domingo, 29 de junho de 2008

INTOLERÂNCIA (III)




QUESTÕES DO MOVIMENTO NEGRO

O Movimento negro sergipano data da introdução do negro como escravo na Província. As primeiras ações foram as insubordinações isoladas, contra as violências com que eram tratados, daí as seqüências de acontecimentos com as famosas fugas individuais, os atentados nas casas grandes, o infanticídio, as manifestações diversas contra os genocídios, mutilações, estupros, castigos e todo tipo de violências a que eram imposto aos escravos atingindo a todos: Crianças, Idosos, Homens e Mulheres indistintamente.

As reproduções das fugas foram ampliando a todos, crianças, mulheres, homens que se espalhando nas matas, reinventaram os quilombos e os instrumentos de lutas e, aos pouco se organizando através do silencio e da solidariedade, juntando todo tipo de negros: os da casas grandes, senzalas e demais funções, na segurança dos grupos que se formavam e se manifestavam na luta coletiva contra os senhores, feitores, capitães do mato e forças policiais.

Os quilombos e quilombolas estavam sempre perto de algum engenho, pois era ali onde recebiam mantimentos, informações, mantimentos e planejavam fugas e outras ações.

A esses manifestos em reação as condições cruéis e desumanas a que eram tratados, caracterizou-se a Resistência Negra, uma rede anônima e solidária contra o julgo dominante. Os quilombos foram se ampliando em todo território, as relações com os demais, se cristalizando e como conseqüência as mudanças de comportamentos e atitudes. O Primeiro quilombo agrícola que foi instalado na província, foi o Itapicurú de Palmares, hoje esse local pertence a Bahia, mas foi com o consorcio dos índios e os negros da Bahia que este quilombo foi construído e depois de sua destruição, os quilombos predatórios, os chamados de Estradas, foram multiplicados e efetivado como instrumento mais mobilizador para a luta.

Diversas ações e manifestos históricos foram se sucedendo com as reações da Resistência Negra e sua participação forçada, como a guerra do Paraguai, guardas - costas dos senhores de engenhos dentre outras e nas seqüências, os manifestos pontuais de levantes por qualquer mudanças na política, interpretada imediatamente como o fim da escravidão e o inicio da emancipação.

Todos os anos, era manifestado uma Calenda de Natal com o propósito de matar todos os senhores e suas famílias como reação as violências sofridas.
Muito se destacaram na luta e poucos foram citados pelos historiadores dominantes que sempre buscaram reduzir a importância da Resistência Escrava, o quantitativo dos seus quilombos, suas lideranças e feitos na derrubada do regime senhorial escravista.

Paralelo a luta dos escravos, se associavam os brancos pobres e perseguidos, os índios, os ciganos os filhos dos senhores de engenhos, alguns políticos, intelectuais, assombrados pela saga e resistência dos escravos em luta por liberdades.

Foram surgindo isolados grupos ditos “abolicionistas”, leis foi traduzindo o signo das lutas em direção do afrouxamento das violências impostas aos escravos em direção ao modismo europeu que consignava o humanismo como forma de expressão e o Abolicionismo como filosofia, foi signo de luta pelo fim da escravidão sem, contudo assinalar a emancipação, mesmo com o exemplo americano, se preocupava mais com o exemplo do Haiti.

A abolição festiva veio em nome da revolução industrial inglesa, emanada pelo seu parlamento que impôs a realeza portuguesa a intimação e através de diversas leis produzidas para inglês vê e o sentimento ante- lusitano existente, bem como o reduzido conjunto de escravos existente, tendo em vista as ações legais, envolvendo o Ventre livre, Sexagenário, Proibição do Tráfico, o Fundo de Emancipação dos Escravos etc.

Para o constrangimento não ser maior, o mandatário inventou uma viagem e deixou para sua filha Izabel, a tarefa de assinar a fatídica “Lei Áurea”, manipuladora e reducionista, impedindo a emancipação dos ex-escravos e impondo uma nova escravidão, jogando-os as valas comuns da discriminações, racismo, desemprego, analfabetismo, fome. Uma cidadania de quinta.

Essa cidadania que veio consolidar com a República, encontrou o negro algemado ao servilismo patriarcal, ungido do paternalismo das casas grandes, condenado a dependência e com esta situação condicionada, o negro se despiu da furou resistência e domesticado, sozinho, pois as organizações “humanitárias” após a” abolição” sumiram, sem siquer, prestar contas das verbas arrecadadas para as alforrias e emancipações dos escravos.

Sem teto e sem rumo, muito dos negros voltaram para casa dos seus antigos senhores, não como empregados, mas como agregados, lá eles não passavam fome, pois tinham um prato de comida e os seus trabalhos eram por conta disso. A segurança e status que o senhor lhe dava.

O Negro no mercado de trabalho foi o primeiro embate, pois lhes recusavam serviços em função da tal desqualificação. Nas escolas, eram tratados com a parcimônia de inferioridade, da burrice, da falta de talento, inteligência, condições de mando. Enfim, marginalizaram o negro e lhe tiraram a possibilidade de ser educado com os conteúdos de suas culturas e negando a possibilidade de participar das decisões. Sua cultura foi explicitada como baixa e inferior, para justificar a exclusão e convencer aos seus descendentes da incivilização de sua matriz cultural e racial.

O negro manipulado foi aderindo o mundo branco, seu fieis seguidores, apologistas da civilização superior e sem perceber foi fugindo de suas matrizes e abraçando a cultura eugênica branca, superior e reproduzindo em seus iguais os estereótipos, comportamentos e atitudes dos brancos, cristalizando a cultura etnocêntrica dos dominadores e assumindo a sua psicologia, rejeitando os negros e se reconhecendo brancos.

Os dominadores conseguiram mais uma vez, reconstruir seus domínios e dividir definitivamente os negros, provocando o conflito intestinal, interracial, levando o ódio para dentro das famílias que se separam pela cor da pele e das aparências. Sergipe se transforma efetivamente no Inverno para os Pretos, Purgatório para os Pardos e Paraíso para os Mulatos que almejam o branqueamento e o fenótipo ideário dos brancos. É a epidemia da Ideologia do Recalque a apologia branqueadora.

São esses negros que se tornam os Feitores e Capitães do Mato, contra os Negros insurgentes, que buscam na luta a resistência dos Ancestrais, darem o sentido objetivo de Igualdade na busca de Liberdades e Emancipação, defesa dos Direitos e se batendo contra as violações e todos os tipos de violências em defesa dos Direitos Humanos.

