terça-feira, 17 de novembro de 2009

PEDAGOGIA DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA - MODELO SERGIPANO




PEDAGOGIA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Modelo Sergipano.
In Conferência para o Novembro Negro em 17.11.09
Severo D’Acelino.

"...E (Noé) bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cã, o pai de Canaã, a nudez de seu pai, e fê-lo saber a ambos os seus irmãos fora. (...) E despertou Noé do seu vinho, e soube o que o seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã, servo dos servos seja dos seus irmãos. E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo (Gên. 9:21 – 27)."

Desde o inicio da colonização, a imposição da igreja esteve sempre presente , regulando as ações e manifestos da província, mesmo antes de por aqui chegarem os escombros, vilipendiados e escravizados, os Negros, trazidos de África nos Tumbeiros.
Todo o universo cultural do contingente escravizado, foram objeto da filosofia reducionista dos religiosos que, tinham na Bíblia, má interpretada, os indicadores de suas reivindicações. Através dela, se matava e torturava para enaltecer o nome de Deus , dominar e purificar os escravos negros, pois só os negros mereceram tanto desprezo por parte dos dominadores portugueses que não se espelharam nos romanos.
O etnocentrismo exacerbado, extinguiu uma raça detentora de mais de 400 culturas,(etnocidio), os Índios sergipanos foram os mais atingidos, a nós os negros coube a idiossincrasia cultural embalada pelo sincretismo para impedir o trauma econômico da política reinol em terras de El Rey.

Os negros foram reduzidos a coisa, desde seu seqüestro em África e mantido o status em terra de Serigy, separados e escalonados para prover a o poder da dominação, conforme as regulações externas expressa nas estruturas sociais portuguesas, editadas pela Santa Sé.
O vilipendio ao negro foi além da separação, teve a supressão da língua como fator de comunicação, numa intolerância étnica cultural e lingüística, perpassada a religião, cultura, filosofia, história, heróis, tradições etc. Silenciando assim, todo o indicador Étnico histórico e cultural do patrimônio do contingente dominado.
A perda de identidade do negro, valorizou a pedagogia da intolerância religiosa imposta pelos dominadores e gerou uma complexa forma de reação, numa constante luta pela preservação das tradições culturais de matrizes africanas na diáspora e estruturou a resistência Negra nas terras de Serigy.

A luta contra a intolerância vem sistematizando reações, ao longo dos séculos de dominação, desde a Colônia a Nova República, sem trégua, mesmo com diversos andamentos e manifestações equivocadas, a luta sempre está a ecoa como um rastilho de pólvora, ora úmida ora seca, mas insistentemente, seja pelas ações dos fundamentos engendrados no Abolicionismo, a Lei Caó com víeis das ações do Movimento Negro Contemporâneo, com destaque para os manifestos da Casa de Cultura Afro Sergipana, a nível de formação de opinião pública, legislativos e comunidades: religiosa, estudantil fomentando denuncias e criticas institucionais em busca de mudanças de atitudes e comportamentos.

A Intolerância Religiosa em Sergipe, tem sido a mais cruel da Federação e em diversos episódios de sua história, cristaliza cada vez mais a ação predatória do Estado, governos e governadores como responsáveis pelas ações criminosas e pela cristalização do manifesto racista, como pratica tradicional e também pela banalização do ato.

O desenvolvimento e prática da Intolerância Religiosa em Sergipe atingem marcos cada vez mais perverso estimulado pela ausência de punição. A impunidade é marca constante das Violações dos nossos Direitos pelos poderes e seus agentes que, sistematicamente violam a Constituição e mantêm o coletivo amordaçado por falta de lideranças capazes de se insurgir contra a ação criminosa do Estado Mercantilista, cada vez mais reducionista, maniqueísta e fascista, cujo interesse é a utilização política partidária dos mecanismos de defesa da minoria, organizados em torno de seus objetivos libertários.

