sábado, 19 de julho de 2008

NEGRA CONCEIÇÃO A GUERREIRA DE MULUNGU - LITERATURA AFRO SERGIPANA - CONTO DE Severo D'Acelino






NEGRA CONCEIÇÃO;
A GUERREIRA DE MULUNGU

Severo D’Acelino


Era primavera ainda no tempo provinciano da escravidão, a Capitania de Sergipe vivia momentos de agitação política, sua maior economia se afundava, pela própria situação de mudanças, onde os sul davam as cartas e a cana de açúcar era substituída por café. Aqui os donos de engenhos se utilizavam dos escravos para pagar suas dívidas e o tráfico era a nota da vez, eles burlavam a lei, embarcando clandestinamente seus escravos para outras Províncias, era o apogeu do tráfico interprovincial., muitos destes senhores de engenhos estavam reféns da empresa Schramm, a quem detinha todos ativos patrimoniais dos senhores endividados, até os escravos estavam empenhados a Firma Schramm & Cia.

A Vila de Maruim fervilhava de agitação com a chegada de cargueiros, tropas de policia acompanhada pelo juiz municipal que dava batidas no maior estabelecimento da vila em busca de escravos fugidos em atendimentos a denuncias de que João Mulungu estaria na área para ser embarcado pela madrugada para outra vila afim de fugir da justiça. Enquanto a policia dava batida um grupos de usineiros e fazendeiros se reuniram pra tratar de suas dividas e negócios de suas fazendas, enquanto isso no cais do porto, diversas embarcações eram fiscalizadas o que fazia com que o pessoal levantasse comentários a cerca dos procurados e das perseguições, oferecendo diversas informações de prováveis locais que possivelmente estariam o procurados.

O movimento crescia, as pessoas iam e vinham nos seus afazeres sem deixar de olhar o movimento dos negros escravizados algemados esperando serem encaminhados ao seus destinos, uns vendendo os seus produtos outros desembarcando as cargas das embarcações.

Nas conversas levantadas pela força policial, uma das informações chamou atenção de que João Mulungu estaria com uma de suas mulheres no engenho Maria Teles e que teria sido visto na vila com um grupo de ciganos acompanhado de Manoel Jurema Galdino a mulata Conceição e mais dois companheiros. Essa informação foi passada para a tropa que decidiu se certificar antes de falar com o juiz .Seguiu parte da tropa com o informante afim de apontar o local do engenho Maria Teles em diligencia para entrevistar ou prender a amasia de João Mulungu. Já era tarde quando avistou o engenho e ali o informante resolveu a voltar indicando as características de Conceição apontando na direção de uma depressão do engenho, local em que ela se encontrava com os outros escravos .

Conceição, uma negra de pele clara, filha de negra com português, tinha pouca mais de 25 anos, era escrava do engenho e mesmo com a sua pele clara e contornos bem definido não gozava das regalias que lhes ofereciam, sempre mostrou a sua revolta pela sua situação e dos seus companheiros, mulher guerreira de dita fama pelo seu lado masculinizado no manejo das armas, facoa, bacarmate, alem de ser uma exímia amazona ,cavalgando em qualquer montaria em pêlo com desvelo e bravura investindo contra qualquer um, razão pelo temor com que é conhecida.

Ficou famosa pela luta atribuída a ela de ter travado luta com três escravos e o capataz do engenho que queriam violenta-la e na luta, mostrando toda sua garra e destreza conseguiu se desvencilhar degolando dois escravos e ferindo gravemente o capataz. Três dias depois deste fato se homiziou nas matas do próprio engenho durante três meses sem que fosse capturada, construindo ali uma base do seu mocambo particular
.
O ato não fora considerado de rebeldia pelo senhor de engenho, por que alem de gostar dela nutria desprezo pelo capataz já acostumado com o ato de estrupar as negras do engenho e das vizinhanças, com seu grupo de assecla formados por seis escravos de engenho, e com a conivência da policia local.

Conceição durante o seu exílio conheceu diversos grupos de fugitivos que lhe informavam sobre os quilombos e seus lideres, convidando - a para participar da jornada e foi em uma dessas caminhadas que conheceu João Mulungu através de Manoel Jurema na mata da fazenda Flor da Roda. Participou de diversas jornadas com o grupo de João Mulungu, e de diversas lutas, sempre refugiando nas matas do engenho Maria Teles.

Após três meses resolveu se aproximar da área para confirmar o que lhe falavam os escravos do engenho em relação a sua situação. Comprovada a impunidade continuou as suas atividades com o firme propósito de fortalecer os aquilombados e preservar o espaço para a segurança de João Mulungu.

Estava de cabeça baixa massageando os pés quando se sentiu observada e levantando os olhos percebeu o grupo que se encaminhava em sua direção; levantou apressadamente, deu a volta indo em direção a senzala e sem responder as indagações que os escravos lhe fazia através do olhar, adentrou e retornou imediatamente segurando uma facoa na mão direita e na outra uma enxada. Enquanto os policiais se informavam a cerca do assunto Conceição seguia em frente arrastando a enxada e a facoa ambas agora na mão direita. Dois policiais se acercaram dela pedindo noticias de João Mulungu, ela lhe respondeu que não sabia do que eles estavam falando e que ali no engenho não conhecia ninguém com esse nome e se fosse novo que ele buscasse informação com a Sinhá ou com o capataz. Enquanto ela falava o restante da tropa se juntou ao grupo cercando Conceição, num circulo feito pelos cavalos agitados ela se sentindo ameaçada, rodou a enxada no ar, pegando a tropa desprevenida, assustando os cavalos que relinchando recuaram, derrubando um dos policiais e foi nesse momento que Conceição aproveitou para investir se apossando de uma montaria, com uma celeridade jamais vista pelos atordoados policiais e saiu em disparada, ziguezagueando para evitar as balas que os policiais não tardariam em disparar.

Zarpou em direção da mata do engenho, bramindo a facoa no ar, o ato foi presenciado por todos, vendo aquela perseguição no engenho ,sem saber o que ocorria, no meio da confusão, Conceição evadiu – se do engenho nas barbas da policia ,que não alcançando seu intento por não conhecer o terreno e pelo apanhado da hora, retornaram para dar ciência da sua diligencia fracassada ao juiz municipal.; e quando já se retiravam es que ouvem trotes e investem, prendendo a escrava Angélica que buscava se evadir acompanhada de um outro escravo que depois atribuiu ser João Mulungu . Foi capturada e levada para a delegacia ,estranhamente não ofereceu resistência e deixou se levar pela tropa, o que queria era reter os homens para não sair em perseguição a Mulungu. Na Delegacia, Angélica fora reconhecida também como amásia de Mulungu, enquanto isso Conceição a Negra forra, se mantinha a distância.

Conceição foi se juntar ao grupo de João Mulungu, naquela ocasião, estrategicamente dispersos, pelas diversas matas dos engenhos da região, fazendo crer ao grupo de repressão que estariam bem distantes da área dos seus engenhos. O Primeiro que encontrou foi o cigano que sempre lhe trazia noticias dos quilombolas e deixava recados para fazer negócios, se agradou do cavalo que Conceição montava e fez negocio com armas e mantimento, Conceição seguiu a pés mata a dentro, seguindo a sua intuição até chegar nas matas do engenho Flor da Roda descansando nos bananais até sentir a presença de alguém, se posicionou mudando de localização contra o vento e se atracou com o intruso e já com o punhal preste a sangrar , percebeu que era Galdino e nisso se refez, contou o ocorrido e logo foi ao encontro de João Mulungu que juntando os pertences seguiu com seus companheiros para outras bandas distante dali e no caminho ia juntando o grupo com destino ignorado.

Conceição passou muito pouco tempo com João Mulungu, pois tempo depois ele fora traído por um escravo do engenho e junto com seus dois inseparáveis companheiros, foram presos , processados e sentenciados a cumprirem pena nas galés. Conceição seguiu com outros quilombolas até o Mocambo na Vila de Porto da Folha indo depois para a Serra Negra onde incógnita, morreu de velhice, no cimo da Serra em noite cheia de estrelas e uma forte energia no ar, aromatizado de suol e cheiro de terra. Seu último pensamento foi para seu herói João Mulungu , sonho de atração na leveza da chegada. Pois a última noticia sua foi de que fora deportado para a Bahia onde se juntou aos insurretos e montando outro grupo, retornou a Capitania de Sergipe se fixando no sertão.

Conceição, a negra Guerreira de Mulungu, nunca deixou de ser mulher, nunca deixou de ser negra e por diversas vezes, rejeitou a vida mansa que lhes ofereciam, foi vendida diversas vezes e nunca teve senhor, o seu maior cabedal foi sua rebeldia e sua dignidade de ser negra, mesmo de pele clara, conheceu sua mãe mas nunca soube quem foi seu pai e se rebelava sempre, rejeitando as chamadas alforrias para manter a sua expectativa de sub-vida pois tinha consciência que não se ajustaria , não nasceu para ser escrava o que nunca foi, nasceu guerreira e isso seria até a morte, uma morte animada na luta, a Negra, Guerreira de Mulungu. Sua bravura segura a Serra Negras até hoje, aguardando a chegada do seu amado e inspira a proteção do espaço e de todos que lá se refugiam, conhecida também como Serra da Guia. Saravá Guerreira.

CONCEIÇÃO A GUERREIRA DE MULUNGU EM DEBATE - CONTO DE SEVERO D'ACELINO NA ACADEMIA.