Logo com a República, a luta e os espaços passaram para o Candomblé, ponto de Resistência e Irradiação da Cultura Negra e por isso muito combatido, outras vezes tolerados e seguidamente vilipendiado, massacrado, desqualificado e perseguido pelo Estado como fora pela Igreja e pela Santa Inquisição, por outra paternalizados pelos usineiros e coronéis que reproduzindo os antigos senhores, tipifica de folclore e de “brincadeiras” os ritus religiosos dos negros, se tornam tolerantes.

Os espaços religiosos dos negros, sempre foram controlados por dentro e por fora, pelas autoridades que vêem nele o instrumento agregador e político da comunidade e, neste sentido tem a mais diversa relação. Os intelectuais e Políticos de Esquerdas sempre buscaram manter uma boa relação com os Sacerdotes e seus Terreiros, visitando, participando, contribuindo, estudando suas diversas expressões e sistemas hierárquicos, organizacionais, intercâmbios, interpretações etc.

Sempre que os conflitos políticos recrudescem, os espaços são revisitados por todos e seus sacerdotes postos em estreita vigilância pelo regime repressor. Na colônia eram deportados, na República eram presos e seus Terreiros saqueados. Foi assim em diversos regimes. De Macumbeiros a Comunistas, foi um momento da história recente de Sergipe no âmbito da repressão e intolerância política e religiosa com inspiração racista.

Por inspiração política partidária os Terreiros se organizaram em torno de uma federação que em vez de proteger, foi mais um instrumento controlador, transformado em curral eleitoral, numa tentativa de socializar a prática religiosa e respeitar o dispositivo Constitucional, o grupo saiu das Delegacias e do controle das “autoridades policiais” e se concentrou no controle da” Federação” e é através dos mais variados interesse que a organização passa a ser alvo fácil de disputas político partidário que consegue impor rupturas e são formadas Confederações, Sociedades e mais Federações.

Com as rupturas marca o cisma dos Terreiros e os mais importantes Sacerdotes se afastam e voltam a suas manifestações isoladas, mantendo relações pessoais com os políticos e autoridades a quem se reportam e trocam favores.

Com a instalação dos Militares no Poder, Sergipe sofre algumas mudanças, no seu quadro político gestor, mas as ações não se concentram como na intervenção Mainart do governo Vargas. As ações aqui foram de mero expectador e executor das ordens expressas, emanadas pelo poder militar em Brasília, quem mais eram visíveis aqui eram o exercito e a policia federal que evidentemente tinham as cooperações dos X9, os dedos duros, a apontar, denunciar os outros em busca de citações e espaços no poder.

É nesta efervescência, neste quadro difuso e nesta maré de mudanças que o Movimento Negro é instalado em Sergipe e como referenda-lo nesta conflituosa situação, foi denominado de GRFACACA e, por nominar Castro Alves, como Patrono, sofreu as devidas averiguações e acirrada vigilância pela relação com escolas, intelectuais, políticos e ideologia racial não explicita e tendência esquerdista. Nos diversos locais, principalmente nas escolas, que nos rejeitavam, éramos chamados que: comunistas, guerrilheiros, bagunceiros, maconheiros, fazedores de casos, subversivos, terroristas, traficantes, trambiqueiros etc.

Todo trabalho que fazíamos no âmbito do Teatro e da Dança era devidamente submetido a Censura Federal, os signos e expressões culturais eram sabatinados até convencer aos censores que não eram subversivos. Os textos produzidos eram sistematicamente vetados, pois na falta de entendimentos, ou melhor, interpretações, eram vetados.

A nossa relação com intelectuais e políticos de esquerda nos deu muitas idas e vindas na Policia Federal. Quando instalamos o Comitê Sergipano Anti-Apartheid, fomos visitados por simpatizantes (agentes disfarçados) que se mostravam interessados por adoções de medidas contra a África do Sul para a libertação de Mandela, conversa vai e vem, leu todo memorial da instalação e não nos demos conta que o Livro Ata e de Assinaturas estavam a vistas e certamente, ficaram sabendo de todas as personalidades que se fizeram presente. Além de Estudantes, Professores e Lideranças Populares e Sindicais, os participantes do PC do B -. PC – PMDB – MR-8, até da ARENA se fizeram presente. Como eu já estava e andava psicologicamente sedado, não dei nenhuma importância aos visitantes.

Com a Nova República, o Movimento Negro em Sergipe, cresceu e sofreu um baque, uma baixa de qualidade e de bom senso, uma perda de identidade, uma banalização dos objetivos, uma falta de respeito com o coletivo, uma inversão de valores.

Foi uma inversão de idéias, agora só de repetia as palavras de ordens do PT, o Movimento Negro partidarizou, seguindo o modelo baiano que identificou as entidades negras através dos partidos PC; PB do B: PT. e o surgimento de diversos grupos em Sergipe, enfraqueceu as ações da Casa de Cultura Afro Sergipana, que após a instalação do Comitê Sergipano Anti-Apartheid, instalou também, o ISPCPN Instituto Sergipano de Pesquisas da Cultura Popular e Negra, numa tentativa de burlar a Policia Federal e se identificar publicamente como Entidade Negra, explicitando seus objetivos o que só foi possível com a instalação da Nova República com o governo Sarney.

Com o enfraquecimento da Casa de Cultura Afro Sergipana, os lideres, chefes e donos de grupos, baixaram o cacete em Severo, desqualificando em todos os locais e agredindo-o moral, física e psicologicamente. Este comportamento se estendeu os todos os participantes de grupos do movimento negro sergipano. A ordem era desqualificar Severo e isso era até usado como batismo de fogo dos novos militantes. As ações da Casa de Cultura começaram a serem bombardeadas e postas em dúvidas, dentro e fora dos espaços de poderes, porque a Entidade não se alinhava às novas diretrizes surgidas do grupo que se instalava no poder partidário.

As novas “lideranças” colocavam publicamente que o movimento negro de Sergipe, não era fruto de Severo, foram eles que construíram, só esqueciam de falar que eles eram egressos da Casa de Cultura e que Severo foi o seus iniciador. Isso era praticado dentro e fora das fronteiras do Estado. Muitas das vezes, recebia telefonema de companheiros de outros Estados, informando o desrespeito a minha pessoa e as suas intervenções.