Não há por parte do Estado e do Governo, que se ausentam cada vez mais dos problemas da comunidade negra , em produzir quaisquer instrumentos para coibir as ações criminosas da Intolerância, em vez de Políticas Públicas, se utilizam politicamente das manifestações, criando dificuldades para vender facilidades, beneficiando sempre, os grupos dominantes, a Igreja e os Evangélicos, grupos fortes e dominantes detentores de recursos financeiros e políticos, garantidores de suas reeleições.
As ações da Inquisição, santa ou satânica, estão em plena forma nas imagens praticadas pelo Estado, através dos pentecostais, católicos e seus agentes, policiais, jurídicos,executivos, e judiciários que diuturnamente praticam suas cotas criminosas contra o coletivo religioso, negro.

A instituição do Racismo Institucional, vem ao longo dos séculos, produzindo suas vítimas. Dois exemplos vale ressaltar o Interventor Maynard, que passou sua gestão perseguindo os religiosos de matriz africana , tendo a Policia como seu braço armado e instrumento torturador e o Governador Leandro Maciel, que através sua influência pessoal (não recordo a existência de qualquer Decreto Lei, ou Portaria), tirou a religião Orixá da chancela da Policia e liberou a sua organização através de Federações.

Fazendo um recorte a nossa história recente de repressão religiosa, estamos nos domínios do Governo Petista do governador Deda e nada foi feito para o respeito aos Direitos Humanos, pois há mais de 60 anos que o Brasil assinou a Carta dos Direitos Humanos, reconhecendo a liberdade religiosa e, no entanto os agentes dos poderes de Sergipe, associados aos evangélicos e católicos, continuam a persegui os adeptos da religião de matriz africana.

Continuam discriminando os negros e, debalde as ações propagadas pelo governo central, em Sergipe nada é colocado em prática.
O Governador Marcelo Deda, reduziu o Movimento Negro Sergipano a reprodutor das palavras de ordens do Partido dos Trabalhadores e seus contingentes em agentes de defesa do governador, cujo objetivo é destruir e desacreditar todas e quaisquer manifestações e criticas ao governo e brindar o governador. Partidarizou o Movimento Negro Sergipano.

Seus companheiros de partido, nos espaços de poder, se apropriaram do “modelo baiano” e dividiram entre si, os Terreiros de Candomblés, cujos Pais e Mães de Santos, imprimem suas ordens.
A mesma coisa, esta acontecendo com as entidades, grupos e ONGs negras, com destaques para as associações quilombolas. Estão divididas entres seus políticos: Deputados, Vereadores, Secretários, Prefeitos, e do próprio governador. Em suma, fora do partido, não há movimento social, pois há em voga a utilização política e partidária do movimento negro, seja religioso ou quilombola e fora do seu domínio não há como existir.

A onda de perseguições ao negro em Sergipe, principalmente na prática de promover a miopia dos participantes (todos empregados nos espaços de poder), e, nesta miopia, a comunidade negra, fica a deriva, sem conteúdo da cultura negra na educação, sem segurança, sem emprego, sem saúde, enfim, sem nada, pois não há canal de comunicação, a mídia não dar espaços para criticas ao governador Deda e a reivindicações da comunidade negra, só tem direitos a mídia, uns poucos negros e negras da confiança dos agentes do governador. Os capitães do mato do apartheid governamental.

O negro, antigo militante, filiado as suas entidades e ONGs, hoje, transformados em “Negros de Alugueis”, jogados uns contra outros, para satisfação dos seus chefes. Essa Milícia Negra, é a vergonha do Coletivo, são uns abestalhados, analfabetos que, em vez de contribuir com a Resistência, se transforma em aríete, para destruir seus antigos companheiros, a comunidade negra, para agradar os idiotas do quanto pior melhor. Esse é o modelo sergipano, das ações afirmativas do governo federal em relação a comunidade negra.

É a kota de marginalização do negro sergipano engendrada pelo governador petista, numa aplicação da Síndrome de Estocolmo, onde a vítima se apaixona pelo seu agressor. Enquanto isso Sergipe continua sendo, o Estado mais Racista da Federação, com uma população negra, se dizendo branca e discriminando seus iguais. Um Estado Negro, com vergonha de se assumir.

A importância de ser não é ter, mas saber que é.
Sem o aparato do Genoma ou DNAs, partidários, o conceito de raça é uma construção política que não atende aos interesses, fomenta tão somente o ódio que mantém no poder, quem manipula o racismo, a desigualdade e o separatismo no seio da população.