As estratégias discursivas na construção do sujeito histórico, através da literatura engajada de José Saramago, Uanhenga Xitu e Severo D’Acelino
Rosemere Ferreira da Silva
Mestranda do Programa de Pós-Graduação
em Letras e Lingüística da UFBA

Resumo
O artigo pretende discutir as estratégias discursivas usadas para a construção do sujeito histórico em O conto da ilha desconhecida, de Saramago, Mestre Tamoda, de Uanhenga Xitu e Negra Conceição: a guerreira de Mulungu, de Severo D’Acelino. Busca ainda destacar o engajamento literário dos intelectuais citados como forma de auto-reflexividade e de desconstrução de verdades absolutas na literatura contemporânea.

Palavras-chave: Literatura Engajada, Intelectual, Identidade.

Severo estréia sua publicação de contos na seção Contos Afro-Sergipanos do jornal: Gazeta de Sergipe, no dia 10 de março de 2004. É neste espaço que o conto: Negra Conceição: a guerreira de Mulungu ganha sua primeira divulgação. Além de contribuir para ativar uma seção cultural inédita no jornal da cidade, Severo aproveita para resgatar valores culturais relativos à cultura popular negra, até então ignorados pela cultura local.

Neste conto Severo define a personagem como:
“Conceição, a negra guerreira de Mulungu, nunca deixou de ser mulher, nunca deixou de ser negra e por diversas vezes, rejeitou a vida mansa que lhes ofereciam, foi vendida diversas vezes e nunca teve senhor, o seu maior cabedal foi sua rebeldia e sua dignidade de ser negra, mesmo de pele clara, conheceu sua mãe, mas nunca soube quem foi seu pai e se rebelava sempre, rejeitando as chamadas alforrias para manter a sua expectativa de sub-vida, pois tinha consciência que não se ajustaria, não nasceu para ser escrava o que nunca foi, nasceu guerreira e isso seria até a morte, uma morte animada na luta, a Negra, Guerreira de Mulungu”. (GAZETA DE SERGIPE, 2004, p.4).

Severo faz uma historiografia no conto da situação sócio-política e cultural da Capitania de Sergipe. O tempo mencionado evidentemente é o da escravidão. Embora João Mulungu seja citado no conto, o direcionamento da narrativa está centralizado em Conceição, o personagem feminino de tamanha importância para as fugas do grande herói negro sergipano, João Mulungu.

A narrativa de D’Acelino coloca em primeiro plano um sujeito histórico capaz de, em prol de suas próprias convicções, em um ato de rebeldia e coragem, vencer a perseguição, a caça planejada e direcionada aos negros pela força policial, com o objetivo de endossar o tráfico interprovincial, para salvar a pele de outro sujeito, no qual a comunidade negra depositava sua esperança de protesto e libertação, de uma raça oprimida pela invasão de um colonialismo fomentado pelo disparate de uma imposição cultural unilateral.

A descrição de Conceição no conto remete-nos à heroína de uma missão, somente permissível para aqueles cuja determinação fosse a razão de sua imperatividade diante dos propósitos de uma raça que se questiona, até hoje, o porquê de ter tantas metáforas usadas para justificar os negros/ afrodescendentes como racialmente subalternos.

Este conto se constitui como uma construção discursiva que contextualiza a revisitação memorial feita através da história de personagens negros. João Mulungu e Negra Conceição animam o trabalho do escritor junto à comunicabilidade de reconhecimento de uma ancestralidade articulada para não ser menosprezada ou ignorada e sim resignificada.

Uma leitura mais criteriosa do conto pode sinalizar uma possível intervenção crítica desestabilizadora dos discursos hegemônicos provocada pela necessidade de uma expressão identitária local, situada a partir da Capitania de Sergipe e localizada na Vila de Maruim.

O Brasil é marcado por um modelo social hegemônico que nega as formas de ser brasileiro. A cultura popular negra tem significados muito mais abrangente
do que os que habitualmente conhecemos, longe da formação de estereótipos, ela é plural. Entender o plural num país como o Brasil é perceber a singularidade cultural do tripé de raças aqui formado, desde o seu “achamento” até o trabalho com a cultura como algo próprio de um grupo e de troca de valores e representações.
A rebeldia de Conceição a define como um personagem disposto a enfrentar toda e qualquer imposição de um colonialismo essencializado, que subjuga a diversidade cultural e clama por uma unidade imposta pela força de quem domina os meios econômicos e políticos.

A resistência de Conceição e Mulungu para não serem capturados evidencia que esta resistência é especificamente política, no que se refere à reflexão de uma condição humana modelada na lógica da tradição e também de modelos culturais de ruptura.
Há de se deixar claro que o processo de aculturação do colonialismo português visava a desculturação dos povos colonizados. Portugal impôs seus padrões ao voltar-se obsessivamente para as conquistas ultramar, mas também sofreu transformações sociais, políticas e culturais significativas como conseqüência de seu processo de colonização. Temos que considerar que num conjunto dialético, as articulações ideológicas incorporam imposições de padrões e não refletem somente transformações unilaterais.

As tendências literárias engajadas desses intelectuais trabalham numa visão de conjunto. José Saramago, Uanhenga Xitu e Severo D’Acelino apresentam diferenças em seus textos a partir de uma dinâmica literária moldada por fatores histórico-sociais, os quais levam o sujeito histórico a promover uma imersão no seu universo cultural tendo como princípio a sua própria dinâmica comunicativa.

A resistência dos personagens a uma ordem hegemônica é também matéria do escritor consciente. Os personagens: o homem do povo, “Mestre” Tamoda e
Conceição falam de um lugar de enunciação onde, as diferenças que aparecem no trabalho literário individual, servem de revisão histórica das condições sócio-culturais de uma minoria não veiculada por um sistema literário nacional.
Os textos, às vezes, se aproximam em decorrência de uma consciência crítica partilhada pelos escritores, pelas semelhanças entre os processos literários que utilizam e, principalmente, por uma configuração do imaginário social que antecipa uma experiência de interação dialética com outras culturas.

Espera-se que os escritores de literatura engajada, os intelectuais da esfera pública, não falem pelas minorias, não substituam a fala dos grupos minoritários por seus discursos literários, mas que, sobretudo criem estratégias particulares e contextualizadas para através da estrutura ficcional dar voz ao outro, possibilitar que este outro, tendo sua presença e criação justificada pelo contexto ficcional, possa expressar-se a partir de suas próprias aspirações que emergem de espaços periféricos, de lugares de exclusão.

Anônimos ou não, os personagens de Saramago, Uanhenga Xitu e Severo D’Acelino se apropriam de um discurso cuja tensão transposta para o texto evidencia uma manifestação ideológica através de aspirações subjetivas, não totalmente particulares, mas de certa forma coletiva.

Os intelectuais da literatura engajada em Angola e Brasil, mais precisamente Uanhenga Xitu e Severo D’Acelino promovem, através do reconhecimento de uma identidade nacional, a atualização de um momento histórico que, em debate, impulsiona o processo de desalienação cultural, quando traz à cena o caráter pluralístico da cultura do quimbundo, pela língua, e da cultura brasileira, pela resignificação da ancestralidade, tendo sempre em vista a democratização da vida social.

Já Saramago, cuja produção ficcional procura recontar a história de seu país, toma para a sua narrativa o papel reduzido dos anônimos pelos grupos hegemônicos e amplia, a partir da própria resistência do personagem, sua
forma de participação no discurso, até então, historicamente escamoteada por uma oficialidade alienadora. O que Saramago faz é reconstruir essa história, que parece escamoteada, com o exercício de uma prática literária, em que a subalternidade ganha a formulação de um discurso de “verdade” e cheio de articulação de reflexões voltadas para uma intervenção política, social e cultural.

A caligrafia de Saramago recupera a história na estória. Esse movimento de recuperação proporciona uma dinâmica ao texto, onde os supostamente vencidos estejam no centro. Os personagens de Uanhenga Xitu e Severo’Acelino por questões históricas também são levados a uma representação de ascensão revolucionária no texto, ações que se pressupunham estáveis sustentam linhas discursivas baseadas num estatuto de resistência à imposição cultural do colonialismo português.

Dessa forma, quer seja por uma recuperação historiográfica, por uma revisão lingüística ou por uma valorização às raízes ancestrais, a dialética discursiva criada por estes intelectuais seduz o leitor para as discussões em torno das interseções coletivas. Os personagens representam sujeitos históricos capazes de problematizar o entrecruzamento estória/história, um modo de refletir no tecido verbal construído, a experiência de um cotidiano social fundamental à subjetividade da existência humana, de sua pluralidade presente. De acordo com Edward Said:
Em outras palavras, o resultado dos atuais debates sobre o multiculturalismo não se afigura propriamente uma “libanização”, e se esses debates apontam um caminho para transformações políticas e mudanças na forma como se enxergam as mulheres, as minorias e os imigrantes recentes, não há por que temê-los nem tentar evitá-los.(SAID, Edward, 1995, p.28-29).

A narrativa deste projeto literário movimenta a escrita dos intelectuais para uma auto-reflexividade multicultural. Neste sentido, a narrativa não é apenas o registro, mas um instrumento que direciona o paradigma da ideologização dos discursos da autoconsciência teórica sobre a história enquanto oficialidade e a ficção como pedagogia para uma releitura do passado no presente, onde as
diferenças sejam interpretadas como parte da diversidade de configurações identitárias legitimadas por uma escrita literária pronta ao questionamento de verdades absolutas.

Referências Bibliográficas:
ABDALA JR., Benjamin. De Vôos e Ilhas: Literatura e Comunitarismos. Cotia/ SP: Ateliê Editorial, 2003.
GAZETA DE SERGIPE. Sergipe, março de 2004. Nº 13.516.

INTOLERANCIAS - AUSENCIA DE GOVERNO (II)



INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.