A partidarização acabou com a expressão do movimento Negro sergipano, instado a promover mudanças de Atitudes e Comportamentos, dar visibilidade ao negro e culturas, numa sistematização revitalizadora da identidade étnico-racial com foco na educação e nos Direitos Humanos, passou a reproduzir os chavões partidários, onde o foco não é o coletivo, mas o partido, o objetivo se tornou em redirecionar o curral eleitoral com a comunidade negra, como gado e os donos de entidades como cabos eleitorais dos políticos das diversas facções dos partidos.

As entidades negras se tornaram meras reprodutoras das ideologias dos partidos em prejuízo das aspirações do coletivo negro. Quem se insurgisse contra, tinha o pescoço cortado, era sumariamente deletado e perseguido diuturnamente. Os antigos companheiros, agora são os algozes decapitando as cabeças pensantes por insurgirem contra os manifestos equivocados dos governos, partidos e militantes cooptados e vendidos por um cargo.

Os adesistas partidários chefes, donos, proprietários de entidades negras, vãs para outros locais. Fora do estado e fazem um bocé, um bori de água fria,e voltam dizendo que são iniciados, sem saberem nada, mais que, demarcam suas posições para auferir lucros com projetos voltados parta a religião negra. Daí eles dão as ordens e determinam seus territórios, derrubando todos os trabalhos feitos anteriormente por pessoas qualificadas e signatárias do ritu, mas que infelizmente, honestas e não gozam do respeito e consideração dos que nos espaços de poder, determinam o ritmo da dança e da corrupção legalizada, porque a religiosidade negra, dar dinheiro polpudo dos cofres dos governos para projetos picaretas a fim de manter o negro como objeto de estudos e não como agentes do saber.

Agora os parasitas do movimento negro aqui em Sergipe, são também, graduados do candomblé, os sacerdotes, a quem os Pais de Santos devem bater cabeças, porque são homens e mulheres do poder, do partido, da facção, dos cargos, os que mandam. Podem até não saberem nada, mais isso é o de menos, quaisquer idiotas aprendem fazer o que não presta. Fazem ebós, para derrubar seus oponentes, os que têm visibilidade e reconhecimentos no movimento negro e na comunidade, mas não sabem fazer os seus políticos permanecerem no poder, ou promover ações para o coletivo.

Uma parede é fácil derrubar, como disse: qualquer idiota faz. Quero ver é construir. Essas borras botas do movimento negro partidário são uns traidores e incompetentes. Para dizer a verdade. Uns X9. 171, basta que a Policia Federal comece a vasculhar suas ações, para seus partidos e políticos lhes descartarem. Só eles que não sabem disso. É por isso que são idiotas. Bois de Piranhas

Engenheiros das obras prontas. Com o governo Fernando Henrique, o Movimento Negro em Sergipe decolou. Foram diversas as Entidades, grupos e facções que se instalaram. Houve conflitos, mas houve avanços significativos com participações em diversos manifestos dentro e fora do Estado. Sergipe era governado por Albano Franco.

No retorno ao governo João Alves, a pior referencia negra do Estado, promove o acirramento, banimento e extinção de diversos grupos, associações etc. O Presidente Lula, privilegiou os seus companheiros e partiu para o modismo das ONGs, todas petistas e dos seus aliados que se digladiaram em facções. As ações de Fernando Henrique que se encontravam em discussões, foram aprovadas intempestivamente, as Ações Afirmativas e Cotas, contempladas sem o aval do coletivo, foram aprovadas politicamente, assim como as referenciais das Áreas Remanescentes de Antigos Quilombos,

Encolhem e reduzem drasticamente as entidades negras em Sergipe e no Brasil, enfraquecidas e ou banidas, por conta das restrições do PT e seus aliados e mais uma vez, o coletivo é vítima do Racismo e discriminações Institucionais e sofrem com o acirramento e cristalização das políticas paternalistas, agora institucionalizadas, levando os indivíduos ao ócio e a marginalidade, ampliando o cerco político/jurídico/policial.

Hoje os detratores da comunidade, antigos militantes do movimento, são os propagandistas do governo e prontos a massacrar e calar as vozes dissidentes, impedindo que o próprio governo conheça a expressão do povo e fique com os olhos vendados, pensando que está fazendo algo positivo, quando na verdade está emparedando os que diz proteger, por conta dos seus matas cachorros que só sabem aplaudir os arrotos dos chefes.

A imprensa que antes, nos idos dos anos 70 a 90, que nos apoiava, patrocinava cartazes, publicava nossas denuncias e nos dava espaços para publicar nossas produções, hoje nos alija. Não temos a expressão dos Jornalistas que nos incitava a escrever e publicavam nos seus espaços, que nos provocavam a tomar posições claras sobre as mais diversas questões, que nos entrevistavam e promoviam as nossas preocupações, formando opiniões pública, hoje só nos resta o silencio e o aviltamento de nossas ações. Fomos banidos da mídia por conta da nova geração que reproduzem o que lhes mandam. Não tem pensamentos críticos e estão preocupados em serem assessores de imprensa dos políticos e receberam umas CCs dos governos.

Ater na internet os espias dos governos e prefeitos e usineiros estão, a denunciarem páginas com criticas aos seus senhores, daí termos páginas deletadas da web por conta destas ações que fazem até os militares mais radicais do Dops, tremerem, mas estamos no governo das mudanças, até a revogação de nossa “liberdade”, alforrias e abolição do regime escravista, tendo em vista que vivemos o séx.XVII

O governo de João Alves retirou conquista do coletivo negro, confirmado pelo seu sucessor. A Delegacia de Crimes Raciais foi reduzida a coordenação de grupos vulneráveis. A Cultura negra não teve acesso nas escolas e seu conteúdo confirmado por Decreto Federal, até hoje não foi agregado às disciplinas, a saúde da população negra, nunca passou os umbrais da secretaria de saúde e o coletivo silenciado pela mídia, não tem retorno os seus rogos.

O Movimento Negro, hoje, fragilizado, partidárizado e dependente, reproduz sobre a comunidade que deveria proteger e representar, os estigmas com que o sociedade excludente trata o negro. É extremamente difícil as relações no interior das Entidades do Movimento Negro, pois todo tipo de preconceitos, discriminações e racismo são praticado contra os negros, interna e externamente.

Esta mesma ações, e comportamentos se manifestam no interior da Religião Orixá, cristalizando os atos reprovados até pelos participantes do grupo, que se transformam em vítimas contumazes das ações invasivas, predatórias, discriminatórias, racistas e preconceituosas nas estigmatizações dos fenótipos. Essas reproduções são tão abertamente praticadas que já fazem parte da memória coletiva do grupo e agregadas aos seus próprios valores, vistas como banais o que dificulta as relações interpessoais e provoca as constantes saídas dos indivíduos, do grupo, da comunidade e da religião, migrando para os cultos evangélicos.