Um Estado negro, sem cultura e com vergonha. Um Estado Negro Eurocentrista, da Casa Grande. Aqui o Negro é o Preto e quanto mais preto, mais discriminados somos. Nossa cultura considerada Baixa e Inferior, é confundida com o Cão com coisa do Diabo, a nossa Religião.

Somos tratados não na filosofia de nossas culturas, mas na filosofia da cultura judaico-cristã, cuja existência do Céu ,Inferno, pecado original determina o julgamento do fato sem as devidas sustentações culturais. O Orum e o Aiyê são identidades diferentes do céu e da terra , na ótica do dominante e para nós Shangô, o patrono da Justiça, nunca foi São Pedro, nem que Nossa Senhora da Conceição seja Oxum. Cada um em seu quadrado. Tupã não é o Senhor da Guerra dos Maias, nem dos Guaranis. É uma divindade do Panteão Indígena brasileiro, apesar da Igreja e dos missionários latifundiários.

A nossa situação seria outra se os Poderes fossem Autônomos e Independentes entre si e, se o Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados e Ministério Público Federal aqui em Sergipe, tivessem um NUCLEO DE COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL.
Aí teríamos uma Policia atuante, Delegacias respeitosas e nossos Direitos garantidos pelos agentes dos poderes constituídos, mas enquanto isso, só os pedidos dos Pastores e Padres, são ouvidos e suas ordens cumpridas, pois eles têm o que os políticos querem: Dinheiro, Poder e Domínio através de suas amplas representações nos espaços mais estratégicos do Estado do Governo e do governador, que se ausentam das Questões e Condições do Coletivo Negro Sergipano e perseguem suas lideranças, silenciando seu Arquivo Humano.

A problematização das questões do coletivo negro, principalmente em torno da religião fundamentado nas diversas teorias e práticas das ações filosóficas do dominador dito civilizado, impõe um constante debate em torno da revisão de conceitos e desconstrução do mito bíblico da maldição de Cã.

A Diversidade estar a impor respeito e se impõem nesta reversão da ação globalizada, denunciando os indicadores da intolerância e do desrespeito em constante violação. O Negro na diáspora em suas lutas recorrente, aponta constantemente os parâmetros do seu universo cultural e na pontualidade de suas manifestações coletivas e individualizadas num amplo quadro personalizado em suas áreas territoriais e espaciais e luta por Respeito à Diversidade.

Do ponto de vista da Unidade na Diversidade, é importante delinear o percurso responsável pela fundamentação desta tradição racista que ainda institui posições conservadoras que fazem do passado , referencia para atitudes posteriores, sem contudo respeitar os traços dinâmicos que a tradição apresenta quando as perspectivas de negá-la ou reinterpretá-la a situam como fonte de mudanças que apontam em direção futura.

Como contribuição ao evento, apresento a esta Assembléia a nossa proposta de Ação Afirmativa e Compensatória, que depois de aprovada deverá ser encaminhada ao Gabinete do Governador do Estado.

PROPOSTA.

Considerando o manifesto referendado na exposição, ante a plenária do Novembro Negro, assinalamos que:
É importante que o Estado de Sergipe, crie organismos e representações operacionais e funcionais para tratar das Questões e Condições do Coletivo Negro, para não se tornar um Estado Etnocida , detentor das práticas eugenista de limpeza étnico racial e,
Diante do exposto, aprovamos a Proposta alinhada, para que o governador promova em regime de urgência as seguintes ações:

1- Introdução da Cultura Negra e Indígena em toda extensão da grade de educação e dos Concursos no Estado em 30 dias.

2- Que seja instituída, representação da Comunidade Negra em todos os Conselhos Público do Estado.

3- Que o Estado financie todas as manifestações da comunidade negra em seu território.

4- Que seja declarada Área Remanescente de Antigos Quilombos, e Patrimônio Histórico Estadual a área de ANGICO.

5- Que seja criado nas Secretarias de Cultura – Saúde – Educação – Justiça – Segurança e Administração, um Departamento de Assuntos Afro.

6- Que seja instituída no Ministério Público Estadual e Defensoria Pública Estadual, um Núcleo de Combate ao Racismo Institucional.

