, as ilustrações, os exercícios e as atividades propostas precisam
favorecer o desenvolvimento do pensamento autônomo e crítico e de diferentes
tipos de capacidades e habilidades, tais como: a memorização, observação,
investigação, compreensão, interpretação, argumentação, análise, síntese,
comparação, formulação de hipóteses, planejamento, criatividade e avaliação
(BRASIL, 2007ª:15).
As sugestões para atividades, que são encontradas na parte final do livro analisado,
estão de acordo com o que o texto supracitado recomenda. Elas apresentam um estímulo
para a realização de trabalhos de pesquisa que desenvolvem a investigação (como o
levantamento do número de afro-descendentes na escola), de produção textual, seminários sobre questões relativas à situação do negro no país, a leitura de leis e outros documentos oficiais. No entanto, a obra não fornece maiores orientações sobre os usos dos seus 272 exercícios. Percebe-se imediatamente que eles não desenvolvem a produção de textos. O que prevalece são as perguntas de “marcar x”, que visam a memorização e a fixação de conteudos, não conseguindo provocar no aluno a construção de hipóteses e argumentação.
O livro é dedicado a um público abrangente: professores e alunos dos níveis
Fundamental, Médio e Superior. Essa característica acarreta alguns problemas. Observa-se nas perguntas, muitas vezes, a presença de vocábulos e conceitos que podem até ser comuns para professores e alunos das séries finais do Ensino Fundamental, do Ensino Medio e Superior, mas que são avançados para aqueles das séries iniciais.
Estes alunos têm, em média, entre 6 e 11 anos, não possuindo ainda um vocabulário
extenso e a compreensão de muitos conceitos. Segundo Piaget, nessa faixa etária, as
crianças passam por períodos de desenvolvimento, conhecidos como estágio da
inteligência intuitiva e estágio das operações intelectuais concretas. Dessa forma, no decorrer de todo esse período, a criança passa de uma fase marcada pelo início do
pensamento com linguagem, da interiorização das ações para um nível mais elevado, em
que as estruturas operatórias começam a repousar sobre proposições de enunciados
verbais e o raciocínio hipotético-dedutivo é mais consistente (PIAGET, 1967:112-114).
Seguindo também os princípios da teoria verbal significativa de David Ausubel,
observa-se que o seqüenciamento dos conteúdos de ensino deve ser orientado por uma
hierarquia conceitual em ordem descendente, começando pelos conceitos mais gerais até a apresentação dos mais detalhados (MARTÍN; SOLÉ, 2004:67).
À guisa de conclusão: por um livro de História de Sergipe com mais qualidade
O que se pode concluir a partir da avaliação pedagógica realizada neste artigo é que
A presença do negro na formação étnica sergipana possui vários erros em sua elaboração.
As falhas apresentadas vão desde a falta de manual do professor, passando pela falta de ilustrações, até, por exemplo, por um texto didático não adequado. Em relação à concepção teórico-metodológica, verifica-se que se encontra má explicitada; a proposta pedagógica oscila entre a inovação e o tradicionalismo.
O livro analisado pode assumir um papel relevante em Sergipe, posto que ele se
destina à didatização do conhecimento sobre a cultura negra. Mas, mesmo num Estado
com tão poucas propostas de livros didáticos, e com um número de produções sobre
história e cultura afro tão reduzido, é necessário prezar pela confecção de novos manuais com mais qualidade e quantidade.
É imprescindível que além da Casa de Cultura Afro Sergipana, outros grupos
culturais, entidades do movimento negro, organizações não-governamentais e centros de
pesquisa de Sergipe passem a dar mais atenção à implementação de práticas pedagógicas e à edição de livros escolares voltados para a diversidade étnico-racial.
Espera-se que o presente trabalho venha contribuir na melhoria das iniciativas de
transposição de conhecimentos históricos e pedagógicos para o livro didático, sempre
objetivando o reconhecimento da identidade negra, o respeito pela cultura afro-brasileira e africana e o reconhecimento dos afro-descendentes na sociedade sergipana.
Referências Bibliográficas
BARRETO, Luiz Antonio. A pedagogia e os testes. Gazeta de Sergipe, Aracaju, 20 fev.
2004.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Aprendendo e ensinando relações raciais no Brasil.
Disponível em:. Acesso em: 15 set. 2006.
BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras
providências. Acesso em: 05 de
agosto de 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Catálogo do Programa
Nacional do Livro para o Ensino Médio PNLEM/2008: História. Brasília: 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia do livro didático
PNLD 2007: História – séries/anos iniciais do ensino Fundamental. Brasília: 2006.
7
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia do livro didático
PNLD 2008: História – séries/anos finais do ensino Fundamental. Brasília: 2007a.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília, DF: MEC/SEF,
1997.
BRITO. Deogenes Duarte de. Casa de Cultura Afro Sergipana: uma contribuição ao
movimento negro em Sergipe (1968-1998). Monografia (Graduação em História).
DHI/CECH/UFS. São Cristóvão, 2000.
CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA. A presença do negro na formação étnica
sergipana. Cadernos pedagógicos, Aracaju, n. 2, 2004. p. 1-37.
CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sábio al saber enseñado. Buenos
Aires: Aique Grupo Editor, 2005.
D’ACELINO, Severo. Racismo nas escolas e educação em Sergipe. Aracaju: MemoriAfro,
1998.
FREITAS, Itamar. A invenção dos testes no ensino secundário de história. Cadernos UFS
Psicologia. São Cristóvão, v. 8, n. 3, 2006. p. 1-20.