Como componente do movimento social, que propugna mudanças, o movimento negro sergipano estar a desejar, pela ausência de segmentos Católicos e Evangélicos, a fim de estabelecer equilíbrios, nas relações, encaminhamentos e lutas pelo bem comum do coletivo.

A igreja foi provocada nesta direção na linha da Pastoral do Negro, mas o interesse foi nulo e o grupo Evangélico foi concitado através do Conselho de Pastores, mas como a Católica, não houve avanços.

Neste sentido fica difícil estabelecer o respeito a Diversidade e propugnar por Igualdade, uma vez que a comunidade negra evangélica é extremamente grande e comporta ações governamentais para atender suas propostas, a mesma coisa esta veiculada com a comunidade negra de orientação Católica Apostólica e Romana, a falta destes indicadores, dificulta o diálogo e elaboração de uma política pública voltada para a satisfação comum.

Sou da Casa de Xangô Aiyrá, da Iyalorisha Mãe Eliza, seu neto sanguíneo e “Deixa”. Nas minhas memórias, alcancei o Terreiro já no alto da Suissa Braba em Aracaju, era de esquina e tinha um grande terreno que abrigava duas Casas, o Terreiro e mais uma edificação nos fundos, onde morava o pessoal agregado.

O Terreiro maior que conhecia era o de Alexandre em Laranjeiras, onde minha Avó freqüentava, parece que era o único que ela ia, lá ás festas seguiam até um mês inteiro.

Certa vez fui surpreendido com a noticia de que minha Avó, ia para o Rio de Janeiro e o Terreiro foi fechado, ela levou todos os assentamentos, e plantou o Axé lá na Ilha da Conceição em Niterói.

Hoje este Axé está comigo, foi plantado no Santos Dumont, após ser enviado de lá por falecimento de minha Avó e de Bebé e Benício, respectivamente sua filha adotiva e o marido dela. Está no Iyle Ashe Opô Aiyrá – Comunidade Oni-Odé Olubojutô. Sou Deixa de minha Avó.

Não tenho lembranças de quem ficou no local, só sei é que tempos depois o morro foi derrubado e se apropriaram das terras dela. Ato que a Prefeitura até então não resolveu.

Não entendi como um Terreiro podia mudar de lugar. Anos depois fiquei sabendo que o Terreiro de Zé de Abakossô, localizado na Baixa Fria, hoje Avenida Rio de Janeiro, foi vendido e ele transferiu tudo para o Rio de Janeiro.

Achei estranho, tanto minha Avó quanto Zé de Abakossô mim surpreenderam, pensei que tinha que ficar algum filho ou filha de santo no lugar, dando prosseguimento aos atos litúrgicos e não entendia como era possível vender um Terreiro.

Eu já tinha conhecimento de fechamento de Terreiros,, não os da repressão pela policia, mas por morte dos Pais de Santos e sabido dos filhos de santos irem para outros Terreiros.

Na minha cabeça os Terreiros podiam até mudar de lugar, mas acabar, nunca. Em Laranjeiras Alexandre tinha o Terreiro e eu tinha conhecimento que o Terreiro era do Orixá (o dono era o Santo).
O Terreiro era num sítio grande e tinha uma Casa, onde abrigava os Santos e o pessoal, em tempo de festas grande se fazia um Caramanchão ao lado. Ele morava lá, mas tinha sua casa em Aracaju, no Siqueira Campos e lá em Laranjeiras sempre ficava alguém.

Quando ele morreu, houve uma parada, mas continuou com Tia Alira de Oiya que após seu falecimento ficou a cargo de Cecilinha e com seu falecimento a família que já vinha querendo dividir em herança conflituou e como eu andava fazendo levantamento da herança cultural do Terreiro.

Iniciei o processo de tombamento para preservar o Patrimônio Histórico Cultural do mais antigo Terreiro de Sergipe e fui violentamente atacado, agredido e vilipendiado pela família, ainda hoje guardo as imagens das agressões, da família e dos intelectuais contrários a memória do patrimonial negro e foi por isso que não fui a luta para reaver as terras do Terreiro de minha Avó, o medo de ser confundido e ser chamado de interesseiro e ladrão.

Ficou Umbelina com o Terreiro Santa Bárbara Virgem, com a sua morte, o Terreiro e a Irmandade ficou sob a responsabilidade de um grupo, liderado pela Mestra Alaíde que orientava D. Lourdes para o exercício da Sucessão afim de garantir a decisão da Antiga Lôxa e das Entidades. Por fim D. Lourdes é a mais nova Lôxa do Terreiro, a sucessora de Umbelina, mantendo os cincos Terreiros da Irmandade além das Taieiras. Com a sua morte, houve conflito e finalmente a sua filha de criação Bárbara, foi tutelada e assumiu a administração do Terreiro, da Irmandade e das Taieiras, até a saída de alguns insatisfeitos.

Zé de Abakossô, anos depois retorna a Sergipe, mesmo mantendo Terreiro no Rio de Janeiro, replantou Axé em São Cristóvão, onde edificou outro Terreiro, consagrado ao seu Orixá OXOSSE, reafirmando sua matriz. Após seu falecimento, o “herdeiro” já anunciado (parece ser parente), assumiu o Terreiro, sem grandes traumas e sem grande aceitação.

Outros Terreiros, já contam com seus “herdeiros” nominados e visto com indiferença pelos grupos que preferem silenciar antes a decisão seletiva dos Pais e Mães de Santos em impor seus parentes no comando do Terreiro. Poucos foram os sucessores, identificados pelos jogos divinatórios e ou indicados pós morte dos Pais de Santos, num ritual de sucessão. Só há noticias de “Herdeiros” cujos graus de parentesco, evidenciam a relação nuclear.

O silencio da irmandade e ou grupo, denuncia as imposições dos Sacerdotes e seus interesses de manter o Terreiro no seio da família e são poucos e muito poucos os que contam com as aprovações da maioria ou que busquem firmar relações que lhes garantam a sucessão pacifica, solidária e reconhecida.