Severo D’Acelino

Em reunião recente no Conselho Estadual de Cultura, apresentei Proposta de repúdio a Intolerância Religiosa, tão em voga entre nós, e que tem nos agentes dos três poderes os seus maiores instrumentos.

Na ocasião citei os acontecimentos em duas cidades do nosso Estado: Riachuelo e Estância, onde policiais e promotores públicos no extremo poder de abuso, violaram os Direitos Constitucionais das comunidades, impedindo ritus e cristalizando constrangimentos e discriminações, incitados por membros de outras religiões, no caso a evangélica.

Diante da complexidade, ficou acertado pelo Conselho, a realização de um Seminário para daí, tirar a posição coletiva e encaminha-las aos devidos setores. Este seminário será em Novembro na data da lembrança da Consciência Negra.

Fazendo uma releitura das Questões e Condições do Negro em Sergipe, observo a imobilização do coletivo em tornos das ações raciais, cristalizando o comodismo gerado pela tradição paternalista que sufoca a reflexão destes manifestos que mantem grande parte do coletivo com a mentalidade escrava numa atomização social estimuladora das fugas, dos medos e dos conflitos interraciais.

Se houvesse unidade nas nossas diversidades, certamente não haveria a necessidade de sistemáticas ações invasivas em nossos manifestos, pois a força da identidade e do referendo por si só impediria qualquer tipo de violência nesta ou em qualquer direção. No entanto se observa que ela se encontra dentro do nosso grupo.

Somos nós os negros distribalizados, conseqüentes, recalcados, esbranquiçados e que temos vergonha de nossa raça, etnias, culturas, cor e situação que estigmatizamos, discriminamos e odiamos os nossos iguais, tendo como base a nossa cor, classe, religião, partido e posição nos espaços de poderes esquercendo a história dos nossos Ancestrais, a nossa, e esquercendo para não se lembrar de onde vimos e para onde vamos.

Em Sergipe, fomos e somos: africanos, crioulos, mulatos, pretos, pardos, afros sergipanos, afros descendentes dentre outras tipificações reducionistas da sociologia do poder e seus historiadores amestrados. Cada um se instalando ou cooptado por esta ou aquela religião, agregada ao poder e ou aos senhores que cuidaram de nos dividir para reinar em berço esplendido, construindo a ideologia do branqueamento estimulando as fugas étnicas e o recalque. Isso gerou a discriminação e a intolerância no interior do coletivo negro, onde reproduzimos em nossos iguais os estereótipos e os mesmos comportamentos dos brancos sobre nossa raça.

Somos, a maior população de um Estado Negro, sem Cultura Negra, que sistematicamente pratica o etnocídio sobre nós, com um controle absoluto, se utilizando perversamente dos indicadores da Educação; Saúde e Segurança para nos reduzir ao máximo, evitando a construção de nossa identidade, para que não sonhemos cidadania plena através do conhecimento e identificação dos nossos valores.

Sem educação, vivemos á deriva, sem conhecer ou reconhecer os nossos indicadores históricos, religiosos, artísticos, líderes, filosóficos, tecnológicos, psicológicos, tradicionais, costumes, usos, educacionais, pedagógicos, lingüísticos, jurídicos, sociológicos etc. 86% da população absoluta do território sergipano, excluídos, vilipendiados, discriminados, criminalizados, manietados, marginalizados, estereotipados, banidos, dependentes, sobreviventes que se odeiam e se violenta como moeda corrente para marcar espaço na mobilização e visibilidade do espaço de poder, mesmo tendo que negar a própria filiação.

Neste âmbito de relações equivocadas, temos preconceitos de ter preconceitos e vergonha de sermos negros, agregando a nossa ideologia do recalque e não nos reconhecemos enquanto negros e muitas das vezes também, não somos reconhecidos como tal, e, assim sendo vamos negando as nossas evidencias e fazendo as sujeiras que nos mandam e ou nos sugerem contra o nosso coletivo negro, estereotipado de baixo e inferior e vamos em busca do ideal eurocentrico.

As manifestações discriminatórias partem de nós mesmo em diferente graus: materiais e imateriais. Situações: econômicas, sociais, culturais, religiosas, políticas, condizente ao status do grupo e ou do individuo dominante. A sua leitura é que prevalece.

O domínio de luta contra a Intolerância Religiosa, existe diversos indicadores constitucionais e legítimos que são olvidados deliberadamente principalmente pelas autoridades policiais e do direito, justiça e lei. A própria comunidade alvo, vítima dos criminosos, se calam antes as violações dos seus direitos, como medo de retaliações, por falta de unidade, por falta de solidariedade, por falta de conhecimento, por falta de assistência, por falta de interesse e responsabilidade social, por falta de apôio

Há uma legislação histórica para assinalar o memorial do domínio do terror da Intolerância Religiosa, além dos limites da Inquisição. Em 1832 um Decreto obrigava os Escravos a se converterem a religião oficial e uma legislação atual que aponta caminhos legais contra as violências e agressões policiais, perseguições políticas, judiciais invasões arbitrárias dos templos por promotores, e autoridades policiais e políticas.

Num Estado Laico, onde desde a primeira Constituição brasileira de 1891, a idéia de religião deixou de ter respaldo legal. A Constituição de 1988 não deixa dúvidas sobre a matéria e proíbe imposições de obstáculos a qualquer culto ou religião.

A intolerância religiosa é fruto do racismo institucional gerado pelo apartheid que divide a geração impedindo o livre arbítrio e as relações espontâneas dos grupos e indivíduos, classificados e tipificados na sociedade excludente de orientação colonialista onde os coronéis e usineiros são os referenciais políticos e econômicos para o controle da população através do social e esmagamento cultural tendo o maniqueísmo como ideologia dominante.

A Regulação tipifica a discriminação religiosa como crime.
Define e fundamenta a Liberdade de Culto e seus locais sem qualquer tipo de obstáculo do Poder Público ou Partícula ou de Participantes, podendo ser realizado em recintos abertos ou fechados. Nas ruas, praças, parques, praias, bosques, florestas etc.
Define três disposições de proibições;

1- Quando não tiver caráter pacifico
2- Se houver uso de arma de fogo
3- Use estiver sendo praticado atos criminosos


A Lei de Abuso de Autoridade pune o atentado a liberdade de Culto.
A Lei define ainda:
Associação Religiosa.
Direitos do Ministro Religioso
Templo Religioso
Ensino Religioso
Casamento e escolha de nomes de filhos de acordo a religião dos pais.

O Brasil é signatário da ONU e respeita as Leis Internacionais

1- Declaração Universal dos Direitos Humanos
2- Declaração para a eliminação de todas as formas de Intolerância e de Discriminação baseada em Religião ou Crença.
3- Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as formas de discriminação Racial.

Assim sendo, os atentados praticados contra a comunidade negra e sua religião, impedindo que comunidades, grupos ou indivíduos tenham acessos a sua religião e sejam obrigados a conversões por imposições de outros grupos, como se observa nas periferias, quilombos, escolas e repartições públicas, como forma de auferir vantagens e ou para fugirem as discriminações e constrangimentos e ou para ter acesso as benesses do poder público ou privado, é um crime que não deve ser calado.

Esse crime é estimulado pela mídia diuturnamente, numa afronta a Constituição e calado pelos poderes públicos aliados aos usineiros e coronéis contra comunidade negra, que alijada e excluída, tem seus direitos violados por aqueles que têm a responsabilidade e funções de defendê-los e, principalmente pelo silencio e medo.

O Governador de Sergipe discrimina os Terreiros e Comunidades Remanescentes de Quilombos através nas distribuições de Cestas básicas de Alimentos, através da CEPIR, que age segundo o interesse pessoal, partidário e ideológico do seu coordenador.

A Intolerância Religiosa se associa a Racial; Educacional; Cultural, Saúde, Segurança . Comunicações, onde se destaca no interior da administração governamental e do prefeito onde se exemplifica na Educação:

1-a exclusão da cultura negra da Grade disciplinar como instrumento de formação intelectual dos alunos.

2-pré-vestibular na rede pública, numa tentativa de esconder a baixa qualidade do ensino na rede pública, instituindo um apartheid na medida em que o serviço e oferecido a poucos usuários da educação pública e atesta a baixa qualidade e uma educação diferenciada que o governo oferece , antes a rede particular, cujo resultados no Vestibular é 80% maior em número de participantes e classificados.


3- a Secretaria de Estado da Cultura, não contempla a cultura negra em suas funções e operação.
4- o Estado não tem uma política pública para a comunidade negra e desconhece seus indicadores culturais. Não tem o mapeamento das Áreas Remanescentes de Antigos Quilombos e não usa os indicadores da cultura negra como instrumento pedagógico para a formação de cidadania.

5- O prefeito da Capital exclui a representatividade do negro, na administração pública, se recusando a instalar o Conselho Municipal da Igualdade Racial, dificultando o Combate ao Racismo na Capital.

6-O Estado não possui nenhum instrumento dirigido a representação, preservação, defesa e desenvolvimento do negro e suas culturas.

7- A mídia sergipana Racista e instrumento de dissociação etnoracial, não abre espaços para difusão da cultura negra e nem das questões da comunidade, em defesa dos seus interesses individuais e coletivos. Só abre espaço, quando PAUTA O NEGRO e ou o Assunto.

Educação - Nós os negros, historicamente excluído da educação e escolas convivemos com o banimento de nossa cultura do processo de nossa formação intelectual e construção da nossa identidade enfrentando uma escola que, como aparelho ideológico, reproduz os estereótipos contra nossa raça, cor, etnia, religião, tradições, histórias, lideranças, psicologia, conjunto organizado de idéia, técnica de sobrevivência, organizações, heróis, arquivo humano,artes, literatura.