__________. O livro didático de história de Sergipe. Jornal da Cidade, Aracaju, 29-30
jan. 2001. Disponível em:.
Acesso em: 15 jun. 2007.
GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação. v. 23,
mai/jun/jul/ago 2003.
GUERRA, Miguel Angel Santos. Imagen y Educación. Buenos Aires: Magistério del Rio de
la Plata, 1998.
MARTÍN, Elena; SOLÉ, Isabel. A aprendizagem significativa e a teoria da assimilação. In:
COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús (Orgs). Desenvolvimento psicológico
e educação - 2: psicologia da educação escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
OLIM, Bárbara Barros de; MENEZES, Hermeson Alves de. Aprendizagem visual: um
estudo das funções da imagem com alternativa para novas representações do negro no
livro didático. Disponível em:.
Acesso em: 05 ago. 2007.
ORIÁ, Ricardo. Ensino de História e diversidade cultural. Cadernos Cedes. São Paulo, v.
25, n. 67, set/dez 2005.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Trad: Maria Alice Magalhães D’Amorim.
Forense Universitária, 1967.
ROSEMBERG, Fúlvia; BAZILLI, Chirley; SILVA, Paulo Vinícius Baptista da. Racismo em
livros didáticos brasileiros e seu combate: uma revisão da literatura. Educação e Pesquisa.
São Paulo, v. 29, n. 1, jan/jun 2003, p. 125-146.
8
SERGIPE. Lei 4.192, de 23 de dezembro de 1999. Recomenda a inclusão de conteúdos da
cultura negra em concurso público, curso de formação e aperfeiçoamento do servidor
público civil e militar, e institui o dia 19 de janeiro como Dia Estadual de Luta da
Consciência Negra, e dá outras providências. In: CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA.
A presença do negro na formação étnica sergipana. Cadernos pedagógicos, Aracaju, n. 2,
2004. p. 1-37.
SILVA, Ana Rita Santiago da; SILVA, Rosangela Souza da. História do negro na educação:
entre fatos, ações e desafios. Salvador: Revista da FAEEBA – Educação e
Contemporaneidade. v. 14, n. 24, jul/dez 2005.
SILVA, Edmilson Suassuna da. O passado que teima em ser presente: uma abordagem
sobre o livro didático no trato da questão quilombola. In: MARCON, Frank; SOGBOSSI,
Hippolyte Brice (Org). Estudos africanos, história e cultura afro-brasileira: olhares sobre
a Lei 10.639/03. São Cristóvão: Editora UFS, 2007.
SOUSA, Antonio Lindvaldo. O ensino de História de Sergipe e a cultura negra. Jornal da
Cidade. Aracaju, 29 nov. 2006. Opinião, p. 6.
VALENTE, Ana Lúcia. Ação afirmativa, relações raciais e educação básica. Revista
Brasileira de Educação. v. 28, jan/fev/mar/abr 2005.
de outubro de 2007 – Natal/RN – No prelo – Disponível emhttp://www.ensinodehistoria.com.br/producao Cultura afro‐brasileira e africana no livro didático de História do Brasil e História de Sergipe: possibilidades de transposição didática
Kléber Rodrigues Santos1
Resumo
A cada dia percebe-se que não se pode mais esconder a riqueza da cultura e história
africana, ainda tão desqualificada na historiografia brasileira. Neste sentido, o livro didático, tão influente no trabalho pedagógico, e se constituindo, praticamente, como o único material impresso de que muitos alunos brasileiros dispõem, pode contribuir para a garantia do respeito à cultura afro-brasileira e africana. Portanto, este trabalho divulga os primeiros resultados da pesquisa que se propõe a examinar o acervo de leis, documentos oficiais e artigos que tratam da cultura afro-brasileira e da cultura africana e viabilizar a“transposição didática” dessa temática para obras escolares de História de Sergipe.
A pesquisa já cumpriu o estágio do exame da legislação, de outros documentos oficiais e das teorias de ensino-aprendizagem e agora busca se debruçar sobre cartilhas e livros didáticos.
Palavras-chave: Cultura afro-brasileira e africana, livro didático, transposição didática.
Abstract
Every day is noticed that her more it cannot hide the wealth of the culture and African history, still so disqualified in Brazilian historiography. In this sense, the didactic book, so influential in the pedagogic work, and if constituting, practically, as the only material printed paper that many Brazilian students dispose, it can contribute to the warranty of the respect to the culture afro-Brazilian and African. Therefore, this work publishes the first results of the research that intends to examine the collection of laws, official documents
and goods that treat of the Afro-Brazilian culture and of the African culture and to make possible the "didactic transposition" of that theme for school works of History of Sergipe.
The research already accomplished the apprenticeship of the exam of the legislation, of other official documents and of the teaching-learning theories and now search if leans over on spelling books and text books.
Keywords: Afro-Brazilian and African culture, didactic book, didactic transposition
• Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail: kleberrsantos2004@hotmail.com.
Este trabalho faz parte do Projeto “História regional para as séries iniciais da escolarização básica brasileira: o texto didático em questão”,
desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas em Ensino de História, sob a orientação do Prof. Dr. Itamar Freitas, do Departamento de Educação da UFS.
2
Introdução
Há três anos, depois da sanção da Lei 10.639/032, estabeleceu-se um quadro
composto por várias dúvidas a respeito de como seriam abordadas, no livro didático de
História do Brasil e de Sergipe, a cultura afro-brasileira e africana.