Para muitos a hierarquia deveria seguir o seu curso, por diversas razões, ficando, portanto, na falta do primeiro, o segundo da linha, que seria por idade e ou por função, no caso, na falta do Pai de Santo, assumiria a Mãe Pequena e ou o Pai Pequeno e assim sucessivamente, dependendo da aceitação dos envolvidos e, só depois de certo período, a confirmação dos Orixás, assumindo definitivamente o / a eleita dos Deuses.

A falta de coesão e de entendimento repele a afirmação de identidade, disciplina, liderança, compromisso e organização, prejudicando o crescimento e fortalecimento da comunidade de Terreiro.

Aos “herdeiros” os estigmas das Chefias, os autoritarismos centralizados e dispersões dos grupos. Fazem ações personalistas, autoritárias e sem articulações, certos dos seus poderes e de suas autoridades.

Os Sucessores, os reconhecimentos, a coesão, disciplinas, solidariedades, compromissos, relações diplomática e democrática, sob o signo da liderança, respeito e cooperação, mesmo que não tenham os conhecimentos básicos dos cargos e funções. Fazem ações conjuntas e participativas. São articulados.

Aos “herdeiros” declarados, os parentes dos Pais e Mães de Santos, deveriam logo após a declaratória pública, serem imediatamente iniciados nas práticas do cargo e das funções dos Terreiros, assumindo e dividindo alternadamente a direção dos rituais e gestões administrativas dos Terreiros com os Pais e Mães afim de se firmarem antes as Irmandades em busca de reconhecimento.

Desta forma não haverá grandes conflitos, pois já foram testados e os grupos já estão acostumados com suas ações, conhecendo suas tendências e filosofias.

Sempre pensei e ainda penso que o Terreiro era e é do Orixá, um Templo Espiritual edificado e ou plantado em homenagem ao Orixá, administrado pelo seu Sacerdote / Sacerdotisa sem o embargo da materialidade dos parentes, o Terreiro é um Patrimônio dos seus seguidores e não da família do Sacerdote ou Pai de Santo ou Zelador.

Na falta destes, mantido pelos filhos ou filhas, conforme as indicações, seja da irmandade ou do Orixá Patrono através de sinais, seja: sonhos, jogos divinatórios e ou manifestação pública do Orixá indicando a sucessão do Pai de Santo, Zelador, Sacerdote.

Nunca pensei um Terreiro como herança patrimonial da família e de parentes dos Pais de Santos e sim como Herança de um Axé D’Orixá pertencente a Comunidade do Terreiro ou seja Irmandade, independente da sucessão espiritual recair sobre um parente.

Penso que a alternância do Poder Espiritual não está no prédio do Terreiro, mas é fortalecido principalmente nele, que emanam os fluidos energéticos onde estão plantados os diversos Axés e impregnado das energias dos diversos rituais.

Penso um Terreiro onde seus adeptos contribuam sistematicamente para a sua manutenção e crescimento, preservando o todo sem problema de continuidade.
Onde além dos espaços sagrados, tenha edificados os espaços domésticos e sociais, para abrigar os filhos, filhas, agregados e freqüentadores que venham em busca de tratamentos espirituais.

Penso um Terreiro que tenha seus espaços, mais o espaço do Pai de Santo, Babalorisha, Iyalorisha ou Mãe de Santo, independente deles teres suas residências, e devem ter. O espaço no Terreiro deve ser puramente funcional.

Penso a Comunidade de Terreiro, contribuir mensalmente principalmente com o salário do Sacerdote, Zelador, Sacerdotisa etc., mesmo que estes tenham suas rendas.

Penso o Terreiro como uma empresa, com suas funções organizacionais e administração empresarial, onde seus filhos e filhas de santo, adeptos e simpatizantes, façam parte do conjunto de sócios contribuintes, preservando os ritus, ósseas, obrigações, festejos, oferendas etc.; concomitante as ações sociais e as prestações de serviços.

A manutenção do Terreiro deve ser atribuição dos seus seguidores, adeptos, filhos de santos. Enfim a Irmandade é que deve prover todas as ações e necessidades do Templo e suas manifestações, sejam de ordem material e/ou espiritual.

Penso o Terreiro, remunerando seu pessoal de apôio, onde os ritus não podem ter problemas de continuidade e as suas presencias são imprescindíveis na parte espiritual e na segurança.

Penso que deve haver, sempre e garantida a sucessão, mesmo em vida do Sacerdote. Ele simplesmente pode e deve se aposentar e passar a reger o Conselho Sacerdotal do Terreiro.

O advento de herança, não expressa a continuidade e tem o teor de apropriação, domínio, propriedade, partilha etc. O certo no seio espiritual deve ser sucessão. Herança cheira a materialidade de natureza dispersiva e estática. O Axé deve ser revitalizado e preservado sim, como herança espiritual da ancestralidade do Terreiro.

Penso o Terreiro com sua política espiritual e social definida, com sua estrutura demarcada na temporalidade, organizacional e funcional, com gestões definidas. Neste ponto o viés econômico é importante, para dar suporte aos ritus, daí a necessidade de Regulação explicita, onde as funções se definem em beneficio de todos e defesa do Terreiro e da própria Irmandade.

São importantes, portanto as ações em torno de captação de rendas, onde os recursos oriundos de “contribuições, doações e prestações de serviços” se somem para garantir a continuidade e independência, dando personalidade a Irmandade na defesa da territorialidade.

Cabe, portanto, a Irmandade, envidar esforços para o crescimento e fortalecimento do Patrimônio Material e Imaterial do Terreiro, seja nas aquisições de bens, nas ampliações do território ou dos próprios bens do Terreiro, através de ações afirmativas e inovadoras.

Exemplifico aqui, que, da contribuição de 40 filhos de santo no valor de quinhentos reais, dará para adquirir uma propriedade na zona rural, um sítio, por exemplo, com mais de seis tarefas de terra. Aí é só plantar os Axés e estará caracterizada a ação patrimonial do Terreiro com personalidade da Irmandade, de resto é só se organizar e edificar o Templo do Orixá Patrono do Terreiro e da Irmandade. Aí não terá “herdeiros”, só sucessor.

Historicamente os nossos Terreiros, são nas residências dos Pais e Mães de Santos, onde criam extensa família e mais ainda os agregados. A parte espiritual muitas das vezes se confunde com a doméstica. Seus compartimentos sagrados são violados seguidamente: Camarinha, Pegi, Roncó, Quarto de Exu, Barracão etc. Vez por outra, utilizados como depósitos agregando outras funções: “Guardar televisão, valores, peças, alojamento , encomendas, moveis , refeitório etc.”