7- Que seja criado na Policia Militar uma Divisão de Combate ao Racismo. Para atender a comunidade e promover treinamentos a tropa, Policiais Civis e Delegados.

8- Que o Estado ofereça aos professores, curso de Filosofia da Educação e Línguas Africana em convênio com a Universidade Federal de Sergipe, através do Departamento de Filosofia e Universidade Federal da Bahia, através do CEAO.

9- Que a Secretaria de Comunicações, libere espaços na mídia para o Coletivo Negro se expressar, através dos seus representantes, e paute espaço diário na TV-Aperipê e Radio AM, para programação cultural e noticiosa da comunidade negra.

10- Que a Secretaria de Educação emita CERTIFICAÇÃO ESPECIAL DE ISENÇÃO a todos concludentes do ensino médio, para que possam ter acessos a todos os Concursos no território sergipano, sem o constrangimento de Atestado de Pobreza, adquirido nas Delegacias Policiais.

“Para que Ninguém seja perseguido e discriminado.
É necessário que o “Poder detenha o próprio Poder”
Antonio Pereira Rebouças.







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domingo, 1 de novembro de 2009

THETIS NUNES - UMA ENTIDADE NO PANTEÃO AFRO SERGIPANO



Thetis Nunes : Uma Entidade do Panteão Afro Sergipano.
Reflexão de Severo D’Acelino.
Nas minhas andanças, os meus aprendizados foram se ampliando com as intervenções diretas de minha atenção e emoções. O que mais mim emocionava era o tratamento e os achados de episódios do negro sergipano a cada leitura que fazia da produção da Professora Thetis. Infelizmente não tive uma vivencia acadêmica com ela, pois apesar de ter sido minha professora, na antiga faculdade de filosofia, nunca assistir uma aula dela, pois a nossa agenda nunca se encontrou e com minha ida para UFBA, só nos encontramos anos depois em uma de suas Palestras sobre o Arquivo Humano Sergipano.
A minha devoção a esta Mulher, sempre a frente do seu tempo e revisitando o nosso passado em busca de desvendar novos episódios, pronta para trazer novos pensamentos a sociedade sergipana acerca de uma reflexão filosófica recheada de contemporaneidade e apontando caminhos para novas incursões temática, foi no ano em que se comemorou em Sergipe, o Dia Nacional de Consciência Negra, nos anos 70, no Centro de Turismo, onde junto com outros pesquisadores da UFSE e lá ela liderou os demais no debate temático sobre os nossos ancestrais. Naquela ocasião foram outorgados os primeiros Títulos Ouro de Consciência Negra.
Era o inicio das investigações e das mudanças de atitudes e comportamento, o melhor período, onde a Universidade dialogava com as entidades populares e onde tive a cumplicidade de diversos professores, pronto a nos atender nos nossos complicados envolvimentos na luta racial e no combate as formas de discriminações e a árdua tarefa de conhecer episódios de nossa história, questões e condições, para poder repassar e discutir com a comunidade. Apresentar os problemas e discutir soluções.
Indiretamente a Professora Thetis, esteve em nossas ações e seus Artigos, Livros e consultas, foram sempre aproveitados em beneficio do Coletivo Negro Sergipano e das nossas mais diversas reinterpretações. Foram eles que nos aproximou de outros textos e nos deu condições de uma reinterpretação do - de - dentro para do- de- fora.
Essa nossa idolatria silenciosa obedecia um ritual ancestral: Nunca a olhamos nos olhos, a sua presença, estávamos sempre de olhares baixo e ou desviado. A sua presença emanava uma forte energia ancestral que impunha um respeito sacro, só revelado ante nossas Entidades. Ela era a Entidade Sergipana, entre poucas existentes. Diante dela muita das vezes esquecia o que ia dizer e ou perdia os parcos argumentos e, ficava só ouvindo-a e acompanhando o desenho de sua fala na expressão de sua voz.
Minha maior emoção foi quando fui empossado no Conselho Estadual de Cultura e, percebi que entre os nobres conselheiros, ali estava a Professora Thetis Nunes, fiquei emocionado e cheio de felicidade, antes de assumir a função de Conselheiro, ali estive numa audiência, para falar sobre o Projeto Cultural de Educação, “João Mulungu vai ás Escolas, na gestão do Professor Pedrinho Santos e, naquela oportunidade como convocado, perdi a expressão de minha fala e pouco mim expressei, e com os Cadernos Pedagógicos em mãos, assinalei tão somente a importância do texto da Professora como conteúdo do Caderno que tratava da questão do negro.
Este Caderno inclusive foi um marco nas nossas relações e na sua cumplicidade, na formação intelectual do negro sergipano e do respeito ao nosso trabalho no âmbito da educação plural, após o trabalho pronto, fomos pedir sua autorização para utilização do seu texto, a única condição que nos impôs foi lhe mandar alguns exemplares para que distribuísse com alguns amigos, e assim foi feito. Nesta época ela era Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Durante o período em que o nosso Jornal IdentidadeS estava funcionando, ela sempre que solicitava, colaborava com matérias e atendia os nossos colaboradores como a Entrevista que deu sobre a Mulher Negra. Muitos dos seus Artigos, como no caso, sobre Antonio Rebouças, logo do seu regresso do Congresso a que fora convidada a apresentar o tema, nos forneceu cópia do trabalho, pois sabia da nossa atenção para com o homenageado.
Tive outras oportunidades de estar em sua presença, em atos culturais nos mais variados centros e localidades. Ela nunca se recusou em levar informações a nenhum grupo, principalmente em grupos que sabia nos transformar em agentes multiplicadores. Em Laranjeiras, junto com outros pesquisadores, enfrentou mais de duas horas numa ação cultural para crianças e adolescentes de uma escola municipal e junto com ela, proferir palestra sobre a cultura e diversidade do Município, lembro-me que a comitiva contava com mais de 8 palestrantes.
Muito nos alegrou a sua presença e as homenagens que lhes prestavam, em todos os cantos e, sempre que podia estava presente. Seu axé era muito forte e nos dava muito enlevo. Apesar do Projeto Cultural de Educação “João Mulungu vai ás Escolas” não ter nascido de sua inspiração, mas toda sua trajetória, foi sustentado pelos seus ensinamentos, seja através do contexto de sua História da Educação de Sergipe, um livro critico e politicamente perfeito para nossa incursão em busca de promover uma desconstrução da tão falada democracia racial e denunciar o etnocentrismo educacional a que somos secularmente submetidos.
A vida não nos ensina as dores da morte e, nesta condição a energia que durante o tempo de produção foi emanada, buscamos cristalizar, não para prender em nosso ciclo, mas para eternizar os momentos que buscamos congelar para espantar a nossa solidão e buscar na dinâmica a força da expressão de quem nos cativou. É uma motivação presencial, principalmente para quem se tornou Entidade no nosso Panteão e que podemos simplesmente, reverenciar em nossas revisitações.
Babá Obaola.
A Ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no Orum como ancestrais