Diante de tantas inquietações geradas, questionou-se nos meios escolares,
acadêmicos e editoriais sobre a possibilidade de se realizar a transposição didática dessa temática. De 2003 (ano da aprovação da lei supracitada) até hoje, a sociedade sergipana ainda se pergunta a propósito da estratégia a ser utilizada para didatizar a cultura afrobrasileira e africana, utilizando elementos da experiência local.
Em Sergipe, os conteúdos sobre África e sobre a história e a cultura dos afrobrasileiros são ensinados até agora de forma muito tímida. Mesmo com as modificações na legislação, precisa-se de uma ação pedagógica que insista numa educação de qualidade, e atue de forma pungente na manutenção da diversidade étnico-cultural e no desmantelamento das ações discriminatórias:
É preciso a compreensão de que todo o processo de transformação do currículo a
partir da Lei 10.639/03 não é apenas uma tentativa de incluir a cultura e a
história afro-brasileira numa sociedade que há muito tempo as exclui, mas sim
estabelecer no processo educativo as heranças culturais e a diversidade étnica da
cultura brasileira, possibilitando o diálogo e a participação de todos que a
compõem, sem distinções, promovendo os princípios da dignidade, do respeito
mútuo e da justiça social (SILVA, 2007:71).
Assim como em outras partes do Brasil, a população negra sergipana também sofre
com a discriminação invisível corroborada pelo mito da democracia racial, que nega
aspectos essenciais à vida dos afro-descendentes, como o direito a conhecer em
profundidade e ter valorizado a sua participação na história do país. A chamada
democracia racial “traz em seu cerne a negação do preconceito e da discriminação, a
isenção do branco e a culpabilização dos negros”HASENBALG, 1979 apud BENTO, 200-
:1)
A cultura negra, introduzida através da escravidão, imprimiu “marcas profundas em
toda extensão da alma sergipana” (D’ACELINO, 1998). Infelizmente, em nosso Estado, a
desqualificação da identidade cultural do negro, a desvalorização de sua herança africana, atrelada ao preconceito racial construído ao longo de vários séculos, tem gerado constrangimentos e baixa auto-estima.
Não se pode mais esperar para que a riqueza e a fecundidade da cultura negra passe
a ser vista nos conteúdos escolares e integrada à formação cultural dos estudantes.
Estudiosos como Nilma Lima Gomes têm uma opinião definida sobre esse assunto:
Na minha opinião, trabalhar com a cultura negra, na educação de um modo
geral e na escola em específico, é considerar a consciência cultural do povo negro,
ou seja, é atentar para o uso auto-reflexivo dessa cultura pelos sujeitos. Significa
compreender como as crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos negros e
negras constroem, vivem e reinventam suas tradições culturais de matriz
africana na vida cotidiana (GOMES, 2003:79).
É necessário reconhecer a relevância de incluir a cultura negra nos manuais
didáticos e realizar pesquisas e ensino de conteúdos sobre a África e os africanos,
dedicando um espaço efetivo para essa temática em nossos programas ou projetos. Neste
sentido, o livro didático pode contribuir para a formação de crianças e jovens de estrato sociais mais pobres – constituídos em sua grande maioria de negros –, ajudar na
2 Altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.
3recuperação das identidades negras/mestiças e promover o fim de uma visão monocultural e eurocêntrica.
A transposição didática3 da cultura afro-brasileira e africana tem uma grande
importância social num país como o Brasil, marcado pela diversidade étnica e cultural.
Pode ter um valor muito maior em Sergipe, estado que é carente em iniciativas em torno do livro didático (FREITAS, 2001), e que não conta, no ensino, com uma bibliografia especializada para tratar da cultura negra (SOUSA, 2006)
4.Também se faz necessária a revisão pedagógica dos manuais didáticos de Sergipe
que trazem como proposta a inclusão de conteúdos sobre cultura afro-brasileira e africana.
É preciso verificar como eles lidam com as teorias de ensino-aprendizagem. Além disso, torna-se indispensável avaliá-los no sentido de atender as necessidades de professores e alunos, possibilitando-lhes trabalhar conteúdos com propriedade, evitando assim as simplificações explicativas que banalizam o conhecimento.
Atendendo aos aspectos dispostos acima, este artigo se propõe a analisar
pedagogicamente o segundo volume5 da série Cadernos pedagógicos intitulado A presença
do negro na formação étnica sergipana. Essa proposta de didatização6 da cultura negra
em Sergipe é de autoria da Casa de Cultura Afro Sergipana, fundada pelo militante, ativista dos direitos humanos, ator e pai-de-santo Severo D’Acelino.
Crítica pedagógica
A presença do negro na formação étnica sergipana é um dos diversos trabalhos
ligados à educação que a Casa de Cultura Afro Sergipana vem realizando desde a sua
fundação, em 1968. A partir do ano de 1986, mais precisamente, a entidade passou a
elaborar propostas para a inclusão da cultura negra sergipana nos currículos escolares e também foram publicados alguns livros com o objetivo de levar, a alunos e professores do estado, um conhecimento sobre a cultura afro-brasileira e africana.
O livro tem como contribuição fundamental, a compreensão da organização social e
cultural de Sergipe, favorecendo um estudo sobre a cultura negra e um resgate sobre a
participação dos afro-descendentes na história sergipana. Busca, na difusão do patrimônio histórico-cultural do negro, uma ação reparadora relativa à exclusão e negação da identidade dessa parcela expressiva da população.