O nosso patrimônio histórico artístico e cultural é desprezado como ícone de nossa desqualificação antes o sistema que sufoca o pluriculturalismo.

Uma escola/educação unidirecional europeizante, eurocentrica e reducionista que nos transforma em macaqueadores da cultura ocidental onde brancos e negros são mantidos afastados pelo ponto de vista eurocentrico , que só veicula os valores apoiados na imagem do vencedor e na sua pratica etnocêntrica, esmaga e mata todas as possibilidades da cultura do negro e do índio, negando o status de ficar no mesmo patamar da cultura européia impedindo a desconstrução dos mitos produzidos ao longo de séculos de dominação, intolerância e marginalização.

A Justiça é posta contra o negro e nunca ao seu favor, a ciência jurídica, principalmente a penal ainda perduram os traços da sua longa convivência com a escravidão, para a qual a nossa condição é revogável. Não há Direitos para o Negro, só contra o negro. Estamos pois em liberdade condicional, a sua prática do Direito Criminal é racista. No dizer de Nilo Batista, só a demonstração de um novo direito penal que não seja:

a- Boleguim ideológico da dominação,
b-destruidor dos destinatários de suas normas,
c-da estigmatização e do privilegio.

Busquemos, pois, um Direito Penal:

i-concebido e pré disposto como garantidor da justiça social
ii-realizador dos valores essenciais da pessoa humana
iii-um direito da redenção e confraternidade

Só deste novo Direito Penal se poderá dizer que é um direito dos negros e outros oprimidos e não um direito contra os negros e contra os oprimidos.

“No Brasil será sempre impróprio falar-se num direito penal do negro, mas só porque deve falar num direito penal contra o negro. Transbordam da tradição jurídica lusitana escravista, incorporada pela legislação brasileira, um rigor e uma crueldade que tem coerente seqüência nas leis penais posteriores á abolição e, praticamente, na aplicação prática discriminatória dessas leis.”

Nilo Batista.

Muito de nós os negros, principalmente nos espaços de poder, os chamados negros da Casa Grande, em vez de assumir nossas lideranças, por representar a Elite antes o coletivo, fugimos das reivindicações, da raça e da cultura, nos associando ao poder contra os manifestos de nossa gente. Reproduzimos como os “ libertos africanos” que sem cidadania, aderiam ao escravismo, atuando contra a Resistência Negra, contra a abolição porque poderiam ser deportados como “estrangeiros” A alforria revogável qual doação, mantinha-os submissos aos interesses dos antigos senhores. Os libertos do Direito Escravista.

As nossas organizações, dependentes dos poderes públicos, ainda não elaboraram uma estratégia de autonomia e independência nos debates das idéias, nas soluções dos problemas e na construção da identidade, por conta das “Elites Negras” que se excluem das questões do coletivo.

Será preciso outros 400 anos, para que o Preto, seja levado a sério e respeitado como representante da maioria da população deste Estado que teima em jogar seu racismo, debaixo do tapete. e manter cristalizada a filosofia paternalista, numa Ode a Casa Grande

Uma apologia a ideologia branqueadora e paternalista, onde o negro até hoje é visto pela visão JURIDICA e não FILOSOFICA, um juridicismo de visão estreita, julgando ter feito muito pelos Pretos, quebrando suas correntes. Não tem a coragem de transformar o Antigo Escravo em Homem Livre emancipado e seu igual, o que é Filosófico, a leitura e reflexão das problemáticas, a prática da Humanidade.

Ainda hoje, o branco não admite a Igualdade antes ao negro (principalmente o Preto), seu antigo escravo, pois sua mentalidade de senhor é mais forte e impede o ato através dos preconceitos, não aceita a autonomia independência e consciência do negro forçado a pensar branco.

O Preto e o Índio, vítimas do etnocidio branco, ( sem espaços na mídia, propriedade dos Usineiros escravagistas; do Estado teocrático partidárizado e dos Evangélicos mercantilistas, que cassam nossas vozes violando os nossos direitos de expressões, mas que querem nossos votos e submissão, o que haveremos de desconstruir. A Diversidade é uma relação de poder inclusiva porque não permite ações invasivas do julgo paternalista que impede a reflexão e cristaliza a atomização.

Essa Elite Negra, de memória seletiva e mentalidade escrava que busca no clarear da pele e do diferencial de status, reproduzir no coletivo negro os estigmas dos dominadores, fazendo tudo para ser igual ao seu colonizador, porque se envergonha de si enquanto raça e cultura, enquanto diferença, enquanto outro. Por se sentir inferior e não diferente, fazem grandes esforços para se igualarem aos que lhes inferiorizam.

Este pensamento de Alberto Memmi e Frantz Fanon nos dar oportunidades de exemplificar a realidade da nossa mentalidade escrava e sentimentos de rejeição e a nossa vergonha de ser negro, não gostar de negros nos leva ao ódio iterracial, separatista, reducionista e acima de tudo imoral, que nos leva as práticas daquilo que combatemos. O Racismo; Xenofobia; Intolerância; Discriminações, contra nossa raça e culturas e religiões.

Quem pode impedir ou discriminar um Índio de ser Padre, Pastor, Pai de Santo, Monge se ele não que ser Pagé ?
Quem pode impedir ou discriminar que o Negro seja Pastor, Padre, Pajé, Monge, se ele não quer ser Pai de Santo?
Quem pode impedir ou discriminar que um Branco seja Pai de Santo, Pajé, Pastor, se ele não quer ser Padre.

A ninguém é dado o direito de impedir, discriminar e criar obstáculos Ao exercício do livre arbítrio do Negro (preto, pardo, mulato) seja cristão, budista, xintoísta, evangélico, macumbeiro, espírita, islamita, batista ou outra qualquer denominação religiosa ou filosófica pois a única expressão que a Constituição não permite é o curandeirismo e o fanatismo, muito em voga entre nós.

Existe e deve ser respeitado a Diversidade e o Livre Arbítrio.
Nem todo negro gosta de Samba, Capoeira ou Candomblé.
Pluralismo é isto. Liberdade de Expressão, de se expressar, que é a própria expressão da Liberdade.

Sirvo-me das expressões de Juanita Elbein em Arte Sacra Negra e Kelli em Intolerância e Racismo no Interior dos Quilombos e Comunidade Negra, postado pelo CNNC/Ba, para exemplificar a leitura do inconsciente coletivo sobre o tema.

“0 Brasil é um país de origem luso-afro-ameríndio, elementos constitutivos que se encontram em diversos graus de associação e transformação(...). Essa população preserva grande parte de suas culturas de origem em diversos graus de transformação, dependendo da maior ou menor retenção dos modelos africanos e das circunstanciais sócio-históricas das diversas regiões onde se estabeleceram os vários grupos étnicos.

Os africanos e seus descendentes, portadores de uma riquíssima, tradição, correspondente às dos diversos reinos de onde eles procediam, trouxeram e radicaram aqui seus costumes, suas hierarquias civis e militares, suas línguas, suas concepções estéticas, dramatizações, literatura oral e mitologia e, sobretudo. a sua religião. Devido a vários fatores, a cultura nagô classificada como yorubá pela etnologia moderna, proveniente do oeste da Nigéria, centro e sul de Daomé, composta por grupos oyó. Egbá ,egbádo, ijexá, sabé e ketu sobreviveu como uma estrutura própria e influenciou todas as outras, quer seja a jêjê, proveniente de Daomé e cujos traços culturais são semelhantes aos dos adjá, fon, huedá e jegun. quer sejam as de origem bantu que maior acomodação e transformação sofreram.

A prática da religião tradicional, cuja doutrina e liturgia armazenam e explicitam o conheci¬mento, a filosofia e a ética negro africaria, foi o fator principal que permitiu ao negro bra¬sileiro preservar suas raízes culturais, manter vivas suas tradições, sua integridade psicológica e o sentido de comunidade em bem organizadas sociedades egbé localizadas em terreiros, que mantiveram vivos os sistemas culturais herdados.
Na diáspora, o espaço geográfico da África genitora e seus conteúdos culturais foram transferidos e restituídos no terreiro, polo de concentração do africanismo de onde se irradiam e permeiam a sociedade global.

0 terreiro recria uma estrutura socio cultural e gera importante atividade artística e artesanal diretamente derivadas dos modelos tradicionais e das necessidades do culto. Alguns produtos dessa atividade, suas origens, as técnicas, os materiais usados, o simbolismo e, sobretudo, o significado no contexto cultural que lhes deu origem, bem como recriações que inspiram, são o objeto desta abordagem.

A arte africana esta fundamentalmente associada à religião.
Não é estranho, pois, que nos cultos afro¬ brasileiros se repita essa modalidade. Música, cânticos, danças litúrgicas, os objetos sagrados, sejam os que foram parte dos altares ou os que paramentam os orixás, contêm aspectos artísticos que integram o complexo ritual. 0 conceito estético é utilitário e dinâmico. 0 belo não é concebido como um mero prazer estético, mas participa de todo um sistema.
Os objetos têm uma finalidade e uma função. Expressam categorias, diferentes qualidades; componentes de um todo, são ativos indutores de ação. Portadores de força mística estimulam o processo de adoração. 0 místico e o sagrado se expressam através de um complexo sistema simbólico cujos objetos emblemas se manifestam esteticamente.