E, quando os Pais e Mãe de Santos morrem ou mudam de religião, os filhos sanguíneos acabam com o Terreiro, alegando que precisam dos espaços. Daí, os filhos e filhas de santo, perdem o referencial e reféns da Intransigência dos “herdeiros”, ficam a deriva e ou migram para outros espaços, sujeitos as mesmas reações.

Essa manifestação muita das vezes induz a perda de identidade e leva a outros caminhos. Alguns exemplos têm dado certo grau de unidade, quando alguém do grupo busca agregar todos em outro Terreiro da mesma matriz, mas a relação nem sempre dar certo, daí a migração é certa e mudam até de Orixás e Nações.

Outro Terreiro que se mim afigura como destaque ao tema, é o antigo Terreiro “COSME DAMIÃO”, da Zeladora Maria José das Areias, que foi dos Filhos de Oba em Laranjeiras. A Nação cultuada era Nagô Forte, diferenciado por uma batida e coreografia diferente do Nagô tradicional, esse Nagô ainda resiste no Terreiro de Mariinha, uma das filhas, que seria a sucessora da Zeladora.

O Terreiro de Maria José das Areia se localizava nas “Areias”, antiga localidade de Aracaju, hoje denominada de Castelo Branco. Ali reuniu as mais diversas personalidades da vida sergipana que acorriam aos memoráveis festejos, que como Laranjeiras, duravam semanas.

A área do Terreiro era enorme e cada filho e filhas de santo, tinha ali seu espaço, onde construíam seus barracos, todos eles padronizados, onde poderiam habitar enquanto perduravam as obrigações.

“Com “o falecimento da Zeladora, houve o impacto inicial e depois o conflito de “Propriedade”“ “Fuga de Identidade”, uma das filhas sangüínea foi apontada como sucessora da Zeladora e o estopim eclodiu com uma outra que não era de sangue e houve o famoso” Cisma”, o Terreiro foi fechado por decisão da família, sua área vendida para uma empresa e a dispersão foi geral.

Para agregar os irmãos e irmãs a pretensa sucessora, edificou em sua residência um Terreiro e deu continuidade as ações espirituais da Nação enlutada e seu Terreiro teve outra denominação, encerrando assim as manifestações do Terreiro “ São Cosme e Damião”

Se houvesse coesão, hoje o “Terreiro São Cosme e Damião” estaria em pleno funcionamento, a Irmandade cada vez mais forte e seus Axés preservados. Mas o fantasma dos “herdeiros” extinguiu os esforços e a história da afamada Zeladora, Maria José das Areias e igual a elas tantos outros.
Centenas de Terreiros foram extintos com o falecimento dos seus cabeças, patronos, fundadores, gestores, heróis e heroínas que em vida se devotaram aos Orixás, Caboclos e Entidades do Panteão Africano em Sergipe, os nossos Ancestrais negros e índios.

Podemos nos espelhar nas ações da Religião Judaico-Cristã, uma vez que a nossa religião está também, a ela ligada, seja pela dominação colonialista, seja pela sua repressão e intolerância religiosa, nos obrigando a incorporações diversas de ações cristãs ao nosso ritual, a tão famosa sincretização, onde nossos Orixás eram e são correspondidos aos Santos Católicos, faça referência ao Dízimo e sua importância na socialização da divisão para somação e multiplicação. Garantia de preservação da Religião e da Fé.

O Dízimo, marca a trajetória de retribuições a Deus, no entendimento de uma parte que nos dá, contemplando dimensões quando aplicado os recursos partilhados pela comunidade.

O Dizimo, na dimensão religiosa, deve suprir com recursos, todas as necessidades diretas ou indiretamente ligadas ao culto e aos seus Sacerdotes. Gastos com o Terreiro, construção e manutenção, salário do Pai de Santo e funcionários, encargos, energia elétrica, água, telefone, paramentos litúrgicos, velas, ferramentas, etc.

Na dimensão social, o dízimo deve suprir as necessidades dos irmãos mais carentes da Irmandade.

É importante salientar que o Dízimo é dinheiro, e dinheiro é o que se referenda todas as ações dos nossos rituais. Se paga as folhas, o obé, o chão, os atabaques, o cabelo, em diversos manifestos dos nossos rituais, os jogos divinatórios etc.

Neste sentido, a oferta que se deve fazer a guisa de dízimo é simbólica e importante, uma contribuição a manutenção dos Axés dos nossos Orixás; Inkices; Vodus; Entidade e seus Sacerdotes, os Babalorixás e Iyalorixás, Lôxas Patrões, Zeladores, Tatas, responsáveis pela preservações dos Axés e manifestos aos nossos Ancestrais.

Minha luta no âmbito do Movimento Negro, que iniciou desde o momento em que nossos ancestrais foram trazidos para aqui como escravos, é por Direito Civis, pela plena Cidadania, contra o Racismo e as Discriminações e, sobretudo, pela Revitalização Cultural através da EDUCAÇÃO. Não é por obrigação, por favor, ou dever. É uma opção, em defesa de minha Raça, vilipendiada com grande contingente de indivíduos descomprometidos da nossa condição, enquanto negros espoliados e excluídos do espaço de poder e só lembrado para execuções de tarefas e nunca para participar das decisões.

Luto independente do respeito e do reconhecimento a minha pessoa, meu trabalho e minha organização, que somos vítimas principalmente por uma grande parcela de negros, comprometidos com seus projetos pessoais, manifestados pela consciência embutida, cultores da cultura e ideologia dominante, os nossos detratores.
Independentemente do respeito, participação e solidariedade dos meus irmãos de raça, repressores de minha cor e do meu credo e ideologia. Luto também e principalmente em sua defesa, seja Pobre, Rico, Preto, Pardo ou Mulato, independente de sua opção Religiosa, Sexual, Partidária, que seja Mocinho ou Bandido, entende que "Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa humana, perante a lei e até que se prove o contrário, é inocente e a ninguém caberá julgá-lo ou condená-lo, sem o pronunciamento da justiça".

Independente do seu poder político-econômico, social e cultural, para mim o que importa é o sonho da Unidade e Solidariedade Racial. Luto pela participação e reconhecimento e Voz do Negro na Sociedade Sergipana, mesmo que ele não tenha consciência política e sirva de complicador a consecução dos nossos objetivos, a luta continua a despeito dos próprios "negros" os tidos como brancos emergentes, pela cor da pele e pelo espaço de poder, que nos discriminam por conta de suas: Posições, Religiões, Cargos Políticos, Cor, Partidos, etc. A nossa luta está e sempre esteve acima destas pendengas reacionárias e "pequenas", pois estou convencido que o maior instrumento gerador do Racismo e do Anti-Semitismo é o imobilismo e a violência do próprio negro, gerado no âmbito de sua insegurança e medo de ser Negro e respeitar o próprio Negro .