A obra possui trinta e sete páginas e está estruturada em: seção Objetivos, com as
metas e pretensões da coleção a qual o livro faz parte; Introdução, com uma apresentação do material, expondo, por exemplo, as fontes históricas e a proposta pedagógica; uma área reservada à exposição de leis federais, como a Lei 10.639/03, estaduais, como a Lei 4.192/997 e históricas, como a Lei Áurea; texto didático da historiadora sergipana Maria Thetis Nunes
3 Conceito i nt r oduzido, em 1975, pelo sociólogo Michel Verre t e r e d i s c u t i do por Yves Chevallard, relacionado à passagem de um conteúdo de saber cientifico a uma versão didática deste objeto de saber. A transposição didática busca combinar o
conhecimento do conteúdo formal com o do tratamento didático que deve receber tal conteúdo, para torná-lo de fácil compreensão para o aluno.
4 O professor Antonio Lindvaldo Sousa, da Universidade Federal de Sergipe, evidencia que a historiografia sergipana ainda se pauta em trabalhos sobre política institucional e economia. Ele sugere como forma para enfocar a cultura negra em sala de aula, o uso de cópias de documentos oficiais, como cartas e notas de jornais, complementando com a releitura de alguns textos impressos da historiografia sergipana tradicional que podem trazer muitas informações sobre a vida dos negros em Sergipe, mesmo tão influenciados pelo jargão explicativo que trazia a contribuição dos afro-descentes num quadro esquemático da formação social brasileira.
5 O primeiro volume da série chama-se O índio na formação sergipana.
6 Foram procuradas outras entidades, movimentos e organizações negras, no sentido de encontrar outras propostas de didatização da cultura negra em Sergipe, obtendo como resultado a informação de que, na capital do Estado, não existem entidades interessadas na elaboração de livros didáticos que incluam a história e cultura afro em seus conteúdos. Entre as entidades contatadas estão:
Promotoria de Educação do Ministério Público de Sergipe, Centro Sergipano de Educação Popular, Organização de Mulheres Negras Maria do Egito, Organização Careca e Camaradas, Secretaria Municipal de Educação de Aracaju.
7 Recomenda a inclusão de conteúdos da cultura negra em concurso público, curso de formação e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar, institui o dia 19 de janeiro como Dia Estadual de Luta da Consciência Negra, e dá outras providências.
4
Thetis Nunes com o mesmo título do livro; a seção Questionário, com 272 exercícios;
Sugestão para atividades e Referência Bibliográfica.
Na terceira página, na qual se encontra a introdução do livro, a proposta pedagógica
está superficialmente explicitada. O texto informa que a obra está baseada na educação inclusiva, não definida com clareza, e nem tem seus fundamentos teóricos apresentados.
Vê-se que o processo de ensino-aprendizagem é pensado na intenção de promover
através do conhecimento, reverter estereótipos e resgatar a excluída ancestralidade
africana para a memória coletiva:
(...) buscando a possibilidade de uma incursão revisitadora, a nossa
ancestralidade através de fios deste tecido multiforme que nossos pesquisadores
nos apresenta como instrumentos de construção da tapeçaria, assinalando um
episódio de nossa história para que possamos no futuro, conhecer ou construir e
entender o nosso passado (CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA, 2004:3-4).
Apresentar a educação inclusiva como concepção teórico-metodológica pode ser
considerada uma inovação na área pedagógica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
indicam que é preciso:
(...) investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza
representada pela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio
sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que
compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de dialogo, de
aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes
formas de expressão cultural. (BRASIL, 1997:32).
Questionando a segmentação entre os diferentes campos do conhecimento, o livro
também pretende uma ação interdisciplinar, contando, inclusive, com a participação de
disciplinas das Ciências Exatas, como a Matemática e a Física.
De acordo com o escritor Luiz Antonio Barreto, a obra também segue o “método de
testes”, utilizado desde o século XVIII para avaliar aptidões e que foi sendo desenvolvido como instrumento de avaliação pela Pedagogia. Os testes foram usados pela primeira vez pelo psicólogo J. Mackeen Cattell, mas, os primeiros a relacioná-los com as práticas educativas foram E. Meumann e J. Winteler (BARRETO, 2004).
A partir da década de 1930, os testes passaram a compor livros didáticos e os
manuais dos professores. Já na década de 1970, esse método alcançou seu auge ao
instrumentalizar a pedagogia tecnicista, sendo combatido com rigor, posteriormente, como uma prática tradicional, uma avaliação por excelência (FREITAS, 2006).
Provavelmente, por adotar a tradicional pedagogia dos testes, o livro aqui analisado
acaba por exibir raras situações em que o aluno é realmente estimulado a adotar uma
postura ativa, autônoma e reflexiva em relação aos conteúdos que lhe são apresentados.
Em relação ao texto didático da obra, é possível caracterizá-lo como fluente. Ele
apresenta unidade, coerência e coesão. Num panorama geral, a linguagem adotada e seus
conceitos e informações são adequadas ao aluno do Ensino Médio e das séries finais do
Ensino Fundamental, pois respeitam a capacidade cognitiva própria dos docentes desses
níveis de ensino.
Porém, pode-se afirmar que esse texto, de autoria da historiadora Maria Thetis
Nunes, não é o mais adequado aos objetivos do manual referentes à reversão de
estereótipos e resgate da ancestralidade africana.
O texto de Thetis Nunes se baseia numa perspectiva tradicional da História, que se
fundamenta em fatos políticos e econômicos, não se enquadrando num perfil cultural de
valorização de identidades e etnias. Dessa forma, observa-se que não há coerência entre o texto didático e a proposta de ensino-aprendizagem adotada pela obra.