Os objetos por si mesmos são apenas substância material. Para adquirir sua representação simbólica devem ser consagrados. Um objeto reune as condições estéticas requeridas pelo culto, mas que não foi”preparado”, carece de fundamento . é simplesmente uma expressão artesanal e/ou artística.
0 caráter sagrado é dado através de cerimônias especiais durante as quais poderes específicos lhe são transferidos. Não são. Portanto, objetos divindades, fetiches onipotentes que controlam os adeptos. São emblemas preparados e aceitos como símbolos de forças espirituais. Os objetos não são apenas representações materiais, mas emblemas essenciais em que o sagrado está representado. 0 adepto não se inclina diante da madeira, porcelana, barro, palha ou pedras, mas diante do abstrato sagrado, da mesma maneira que o católico não adora a imagem material de santos e crucifixos, mas o espírito místico que simbolizam.

Os diversos elementos que constituem um emblema não devem ser compreendidos em separado. Assim por exemplo, o xaxará vassoura ritual emblema do Orixá Obaluaiyê, é um objeto com uma estrutura determinada, constituída por uma quantidade de símbolos signos que se encontram nela incorporados búzios, certas contas, palha da costa, nervuras de palmeiras, cores específicas, etc. e que, embora tenham significados próprios, não devem ser considerados separadamente, mas como partes integrantes da totalidade do símbolo xaxará que contribuem para expressar. Por sua vez, o xaxará toma significado pela função que Obaluaiyé princípio masculino do panteão da terra e patrono das enfermidades epidêmicas tem na constelação das divindades nagôs.

Os objetos símbolos, formas estéticas carregadas de significado, podem ajudar nos a inferir todo o sistema religioso estético de uma comunidade cultural. É a expressão estética que “empresta" sua matéria para que o sagrado e místico se revelem.
Escultura, objetos simbólicos, quer sejam alegóricos, terapêuticos, protetores, agressivos ou advinhatórios, devem reunir qualidades técnicas que respondem a critérios estéticos e estilísticos bem definidos. A maior parte dos objetos sacros deve ser vista de maneira dinâmica, já que são concebidos para serem usados em circunstâncias rituais, de procissão ou dança, nas quais movimento e cor, panos, cortinas de palha da costa e tiras e outros elementos completam a concepção simbólico estética.
Há objetos específicos para expressar as mais diversas situações rituais objetos, relacionados à fertilidade, controle, coesão ou estabilidade social, mortalidade e eterno renascimento, os que conotam heroísmo, soberania, hierarquia, os relacionados com o gênesis do universo e dos seres e suas relações com o mundo sobrenatural, os que representam os princípios e os elementos espirituais do universo e dos seres humanos.

Apreciar objetos de arte que se acham fortemente associados a cânones estéticos e a um contexto cultural complexo pouco ou mal conhecidos. exige do observador grande despojamento etnocêntrico, abertura e sensibilidade para valorizar e
reconhecer na diversidade cultural um meio de enriquecimento profundo e de equilíbrio nas relações humanas.

Os objetos não são apenas exibidos como material etnológico. Além de sua função ritual e simbólica são expoentes vivos de uma criatividade peculiar da qual Deoscoredes M. dos Santos (Mestre Dídi) é um dos seus mais puros representantes.
A arte negra contribui amplamente para as principais correntes das artes baianas. Desde o peculiar estilo de, talhas e santaria barrocas até os trabalhos de Agnaldo dos Santos, desde as manifestações folclóricas como capoeira, afoxê e maculelê até os mais contemporâneos de música popular, desde as colheres de pau até os mais requintados quitutes, desde as blusas e batas até o gosto pelas cores, colares, berloques e balangandãs, desde as esculturas e desenhos de Mário Cravo, Caribé e Hélio de Oliveira até as mais abstratas reformulações de Rubem Valentim, toda a gama das artes baianas leva a forte e inequívoca marca de sua herança negro africana.”



“Eu nasci, cresci, vivi e vivo até hoje em um quilombo, logo, sou quilombola. Já nasci em um lar cristão, nunca fui de outra religião.
Até certo momento da minha vida, confesso que achava que deveria separar a religião da cultura. Nós temos festas comemorativas que acontecem anualmente: dia de São Benedito, Festas Juninas e Julinas, Encontro da Cultura Negra e etc, aonde são dias em que quase toda a comunidade se reúne para se alegrar, dançar, brincar, sorrir... Mas esse evento é freqüentado apenas pelos católicos da região.

Meu quilombo é formado por 400 pessoas, sendo boa parte delas membros da Igreja Assembléia de Deus, onde se encontra mais problemas na hora de “liberar” seus membros para quaisquer eventos “mundanos” no quilombo. Temos a Igreja Batista da qual sou membro. O pastor nunca fica sabendo para onde vamos e o que faremos lá, pois ele também é contra essa mistura de religião com cultura.
Acontece se passarmos muito tempo freqüentando esses eventos e festas e sermos excluídos, bem mais pra frente, por intermédio de “irmãos” que vão até o pastor criticar nossa “má conduta”. Existe aqui também, como já falado anteriormente, a Igreja Católica, que é a que está mais presente em tudo. E temos umas duas, três ou mais pessoas que são admiradores ou até mesmo seguem Umbanda e Candomblé, ressaltando que, não temos terreiro em nossa comunidade. Já tivemos um, mas a pessoa que o mantinha não mora mais em nosso quilombo e a grande vontade dos que a esta, é reconstruir um templo, um terreiro por lá. Com certeza, haverá “quebra-pau”, pois o preconceito ainda é muito grande.
Se me perguntarem o que eu acho de tudo isso, eu responderia que não tenho nenhuma opinião formada a respeito. A evangelização nos dividiu demais, não somos unidos como deveríamos ser. Tínhamos conseguido resgatar o jongo depois de um considerável esforço e hoje ele já não existe mais tão fortemente como antes, pois a maioria dos componentes era da Assembléia de Deus e o pastor os impedem completamente de continuar a fazer parte, assim como também no futebol.

Temos um grupo de Hip Hop, aonde no penúltimo evento que nos apresentamos, não contamos com a presença de um dos componentes que nos “deixou na mão” sem prévio aviso e logo quando contatado, disse que seu pastor (Assembléia de Deus), achou melhor que não fosse tocar conosco. Ele é do grupo já há um tempo, e hoje não sabemos se ainda o é.
O que falta é reunião para redefinir.
Aos poucos, tudo vai sendo destruído pela forte “pressão religiosa”. E sobre isso, eu tenho uma opinião formada. No passado, Yeshua não falou em evangelização. As palavras de Yeshua foram mudadas conforme os europeus quiseram. Yeshua veio pra fazer a diferença. Assim como veio Ghandi, Tchê Guevara, Zumbi, esses nomes tão fortes e ilustres. Yeshua falou em amor, união, paz. No Velho Testamento, vemos passagens de sacrifícios/oferendas que eram oferecidos a Deus e, claro, ainda hoje o sacrifício é realizado.
Ao contrário do que dizem, ele não é, nunca foi e nunca será pecado. Por acaso é pecado oferecermos a Deus nossas vidas, nossas casas e tudo o que temos? Por um acaso é pecado oferecer o meu animal mais forte, mais bonito e vistoso a Deus? Eu me disponho a responder: Não. Não é!

Isso foi à forma mais fácil que os europeus encontraram de começar a conversão, a mudança, e transformar a nossa religião, a religião dos pretos, em uma religião abominável como hoje o é aos olhos de muita gente. Aos poucos foram excluindo isso e aquilo e quando demos conta, já estavam lá, suspendendo a imagem de um Yeshua branco, ensangüentado, totalmente diferente da realidade. Começaram a apelação: Se não creres, se não vieres até ele, será lançado no inferno juntamente com o diabo. Diabo... está aí outra criação deles para conversão pelo temor.
No quesito artístico, tenho que admitir, eles tiveram talento e criatividade. É muito fácil conseguir arrastar milhares e milhares de “fiéis” para os bancos das igrejas alegando que se morrerem sem estar em “comunhão” com Deus, irão para o inferno. Só não percebe que isso é completamente inviável quem não quer. Mas não pretendo falar sobre diabos e demônios agora.

Deixe-os para aqueles que adoram os invocar e fazem questão de trazê-los pra dentro das igrejas gritando pelo seu nome e fazendo fileiras de oração depois do culto com as mãos postas sobre as cabeças, dando show de graça para todos que quiserem ouvir, e também ver as pessoas se contorcendo no chão, duros e fazendo caretas. Eu sou amante de psicologia e sei bem que, mexemos com energias, nosso corpo sempre responderá positivamente a um comando, pois somos energias. Isso se chama Hipnose.