Particularmente para mim, a maior violência que tenho vivido é ser discriminado pelo próprio Negro. Isso dói e mim tira do ar momentaneamente, mas tira, e como dói.
A minha família é brasileira e sergipana, tem os vícios, as cores e raça do Negro, Pardo, Mulato e Preto, não é uma tribo, também não é uma torre de babel, é uma família com séculos de cultura, tradições e contradições, conflitos e resistências, mas uma família negra.

Infelizmente vivemos hoje um Estado Teocrático de ação repressiva, onde a Igreja Universal do Reino de Deus está dando as cartas e o tom, reeditando o instrumento da Inquisição em cima dos negros, notadamente do Candomblé, buscando no esmagamento da Cultura Negra a edição de Novo Sincretismo, através do incitamento à discriminação , vista de longe pelas autoridades, numa constante violação dos Direitos Humanos, e da Constituição Nacional, aprisionando Partidos e Políticos pelo voto e induzindo a competição entre os outros segmentos evangélicos e da própria Igreja Católica, alijada a nova ordem do "Bispo Macedo" e seus seguidores, colocando uns contra outros, principalmente os negros e pobres, instrumento de sua manifestação fascista na produção da indústria dos milagres e exorcismo, dando continuidade ao sonho de Hitler, tendo o negro como objeto de massacre. Antes era a pureza racial através do Arianismo, hoje é a pureza religiosa através da "verdade bíblica do Apocalipse", onde o negro e sua cultura devem ser exorcizados, um recolhido através da "conversão" aos braços do "Jesus" e outro extinto numa apologia a dominação personalista da Nova Teocracia. Infelizmente hoje não temos o Bonifácio e os políticos estão e são reféns do curral eleitoral dos fanáticos emergentes do Apocalipse, que a meu ver deveriam conhecer a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não conheço nenhuma Igreja, Padre, Bispos, Pastores que tenham se levantado contra o Racismo e as Discriminações em Sergipe.

Ao contrário, se alimentam disso, no incitamento às discórdias
Kó Sí Obá Kan Afi Olorum independente do seu poder político-econômico, social e cultural, para mim o que importa é o sonho da Unidade e educaçSolidariedade Racial. Luto pela participação e reconhecimento e Voz do Negro na Sociedade Sergipana, mesmo quDESDE os tempos em que o Presidente da Província, o “abolicionista” José Elói Pessoa da Silva, no seu famigerado Decreto de 20 de Março de 1838, que entre outras, proibia que ...os africanos, que sejam livres, quer libertos, negros, pretos, mulatos e leprosos tivessem acessos á educação, e freqüentassem as escolas, que os negros padecem no âmbito da educação em Sergipe.

De lá para cá, o manifesto de Elói foi se cristalizando e excluindo o negro da educação, que na sua pedagogia da violência vai cada vez mais se distanciando do coletivo, através de estratégias segregacionistas em direção ao continente europeu fortalecendo o etnocentrismo ao gosto dos senhores de engenhos e dos intelectuais afrancesados.Nenhum projeto alcançou o negro no âmbito da história da educação sergipana, todos os projetos aqui introduzidos eram cópias da Europa, o eurocentrismo nos alcança até hoje.

As grades estavam repletas de indicadores da Europa e aqui o eurocentrismo fazia e ainda faz a festa dos pséudos intelectuais citadores de verbetes. Francês, Alemão, Grego, Italiano, Latin, etc., eram as línguas da grade da civilização das concepções pedagógicas da moda até que a influencia do pragmatismo norte americano se interpôs no processo de mudanças, mesmo sem alcançar os negros, só uma tênue mudança estrutural, tipo escolas para os mesmo sexos e do ensino misto.

A cultura negra, nunca foi considerada como instrumento pedagógico para formação intelectual dos educandos, a indígena, pela mesma forma. As línguas: Tupi, Ge, Iyorubá, Swahili, Banto, Kikongo etc, nunca foram citada, houve desde os tempos da colonização, a pedagogia etnocídia em cima dos índios e dos negros, forçados através da catequese a se adaptarem a cultura dominante e o aculturamento fez o resto.
A pedagogia da violência, foi e é o instrumento de limpeza racial, cultura e tradicional, utilizada para varrer das terras sergipana o manifesto das culturas baixas e inferiores dos negros e dos índios.

Os índios, foram varridos e das suas mais de 520 culturas, línguas, costumes e tradições, não restaram nada. Seu memorial foi exterminado pelo fogo da vaidade da corrupta colonização e ideologia dos “nossos” intelectuais de camarinhas. Mataram as culturas dos índios e hoje, só um “arremedo” do Cacique Pindaíba, último remanescente da Catequese, domesticadora, se tem noticias sob a denominação de Xokós, sem memória alguma, na Ilha São Pedro sem nenhum referencial de suas raízes, excluídos enquanto grupo cultural, do processo de cidadania.

Toda ação, se inicia com a repressão religiosa, no combate ás nossas práticas, sem o respeito as nossas diversidades, foi assim com os índios e ainda é assim com os negros. Sergipe na prática é um Estado Teocrático. Desde 1881 com a influencia do pragmatismo norte americano e as Reformas Leôncio de Carvalho que estabelecia a “Liberdade de Crenças”, tirando o sentido obrigatório no âmbito da educação, explicitando o Estado Laico que se cristalizaram as práticas teocráticas no âmbito do Estado e as perseguições religiosas.

É sabido que a religião é o ponto de irradiação da cultura e a nossa, sofre de problema de continuidade por conta das ações repressoras até hoje pela prática da Intolerância e do Racismo Institucional, onde o Estado se esconde para não tomar conhecimento das ações e reações e essa ausência cristaliza as desigualdades e emperra o desenvolvimento do coletivo negro, vítima contumaz das tradições paternalistas das políticas públicas e da pedagogia da exclusão.