O livro A presença do negro na formação étnica sergipana não conta com um manual do professor. Essa é uma falha grave.
O manual do professor é de suma importância, pois descreve a estrutura geral da obra, expressando a articulação das propostas teórico-metodológicas com as estratégias utilizadas na elaboração do livro BRASIL, 2007:17). O manual do professor também orienta a forma de trabalhar com os materiais didáticos em sala de aula, sugere atividades complementares, subsidia a correção de atividades e exercícios destinados para os alunos, indica recursos e fontes que podem ser utilizados pelo professor, além de apontar textos auxiliares, sugestões de filmes e
respostas aos exercícios propostos para os alunos (BRASIL, 2007:17). A ausência desse
manual diminui as possibilidades de reflexão no trabalho docente, principalmente no que se refere à utilização do livro didático pelo aluno, aos preceitos teóricos e aos
procedimentos metodológicos.
A proposta de didatização promovida pela Casa de Cultura Afro Sergipana também
não possui ilustrações. Essas imagens ou ilustrações devem ser de fácil compreensão e
precisam se adequar às finalidades pedagógicas para as quais foram elaboradas. Elas
propiciam novas formas de conhecimento auxiliar na leitura e na compreensão dos textos e levam o aluno a problematizar os conceitos históricos (BRASIL, 2006:28).
No livro didático de história, a principal contribuição da ilustração é a sua capacidade de desencadear um processo discursivo através do estímulo visual. Uma vez que seja acompanhada de legenda ou guarde relação com algum texto próximo a ela, contribui para o entendimento do texto e para a construção de conceitos.
Segundo Miguel Angel Santos Guerra, a imagem visual tem as funções de cortar a
monotonia de um texto escrito, despertar interesse no aluno, transcodificar a mensagem icônica e provocar uma experiência didática, dado o seu poder de reorganização do real.
Para o autor, a ilustração explica graficamente mediante a manipulação de diversos
códigos sobrepostos numa mesma imagem, verifica uma determinada idéia, processo ou
operação apresentada e ilustra o conteúdo manifestado no texto, conferindo-lhe equilíbrio(GUERRA, 1998:122-123).
No que se refere às atividades e exercícios, o PNLD informa que
os textos, as ilustrações, os exercícios e as atividades propostas precisam
favorecer o desenvolvimento do pensamento autônomo e crítico e de diferentes
tipos de capacidades e habilidades, tais como: a memorização, observação,
investigação, compreensão, interpretação, argumentação, análise, síntese,
comparação, formulação de hipóteses, planejamento, criatividade e avaliação
(BRASIL, 2007ª:15).
As sugestões para atividades, que são encontradas na parte final do livro analisado,
estão de acordo com o que o texto supracitado recomenda. Elas apresentam um estímulo
para a realização de trabalhos de pesquisa que desenvolvem a investigação (como o
levantamento do número de afro-descendentes na escola), de produção textual, seminários sobre questões relativas à situação do negro no país, a leitura de leis e outros documentos oficiais. No entanto, a obra não fornece maiores orientações sobre os usos dos seus 272 exercícios. Percebe-se imediatamente que eles não desenvolvem a produção de textos. O que prevalece são as perguntas de “marcar x”, que visam a memorização e a fixação de conteudos, não conseguindo provocar no aluno a construção de hipóteses e argumentação.
O livro é dedicado a um público abrangente: professores e alunos dos níveis
Fundamental, Médio e Superior. Essa característica acarreta alguns problemas. Observa-se nas perguntas, muitas vezes, a presença de vocábulos e conceitos que podem até ser comuns para professores e alunos das séries finais do Ensino Fundamental, do Ensino Medio e Superior, mas que são avançados para aqueles das séries iniciais.
Estes alunos têm, em média, entre 6 e 11 anos, não possuindo ainda um vocabulário
extenso e a compreensão de muitos conceitos. Segundo Piaget, nessa faixa etária, as
crianças passam por períodos de desenvolvimento, conhecidos como estágio da
inteligência intuitiva e estágio das operações intelectuais concretas. Dessa forma, no decorrer de todo esse período, a criança passa de uma fase marcada pelo início do
pensamento com linguagem, da interiorização das ações para um nível mais elevado, em
que as estruturas operatórias começam a repousar sobre proposições de enunciados
verbais e o raciocínio hipotético-dedutivo é mais consistente (PIAGET, 1967:112-114).
Seguindo também os princípios da teoria verbal significativa de David Ausubel,
observa-se que o seqüenciamento dos conteúdos de ensino deve ser orientado por uma
hierarquia conceitual em ordem descendente, começando pelos conceitos mais gerais até a apresentação dos mais detalhados (MARTÍN; SOLÉ, 2004:67).
À guisa de conclusão: por um livro de História de Sergipe com mais qualidade
O que se pode concluir a partir da avaliação pedagógica realizada neste artigo é que
A presença do negro na formação étnica sergipana possui vários erros em sua elaboração.
As falhas apresentadas vão desde a falta de manual do professor, passando pela falta de ilustrações, até, por exemplo, por um texto didático não adequado. Em relação à concepção teórico-metodológica, verifica-se que se encontra má explicitada; a proposta pedagógica oscila entre a inovação e o tradicionalismo.
O livro analisado pode assumir um papel relevante em Sergipe, posto que ele se
destina à didatização do conhecimento sobre a cultura negra. Mas, mesmo num Estado
com tão poucas propostas de livros didáticos, e com um número de produções sobre
história e cultura afro tão reduzido, é necessário prezar pela confecção de novos manuais com mais qualidade e quantidade.