Acho engraçado, as pessoas vão até a igreja sem problema algum e muitas das vezes saem pior do que entraram, com o corpo totalmente sobrecarregado (Claro! Depois de uma sessão de espiritismo, não tem como ser diferente). Absolutamente nada contra os espíritas, mas é que em muitas igrejas, me sinto sentada em uma “mesa branca” assistindo todos os espíritos baixarem. Muitas igrejas trabalham desta forma, “acham lindo”, e ainda “metem o pau” nos espíritas e macumbeiros. Por que será? A forma de trabalho é praticamente a mesma, não consigo ver muita diferença. Acho que a única, é que os espíritas assumem que são espíritas.
”Eu, como protestante preta, não mais sigo o Cristianismo enquanto instituição. Eu sigo o Cristianismo de Matriz Africana. Esse acaba com o ódio que muitos sentem do cristianismo enquanto instituição, que é uma religião que massacra, aterroriza, impede as pessoas de serem felizes e as obrigam a viver sob fortes regras, as transformando em bonecos de corda, marionetes.”
Em um Domingo, presenciei um irmão de a igreja pedir que oremos, pois nossa igreja está sendo perseguida sem um porquê. Agora eu pergunto, sem um por quê? Absolutamente! Claro que tem um porque. Qual a religião que sempre invadiu terreiros nessa vida? Qual a religião que sempre deu showzinho em público quebrando imagens de santos? Que religião segue o prefeito de Salvador que mandou derrubar todos os terreiros? Eu respondo: O Cristianismo enquanto instituição.
Muitos crentes vieram me dizer: “Ah, mas não podemos ser todos incriminados por uma coisa que só esse prefeito fez”. Quando me voltei pra essa pessoa e perguntei se ela achava que o prefeito estava errado, não soube me dizer. Ou seja, considera apelação do prefeito, mas acha que ele está no caminho certo.
Infelizmente, tudo isso reflete dentro do meu quilombo. O mesmo preconceito!
E eu digo, é possível sim, crer em Cristo e manter as tradições. Por mais que muitos pensem o contrário, Cristo está mais próximo das tradições do que imagina e um dia essa verdade, irá ser revelada para rompimento do sofrimento do meu povo preto. Eu creio!
Graças à capacitação de historiadores, esse mistério vem sendo desvendado com certezas. E o rancor, o ódio de algumas pessoas de outras religiões, vem sendo quebrado. Vão percebendo que os europeus se apropriaram do cristianismo e o transformaram em uma religião violenta. Falo com bases nas posturas de meu marido hoje, comparando com as que ele tinha assim que nos conhecemos e começamos a namorar. Tinha pudor, tinha ódio do Cristianismo e hoje, não mais. Não é seguidor de Umbanda, mas falo sem nenhuma vergonha que suas crenças são voltadas pra tal. Nem falava no nome de Jesus de tanto ódio. Hoje me deparo com frases como estas: “Fulano está de um jeito que só Jesus”. E pra isso, não precisei evangelizá-lo. Até seu irmão, que antes tinha o mesmo pudor do Cristianismo, me deparei com uma comunidade em seu Orkut que diz: “Jesus! Eu te amo!” Tudo isso, graças ao desvendamento que se vem dando em relação a isso.
Acho o máximo. Vejo o progresso, graças a Deus! E é disso que precisamos: união entre o povo preto e não precisamos arrastar ninguém de uma religião à outra pelos cabelos.
Deus há de julgar a todos com sua benevolência. Só me pergunto: Como Deus julgará civilizações que usando o seu Santo nome trucidaram 200 milhões de seus filhos e filhas na África e seqüestraram quase 30 milhões para as Américas? Qual será o julgamento para a escravidão de homens e mulheres que se apropriaram da força de trabalho, mudaram as línguas, os nomes, costumes e cometeram atrocidades inimagináveis? Que enforcaram milhares de negros e depois foram para os cultos como nada tivessem feito, com sensação de missão cumprida, com “a alma limpa”, simplesmente por acharem que haviam feito um grande favor pra Deus, matando estes filhos do demônio.
Já chegaram a dizer que Deus é branco e que o diabo é que é preto. Quem foram os seguidores e adoradores do diabo e satisfizeram os desejos do mal, foram os seqüestradores ou os meus ancestrais que viviam nas suas florestas e savanas, fazendo seus cultos nos terreiros em paz?

As civilizações ocidentais que se diziam seguidoras de Yeshua foram tão perversas, que hoje, a maioria de nossos irmãos e irmãs se calam, sendo subserviente com medo de clamar e lutar por justiça, porque se consideram descendentes de amaldiçoados e acham que a vontade dos opressores é a vontade de Deus. Veremos!”

Grande Asè!
DOIS Comentários sobre a questão.

• Olá Kelly

Li seu texto e achei muito boa sua crítica.Concordo com você que a religião tem nos dividido enquanto negros e negras. Sou da Igreja Metodista e tenho trabalhado e sonhado que é possível sermos negros, física, cultural e espiritualmente - sem as divisões impostas pelas instituições sociais e religiosas. Na minha vivência tenho percebido que as pessoas negras metodistas, e creio que em geral no meio evangélico, já incorporaram de tal forma o evangelho branco, europeu que o reproduzem com maior fidelidade do que as pessoas brancas,principalmente no que se refere à condenação da cultura e práticas religiosas negras. É difícil! O preconceito existe por parte das pessoas negras "crentes" em relação às pessoas negras "não-crentes" (como também ocorre o inverso), mas nos "crentes" está arraigado de tal forma que qualquer leve aproximação com a cultura afro é vista do mal. Penso, que cabe a cada uma de nós que se torna consciente da existência do preconceito religioso - ocupar espaços dentro das instituições religiosas para denunciar e incomodar no sentido de provocar mudanças e para que venhamos a desfrutar da união entre o povo negro independente das religiões professadas e sem medo de encontrar nas diferenças um caminho para nosso crescimento.

Diná da Silva Branchini

Conheço a comunidade Quilombola do Campinho há 2 anos e me surpreendi com a presença maciça de evangélicos e a completa ojeriza em relação às tradições de reverência à ancestralidade. Como sou de família de tradição de zeladores de terreiro, fui lá procurando uma identificação nesta sociedade preconceituosa que não me enquadro.

Mais tarde fiquei sabendo que houve um grande centro de culto aos ancestrais similar o que hoje poderemos chamar de Umbanda e, com o advento da chegada de obras de construção da BR-101, que dividiu o Quilombo ao meio e, com esta obra trouxe "estrangeiros" a grilar suas terras e também "baianos" a misturar suas religiões de origem mais semelhante ao Candomblé e fundar outro centro. Quizilas entre os zeladores de terreiro se formaram e tanto a evangelização quanto o catolicismo serviram de porto seguro à esses comportamentos que foram praticamente banidos da comunidade.

Entretanto cultura e dons divinos não morrem, o ASÈ é forte na terra e Ifá é presente no Ori de muitos membros do coletivo que utilizam sua força herdada para o culto com fé e força na cultura cristã eurocêntrica.
As práticas de tempos imemoriais são muito poucas mas ainda presentes e muito escondidas. O relato da Queli é muito interessante, forte e admirável pois reflete uma visão crítica que pouquíssimos no Quilombo a tem.

Recentemente, na última Semana da Consciência Negra, houve um zelador a falar sobre a filosofia do Candomblé no Quilombo e foi muito interessante pois mais que uma religião é uma forma de viver que este Quilombo, que dá as costas a esta força ancestral e tradicional revive em seu dia a dia sem nem saber. Os preceitos filosóficos do Candomblé estão mais fortes neles que no de tantos outros seguidores do Candomblé que vivem em cidades. E, devido a um processo histórico, repudiam a base pela ignorância difundida e conceitos difamados por cultura díspare à que eles se harmonizam por natureza.

Realmente os Cesares fizeram um excelente trabalho político de evangelização onde nós negros éramos carga e os Brancos os santos barrocos! E perpetuam entre os descendentes das cargasdonavios negreiros para se manterem no poder. Eis o fruto da ignorância em nosso mundo.
Paulo Artur
Localização: O Quilombo Campinho da Independência está localizado ao sul do Estado do Rio de Janeiro, a 20 km da cidade de Paraty, entre os povoados de Pedras Azuis e Patrimônio. É banhado pelo rio Carapitanga e servido por cachoeiras e pela exuberante Mata Atlântica.

Histórico: A origem do Quilombo Campinho da Independência é muito peculiar. Todos os moradores são descendentes de três escravas: Antonica, Marcelina e Luiza. Segundo as histórias contadas pelos mais velhos as três não eram escravas comuns, pois tinham cultura, posses e habitavam a Casa Grande. Conta-se que no local existiam grandes fazendas, sendo a Fazenda Independência a mais importante. Após a abolição da escravatura os fazendeiros abandonaram suas propriedades e as terras foram divididas entre aqueles que nela trabalhavam

Kelly, 23 anos, recém-casada. Pseudônimo Nzinga Mbandi

PROPOSTAS.


No esforço de contribuir com as reparações das desigualdades geradoras do preconceito, racismo, discriminações e intolerâncias, alencamos as propostas como indicadores de uma política pública nas áreas da Educação; Saúde; Direitos Humanos; Religião e Comunicações.

EDUCAÇÃO

O processo de desenvolvimento da capacidade física, moral e intelectual da criança, visando a sua melhor integração individual e social. O Coletivo negro sergipano, não teve e não tem até hoje seus indicadores culturais como instrumentos pedagógico para sua formação, seja moral, intelectual. O Estado exclui e viola os direitos naturais e constitucionais do negra na educação e prioriza as ações em torno de um único grupo cultural, cristalizando o etnocentrismo e a prática diária do etnocidio tanto do negro, quanto do que restou do índio. Buscando o reencontro de uma ação afirmativa e compensatória, é que buscamos a coes reparadoras e inclusivas dos valores da cultura negra na grade das disciplinas com ênfase na religião e lingüística.

1- Que o Estado através dos Conselhos Estaduais de Cultura e Educação, fiscalize a aplicação das Leis 4.192 de dezembro de 99( estadual) e Lei 10.639 de janeiro de 2003(federal)

2- Que o Estado, através da Secretaria de Educação, instrumentise , as escolas para oferecer Certificados de Isenções aos concludentes do ensino médio para que possam apresentar no ato de inscrição de qualquer concurso público no território de Sergipe.


3- Que o estado através da Secretaria de Educação, ofereça a Universidade e a todos os órgãos e instituições no Estado, referendos para incluir nas grades dos seus concursos, conteúdos das Culturas Negra e Indígena, no percentual de 40% e 20%, respectivamente.