(RE) SEVERO D"ACELINO : AÇÕES LEMBRADAS EM ENCONTRO NORDESTINO DE HISTORIA ORAL POR ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

SEVERO D'ACELINO : AÇÕES LEMBRADAS EM ENCONTRO NORDESTINO DE HISTORIA ORAL POR ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE.

Uma comunicação surge como homenagem e como reflexão, a minha pessoa, quando as confusões se cristalizam em cima de mim, desde a sagração do Imperador Marcelo Deda a governo de Sergipe e a nossa exclusão ( Severo D'Acelino e Casa de Cultura Afro Sergipana), das ações do Estado e do governo. Foi o premio pelos méritos do mais importante projeto de educação na história deste Estado. Um projeto bem sucedido, iniciado na administração de Luiz Antonio Barreto e bombardeado sistematicamente pelas figuras incompetentes do DED, da Secretaria de Educação, insatisfeitas pelo sucesso das ações.

Com a sagração do Imperador DEDA ao governo do Estado e a conseqüente Partidarização do Movimento Negro, Severo foi descartado, pois representava perigo por ser critico, independente e pensar o Coletivo e, daí, surgiram dezenas de ONGs e Entidades que se apresentaram como capacitadas e experientes para promover o projeto da Casa de Cultura e capacitar professores para cumprir o Decreto Presidencial de Inclusão da Cultura Negra e o PROJETO CULTURAL DE EDUCAÇÃO 'JOÃO MULUNGU VAI ÁS ESCOLAS, foi defenestrado, excluído e jogado de LADEIRA a baixo.