Até hoje o Estado foge de suas obrigações para com o coletivo negro, negando-lhe o Direito a Educação, manipulando através de ações silenciosas os editais oficiais de inclusões de conteúdos da cultura negra nas grades curriculares. Desde 1999 que há Decreto Governamental sobre a questão e desde 1986 que o Conselho Estadual de Educação consagrou a inclusão transversal e desde 2003 que a Nação foi instruída a formalizar a inclusão curricular e Sergipe, até hoje não deu a mínima, seja no âmbito, Municipal, Estadual ou Federal, particular ou privada.

O Estado é Teocrático e resiste a realidade da laicização a realidade de mudanças, de inclusão e de igualdade racial. Os governos só se preocupam com as cotas, que mesmo tendo direitos, como ação reparadora, se transforma num ato paternalista, inibidores de reações contrárias a falta de inclusão da cultura negra nas grades curriculares, para que os negros possam ter oportunidade de identificar seus instrumentos culturais e repensar suas Histórias através de uma reflexão do de dentro para do de fora.

E o governo não quer negro pensando. É perigoso e se apegam na ideologia colonizadora, se espelham em JOSÉ ELÓI PESSÔA DA SILVA., cristalizando o Conservadorismo, seja da esquerda, direita, centro, seja qual for seu partido. José Eloi foi tido como progressista, um abolicionista ferrenho, e o que fez, quando chegou no poder: Excluiu Africanos, pretos, mulatos, crioulos e leprosos, do Direito de freqüentar as escolas, de ter acesso a educação estigmatizando-nos de leprosos, vilipendiando uma raça, que dizia proteger. Sergipe é um Estado perverso, o que tem de negros equivocados, contra os negros, eles pensam que são brancos, o que mais Sergipe odeia são os pretos, principalmente os que pensam e agem em favor da igualdade racial.
Aqui em Sergipe, o negro é o preto. ele não tenha consciência política e sirva de complicador a consecução dos nossos objetivos, a luta continua a despeito dos próprios “negros” os tidos como brancos emergentes, pela cor da pele e pelo espaço de poder, que nos discriminam por conta de suas: Posições, Religiões, Cargos Políticos, Cor, Partidos, etc.

O Movimento Negro través do representante da Casa de Cultura Afro Sergipana, SEVERO D'ACELINO - o primeiro preto a participar do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Sergipe, um instrumento conservador, não foi fácil digerir um Militante Negro que pensa negro diuturnamente e que através das provocações constrói seus instrumentos pedagógicos para gerar mudanças de comportamentos a atitudes em favor do Coletivo Negro.

As dificuldades foram prontamente se instalando na medida em que começou a sua postulação. (Estou aqui falando na terceira pessoa, mas sou Eu mesmo) Postulações essas que traduziam melhoramentos, valorizações e visibilidades para o Negro Sergipano e então começa seu inferno, a chapa começou a arder. Ter que a cada postulação enfrentar o grupo de Conselheiros que com ações equivocadas levantavam barreiras as proposituras e criticava o vocabulário utilizadas, suas ações e comportamentos impróprios a Conselheiro.

Evidentemente que não faço parte da "Elite Intelectual de Sergipe" e meu vocabulário é tipicamente de Negro Preto da periferia, sem a preocupação de ferir ninguém, pois sou uma pessoa altamente disciplinada( tive excelente escola a Marinha) e respeito as autoridades, mesmo que elas não se dêem ao respeito.

O nosso objetivo não foi de mero expectador ou coadjuvante para aprovar o que mandam, mais de agente transformador em favor das Questões e Condições da Comunidade Negra e nisso reside as diversas ações negativas contra os nossos propósitos e idéias, sendo ameaçado, vilipendiado e aturado pelos membros do Egrégio Conselho Estadual de Cultura, um órgão que reproduz em seus interior, os estigmas que a sociedade maniqueísta e racista pratica contra nos os negros.

E, nestes embates, ainda não recebi apoios ou solidariedades de nenhum representante das Entidades Negras ou de qualquer individuo ou grupo negro.

Mas como negro de marca e origem, sergipano da cepa, não desisto e vou mandando propostas e falações. Um dia alguém vai escutar, por enquanto apresento as Propostas que na sua maioria foram: arquivadas, rejeitadas, retiradas por solicitações e esquecidas.

Houve aprovação neste elenco. Vale apenas conhecer as propostas e vale também um Estudo : Severo D'Acelino e sua passagem pelo Conselho Estadual de Cultura. pre esteve acima destas pendengas reacionárias e “pequenas”, pois estou convencido que o maior instrumento gerador do Racismo e do Anti-Semitismo é o imobilismo e a violência do próprio negro, gerado no âmbito de sua insegurança e medo de ser Negro e respeitar o próprio Negro.

"Particularmente para mim, a maior violência que tenho vivido é ser discriminado pelo próprio Negro. Isso dói e mim tira do ar momentaneamente, mas tira, e como dói.

A minha família é brasileira e sergipana, tem os vícios, as cores e raça do Negro, Pardo, Mulato e Preto, não é uma tribo, também não é uma torre de babel, é uma família com séculos de cultura, tradições e contradições, conflitos e resistências, mas uma família negra."

Infelizmente vivemos hoje um Estado Teocrático de ação repressiva, onde a Igreja Universal do Reino de Deus está dando as cartas e o tom, reeditando o instrumento da Inquisição em cima dos negros, notadamente do Candomblé, buscando no esmagamento da Cultura Negra a edição de Novo Sincretismo, através do incitamento à discriminação, vista de longe pelas autoridades, numa constante violação dos Direitos Humanos, e da Constituição Nacional, aprisionando Partidos e Políticos pelo voto e induzindo a competição entre os outros segmentos evangélicos e da própria Igreja Católica, alijada a nova ordem do “Bispo Macedo” e seus seguidores, colocando uns contra outros, principalmente os negros e pobres, instrumento de sua manifestação fascista na produção da indústria dos milagres e exorcismo, dando continuidade ao sonho de Hitler, tendo o negro como objeto de massacre.

Antes era a pureza racial através do Arianismo, hoje é a pureza religiosa através da “verdade bíblica do Apocalipse”, onde o negro e sua cultura deve ser exorcizado, um recolhido através da “conversão” aos braços do “Jesus” e outro extinto numa apologia a dominação personalista da Nova Teocracia. Infelizmente hoje não temos o Bonifácio e os políticos estão e são reféns do curral eleitoral dos fanáticos emergentes do Apocalipse, que ao meu ver deveriam conhecer a Constituição Federal e as Declarações Universal dos Direitos Humanos. Não conheço nenhuma Igreja, Padre, Bispos, Pastores que tenham se levantado contra o Racismo e as Discriminações em Sergipe.

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