É imprescindível que além da Casa de Cultura Afro Sergipana, outros grupos
culturais, entidades do movimento negro, organizações não-governamentais e centros de
pesquisa de Sergipe passem a dar mais atenção à implementação de práticas pedagógicas e à edição de livros escolares voltados para a diversidade étnico-racial.
Espera-se que o presente trabalho venha contribuir na melhoria das iniciativas de
transposição de conhecimentos históricos e pedagógicos para o livro didático, sempre
objetivando o reconhecimento da identidade negra, o respeito pela cultura afro-brasileira e africana e o reconhecimento dos afro-descendentes na sociedade sergipana.
Referências Bibliográficas
BARRETO, Luiz Antonio. A pedagogia e os testes. Gazeta de Sergipe, Aracaju, 20 fev.
2004.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Aprendendo e ensinando relações raciais no Brasil.
Disponível em:
BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras
providências.
agosto de 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Catálogo do Programa
Nacional do Livro para o Ensino Médio PNLEM/2008: História. Brasília: 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia do livro didático
PNLD 2007: História – séries/anos iniciais do ensino Fundamental. Brasília: 2006.
7
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia do livro didático
PNLD 2008: História – séries/anos finais do ensino Fundamental. Brasília: 2007a.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília, DF: MEC/SEF,
1997.
BRITO. Deogenes Duarte de. Casa de Cultura Afro Sergipana: uma contribuição ao
movimento negro em Sergipe (1968-1998). Monografia (Graduação em História).
DHI/CECH/UFS. São Cristóvão, 2000.
CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA. A presença do negro na formação étnica
sergipana. Cadernos pedagógicos, Aracaju, n. 2, 2004. p. 1-37.
CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sábio al saber enseñado. Buenos
Aires: Aique Grupo Editor, 2005.
D’ACELINO, Severo. Racismo nas escolas e educação em Sergipe. Aracaju: MemoriAfro,
1998.
FREITAS, Itamar. A invenção dos testes no ensino secundário de história. Cadernos UFS
Psicologia. São Cristóvão, v. 8, n. 3, 2006. p. 1-20.
__________. O livro didático de história de Sergipe. Jornal da Cidade, Aracaju, 29-30
jan. 2001. Disponível em:
Acesso em: 15 jun. 2007.
GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação. v. 23,
mai/jun/jul/ago 2003.
GUERRA, Miguel Angel Santos. Imagen y Educación. Buenos Aires: Magistério del Rio de
la Plata, 1998.
MARTÍN, Elena; SOLÉ, Isabel. A aprendizagem significativa e a teoria da assimilação. In:
COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús (Orgs). Desenvolvimento psicológico
e educação - 2: psicologia da educação escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
OLIM, Bárbara Barros de; MENEZES, Hermeson Alves de. Aprendizagem visual: um
estudo das funções da imagem com alternativa para novas representações do negro no
livro didático. Disponível em:
Acesso em: 05 ago. 2007.
ORIÁ, Ricardo. Ensino de História e diversidade cultural. Cadernos Cedes. São Paulo, v.
25, n. 67, set/dez 2005.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Trad: Maria Alice Magalhães D’Amorim.
Forense Universitária, 1967.
ROSEMBERG, Fúlvia; BAZILLI, Chirley; SILVA, Paulo Vinícius Baptista da. Racismo em
livros didáticos brasileiros e seu combate: uma revisão da literatura. Educação e Pesquisa.
São Paulo, v. 29, n. 1, jan/jun 2003, p. 125-146.
8
SERGIPE. Lei 4.192, de 23 de dezembro de 1999. Recomenda a inclusão de conteúdos da
cultura negra em concurso público, curso de formação e aperfeiçoamento do servidor
público civil e militar, e institui o dia 19 de janeiro como Dia Estadual de Luta da
Consciência Negra, e dá outras providências. In: CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA.
A presença do negro na formação étnica sergipana. Cadernos pedagógicos, Aracaju, n. 2,
2004. p. 1-37.
SILVA, Ana Rita Santiago da; SILVA, Rosangela Souza da. História do negro na educação:
entre fatos, ações e desafios. Salvador: Revista da FAEEBA – Educação e
Contemporaneidade. v. 14, n. 24, jul/dez 2005.
SILVA, Edmilson Suassuna da. O passado que teima em ser presente: uma abordagem
sobre o livro didático no trato da questão quilombola. In: MARCON, Frank; SOGBOSSI,
Hippolyte Brice (Org). Estudos africanos, história e cultura afro-brasileira: olhares sobre
a Lei 10.639/03. São Cristóvão: Editora UFS, 2007.
SOUSA, Antonio Lindvaldo. O ensino de História de Sergipe e a cultura negra. Jornal da
Cidade. Aracaju, 29 nov. 2006. Opinião, p. 6.
VALENTE, Ana Lúcia. Ação afirmativa, relações raciais e educação básica. Revista
Brasileira de Educação. v. 28, jan/fev/mar/abr 2005.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
RACISMO INSTITUCIONAL - MODELO SERGIPANO
RACISMO OFICIAL
O MODELO SERGIPANO
O Estado democrático não pode patrocinar a Intolerância. Não pode discriminar. Não pode se ausentar ou terceirizar suas funções.
Severo D’Acelino.
Senhor Governador.
Senhor Prefeito.