4- Que o Estado através das Secretarias de Cultura e Educação, contrate prestação de serviços permanente para atualização, capacitação de professores e alunos da rede pública. Show, Seminários, Cursos, Oficinas etc. Relativo a manifestação inclusiva das culturas negra e indígena de forma a promover a identificação e reconhecimentos dos seus indicadores.
5- Que o Estado através da Secretarias de Cultura e Educação, Banco do Estado promova urgente o mapeamento dos indicadores culturais e patrimoniais, para promoção de políticas publicas e utilização como instrumento pedagógico na formação intelectual dos educandos.

SAÚDE.

A saúde da população negra foi sempre relegada pelo estado, considerando igual a todos os usuários dos serviços públicos, mas discriminando os idosos, crianças, homens e mulheres. O serviço de saúde é racista na medida em que seleciona quem nas mesmas condições, devem receber atenções e procedimentos operacionais consistentes. Entre o negro e o branco, decidem sempre pelo branco. Os Idosos e as Crianças são os mais prejudicados nos atendimento e nos acessos aos procedimentos e medicações indicadas. Propomos

1- Que o Estado através das Secretarias de Saúde,Educação, estabeleça condições, através de acordos e convênios, para o acesso da população negra a uma saúde especifica e de qualidade, tendo como indicadores as nosologias da população e que implante urgentemente o programa de Saúde da População Negra nas Escolas com a instalação de Consultórios Médico Odontológico e Psicosocial , dotando as Escolas de médico, enfermeira, assistente social, dentista e psicólogo.

2- Que o Estado através das Secretarias de Saúde e Cultura promova sistematicamente, capacitação do pessoal para o pronto atendimento e identificação dos sintomas afim de que o diagnóstico seja imediato e que em todos os Postos de Saúde, haja um laboratório para exames básicos de sangue e equipamentos para medir a pressão e o índice de açúcar no sangue (glicemia) e que os exames sejam agendados em até 3 dias.

3- Quer o Estado através das Secretarias de Saúde e Comunicação, promova sistemática Campanha de Interesse público na mídia para prevenção das doenças e Informações sobre a saúde da População Negra abordando as nosologias, Miomas, Hipertensão, Anemias Falciforme, Quelóide e suas implicações Sociais.

4- Que o Estado através da Secretarias de Saúde, fiscalize a aplicação do disposto legal sobre a identificação dos usuários da saúde, em Postos, hospitais, ou seja, em qualquer unidade de saúde. A identificação sobre RAÇA. COR. ETNIA, a fim de facilitar as ações patológicas.

5- Que o Estado promova adoção dos serviços permanente de Pediatria, Psicologia, Gerontologia e Nutricionismo nas unidades de saúde pública para atendimento aos usuários negros antes a sua característica nosologica e riscos. Esses serviços não devem ser encarados como especialistas e sim como geral.


DIREITOS HUMANOS

Constantemente o Brasil vem sendo citado como País onde os Direitos Humanos são violados. Sergipe como o Estado da Federação de maior contingente populacional negro, tem se cristalizado em ser também o mais racista, desprezando as regulações e sua população negra, vive sem respaldo, na medida em que o próprio Estado pratica o crime recrudescendo o instituto do Racismo Institucional, na vala comum das tradições e por isso não vista pelos institutos e órgãos jurídico-policiais para o pronto combate e proteção da comunidade atingida. As diversas violências são perpetradas pela condição racial-social. Propomos

1- Que o Estado junto as Secretarias de Cultura, Ouvidoria Geral: Justiça; Segurança e Comunicação promovam uma Campanha de Esclarecimento a População indicando os órgãos de apoio e promovam junto às organizações populares sistemáticas ações informativas e preventivas através de Seminários, Palestras, Conferencias Temática que garantam os manifestos da população.

2- Que o Estado através da Defensoria Pública e Secretaria de Justiça, Ouvidoria Geral, disponibilize uma equipe para atender a população atingida, grupos, e indivíduos por atos e ações que violem seus direitos e promovam constrangimentos e que as Delegacias tenham Assistentes Sociais. Pedagogos e Psicólogos, para assistir a população, integrando as de apoio cidadão junto aos Delegados.


3- Que o Estado através da Secretaria de Educação promova a inclusão temática na transversalidade da grade disciplinar o conteúdo e prática dos fundamentos e debates dos Direitos Humanos, promovendo trimestralmente em toda rede publica, Seminário temático sobre as violações e prática dos Direitos Humanos, alencando as proposições tiradas do evento. As ações devem ser programadas e promovidas pelos alunos, com as coordenações de professores e deve contar no Projeto Político Pedagógico das Escolas.


4- Que o Estado através das Secretarias de Segurança, Justiça; Cultura, Policias Civil e Militar, Ouvidoria Geral, promova sistematicamente ações conjunta sobre os Direitos Humanos, afim de capacitar, aperfeiçoar e valorizar seus recursos humanos da segurança pública em suas relações com as comunidades e seus manifestos.

5- Que o Estado, através da Defensoria Pública e Secretaria de Cultura, Comunicações, Ouvidoria Geral, manifeste sistemático repúdio as violações dos Direitos Humanos, assegurando ampla liberdade de expressão, principalmente na mídia e seus diversos canais, impedindo as discriminações que este canal pratica contra os diversos segmentos da comunidade negra negando o direito constitucional de expressão.

RELIGIÃO

O Brasil é um Estado Laico e sua representatividade regulativa promove a expressão e prática de todos os credos e filosofias religiosa, buscando no respeito a diversidade a união e a paz entre os povos. Como signatário da ONU, assinou as Declarações Universal dos Direitos Humanos garantidora das expressões culturais numa linha do pluralismo. Sergipe vem reproduzindo, apesar dos destaques de avanços contemporâneos, ações colonizadoras dificultando as práticas, difusão e, sobretudo a revitalização dos manifestos da religiosidade do negro, desrespeitando a sua evolução e importância. Sabedor que a religião é o ponto de irradiação cultural, promove através de manifestações equivocadas o etnocídio das tradições negras através da cristalização da Intolerância e o Racismo Institucional. Propomos


1-Que o Estado através da Secretaria de Cultura, Educação e Comunicações, garanta o livre exercício da religião, através de mudança de atitudes e comportamento dos agentes públicos dos três Poderes e Campanhas de Esclarecimentos e Defesa do Patrimônio Material e Imaterial: Histórico e Cultural do Estado, enfatizando a importância do Negro e suas Culturas.

2- Que o Estado através da Secretaria de Justiça, Cultura e Comunicações e Defensoria, promova ações qualificatórias que iniba o Conselho Tutelar, Policia Civil, Militar, Promotoria Pública ou qualquer órgão ou agente público de invadir os recintos sagrados dos Terreiros, desrespeitando ritus, símbolos. Obrigações iniciáticas e votivas, para seqüestrar neófitos ou qualquer pessoa, sem Autorização Judicial, desrespeitando a Constituição, baseado em denuncias de anônimos racistas, praticantes da intolerância religiosa, os chamados fanáticos religiosos ou vizinhanças hostis.

4- Que o Estado através da Secretaria de Cultura através da Defensoria pública, impeça o uso político partidário das ações e programas público no interior das comunidades de terreiros, visando beneficiar facções partidária ampliando as desigualdades e divisões em torno dos grupos vulneráveis e que garanta através dos seus órgãos a prática e os ritus público da religião.

5-Que o Estado através da Secretaria de Justiça, Educação, Comunicações, Segurança e Cultura, promova ações afirmativas para o exercício do livre arbítrio junto a comunidade de Terreiro para que possam , conhecendo seus Direitos e sabendo-o defendido pelo Estado, possam organizar-se e contribuir, funcional e operacional com o desenvolvimento sustentável da Comunidade, revitalizando, preservando e irradiando a cultura negra do Estado recuperando suas matrizes.

COMUNICAÇÕES

É através dos veículos de informações que se erguem as barreiras intransponíveis, impedindo o direito e cerceando a palavra e expressões dos indivíduos e grupos discriminados por fatores diversos: raça, cor, etnia, sexo, orientação sexual, ideologia, credo, religião, partido, estética etc. Enquanto a Mídia esbraveja contra supostas mordaças e atentados a liberdade de imprensa, ela mesma, aqui em Sergipe, invade, priva e excluem, indivíduos e grupos de utilizar seus espaços pelos motivos mais torpes, pratica o crime constitucional, na violação de direitos.
É Racista a imprensa sergipana, seu poder é tal que manter o governo como refém, tendo o Estado como seu maior cliente, pauta a vida e ideologia da sociedade, controlando a todos, principalmente os negros.
Seus poderosos proprietários: usineiros, coronéis, pastores, padres, políticos e empresários se alternam no poder dominador cristalizando o poder da imprensa em excluir, banir e controlar os pensamentos de insurgentes.
“Para que Ninguém tenha sues Direitos Violados é Necessário que o Poder detenha o próprio Poder”, já dizia Rebouças, alertando para os problemas, monopólio e abuso de poder do dirigismo e desvios da Imprensa seletiva. É o que ocorre em Sergipe. Todos os coronéis, usineiros, políticos, padres, pastores, empresários, etc. Se protegem entre si, independente da sigla partidária, o povo e a verdade é que se dane. Eles controlam o Poder.
A crise de valores na imprensa sergipana fragmenta os padrões da ética cristalizando uma atitude racista no cotidiano. Só há tolerância ao racismo, onde esses valores são arraigados, onde os interesses privados prevalecem sobre o público, onde o Estado não está voltado para o bem comum.
Esse sentimento de impotência no imaginário racial e social, dificulta mudanças, prevalecendo a apatia e a esperança de salvação pelos programas assistencialistas, paternalistas, predominando uma identidade negativa dos excluídos.