É triste receber esse tipo de recompensa, principalmente quando temos prestado grandes serviços ao Estado na defesa do Coletivo Negro, na preservação de sua cultura e no respeito a diversidade e seu Arquivo Humano, mas da Traição nem Jesus se livrou, pois a Inveja é péssima companheira e quando somos comandados por pessoa que perseguem seus críticos. Pessoas que gostam de aduladores e até premiam os que lhes elogiam e os brindam, o mérito deixa de ter expressão.

O Movimento Negro e a redemocratização no Brasil: a Atuação de Severo D'Acelino na Educação Sergipana, soa como um aplauso ás nossas ações e um indicador do mérito que teima em se manter, apesar das KOTAS e do Paternalismo exacerbado da relação do PT com respeito a nós os negros, cristalizando o Racismo Institucional e a falta de Potencialidade do Negro, em vez de Radicalizar a Constituição para que " todos possamos na prática ter as mesmas condições e oportunidades", numa promoção de Ações Afirmativas e Meritórias, somos tratados como imbecis e jogados uns contra os outros por míseras cestas de alimentos.

Minha família é negra e todos nós, em passagem pelas Faculdades, não precisamos de KOTAS, passamos por méritos, Eu, minha esposa, meus filhos, meus sobrinhos, primos e por ai vai. Somos negros conscientes, com potencial e sem nenhum QI. Nunca fomos Indicados por ninguém e nosso reconhecimento é uma incógnita, há sempre alguém que se apropria de nossos projetos, idéias etc. Esse povo no espaço de poder nunca nos conhece, apesar de antes termos tido diversas ações e combatido os pervertidos do poder, hoje somos invisíveis para eles, até que precisem dos nossos serviços.

Como é triste e perversa a insegurança dos nossos "amigos" para se manterem nos espaços de poder!!! O Mandarinato do Imperador se mantém sobre nossos escombros, mas, por mais que nos sufoquem,jamais silenciaram ou apagaram as nossas importâncias, pois, um deslize e alguém nos cita, nos referenda, nos homenageiam, assinalando a nossa presença viva no desenvolvimento de Ações Afirmativas, fazendo a diferença, nos aplaudindo apesar a repressão colonialista do Imperador e seus reféns, será que quando findar o mandato alguém irá aguardá-lo na rodoviária?

Agradeço a presença que se fez presente, pois já não tenho motivações para produzir e continuar o que comecei em plena ditadura militar no enfrentamento da repressão anunciada, já não sei da minha trajetórias, na Religião, Artes Plásticas, Teatro,Cinema,Etnografia, Musica, Partidos Políticos, Corporação Militar, Literatura ,Dramaturgia,Rádio, Jornal, Televisão,Seminários, Congressos, Lutas Sociais, Viagens, Cultura, Direitos Humanos,Relações Raciais, Esportes, Escolas...Educação.

Essa citação se nos apresenta muito forte, apesar de desde muito, ser referencia de estudos( nunca OBJETO), onde nossas ações são analisadas em determinados contextos, dentro e fora do Estado e do País, mas nunca nesta situação de fragilidade e de exclusão onde a depressão é minha companheira. Neste momento a homenagem pegou pesado, no ponto fraco, enfraquecido: Movimento Negro e a Redemocratização no Brasil: a Atuação de Severo D'Acelino na Educação de Sergipe.

Abença Thetis Nunes, farol de vivo de minhas indagações. Luiz Antonio Barreto, provocador de minhas incursões e resistências, apenas para citar referencias internas
da memória viva desta minha caminhada sem assinalar o contingente que tem nos dado sustentação nesta trajetória há mais de 42 anos.

Este trabalho é sem dúvida, o presente deste aniversário, do 3 e do 16 de Outubro, negado pela mídia sergipana que nos nega espaços, para não perder espaços na camarinha do Imperador.
Estudantes! Obrigado. Certamente vocês serão excelentes EDUCADORES.
AJAGUM ABERÉ N'GOBOM. KUTENDA ZAMBIAPONGO. AUÉ AXÉ.