É visível a atitude racista chapa branca em Sergipe, principalmente na administração petista, o que causa indignação tendo visto que fora do poder sempre propugnou por uma gestão democrática, onde todos fossem contemplados com os signos constitucionais, mas na prática a conversa é outra.
A gestão do governador Marcelo Deda e do Prefeito Edvaldo Nogueira, não oferece nenhuma oportunidade de expressão ao coletivo negro. Nenhuma ação se volta em beneficio deste segmento e por isso, seu maior instrumento é a exclusão de indivíduos e grupos negros, do espaço da mídia.
É o AI-5 Petista, a imprensa que já desde a administração do Usineiro já mostrava sinais reducionistas em função de divulgação das Questões e Condições do Negro, recrudesceu na administração dos Alves, e cristalizou na administração de Deda, que transformou a Prefeitura numa secretaria do Estado, monopolizou e sacramentou o corporativismo na mídia contra as questões negras.
Tanto a Secretaria de Estado da Comunicação, quanto a Secretaria Municipal de Comunicações, detem um dos maiores orçamentos das administração do Estado e da Capital, de fazer inveja a Saúde, Educação e Segurança.
Qualquer um que levantar as questões do negro nestes últimos anos na mídia sergipana, levará um susto e certamente dirá que Sergipe é o Estado da Federação onde as questões raciais não são conflituosas, visto a inexistências de registro na mídia, a não ser as pontuações eventuais, nas efemérides do mês de novembro.
A estratégia do isolamento, por certo conta com a parceria dos usineiros, pastores e coronéis, os donos da mídia sergipana, a quem o erário público engorda com pagamentos vultosos, para divulgar os feitos das administrações, calar vozes e impedir a Liberdade de Expressão aos negros, que lutam por tratamento igual, sem preconceitos, discriminações.
Os governos têm medo da Liberdade de Expressão, porque não querem defrontar com a Expressão da Liberdade Crítica dos Negros Conscientes que lutam por melhorias setoriais, como dizem os petistas e os comunistas, como a Saúde da População Negra, melhoria na Segurança Pública, a baixa qualidade e etnocentrismo do Ensino e Educação, o Desemprego, a Moradia, contra a Intolerância Religiosa , por um Imprensa Democrática e melhoria das condições de vidas, na luta contra o Racismo e Apartheid nesta sociedade excludente, racista. Luta pelos cumprimentos das Leis do Direito e da Justiça.
A Mídia sergipana presta um desserviço a democracia. Está atrelada a grupos de interesses enganosos, que querem controlar, amordaçar, engessar a maior população do Estado: A Negra, para se manter no poder, cristalizando os favores e patenteando o paternalismo, tirando a dignidade do negro e remetendo ao anonimato, com regulação de incapaz.
Os governos são os maiores clientes da mídia, impressa, falada e televisada, só falta se apropriar da internete, como o Governo da China.
Quando e quais os Jornais, Rádios ou Tvs, abriram espaços a negros para discutirem, denunciares ou formar opinião sobre as questões do coletivo?
Com a palavra O Governador do Estado e o Prefeito da Capital. Para a Policia Federal é muito fácil, verificar as pautas destes órgãos, nos últimos três ou 15 anos, para verificar a Liberdade de Expressão ou a Expressão da Liberdade do povo negro na mídia sergipana, braço de defesa do governador.
E se professores solicitarem aos seus alunos um trabalho sobre o negro na imprensa sergipana. O que eles vão encontrar? Como pode promover educação sem instrumentos pedagógicos. Como pode educar uma comunidade plural através do sistema etnocêntrico do Estado e do Governador e Prefeitos. Será que através de cestas de alimentos?
E a cesta de educação, de segurança, de cultura, de direitos, de leis, de justiça, de igualdade, de democracia, de saúde, de emprego, de qualificação, de moradia, de cidadania?
Quantas Entidades da Organização Negra de Sergipe foram ou são contempladas com os projetos do Estado, Governador ou Prefeitos?
Se o Estado sendo o maior cliente da mídia, poderia questionar e promover mudanças de atitudes e comportamentos, promover sanções e vetar as publicações publicas nestes veículos, até que regularizasse a questão do direito do negro se expressar livremente, sem a produção efemérica de “pautas”. Gobineau fez, Getulio fez e tantos fazem da mídia uma trincheira, um instrumento de repressão. Para seu gáudio e expressar seu poder no mandarinato porque tem mídia que seus mais variados veículos, não tem fôrça critica e está a serviço de quem paga mais e ou do poder, pautando as ações de diversos grupos.
Por Direitos Iguais. Para Todos!
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
QUESTÃO DE PRINCIPIOS
Severo D’Acelino
Independente de minha idade (já passei dos 60). Antiguidade para mim é posto, autoridade e símbolo de respeito. Assim fui criado e treinado para respeitar as pessoas, hierarquias, funções e títulos com disciplina, mas, sem submissão.
O nosso respeito vai além da idade, ele se afigura também, no saber, na titulação hierárquica. Pois independente da idade, há os aspectos funcionais, as representações e todo um processo que nos ensina as relações e comportamentos.
É importante que um adolescente com cargo, titulo ou função, seja respeitado e tratado com os devidos cumprimentos que a sua posição requer. Trato assim, independente de ter sido, meu subalterno, tenha idade dos meus filhos.