1- Que o Estado através da Secretaria de Comunicações, Cultura, Educação e demais órgãos promovam as facilidades para que os agentes culturais difundam os manifestos e calendário de eventos e que a mídia seja democrática não violando e ferindo os direitos constitucionais de liberdade de expressões das comunidades negras sistematicamente nas rádios, jornais e televisões.

2-Que o Estado através dos seus órgãos, evite usar os canais da mídia sergipana que promovam as discriminações e impeçam as livres expressões dos indivíduos, grupos e lideranças, por motivo de ideologia, credo, raça, cor ou orientação sexual, negando espaços para os formadores de opinião.

3-Que o Estado, através do Ministério Público e Defensoria Pública promova ações para o fechamento do órgão racista, cassando a licença e remetendo a justiça para processo por Racismo, constrangimento, danos morais, principalmente quando jornalistas censuram depoimentos por não gostar do tema, credo, raça, cor, religião,partido, ideologia, ou opinião do individuo, grupo ou comunidade e impõem barreiras, impedindo a comunicação, cerceando direitos.

4-Que o Estado através dos seus órgãos oficiais de Comunicações, promova ações educativas sobre os direitos de expressões e construa junto a mídia sergipana a necessidade de abrir sues espaços para a opinião pública de modo a promover o debate democrático das questões e condições dos grupos e comunidades da sociedade sergipana, sem a censura ideológica, partidária, racial ou religiosa, fazendo cumprir os dispostos Constitucionais.

5- Que o Estado possibilite a promoção de ações conjuntas no sentido de mobilizar as comunidades aos debates de valores, agregando as manifestações de suas diversidades, para uma convivência cidadã e defesa dos assuntos comunitários.

XXX

Etnocentrismo:
Fundamentos do Racismo Institucional.

A desigualdade e o paternalismo se explicitam no racismo institucionalizado, quando o Estado promove ações diferenciadas para assinalar a importância deste ou daquele grupo na sociedade. Exemplifica o processo de manifestações em torno de eventos dos imigrantes europeus e asiáticos em detrimento a manifestos do negro ou do índio, que não se promovem retrospectivas históricas, artísticas, culturais e educacionais.
Não há a presença das marcas dos Bancos oficiais e ou das poderosas empresas estatais sobre o evento. Não há relevância na presença de líderes ou Chefes de Estados para assinalar o panorama político-étnico-econômico e cultural no processo identitário e sua importância na formação do povo, cultura e 1sociedade brasileira.

Este espelho traduz a expressão da baixa identidade do negro no território brasileiro e a cristalização do paternalismo como ideólogo do paradigma do Brasil etnocentrista que impede o pensamento através da ampliação da desigualdade e dependência racial onde os negros paternalizados, manipulados com programas assistenciais, não saem do séc XVII, pois a todo tempo e lados, estamos vendo os Senhores, Feitores e Capitães do Matos a nos apontar o Pelourinho e o Bacalhau.

São as cestas de alimentos, o desemprego, a exclusão na educação, a desqualificação e outros itens que nos mantém dependentes e eternos cabos eleitorais, marginalizados, criminalizados e expostos a luz do dia para os olhares exóticos e paternais dos europeus, dos capitalistas, dos civilizados.

A reflexão do Estado em torno do negro é extremamente modelar em torno da dicotomia dominante.

Dividir para reinar e não para ser solidário e ampliar as possibilidades através dos conhecimentos. Ao contrário: Dividir para enfraquecer e aí o Estado cristaliza o seu controle sobre nós os negros de mentalidades escravas por medo de argumentar, discutir e refletir sobre nossas questões e condições.

A intolerância religiosa é fruto do racismo institucional gerado pelo apartheid que divide a geração impedindo o livre arbítrio e as relações espontâneas dos grupos e indivíduos, classificados e tipificados na sociedade excludente de orientação colonialista onde os coronéis e usineiros são os referenciais políticos e econômicos para o controle da população através do social e esmagamento cultural tendo o maniqueísmo como ideologia dominante.

A Regulação tipifica a discriminação religiosa como crime.
Define e fundamenta a Liberdade de Culto e seus locais sem qualquer tipo de obstáculo do Poder Público ou Partícula ou de Participantes, podendo ser realizado em recintos abertos ou fechados. Nas ruas, praças, parques, praias, bosques, florestas etc.
Define três disposições de proibições;

1-quando não tiver caráter pacifico
2- se houver uso de arma de fogo
3-use estiver sendo praticado atos criminosos

A Lei de Abuso de Autoridade pune o atentado a liberdade de Culto.
A Lei define ainda:
Associação Religiosa.
Direitos do Ministro Religioso
Templo Religioso
Ensino Religioso
Casamento e escolha de nomes de filhos de acordo a religião dos pais.

O Brasil é signatário da ONU e respeita as Leis Internacionais
1- Declaração Universal dos Direitos Humanos
2- Declaração para a eliminação de todas as formas de Intolerância e de Discriminação baseada em Religião ou Crença.
3- Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as formas de Discriminação Racial.

Assim sendo, os atentados praticados contra a comunidade negra e sua religião, impedindo que comunidades, grupos ou indivíduos tenham acessos a sua religião e sejam obrigados a conversões por imposições de outros grupos, como se observa nas periferias, quilombos, escolas e repartições públicas, como forma de auferir vantagens e ou para fugirem as discriminações e constrangimentos e ou para ter acesso as benesses do poder público ou privado, é um crime que não deve ser calado.

Esse crime é estimulado pela mídia diuturnamente, numa afronta a Constituição e calado pelos poderes públicos aliados aos usineiros e coronéis contra comunidade negra, que alijada e excluída, tem seus direitos violados por aqueles que têm a responsabilidade e funções de defendê-los e, principalmente pelo silencio e medo.

O Governador de Sergipe discrimina os Terreiros e Comunidades Remanescentes de Quilombos nas distribuições de Cestas básicas de Alimentos, através da CEPIR, que age segundo o interesse pessoal, partidário e ideológico do seu coordenador

A Intolerância Religiosa se associa a Racial; Educacional; Cultural, onde se destaca no interior da administração governamental e do prefeito onde se exemplifica na Educação: 1-a exclusão da cultura negra da Grade disciplinar como instrumento de formação intelectual dos alunos.
2-pré-vestibular na rede pública, numa tentativa de esconder a baixa qualidade do ensino na rede pública, instituindo um apartheid na medida em que o serviço e oferecido a poucos usuários da educação pública e atesta a baixa qualidade e uma educação diferenciada que o governo oferece , antes a rede particular, cujo resultados no Vestibular é 80% maior em número de participantes e classificados.
3- a Secretaria de Estado da Cultura, não contempla a cultura negra em suas funções e operação.
4- o Estado não tem uma política pública para a comunidade negra desconhece os indicadores da cultura negra. Não tem o mapeamento das Áreas Remanescentes de Antigos Quilombos e não usa os indicadores da cultura negra como instrumento pedagógico para a formação de cidadania.
5- O prefeito da Capital exclui a representatividade do negro, na administração pública, se recusando a instalar o Conselho Municipal da Igualdade Racial, dificultando o Combate ao Racismo na Capital.
6-O Estado não possui nenhum instrumento dirigido a representação, preservação , defesa e desenvolvimento do negro e suas culturas.
7- A mídia sergipana, não abre espaços para difusão da cultura negra e nem das questões da comunidade, em defesa dos seus interesses individuais e coletivos. Só abre espaço, quando PAUTA O NEGRO e ou o Assunto.

IMPRENSA RACISTA (I) AUSENCIA DE GOVERNO.




A mídia sergipana, depois das transformações, geradas pela sua “modernidade”, ficou reducionista. Antes seus jornalistas eram homens e mulheres destemidos que só se preocupavam com a noticia, os fatos e sua importância na formação de opinião pública. Hoje estão preocupados em ocupar cargos no governo e se transforma em seus cães de guardas. Se por um lado lutam por liberdade de Imprensa, de expressão, por outro, não respeitam a expressão de liberdade e se tornam censores das ações da comunidade, impondo limites e erguendo barreiras para agradar os governos e garantir suas CCs.

O Negro é vilipendiado e excluído da mídia sergipana, que não quer dar espaços para garantir o Direito do Negro de lutar contra as Violações destes Direitos e assim somos diuturnamente vilipendiados nos mais diversos segmentos desta sociedade invasiva e excludente, sem condições e sem espaços que nos garanta as dinuncias e reivindicações, sociais, econômica , culturais e excluídos deste direito que dizem constitucional somos vítimas de toda sorte de racismo, preconceitos e discriminações inclusivel praticados pelo Estado e pela Mídia de uma imprensa coorporativa e reducionista.

Neste sentido, não há registro de nenhum indicadore da indisposição da comunidade negra acerca da ausência do Estado, dos problemas na Cultura, Educação, Direitos Humanos, Relações Raciais, Segurança, Justiça etc. Aqui o Racismo é protegido e garantido pela Imprensa, quem fizer uma levantamento nos seus arquivos, certamente dirá que aqui é o Paraíso Racial, pois não vão encontrar a nível regional, nada que desabone o governo democrático e dizer que os indicadores sociais e raciais de Sergipe, são os mais importantes e positivos. As Nações Unidas deverão tomar conhecimento do Racismo praticado em Sergipe e suas formas, estratégia e parceria com a sua mídia.

A imprensa de Sergipe é o Tribunal de Exceção do Negro, está nas mãos dos Usineiros, Coronéis , Padres e Pastores , redutos da Intolerância e da bestialidade patrocinada pelo Estado. “Para que Ninguém seja discriminado e tenha seus Direitos Violados é necessário que o Poder detenha o próprio Poder”.