Esse nosso jeito de ser, muita das vezes é confundido com subalternidade submissa, ledo engano. Diante de insultos a autoridade comigo dança, e dança direitinho, na forma da Lei, com todos os respeitos devido ao cargo, posição etc. Gosto muito da expressão de Antonio Rebouças “... Para que ninguém tenha seus Direitos Violados. É necessário que o Poder detenha o próprio Poder”
Um lugar para cada coisa. Cada coisa em seu lugar – é o dito popular e o certo. A Cezar o que é de Cezar, e nisso resume a nossa ação e determina meu comportamento, minha atitude antes os acontecimentos e os enfrentamentos do dia-a-dia.
Gosto do respeito e para tal, respeito e nisso a disciplina não pode ser simplesmente atribuída a militarismo.
A organização mais severa que conheço é a Igreja, no entanto a visibilidade se faz antes os militares, mais é na sociedade civil, que o servilismo é mais perverso na medida em que não nos dar oportunidade exercer a nossa cidadania no exercício do contraditório, pois os estereótipos são instrumentos que nos engessam e cristaliza os estigmas do preconceito, onde a nossa verdade está condicionada a nossa apresentação, a cor da nossa pele e a tantas outras tipificações.
Se na caserna, podemos representar contra o General, o Almirante e, porque não podemos representar contra o Delegado, o Juiz, o Governador. Não podemos e nem devemos ter medo de nossas Autoridades, nossos Gestores, nossos Comandantes. Neste sentido é também importante que nossas autoridades, não se utilizem do Medo, para nos controlar, destruir e violar os nossos direitos.
Triste daqueles que se utilizam do poder, dos que usam o poder como muleta, como ponte, como instrumento de suas autoridades autoritárias com os Abusos sistemáticos de Poder e Autoridade. São simplesmente covardes, inseguros e ídolos de bronzes com pés de barro bastam um temporal para desabar. Nesta minha trajetória já vi diversos e inúmeros desabamentos. Eles eram pequenos e insignificantes, não sabiam disso, suas forças eram emanadas do poder e eles não souberam interpretar que: A importância de Ser, não é Ter, mas saber que È. E eles não eram, só tinham e ficaram sem ter.
Kô Si Obá. Kô Si Olorum
O desenvolvimento e prática dos tipos de discriminações se apóiam no âmbito da suposta ‘autoridade’, na falsa superioridade de uma mente doentia e vazia. Dizem que Freud explica. Mas explicar o que? A insegurança é mãe do autoritarismo, da burrice e consola os despreparados psicologicamente com uma suposta aquisição de poder, baseado no dinheiro, na suposta intelectualidade gerada pelo exercício de poder, onde os méritos estão nos privilégios dos cargos públicos, usurpados dos qualificados, que lhes dão um falso status, uma notoriedade que se dilui quando perde o espaço no poder.
Uma notoriedade que não se sustenta sozinha, precisa de uma base sólida, representada pelos que se deixam violar, para estar respirando o poder e ou poder manipular os cordéis, pois sacralizar o diabo é tarefa difícil e impossível. Uma hora ele se empolga e começa a dar seus vôos rasantes e aí se desmonta.
As relações baseadas no poder, na autoridade, não se sustentam, são relações brindadas no medo, na repressão, no autoritarismo, assim que o grupo fica livre, do algoz, não há lembranças, só ressentimentos e alívios.
VENDA DO TERRENO DE ITAPORANGA
RECIBO
Depois de tanto tempo,o Terreno foi vendido. Agora o livro vai sair e posso colocar piso nas três salas de aulas da frente. Depois que meu compadre faleceu, não tinha mais como continuar com o terreno e ou fazer qualquer ação ali. A vizinha é uma pessoa do mal e fez muita safadeza contra meu compadre,, roubou todo material de construçãO que ele colocou no terreno. Tem uma quadrilha a serviço dela. Arromba a cerca para os carros dos seus clientes passem. Se utiliza das fruteiras e colocou um pescador para morar lá, fez uma barraca. Este pescador é empregado dela, é ele que pesca os peixes que ela utiliza no bar e sua presença no terreno é simplismente para hostilizar os proprietários. Agora que vendir, ela bateu de frente com o novo proprietário, dizendo que eu, não tenho nada ali, e que o terreno é dela. Pode.
R$15.000,00
Recebi de Wedson Goes Matos, residente e domiciliado em Estância, a Rua Otaviano Siqueira, 342 bairro Alagoas, portador da Identidade 230.696 SSP/Se – CPF 051.774.645-04, a importância supra citada como pagamento do Sitio Bom Pastor, localizado no município de Itaporanga D’Ajuda, de sua propriedade, adquirido de Arivaldo José Reimão.
DECLARO que caberá a Wedson Góes Matos, a quem passo o direito de propriedade, promover a regularização documental para transferência de titularidade no Cartório, para seu nome, que será efetuado com ELZE CARDOSO REIMÃO, residente e domiciliada em Aracaju, a Rua Carlos Gomes, 223, bairro Ignácio Barbosa.
PAGAMENTO- a forma de pagamento foi de R$ 10.000,00 em espécime e R$ 5.000,00 em Cheque pré-datado para o dia 15 de agosto do corrente ano. Cheque n° 047.210 do Banco Estado de Sergipe, Agencia 0008- Estância.
E para quitação vai assinada em duas vias.
Aracaju, 31 de Julho de 2008.
Wedson Góes Matos
RG.-230.696 SSP/Se CPF- 051.774.645-04
Rua Otaviano Siqueira, 342, Bairro Alagoas
_____________________________________
Testemunha:
Everaldo Santos
RG – 662.042 CPF – 265 119 755 68
Povoado Pariporé – caminho do Abais
______________________________________
Assinar:
Postagens (Atom)